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DISFUNÇÃO ERÉTIL 1. Definição A disfunção erétil (DE) é definida como a incapacidade de obter ou manter uma ereção o suficiente para o desempenho sexual. 2. Epidemiologia Dados epidemiológicos mostraram uma alta prevalência e incidência de disfunção erétil (DE) no mundo todo. A incidência de novos casos também é alta. No Brasil, em um período de 2 anos, estima-se que haja 65.6 casos por 1000 homens ao ano. O impacto direto na força de trabalho, em termos de dias perdidos ou incapacidade atribuída à DE, é baixo. Outras estimativas sugerem que um número significativo de homens não busca tratamento e, quando o faz, o custo do tratamento para esse distúrbio pode chegar a $15 bilhões por ano. Um em cada quatro pacientes procurando por primeira ajuda médica para DE de início recente tinha menos de 40 anos. Os índices de incidência e prevalência de DE aumentam com a idade. Observou-se a variação racial, na qual homens hispânicos têm quase o dobro de probabilidade de ter DE e desenvolver a doença em idade mais jovem. Em termos de utilização de serviços de saúde, os homens norte-americanos negros têm quase o dobro de probabilidade de buscar atendimento em ambiente ambulatorial e hospitalar. 3. Etiologia O fluxo sanguíneo regional local comprometido é uma característica comum e a causa mais comum é a arteriogênica (excluindo diabetes): • Vascular/arteriogênica - 40% • Diabetes - 30% • Medicamentos - 15% • Cirurgia pélvica/radiação/trauma - 6% • Neurogênica - 5% • Endócrina - 3% • Outra - 1%. Aterosclerose é um fator importante na DE diabética e em outras doenças vasculares (hipertensão, hipercolesterolemia). A DE diabética é multifatorial e envolve a disfunção endotelial, bem como mecanismos arteriogênicos e neurogênicos, e é inversamente proporcional ao grau de controle glicêmico. O câncer de próstata e os consequentes tratamentos de cirurgia ou radioterapia têm sido a principal fonte de DE ao longo das últimas décadas. 4. Fisiopatologia A ereção peniana depende de um processo intracelular complexo que resulta no relaxamento do músculo liso cavernoso, aumento do fluxo sanguíneo sinusoidal e oclusão do fluxo venoso, seguidos por rigidez. Óxido nítrico é liberado nas fibras pré-sinápticas do nervo cavernoso e células endoteliais, e é responsável por iniciar e manter o relaxamento das células do músculo liso vascular. A difusão do óxido nítrico na fenda sináptica ativa a guanilato ciclase. A guanosina trifosfato é convertida em monofosfato de guanosina cíclico (GMP cíclico), desencadeando o sequestro de Ca^2+ intracelular no retículo endoplasmático. O relaxamento do músculo liso ocorre conforme os níveis de Ca^2+ sistólico diminuem. A fosfodiesterase-5 converte o GMP cíclico em guanosina 5'-monofosfato, permitindo que os níveis de Ca^2+ se normalizem. A estimulação adrenérgica provoca a vasoconstrição e a detumescência. O processo de ereção peniana pode ser iniciado de três maneiras: • Ereções psicogênicas ocorrem em resposta à estimulação sensitiva aferente (T11-L2 e B2-B4) para desencadear a ereção dopaminérgica central na área pré-óptica. • As ereções reflexogênicas, que geralmente são preservadas em homens com lesão na medula espinhal acima do nível sacral, ocorrem com a estimulação genital e são mediadas na medula espinhal e no núcleo autonômico. • As ereções noturnas, que ocorrem durante o sono de movimento rápido dos olhos (REM), provavelmente resultam da supressão do fluxo simpático inibitório pela formação reticular pontina e amígdala. Uma interferência em um desses fatores pode causar a DE. Em geral, a DE ocorre quando a resposta à estimulação neurovascular é prejudicada e acredita- se que esteja relacionada à disfunção endotelial. A aterosclerose é uma via comum para várias etiologias e acredita-se que atue pelo relaxamento e oclusão venosa do músculo liso comprometido como resultado da diminuição do fluxo da artéria cavernosa e sequelas da redução da tensão de oxigênio cavernoso. 5. Classificação International Society of Impotence Research Orgânica • Vasculogênica • Arteriogênica • Cavernosa • Misto • Neurogênica • Anatômica • Endócrina Psicogênica, generalizada • Não responsividade generalizada • Falta de excitação sexual primária • Declínio da excitação sexual ou libido relacionado à idade • Inibição generalizada • Distúrbio crônico de intimidade sexual Psicogênica, situacional • Relacionada ao parceiro • Falta de excitabilidade em um relacionamento específico • Falta de excitabilidade devido à preferência de objeto sexual • Alta inibição central devido a conflito ou ameaça do parceiro • Relacionada ao desempenho • Associada a outra disfunção sexual (por exemplo, ejaculação precoce) • Ansiedade situacional quanto ao desempenho (por exemplo, medo de falhar) • Relacionada a ajuste ou sofrimento psíquico • Associada a estado de humor negativo (por exemplo, depressão) ou grande estresse na vida (por exemplo, morte do parceiro) Classificação clínica • Envelhecimento • Distúrbios psicológicos (por exemplo, depressão, ansiedade) • Distúrbios neurológicos (por exemplo, doenças mentais, lesão na medula espinhal, doença na medula espinhal, neuropatia periférica, lesão do nervo pudendo) • Distúrbios hormonais (por exemplo, hipogonadismo, hiperprolactinoma, doença tireoidiana, síndrome de Cushing, doença de Addison) • Distúrbios vasculares (aterosclerose, cardiopatia isquêmica, doença vascular periférica, insuficiência venosa, distúrbios cavernosos) • Medicamentos (por exemplo, anti- hipertensivos, antidepressivos, estrogênios, antiandrogênios, digoxina) • Hábitos (por exemplo, maconha, abuso de álcool, uso de narcóticos, tabagismo) • Outros (por exemplo, diabetes mellitus, insuficiência renal, hiperlipidemia, hipertensão, DPOC). 6. Abordagem do diagnóstico Recomenda-se uma abordagem centrada no paciente para identificar a natureza do problema, bem como quaisquer comorbidades subjacentes sérias ou modificáveis, com testes e avaliações especializadas, conforme necessário, para orientar o manejo. 6.1. História de disfunção erétil A atenção à história provavelmente é o aspecto mais importante da avaliação de um homem com DE. Perguntas específicas quanto ao momento de início do problema e à qualidade da ereção, e distinguir entre a capacidade de obter e de manter uma ereção, podem esclarecer a natureza da disfunção. A presença de ereções matinais e a capacidade de obter uma ereção no contexto da masturbação podem sugerir tensão no relacionamento ou uma causa psicogênica. Outros aspectos da história sexual que requerem atenção incluem a qualidade da libido do homem, sensibilidade genital (dor, dormência) e a presença de disfunções sexuais associadas (ejaculação precoce/tardia, doença de Peyronie, distúrbios orgásticos). O grau de satisfação do parceiro e eventos importantes que estão ocorrendo na vida também são fatores importantes. Deve-se considerar uma entrevista com o parceiro também. Fatores de risco Os fatores de risco subjacentes que podem justificar o tratamento ou ajudar a direcionar a terapia incluem: • Cardiovascular (hipertensão, doença arterial coronariana, hiperlipidemia, doença vascular periférica) • Diabetes mellitus • Depressão • Obesidade • Uso de álcool • Uso de medicamentos (por exemplo, anti- hipertensivos, antidepressivos, agentes antiandrogênicos) • História de cirurgia pélvica/trauma/radiação • Doenças neurológicas • Endocrinopatias (hiper/hipotireoidismo, hipogonadismo, uso de corticosteroide) • Sintomas do trato renal inferior decorrentes de hiperplasia prostática benigna. É importante avaliar o impacto das comorbidades clínicassobre a qualidade de vida e a capacidade de desempenhar atividades diárias, incluindo tolerância ao exercício. Características que distinguem a etiologia orgânica da psicogênica Etiologia orgânica: • Início gradual • Ocorre em todos os cenários sexuais (isto é, com parceiro, ereções noturnas, masturbação) • Tem uma evolução clínica constante • Associada a ereções não coitais insatisfatórias • Causa problemas psicossociais secundários, problemas no relacionamento, ansiedade e/ou medo. Etiologia psicogênica: • Geralmente de início agudo • Varia conforme a situação • Evolução variável • Geralmente há um distúrbio psicossocial preexistente e pode estar relacionado a problemas de relacionamento ou ansiedade e medo • As ereções não coitais geralmente são preservadas. Questionários padronizados Os questionários padronizados são ferramentas de pesquisa importantes e clinicamente podem ser usados antes do encontro presencial ou para quantificar o grau da disfunção. O questionário mais amplamente usado é o International Index of Erectile Dysfunction. Ele aborda todos os domínios da disfunção sexual masculina (DE, função orgástica, desejo sexual, ejaculação, coito e satisfação geral). Ele é composto de 15 perguntas. Um formato abreviado de cinco perguntas pode ser usado: o Sexual Health Inventory for Men. As perguntas 3 e 4 tratam da capacidade de obter uma ereção suficiente para a penetração e conclusão do coito, respectivamente, e são usadas para avaliar as metas terapêuticas durante o tratamento. 6.2. Exame físico O objetivo do exame físico é identificar distúrbios cardíacos, vasculares, neurológicos e hormonais. Um exame genital específico deve incluir palpação do pênis para anormalidades, como placas, deformidades e angulação. A doença de Peyronie é uma doença inflamatória caracterizada pela formação de nódulos fibrosos irregulares na túnica albugínea capazes de impedir a expansão da túnica durante a ereção peniana, causando a deformidade e a curvatura. As ereções podem ou não ser dolorosas. Os testículos são examinados para verificar o tamanho e anormalidades. O grau de androgenização é avaliado (crescimento de pelos, ginecomastia). Em todos os homens >50 anos de idade e naqueles com uma história familiar de câncer de próstata, deve-se considerar um exame de toque retal para avaliar anormalidades da próstata. Teste diagnóstico inicial O exame laboratorial deve ser personalizado para a história individual do paciente, para descartar doenças subjacentes suspeitas. Os testes laboratoriais de rotina podem incluir glicemia de jejum para rastrear diabetes, hemoglobina A1c naqueles que sabidamente possuem diabetes, perfil lipídico em jejum e hormônio estimulante da tireoide (TSH). O uso da avaliação hormonal é controverso e pode ser considerado em casos de supressão da libido. É realizado pelo teste da testosterona sérica e, se ela estiver baixa, é seguido por hormônio folículo- estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e prolactina. A investigação de outras doenças, como hiper/hipotireoidismo e hipogonadismo, deve ser indicada apenas quando há suspeita ou achados clínicos. Exames especializados e encaminhamento para especialista A consulta deve ser considerada nos casos em que as terapias padrão são contraindicadas ou se houver achados anormais no exame físico. Alguns cenários merecem investigações mais especializadas em virtude de um problema concomitante ou uma etiologia incomum que exija outra intervenção. Os pacientes com risco cardíaco elevado ou indeterminado devem receber uma avaliação cardíaca abrangente para determinar a adequação da terapia específica para DE, abordar os fatores de risco modificáveis e tratar da doença cardíaca subjacente quando presente. Os homens com a doença de Peyronie podem reagir bem aos agentes orais para melhorar a rigidez da ereção, mas a curvatura peniana, se não for corrigida cirurgicamente, poderá impedir um coito satisfatório. Nos casos de trauma pélvico, perineal ou genital, a ultrassonografia Doppler deve ser considerada antes de se indicar o implante peniano, e uma angiografia pélvica/peniana pode ser necessária para avaliar uma fístula arteriovenosa ou obstrução arterial, o que pode exigir a revascularização peniana cirúrgica. Os homens com uma DE puramente psicogênica podem se beneficiar com um encaminhamento para descartar uma patologia tratável. Além disso, pode ser útil o envolvimento de um especialista em medicina sexual para uma terapia sexual intensiva. Critérios de diagnóstico International Index of Erectile Function (IIEF) Os questionários padronizados são ferramentas de pesquisa importantes e clinicamente podem ser usados antes do encontro presencial ou para quantificar o grau da disfunção. O IIEF é usado como endpoint primário em >50 ensaios clínicos. O IIEF foi amplamente analisado nas referências anexadas. Aborda todos os domínios da disfunção sexual masculina (disfunção erétil [DE], função orgástica, desejo sexual, ejaculação, coito e satisfação geral). Composto de 15 perguntas; um formato abreviado de cinco perguntas também pode ser usado: o Sexual Health Inventory for Men. Validado em 32 idiomas. Um instrumento de autoavaliação efetivo para analisar a gravidade da doença e a resposta ao tratamento e atende aos critérios psicométricos de confiabilidade e validade de teste, tendo um alto grau de sensibilidade e especificidade. O IIEF classifica a gravidade da DE em cinco categorias estratificadas por escore: • Nenhuma DE (26 a 30) • Leve (22 a 25) • Leve a moderada (17 a 21) • Moderada (11 a 16) • Grave (6 a 10). 7. Abordagem do tratamento A tomada de decisão compartilhada com discussão sobre invasividade, eficácia, segurança e custo, bem como a preferência do paciente por todas as modalidades de tratamento, direciona a estratégia de gerenciamento. A terapia específica para DE envolve farmacoterapia, dispositivos externos e terapia cirúrgica. Intervenções psicossociais, como psicoterapia individual e/ou de casal, podem melhorar a função erétil. O medicamento é administrado por via oral (inibidores de fosfodiesterase-5 [PDE-5]) ou localmente (compostos vasoativos) por injeção peniana ou supositório intrauretral. Pode-se empregar dispositivos de constrição a vácuo e, em alguns casos, realiza-se o implante de prótese. Manejo inicial de doenças subjacentes O tratamento primário de doenças subjacentes é indicado. As estratégias de intervenção não farmacológica para redução de peso, melhora da qualidade da dieta e aumento da atividade física podem melhorar a função erétil em homens em risco. Os pacientes com doença de Peyronie estável devem ser encaminhados a um urologista para considerar a injeção intra-lesional na placa para reduzir a curvatura peniana, assim como a avaliação para correção cirúrgica. A injeção de colagenase do Clostridium histolyticum é aprovada para o tratamento de doença de Peyronie em vários países. Os pacientes com lesão pélvica prévia com comprometimento arterial devem ser encaminhados para um urologista para uma avaliação vascular e consideração de revascularização ou prótese peniana. Homens com DE pós-prostatectomia podem ser considerados para a dosagem precoce de inibidores da PDE5 (diariamente se necessário) ou injeção intracavernosa sob a orientação de um urologista ou especialista em medicina sexual. Inibidores de PDE-5 Os inibidores de PDE5 são a farmacoterapia primária usada em pacientes com DE. Discussões sobre os objetivos do homem e de sua(seu) parceira(o), a necessidade de prescrever uma dose eficaz e a necessidade de minimizar os efeitos adversos são fundamentais. Esses agentes potencializam a atividade do monofosfatode guanosina cíclico, promovendo um melhor relaxamento do músculo liso cavernoso, o que resulta na ereção peniana. Os inibidores de PDE5 melhoram de modo efetivo e seguro a função erétil independentemente da causa, gravidade ou presença de comorbidades clínicas, incluindo hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia. Os efeitos adversos geralmente são leves e relacionados à reatividade cruzada dos medicamentos com outras isoformas de fosfodiesterase. Os efeitos adversos comumente relatados incluem cefaleia, rubor, dispepsia, congestão nasal e tontura. Recomenda-se aguardar a falha do tratamento após >4 tentativas com um inibidor de PDE5 antes da troca para outro agente. Os esquemas de dosagem diária contínua com tadafila podem ser considerados como terapia de resgate para pacientes não responsivos a inibidores de PDE5 sob demanda. Os inibidores de PDE-5 são contraindicados em pacientes com: • Uso concomitante de nitratos orgânicos; deve- se enfatizar para os pacientes que a coadministração de nitratos é contraindicada fora de um ambiente médico monitorado • Doença cardiovascular grave e obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo • Infarto do miocárdio nos 90 dias anteriores • Angina instável ou angina coital • Classe II ou superior da New York Heart Association nos últimos 6 meses • Arritmias não controladas • Hipotensão (pressão arterial [PA] <90/50mmHg) • Hipertensão não controlada (PA >170/100mmHg) • Acidente vascular cerebral (AVC) nos 6 meses anteriores • Distúrbios retinianos degenerativos hereditários conhecidos, incluindo retinite pigmentosa • Tendência para desenvolver priapismo. Recomenda-se cuidado com o uso concomitante de alfa bloqueadores, já que a hipotensão ortostática pode estar associada ao uso concomitante de inibidores de PDE5; recomenda-se um intervalo entre as doses >4 horas; a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA recomenda um intervalo entre as doses >4 horas. Injeções intracavernosas Os homens que não reagirem aos inibidores de PDE5 poderão ser considerados para uma terapia medicamentosa administrada localmente por injeção intracavernosa. A opção primária nessa situação é alprostadil (prostaglandina E1). O alprostadil é o único agente aprovado pela FDA; porém, está associado à ardência peniana, já que pode ativar as fibras nervosas sensitivas. Devido ao risco de que o paciente desenvolva priapismo, a injeção intracavernosa é contraindicada em pacientes com anemia falciforme, pacientes que usam medicamentos para esquizofrenia ou outros transtornos psiquiátricos graves, pacientes com doença sistêmica grave e com uma história de priapismo. Recomenda-se compressão no local da injeção por 7 a 10 minutos para prevenir a formação de hematomas. Hematomas leves e dor no local da injeção são comuns. Os possíveis efeitos adversos graves incluem priapismo e fibrose peniana, que podem causar dor ou curvatura peniana. Deve-se oferecer uma estratégia para gerenciar o priapismo iatrogênico no início da terapia. A persistência de uma ereção >3 horas é considerada significativa, já que pode estar associada à isquemia tecidual e requer avaliação e tratamento de emergência. Supositório intrauretral Os supositórios intrauretrais entregam o medicamento no corpo esponjoso (e não no corpo cavernoso) e incluem o alprostadil. Eles podem ser usados nos homens nos quais o tratamento com inibidores de PDE-5 ou injeção intracavernosa não funcionaram ou for contraindicado. Homens que não querem se autoadministrar usando uma agulha também podem preferir este tratamento; no entanto, esse tratamento raramente é usado clinicamente devido ao custo e à incapacidade de fornecer ereções consistentemente rígidas. Dispositivos a vácuo Dispositivos de ereção a vácuo podem ser usados se outros tratamentos falharem ou não forem adequados. O uso de uma bomba com um limitador de pressão é importante para evitar lesões desnecessárias. Alguns fabricantes oferecem treinamento aos pacientes. Cirurgia Pode ser considerada após a falha de todos os outros tratamentos. É necessário o encaminhamento a um urologista. A escolha de prosseguir com a terapia cirúrgica requer uma conversa franca detalhando os dispositivos disponíveis, os riscos de complicação (isto é, infecção, mau funcionamento, nova cirurgia) e as expectativas para as alterações psicossomáticas, como encurtamento do pênis e perda de flacidez. Os homens devem estar cientes de que a terapia cirúrgica é permanente, de que a colocação de uma prótese (próteses infláveis e maleáveis estão disponíveis) remove a capacidade de obter ereções naturalmente a qualquer momento. Em geral, os dispositivos são bem tolerados. As complicações comuns incluem uma leve perda de comprimento do pênis, dor e edema. A cirurgia corretiva da curvatura peniana é indicada para pacientes com doença de Peyronie estável, cuja deformidade peniana é suficiente para prejudicar o coito. Um grupo especial de pacientes é aquele com lesão pélvica prévia e com comprometimento arterial peniano. Nesses pacientes, é indicado o encaminhamento precoce a um urologista para uma avaliação vascular e consideração de revascularização ou prótese peniana. Disfunção erétil (DE) psicogênica Os pacientes com DE psicogênica devem ser encaminhados a um especialista para terapia psicossexual, que pode ser fornecida isoladamente ou com outra abordagem terapêutica. Vale notar que a eficácia da terapia psicossexual é variável e, quando efetiva, pode levar algum tempo. Intervenções psicossociais Intervenções psicossociais, como psicoterapia individual e/ou de casal, podem melhorar a função erétil. A etiologia da DE é multifatorial e pode incluir estressores psicológicos. Da mesma forma, ter DE pode ser uma fonte de estresse, ansiedade e preocupação, o que, por sua vez, pode exacerbar ainda mais a disfunção sexual de um homem. Além disso, se o homem não responder bem às diferentes opções de tratamento, poderá ficar desanimado e, até mesmo, deprimido com a doença. A terapia sexual e o aconselhamento psicológico para esses pacientes e seus parceiros devem ser considerados parte do tratamento contínuo de DE com base na história e nos sintomas, além de sua resposta a outras terapias. Terapias alternativas Trazodona, ioimbina e outros fitoterápicos não são recomendados devido à falta de dados de eficácia. CÂNCER DE BEXIGA 1. Definição Mais de 90% dos casos de câncer de bexiga urinária são carcinomas uroteliais. Tumores não invasivos do músculo são mais comuns. Tumores de baixo grau são papilares e geralmente fáceis de visualizar, mas geralmente têm citologia negativa. Tumores de alto grau geralmente são achatados ou in situ e difíceis de visualizar, mas tipicamente têm citologia positiva. Se ocorrer invasão do músculo, a ressecção transuretral é insuficiente, e geralmente recomenda-se cistoprostatectomia radical. 2. Epidemiologia O câncer de bexiga está entre os 10 tipos de câncer mais comuns no mundo. É o sexto câncer mais comum em homens e o 17° câncer mais comum em mulheres. Em todo o mundo, o risco ao longo da vida de contrair câncer de bexiga é de 1.1% nos homens e 0.27% nas mulheres. Cerca de três quartos dos novos casos ocorrem em homens, mas as mulheres apresentam maior mortalidade específica por doença. O câncer de bexiga aumenta com a idade e afeta principalmente pessoas com mais de 65 anos. A incidência de câncer de bexiga varia significativamente, com Europa, América do Norte, Síria, Israel, Egito e Turquia tendo as taxas de incidência mais altas e países do sudeste asiático (exceto Japão), América Latina e África Subsaariana a taxas mais baixas.[10] Acredita-se que as diferenças mundiais na exposição a fatores de risco, como aprevalência de tabagismo, a exposição ocupacional a carcinógenos e a infecção com Schistosoma haematobium sejam responsáveis pela variabilidade observada na incidência e no tipo histológico. Diferenças raciais significativas são observadas em termos de características dos pacientes, características clinicas e patológicas, incidência e sobrevida. De maneira geral, indivíduos brancos não hispânicos têm a taxa de incidência mais alta; no entanto, os indivíduos negros têm uma taxa de sobrevida muito mais baixa que outros grupos raciais. As diferenças nas características do tumor e na idade da manifestação são responsáveis por algumas, mas não todas as mortalidades mais altas, sugerindo que outros fatores, como acesso a cuidados médicos, atraso no diagnóstico e na terapia, escolha das opções de tratamento, fatores do hospedeiro e diferenças no subestadiamento do tumor, podem ter um papel importante. 3. Etiologia O tabagismo é o fator causador mais importante no câncer de bexiga, com risco atribuível de aproximadamente 50%. O risco relativo de câncer de bexiga em indivíduos com história de tabagismo versus aqueles que nunca fumaram é de 2 a 3. O risco relativo de câncer de bexiga por fumo passivo é de 1.4. A exposição ocupacional a carcinógenos químicos represente de 5% a 6% do risco atribuível de câncer de bexiga e pode incluir aminas aromáticas usadas nos setores de borracha e corante, e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos usados nos setores de alumínio, carvão/óleo/petróleo e revestimento. Outros grupos ocupacionais com risco elevado incluem pintores, cabeleireiros e até mesmo equipes médicas e administrativas. A radiação pélvica, geralmente usada para câncer de próstata, e a quimioterapia, como ciclofosfamida, aumentam significativamente o risco de câncer de bexiga. A exposição ambiental ao arsênico na água potável é um fator causador reconhecido de câncer de bexiga. Indivíduos com diabetes (principalmente do tipo 2) podem apresentar aumento do risco de desenvolver câncer de bexiga. Algumas evidências sugerem que o uso de pioglitazona, uma tiazolidinediona, está associado a um aumento do risco de câncer de bexiga em adultos com diabetes do tipo 2. A metaplasia escamosa queratinizante, que aparece como leucoplasia na cistoscopia, geralmente surge como resultado de uma irritação/inflamação crônica (por exemplo, infecção do trato urinário crônica, infecção por Schistosoma, cateter de demora crônico) e aumenta o risco de carcinoma de células escamosas na bexiga. Casos familiares de câncer de bexiga também ocorrem, mas nenhum gene específico foi identificado. 4. Fisiopatologia Carcinógenos como nitrosaminas são concentrados e excretados na urina, o que os expõem às células que revestem o trato urinário. Essa exposição é prolongada na bexiga (onde surgem 95% dos carcinomas uroteliais), mas a transformação maligna pode surgir em qualquer lugar no trato urinário, desde o cálice renal até o meato uretral. Tumores multifocais e síncronos ocorrem em 70% dos casos recém-diagnosticados e >50% dos casos podem ser acompanhados por áreas de displasia até o carcinoma in situ, sejam áreas contíguas ou remotas. Recorrências metacrônicas ocorrem em >60% dos pacientes, geralmente em locais remotos com relação ao local primário. Esses achados levam ao conceito de "efeito de campo", no qual a exposição do urotélio a carcinógenos aproximadamente na mesma concentração forma um epitélio, do qual células ocasionais começam a surgir e produzem clones independentes de células transformadas. A promoção subsequente pode causar tumores multifocais, que podem ser síncronos ou metacrônicos. A perda de heterozigosidade no braço longo do cromossomo 9 (9q) é comum em tumores não invasivos que têm prognóstico favorável, enquanto a perda dos genes supressores de tumor Rb e p53 está associada a tumores invasivos e prognóstico desfavorável. No carcinoma urotelial muscular invasivo, a expressão gênica luminal e basal não é diferente daquela observada no câncer de mama. 5. Classificação Classificação TNM Com base nos resultados da biópsia, no exame físico e nos estudos de imagem, os tumores da bexiga são estadiados de acordo com o nível de invasão. O sistema de estadiamento mais usado e universalmente aceito é o sistema TNM. Segundo esse sistema, o câncer de bexiga não invasivo do músculo inclui: • Tumores papilares confinados à mucosa epitelial (Ta) • Tumores que invadem o tecido subepitelial (isto é, lâmina própria; T1) • Carcinoma in situ (Tis). Câncer de bexiga invasivo do músculo inclui: • Tumores confinados a órgãos: invadem a muscular própria (T2a ou T2b) • Tumores não-orgânicos: invadem a gordura perivesical (T3a ou T3b) • Os tumores invadem órgãos adjacentes: estroma da próstata, vesículas seminais, útero, vagina, parede pélvica, parede abdominal (T4a ou T4b). Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) – graus Os tumores também devem ser classificados de acordo com suas características celulares. OMS 1973 • Papiloma urotelial • Grau 1: bem diferenciado, tem arquitetura papilar existente, cromatina fina e uma pequena indicação de nucléolos ou mitoses • Grau 2: moderadamente diferenciado, geralmente tem arquitetura papilar, cromatina granular e uma indicação mais forte de nucléolos e mitoses • Grau 3: inadequadamente diferenciado, menor probabilidade de apresentar arquitetura papilar, tem cromatina grossa e muitos exemplos de nucléolos e mitoses. OMS/ISUP 2004 • Papiloma urotelial • NUPBPM • Carcinoma urotelial papilar de baixo grau • Carcinoma urotelial papilar de alto grau. O estadiamento e a classificação exatos do câncer de bexiga são essenciais para diagnóstico, tratamento e acompanhamento adequados. O estádio e o grau do câncer fornecem uma indicação da probabilidade de recorrência e do risco de progressão para câncer invasivo. Classificação clinicopatológica Histologia • Carcinoma urotelial (antes chamado de carcinoma de células transicionais): >90% • Carcinoma de células escamosas: aproximadamente 5% • Adenocarcinoma: aproximadamente 1%. Nível da doença na apresentação e história oncológica natural - Câncer de bexiga não invasivo do músculo (CBNIM): aproximadamente 75% dos tumores de bexiga. Representa um grupo heterogêneo de tumores; aproximadamente 70% se manifestam como lesões Ta, 20% como lesões T1 e 10% como carcinoma in situ (lesões Tis). A via de tratamento depende da agressividade da patologia do tumor: • baixo grau (a maioria indolente com taxa de recorrência modesta, mas baixo risco de progressão) • alto grau (associados a recorrência, progressão e mortalidade significativas) - Câncer de bexiga invasivo do músculo: tratado com cistectomia, radioterapia radical ou paliação. 6. Abordagem no diagnóstico O câncer de bexiga geralmente se manifesta com hematúria macroscópica ou microscópica. Todos os pacientes com suspeita de câncer de bexiga precisam de uma história completa e exame físico, embora o exame físico geralmente não apresente nada digno de nota, principalmente em pacientes com doença inicial. Avaliação da micro-hematúria A hematúria microscópica, definida como ≥3 eritrócitos por campo de grande aumento é a manifestação mais comum de câncer de bexiga. Em geral, o limite para citologia e cistoscopia deve ser baixo na ausência de uma causa clara e da resolução completa da hematúria. A duração exata do tempo que o médico pode aguardar pela resolução da hematúria antes de iniciar uma investigação adicional varia com a provável causa subjacente e o quadro clínico em questão. Avaliação da hematúria macroscópica Na ausência de porfiria ou descoloração da urina na ingestão de beterraba, fenazopiridinaou rifampicina, sangue visível na urina, mesmo quando relacionado a excesso de anticoagulação, deve ser investigado. A interrupção espontânea completa do sangramento não exclui a possibilidade de malignidade com risco de vida. Os sintomas orientam a investigação: a cólica renal deve suscitar estudos de imagens com tomografia computadorizada (TC) ou radiografias simples para calculose renal; o início agudo de polaciúria e disúria deve suscitar a cultura de urina (com antibioticoterapia, se indicado). A não confirmação desses diagnósticos deve resultar em avaliação quanto a câncer de bexiga com urinálise, citologia da urina e cistoscopia. A urografia por TC ou ressonância nuclear magnética (RNM) ou pielografia intravenosa é usada para avaliar os tratos superiores e, assim como a ultrassonografia da bexiga, esses exames podem demonstrar a presença de câncer de bexiga em muitos casos. No entanto, a sensibilidade desses exames não é suficiente para excluir o diagnóstico, principalmente de carcinoma insitu, de modo que a cistoscopia ainda é necessária. Avaliação de disúria A ardência ao urinar não é incomum em carcinoma in situ e câncer de bexiga de alto grau. A disúria que não está associada à infecção do trato urinário ou não responde ao tratamento com antibióticos é suspeita e deve ser avaliada com cistoscopia e citologia urinária. A dor pélvica que mimetiza prostatite e não responde ao tratamento deve ser avaliada para micro-hematúria com ultrassonografia renal e vesical e urinálise. Isso precisa ser acompanhado por citologia urinária e cistoscopia caso nenhuma causa benigna seja identificada. Avaliação de polaciúria A polaciúria como sintoma isolado de câncer de bexiga é rara, mas ocorre. Hipertrofia prostática benigna e bexiga hiperativa são causas comuns, mas, se não forem identificadas e/ou não responderem ao tratamento, citologia urinária e cistoscopia serão indicadas. Investigação diagnóstica subsequente A cistoscopia é fundamental para fazer o diagnóstico. Tumores de baixo grau são papilares e fáceis de visualizar, mas tumores de alto grau geralmente são achatados ou in situ, e difíceis ou impossíveis de visualizar. A visualização na cistoscopia pode ser melhorada por feixe estreito ou cistoscopia por fluorescência (luz azul) em associação com luz branca. A cistoscopia por fluorescência parece melhorar a precisão diagnóstica e reduzir a recorrência do tumor pós-ressecção transuretral de um tumor da bexiga (RTTB). • As características sugestivas de doença não invasiva (Ta) incluem tumores papilares com um pedúnculo estreito. É comum que os tumores invasivos tenham um pedúnculo grosso ou configuração sólida. Manchas eritematosas ásperas podem ser indicativas de Tis (carcinoma in situ), embora o urotélio geralmente pareça normal. Biópsias aleatórias ou biópsia de áreas positivas na luz azul ou cistoscopia de feixe estreito são necessárias para diagnosticar Tis de maneira adequada. • As características sugestivas de doença invasiva do músculo (T2) incluem tumores multifocais que são sésseis. A vascularidade ao redor do tumor aumenta. Os tumores geralmente são grandes (>3 cm de diâmetro), sólidos ou sésseis. O exame físico bimanual pode revelar a massa estendida além da bexiga (T3-4). Se a aparência visual das lesões na cistoscopia sugerir doença não invasiva (Ta, Tis), o paciente deverá ser submetido a um estudo de imagens do sistema coletor do trato superior caso ainda não tenha feito isso. Isso pode ser feito por pielograma intravenoso, urografia por TC, ultrassonografia renal com pielograma retrógrado ou urograma por ressonância magnética (RM). Uma TC pélvica antes da RTTB é melhor realizada se o tumor for séssil ou se houver suspeita de alto grau, pois as alterações cirúrgicas podem ser confundidas com extensão extravesical. Se os tumores tiverem uma aparência puramente papilar ou somente a mucosa parecer anormal (sugestiva de carcinoma in situ), uma TC não será necessária antes da cirurgia, pois isso raramente altera o tratamento. No entanto, a metanálise demonstra que a tomografia por emissão de pósitrons (PET)/TC é útil em pacientes com alto risco de doença metastática (por exemplo, aqueles com invasão do músculo e invasão linfovascular). Se a aparência dos tumores na cistoscopia indicar que eles provavelmente são invasivos do músculo, os pacientes deverão fazer um hemograma completo, perfil bioquímico (incluindo fosfatase alcalina), radiografia torácica, imagens do sistema coletor do trato superior e TC ou RNM abdominal/pélvica antes da RTTB. Se a fosfatase alcalina estiver elevada ou o paciente tiver sintomas sugestivos de dor nos ossos, o paciente também deverá fazer uma cintilografia óssea. RTTB A RTTB é um procedimento terapêutico e diagnóstico. A ressecção inicial permite a confirmação patológica do diagnóstico com avaliação de histologia, grau e profundidade da invasão. Os fragmentos devem ter tamanho e profundidade adequados para permitir a avaliação adequada da invasão do músculo detrusor. Os tumores invasivos do músculo não podem ser removidos via transuretral de modo confiável e geralmente são mais bem tratados por cistectomia radical. Diversas biópsias da bexiga podem ser realizadas no momento da ressecção inicial para detectar carcinoma in situ, o que pode alterar o tratamento e aumentar o risco de carcinoma do trato superior e uretral. Carcinoma de uretra prostática, se não tratado, pode evoluir para doença invasiva agressiva. Invasão precoce da próstata pode ser manejada por ressecção transuretral da próstata se as margens. As diretrizes internacionais agora recomendam que os pacientes com carcinoma urotelial de alto grau sejam submetidos a uma nova ressecção, o que diminui a recorrência. A ressecção simultânea do tumor da bexiga e da próstata em pacientes com hiperplasia prostática benigna obstrutiva tem reduzido o risco de recorrência do tumor de bexiga. Marcadores urinários de câncer de bexiga Os biomarcadores urinários disponíveis incluem antígeno tumoral de bexiga (BTA), proteína de matriz nuclear 22 (NMP22), ImmunoCyt/uCyt+ (um teste diagnóstico imunocitológico por fluorescência que usa 3 anticorpos monoclonais relacionados ao tumor) e UroVysion (uma hibridização in situ fluorescente [FISH] dos centrômeros dos cromossomos 3, 7 e 17 e do locus 9p21 do cromossomo 9 associado ao câncer de bexiga). 7. Abordagem do tratamento O tratamento é orientado principalmente pelo grau e pelo estádio do tumor determinados na ressecção inicial, junto com o achado de investigações laboratoriais e imagiológicas adicionais. O estadiamento preciso, que requer ressecção no músculo detrusor, é fundamental. As opções de tratamento e os objetivos terapêuticos variam com estádio da doença. • O tratamento de tumores não invasivos do músculo baseia-se na categoria de risco e tem o objetivo de reduzir a recorrência e evitar a progressão da doença. Em muitos casos, o tratamento envolve a instilação da vacina do bacilo de Calmette e Guérin (BCG). É preparada a partir de Mycobacterium bovis vivo atenuado. O mecanismo de ação é complexo e não esclarecido por completo, mas a indução de uma reação imune celular local contra as células de tumor da bexiga parece ser mais importante. • Para tumores invasivos do músculo, o tratamento muda drasticamente porque o tumor não pode ser confiavelmente removido de modo transuretral e o risco de linfonodos e outras metástases é significativamente elevado. O tratamento padrão para doença invasiva do músculo é cistectomia radical e dissecção do linfonodo. A quimioterapia baseada em platina é considerada de acordo com o risco patológico. • Os candidatos não cirúrgicos são tratados com quimioterapia e radiação, e algunscom doença de pequeno volume podem ser tratados com cistectomia parcial. • A imunoterapia com inibidores de checkpoints imunológicos é uma opção para pacientes com doença metastática e localmente avançada. Os inibidores de checkpoints imunológicos podem ser particularmente benéficos para pacientes com idade mais avançada, que podem não ser candidatos à quimioterapia. Tumores não invasivos do músculo Baixo risco: As diretrizes de câncer de bexiga da American Urological Association (AUA) definem o câncer de bexiga de baixo risco como: doença solitária, de pequeno volume (≤3 cm), de baixo grau e em estádio Ta (Ta = carcinoma papilar não invasivo); qualquer neoplasia urotelial papilar de potencial maligno. 1a. ressecção transuretral de tumor de bexiga associado a quimioterapia intravesical pós-operatória imediata Médio risco: Os pacientes de risco intermediário da AUA são aqueles com doença de grande volume (>3 cm) ou doença multifocal de baixo grau e em estádio Ta; doença de alto grau em estádio Ta ≤3 cm; doença T1 de baixo grau; ou recorrência de um tumor em estádio Ta em até 1 ano (T1 = o tumor invade o tecido conjuntivo subepitelial, ou seja, a lâmina própria). Esses pacientes têm um alto risco de recorrência, mas um baixo risco de progressão da doença. 1a. ressecção transuretral de tumor de bexiga associado a quimioterapia intravesical pós-operatória imediata associado a imunoterapia intravesical com bacilo de Calmette e Guérin (BCG) ou quimioterapia intravesical tardia Alto risco: Definido como: carcinoma in situ: Ta de alto grau >3 cm ou multifocal; T1 de alto grau; qualquer tumor Ta recorrente de alto grau, histologia de qualquer variante ou invasão linfovascular. 1a. ressecção transuretral de tumor de bexiga associado a quimioterapia intravesical pós-operatória imediata associado a imunoterapia intravesical com bacilo de Calmette e Guérin (BCG) tardia 2a. cistectomia radical ou terapia intravesical de resgate 2a. pembrolizumabe Tumores localmente invasivos Confinado ao órgão: T2a ou T2b - Os tumores T2 invadem a muscular própria. 1a. cistectomia radical ou parcial com dissecção dos linfonodos pélvicos adjunta quimioterapia pré- operatória adjunta quimioterapia ou quimioterapia e radioterapia pós-operatórias 2a. imunoterapia Não confinado ao órgão: T3a ou T3b - Os tumores T3 invadem a gordura perivesical. 1a. cistectomia radical com dissecção dos linfonodos pélvicos adjunta quimioterapia pré- operatória adjunta quimioterapia ou quimioterapia e radioterapia pós-operatórias 2a. imunoterapia Não confinado ao órgão: T4a ou T4b - Os tumores invadem órgãos adjacentes: estroma da próstata, vesículas seminais, útero, vagina, parede pélvica, parede abdominal. 1a. quimioterapia adjunta radioterapia adjunta cistoprostatectomia radical 2a. imunoterapia Doença metastática 1a. quimioterapia adjunta cirurgia ou radioterapia 2a. imunoterapia. CÂNCER DE TESTÍCULO 1. Definição A malignidade mais comum em homens adultos jovens (de 20 a 34 anos), com uma alta taxa de cura quando diagnosticada precocemente. Uma condição pré-cancerosa denominada carcinoma in situ é extremamente específica no início da história natural da doença. 2. Epidemiologia O câncer de testículo é raro, representando apenas 1% de todos os cânceres incidentes e <1% de todas as mortes por câncer em homens. Entre os homens com 15 a 44 anos, esses tumores são os mais comumente diagnosticados. A idade média ao diagnóstico é de 33 anos. As taxas de incidência variam em todo o mundo, com taxas de incidência mais elevadas nos países do norte da Europa e mais baixas nos países asiáticos e africanos. A maior incidência ocorre, de longe, em homens brancos em comparação com africanos e asiáticos. 3. Etiologia Acredita-se que todos os tumores de células germinativas começam a se desenvolver durante o desenvolvimento fetal e evoluem por um estádio não invasivo chamado neoplasia de células germinativas intratubular não classificada (carcinoma in situ). Essa condição é considerada uma lesão pré-cancerosa que, por fim, causa crescimento maligno. As anormalidades congênitas (por exemplo, criptorquidia) que causam a diferenciação distorcida das células germinativas e a parada do desenvolvimento normal da célula germinativa primordial são consideradas um fator etiológico importante para o câncer do testículo. Os fatores ambientais (trauma, hormônios e atrofia) e a predisposição genética (sobretudo, ganho de braço cromossômico 12p) contribuem para o desenvolvimento da doença. 4. Fisiopatologia A transformação maligna do carcinoma in situ é caracterizada pelo crescimento além da membrana basal, por fim substituindo a maior parte do parênquima testicular. A regressão espontânea é rara. Desse modo, qualquer crescimento do testículo deve ser considerado como maligno e devidamente tratado. A túnica albugínea é uma barreira natural para as metástases locais e, portanto, não deve ser comprometida pela biópsia diagnóstica direta escrotal por agulha. A disseminação linfática é a causa mais comum de metástases e normalmente ocorre pelos gânglios do cordão espermático para a cadeia de linfonodos retroperitoneais. A invasão escrotal pode se manifestar com metástases inguinais. Os tipos de câncer de células germinativas também se manifestam com metástases extranodais à distância após invasão vascular direta ou embolização tumoral por meio de comunicações linfático-venosas. Isso é responsável pela maioria das falhas de tratamento regional apesar de orquiectomia radical e disseção cirúrgica retroperitoneal. O tempo de duplicação de um tumor não seminoma varia de 10 a 30 dias. Isso é refletido por alterações nos marcadores tumorais séricos. A maioria dos casos de falha de tratamento seguida por mortalidade ocorre nos primeiros 2 a 3 anos de diagnóstico. Geralmente, um tumor seminoma tem um tempo de duplicação muito mais lento e pode reaparecer 2 a 10 anos após o tratamento inicial por causa de sua evolução indolente. Com base na história natural da doença, o potencial de cura após esquemas de tratamento multimodais normalmente é declarado depois de 5 anos. No entanto, a recidiva tem sido registrada 10 anos após o tratamento. 5. Classificação Classificação dos tumores testiculares (OMS 2016) Tumores de células germinativas: - Derivado de neoplasia de célula germinativa in situ • Seminoma • Carcinoma embrionário • Tumor de saco vitelino, tipo pós-púbere • Tumores trofoblásticos • Teratoma, tipo pós-púbere • Teratoma com neoplasia tipo somática • Tumores de células germinativas mistas - Não relacionado a neoplasia de célula germinativa in situ • Tumor espermatocítico • Tumor de saco vitelino, tipo pré-púbere • Teratoma, tipo pré-púbere • Teratoma misto e tumor de saco vitelino, tipo pré-púbere - Tumor contendo células germinativas e elementos estromais do cordão sexual • Gonadoblastoma. Tumores estromais do cordão sexual: - Tumores puros • Tumor das células de Leydig - Tumor maligno de células Leydig • Tumor de células de Sertoli • Tumor maligno de células de Sertoli • Tumor calcificante de células grandes de Sertoli • Neoplasia hialinizante intratubular de células grandes de Sertoli - Tumor de células da granulosa • Tumor de células da granulosa em adultos • Tumor de células da granulosa juvenil - Tumores do grupo fibroma-tecoma - Tumores estromais do cordão sexual mistos e não classificados - Tumor estromal misto do cordão sexual - Tumor estromal do cordão sexual não classificado. Tumores diversos dos testículos: - Tumores epiteliais do ovário • Cistadenoma seroso • Tumor seroso de neoplasia limítrofe • Cistoadenocarcinoma seroso• Cistadenoma mucinoso • Tumor limítrofe mucinoso • Cistoadenocarcinoma mucinoso • Adenocarcinoma endometrioide • Adenocarcinoma de células claras • Tumor de Brenner - Xantogranuloma juvenil (XGJ) - Hemangioma. Tipos histológicos de tumores do testículo (OMS 1977) Neoplasias testiculares primárias A. Células germinativas (90% a 95% de todos os casos de câncer do testículo) • Seminoma (56%) • Carcinoma embrionário (20%) • Teratoma (5% a 10%) • Teratocarcinoma (10% a 20%) • Coriocarcinoma (1%) • Tumor do saco vitelino (1%) - predominância em meninos pré-púberes. B. Células não germinativas (5% a 10%) • Células de Leydig ou outro tumor estromal especializado • Gonadoblastoma • Diversos (adenocarcinoma da rede do testículo [rete testis], carcinoide, mesenquimal, repouso adrenal). C. Qualquer tumor com histologia mista é considerado não seminoma. Neoplasias testiculares secundárias A. Reticuloendotelial B. Metástases. Neoplasias paratesticulares. Classificação TNM para câncer de testículo A classificação TNM descreve a extensão da doença com base nos seguintes fatores anatômicos: • tamanho e extensão do tumor primário (T), com a classificação do American Joint Committee on Cancer subdividindo o seminoma T1 por tamanho (tumor T1a <3 cm; tumor T1b ≥3 cm) • comprometimento do linfonodo regional (N); e • presença ou ausência de metástases à distância (M). Os marcadores séricos (lactato desidrogenase, gonadotrofina coriônica humana, alfafetoproteína) são geralmente incorporados no sistema de estadiamento, com prognóstico mais desfavorável observado com elevados níveis dos marcadores tumorais. Estadiamento Estádio IA: tumor confinado ao testículo. Estádio IB: tumor localmente invasivo com disseminação além da túnica albugínea e envolvimento da túnica vaginal; ou invasão do cordão espermático ou escroto; com ou sem invasão vascular/linfática; e sem doença nodal ou metastática. Os marcadores tumorais estão normais. Estádio II = disseminação para linfonodos regionais (retroperitoneais), com ou sem marcadores tumorais ligeiramente elevados (lactato desidrogenase <1.5 vezes o limite superior do normal e gonadotrofina coriônica humana <5000 IU/L e alfafetoproteína <1000 micrograma/L [nanograma/mL]). Estádio III = disseminação além dos linfonodos retroperitoneais (metastático) ou linfonodos regionais com níveis altos de marcador tumoral (lactato desidrogenase mais de 1.5 vezes o limite superior do normal e gonadotrofina coriônica humana ≥5000 IU/L e alfafetoproteína ≥1000 micrograma/L [nanograma/mL]). 6. Abordagem do diagnóstico O diagnóstico precoce é vital, pois a identificação em um estádio inicial está associada a um melhor prognóstico em longo prazo. Qualquer massa intratesticular deve ser considerada um câncer do testículo, até que se prove o contrário. A idade do paciente, história familiar de câncer do testículo, diagnóstico prévio de câncer do testículo e, mais importante, história de testículos não descidos devem alertar o médico para um possível diagnóstico. Além disso, o reconhecimento das possibilidades de diagnóstico diferencial com base em elementos de microscopia óptica de rotina e outras observações direcionadas ou estudos imuno-histoquímicos podem ajudar a definir um diagnóstico preciso. Avaliação clínica O paciente típico tem entre 20 e 34 anos de idade. Ele pode relatar um desconforto testicular inespecífico e a sensação de uma massa nos testículos. O início dos sintomas geralmente é mais de 2 semanas. Cerca de 10% dos homens apresentam inchaço doloroso de início súbito (devido à hemorragia ou infecção associadas). O exame físico dos testículos é fundamental para detectar essa condição o quanto antes. O exame físico genital é uma avaliação clínica simples e relativamente rápida, e deve ser realizado quando o paciente apresentar queixas genitais. O exame deve primeiro ser realizado com o paciente em pé para avaliar a assimetria de um testículo mais baixo que o outro. O local da massa pode ser apalpado rolando com cuidado o testículo entre o polegar e os dedos. A massa deve estar firmemente presa no testículo (intratesticular) no lado ou no polo inferior do testículo. Deve ser dada atenção especial à forma e consistência da massa. A massa geralmente é lisa, firme e não flutuante. No entanto, às vezes, ela se manifesta como uma distorção desigual do contorno do testículo ou como um aumento homogêneo. A palpação do cordão espermático para verificar a espessura e a motilidade, e a presença de inchaço inguinal devem ser observados. Em caso de dúvida, uma ultrassonografia do testículo é obrigatória. Um urologista deve avaliar todas as massas testiculares. Um exame sistêmico completo deve ser realizado, pois cerca de 5% a 10% dos pacientes têm manifestações extratesticulares no momento da apresentação com ou sem tumor primário aparente nos testículos. Elas incluem dor nos ossos (metástases esqueléticas), edema dos membros inferiores (oclusão venosa), linfonodos supraclaviculares e ginecomastia. A dorsalgia lombar poderá ocorrer se houver envolvimento dos músculos psoas e das raízes nervosas. Metástases cerebrais e na medula espinhal podem causar sintomas neurológicos. Investigações A ultrassonografia do testículo é a modalidade de imagem inicial preferida e tem alta sensibilidade para neoplasia testicular. Uma ultrassonografia negativa não exclui a presença de câncer. A ultrassonografia deve ser realizada com avaliação por Doppler colorido para confirmar a presença de massa testicular antes da orquiectomia. O testículo contralateral também deve ser avaliado quanto à presença de tumores síncronos e microcalcificações, bem como para medir o volume testicular. O uso de Doppler colorido pode ajudar a distinguir entre outros edemas escrotais (por exemplo, varicocele). A tomografia computadorizada (TC) da pelve e do abdome é usada para avaliar o estádio de disseminação do câncer. A ressonância nuclear magnética (RNM) pode ser útil como modalidade alternativa, se a TC for inconclusiva ou contraindicada por alergia ao meio de contraste. A TC do tórax é recomendada quando a TC abdominal é positiva ou a radiografia torácica é anormal. O exame de TC/tomografia por emissão de pósitrons (PET) não se mostrou superior à TC isoladamente, mas está sendo intensamente estudado. Os marcadores tumorais séricos devem ser obtidos para estadiamento. A combinação de gonadotrofina coriônica humana subunidade beta (beta-hCG), alfafetoproteína (AFP) e lactato desidrogenase (LDH) elevadas é diagnóstica da doença. Todos os pacientes com coriocarcinoma têm beta-hCG elevada. A AFP pode ser elevada por carcinoma embrionário, teratoma, tumores do saco vitelino ou tumores combinados. Os coriocarcinomas e seminomas puros não estão associados a níveis elevados de AFP. Os seminomas podem se manifestar com elevações modestas de betahCG devido à presença de sinciciotrofoblastos no tumor. O diagnóstico de câncer do testículo é estabelecido por meio da remoção e exame do testículo envolvido (orquiectomia) após obtenção dos marcadores tumorais séricos. A orquiectomia é fundamental em todos os estádios da doença. Ela deve ser realizada precocemente na avaliação de uma massa testicular suspeita. Em alguns casos de estádio inicial, a orquiectomia é curativa. 7. Abordagem de tratamento Qualquer paciente com uma massa testicular deve ser encaminhado para um urologista para avaliação diagnóstica. Uma biópsia geralmente não é aconselhada na avaliação de uma massa testicular; o diagnóstico é estabelecido removendo e examinando o testículo envolvido. Pacientes com lesão testicular com suspeita de neoplasia maligna e um testículo contralateralnormal devem ser submetidos a uma orquiectomia inguinal radical; a orquiectomia transescrotal é desencorajada. A cirurgia com preservação dos testículos através de uma incisão inguinal pode ser oferecida como alternativa à orquiectomia radical se os seguintes critérios forem atendidos: • Pacientes que desejem preservar a função gonadal com massas de <2mm; • Achados equivocados de ultrassonografia/exame físico e marcadores tumorais negativos (gonadotrofina coriônica humana [hCG] e alfafetoproteína [AFP]) • Testículo solitário congênito, adquirido ou funcionalmente solitário • Tumores síncronos bilaterais. Na cirurgia com preservação dos testículos, são obtidas várias biópsias do parênquima normal do testículo ipsilateral além da massa suspeita para avaliação simultânea. Após a cirurgia com preservação dos testículos, os pacientes devem ser informados dos riscos e benefícios da vigilância ativa, radiação e orquiectomia. A recorrência após a cirurgia com preservação dos testículos pode ser tratada com radiação, pois pode reduzir o risco de hipogonadismo em comparação com a orquiectomia. Os marcadores tumorais séricos do nadir devem ser repetidos após a orquiectomia nos intervalos aproximados de meia-vida de T, por marcador, para estadiamento e estratificação de risco. O tratamento do câncer do testículo de células germinativas localizado ou em estádio inicial depende da classificação histológica do tumor. Mais de 95% dos pacientes com câncer do testículo em estádio inicial são curados com a terapia apropriada, que pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Pacientes com história de tumor de células germinativas ou neoplasia de células germinativas in situ devem ser informados do aumento significativo do risco de câncer no testículo contralateral. Acompanhamento cuidadoso é recomendado porque esquemas eficazes de quimioterapia de resgate de segunda linha estão disponíveis. Massa testicular suspeita 1a. Orquiectomia inguinal (radical) 1a. Cirurgia com preservação dos testículos. Seminoma em estádio inicial Doença em estádio I (não localmente invasiva) 1a. Vigilância pós-orquiectomia 1a. Quimioterapia com carboplatina pósorquiectomia 1a. Radiação por feixe externo pósorquiectomia Doença em estádio I (localmente invasiva) ou doença em estádio II (A/B) 1a. Vigilância pós-orquiectomia 1a. Quimioterapia com carboplatina pósorquiectomia (somente doença em estádio I) 1a. Radiação por feixe externo pósorquiectomia 1a. Quimioterapia pós-orquiectomia (doença em estádio IIB) Não seminoma em estádio inicial Doença em estádio I (não localmente invasiva) 1a. Vigilância pós-orquiectomia 1a. Dissecção dos linfonodos retroperitoneais (DLR) pós-orquiectomia associado a vigilância ou quimioterapia pósDLR (dissecção dos linfonodos retroperitoneais) 1a. Quimioterapia pós-orquiectomia Doença em estádio I (localmente invasiva) ou doença em estádio II (A/B) 1a. Dissecção dos linfonodos retroperitoneais (DLR) pós-orquiectomia associado a vigilância (somente doença em estádio 1) ou quimioterapia pós- dissecção dos linfonodos retroperitoneais (somente doença em estádio 1 ou 2) 1a. Quimioterapia pós-orquiectomia Seminoma ou não seminoma: câncer avançado/metástases (doença em estádio IIC ou III) 1a. Quimioterapia combinada pós-orquiectomia adjunta ressecção de massas residuais seminoma ou Não seminoma: doença recidivante 1a. quimioterapia de resgate CÂNCER RENAL 1. Definição O carcinoma de células renais (CCR) é uma malignidade renal que surge no parênquima renal/córtex, sendo responsável por cerca de 90% dos cânceres renais. 2. Epidemiologia O CCR representa de 80% a 90% de todos os cânceres renais. O câncer de rim representa aproximadamente 4.2% de todos os cânceres novos, com idade média de 64 anos no momento do diagnóstico. O câncer de rim é a sexta e a nona neoplasia maligna mais comum diagnosticada em homens e mulheres adultos, respectivamente. A nível mundial, a incidência de câncer de rim padronizada por idade é de 6.1 em 100,000 habitantes para homens e 3.2 em 100,000 habitantes para mulheres. Existe uma grande variação global na incidência, sugerindo um forte papel de fatores exógenos e variação geográfica no risco genético. A prevalência elevada de CCR possivelmente é secundária à melhor detecção por exames de imagem e à queda na mortalidade. Mais de 50% das massas renais são diagnosticadas durante uma avaliação de sinais e sintomas não relacionados, que resulta na detecção precoce de pequenos CCRs potencialmente curáveis. . A redução da mortalidade é multifatorial, mas pode ser atribuída, em grande parte, à queda na taxa de tabagismo, ao aprimoramento das terapias e ao acesso a cuidados médicos. 3. Etiologia O tabagismo é o fator de risco para CCR mais bem estabelecido. Está envolvido em 20% a 30% dos CCRs em homens, e em 10% a 20% em mulheres. Obesidade e hipertensão também são fatores de risco conhecidos. Indivíduos com IMC ≥35 tiveram um aumento de 71% no risco de CCR, comparados com indivíduos com peso normal (IMC <25). A pressão arterial diastólica e sistólica elevada foi associada ao aumento de duas a três vezes no risco de CCR, independente do sexo, IMC, tabagismo ou uso de anti-hipertensivos. O transplante renal e a doença renal em estágio terminal com diálise estão associados ao desenvolvimento do CCR. A exposição à radiação pélvica é um fator de risco fraco. O risco de CCR também aumenta com a idade avançada. A maioria dos CCRs ocorre esporadicamente; no entanto, foram identificadas várias síndromes genéticas familiares. Genes relacionados ao câncer renal incluem Von Hippel-Lindau (VHL), foliculina (FLCN), fator de transição mesenquimal–epitelial (MET), fumarato hidratase (FH), succinato desidrogenase (SDH) e BAP1 (codifica a proteína 1 associada a BRCA1 [ubiquitina hidrolase carboxi-terminal]), que são hereditários de maneira autossômica dominante. A identificação de causas genéticas de CCR tem implicações para a vigilância e uso de terapia direcionada. A síndrome de Von Hippel-Lindau (VHL) está associada à variante de células claras do CCR. O risco de CCR ao longo da vida na síndrome de VHL é de 70%. O CCR relacionado a succinato desidrogenase tem vários tipos histológicos, inclusive células claras, e está associado à mutação das linhas germinativas em cada uma das subunidades de SDH, com o SDHB como o gene mais comumente associado. A síndrome de Birt-Hogg-Dubé está predominantemente associada a cânceres renais cromófobicos e oncocíticos, mas não inclui outros subtipos, inclusive CCR de células claras. Pacientes com mutação na FLCN têm um risco estimado de CCR de aproximadamente 25%. Outras histologias do CCR não mostram uma predominância de mutações de VHL. Por exemplo, o CCR papilar do tipo 1 tem mutações principalmente no c-MET, e o tipo 2 (como parte de leiomiomatose hereditária e câncer de células renais) apresenta mutações no gene da fumarato hidratase (FH). 4. Fisiopatologia Os vários subtipos do carcinoma de células renais (CCR) estão associados a anormalidades citogenéticas distintas. Os cânceres com alterações genéticas diferentes têm histologia e importância clínica diferentes. Como o CCR de células claras é a histologia mais comum, a fisiopatologia molecular é muito bem descrita. O conhecimento do CCR de células claras foi aumentado pela análise de síndromes hereditárias do CCR como a síndrome de Von Hippel-Lindau (VHL). A proteína de VHL funciona principalmente como uma ligase ubiquitina; um de seus principais alvos de degradação é o fator induzível por hipóxia (HIF). O HIF promove a transcrição de vários genes relacionados à hipóxia que são constitutivamente ativados na ausência doVHL. Esses genes incluem o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que promove a angiogênese; o fator de crescimento derivado de plaquetas (FCDP), que é um oncogene conhecido; os receptores do fator de crescimento epidérmico, que promove o crescimento das células; e as metaloproteinases da matriz, que são essenciais para a invasão do tumor. Esses genes controlados pelo HIF (especialmente o VEGF) foram os alvos de diversas estratégias de tratamento molecular. Os medicamentos comumente usados no tratamento do CCR são inibidores de tirosina quinase, desenvolvidos para inibir as vias do receptor de VEGF e FCDP. As proteínas quinase críticas para angiogênese são superexpressadas ou hiperativas nos tumores. A inibição da função da quinase em células tumorais inibe sua interação com o microambiente, inclusive a neovasculatura, que tem efeitos anticâncer e tóxicos. A transcrição do HIF em si é controlada pela via da quinase PI3, na qual o alvo da rapamicina em mamíferos (m-TOR) desempenha uma função na regulação ascendente (up-regulation); a m-TOR também é um alvo terapêutico atual para o CCR por conta disso. Outros alvos celulares de VHL incluem o p53, algumas polimerases de ácido ribonucleico (RNA) e fibronectina. Após o início da perda de alelos de VHL, o que ocorre como parte de síndromes de VHL ou esporadicamente, a acumulação de outros defeitos genéticos não aleatórios provavelmente contribui para a promoção do tumor. O microambiente imune é outro fator desejável para a terapia contra câncer. Para prevenir a autoimunidade, o corpo tem checkpoints de proteínas, como antígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico (CTLA-4) e ligante de morte celular programada 1 (PD-L1); no entanto, isso pode ser usado pelas células cancerígenas para evitar a detecção pelo sistema imunológico. A exposição ao tabaco promove o desenvolvimento de CCR. Mecanismos biológicos podem incluir estresse oxidativo e exposição a nitrosaminas e outros carcinógenos presentes na fumaça do tabaco. Ficou comprovado que a nicotina estimula a angiogênese patológica e acelera o crescimento do tumor. Alguns dos mecanismos propostos de CCR induzido pela obesidade são o aumento da peroxidação lipídica formando adutos de ácido desoxirribonucleico (DNA), o aumento do fator de crescimento semelhante à insulina e a maior taxa de filtração glomerular (TFG) e nefroesclerose, causando maior exposição ao carcinógeno. O mecanismo proposto de CCR induzido por hipertensão é o dano aos túbulos e a maior exposição ao carcinógeno. 5. Classificação Tamanho da massa renal Uma massa renal pequena é definida como uma lesão renal menor que 4 cm (ou 3 cm segundo algumas autoridades) que mostra possíveis características de um carcinoma de células renais (CCR) (com realce anormal) no exame de imagem. Massas renais pequenas (principalmente aquelas <2cm) têm mais probabilidade de ser benignas. As massas <3.5cm (mesmo no CCR) apresentam um baixo potencial metastático ao longo de 2-3 anos. As massas que atingem 4 cm e/ou aumentam 5 mm de tamanho em 12 meses podem requerer intervenção. Sistema de estadiamento TNM de CCR A classificação TNM descreve a extensão da doença com base nos seguintes fatores anatômicos: • tamanho e extensão do tumor primário (T) • comprometimento dos linfonodos regionais (N); e • presença ou ausência de metástases à distância (M) Estadiamento • O CCR em estádio inicial (estádios 1 e 2) é definido como um tumor confinado ao rim sem acometimento de linfonodos regionais ou metástases a distância. • Os tumores em estádio 3 estendem-se para veias importantes, ou invadem a glândula adrenal ou o tecido perinéfrico, mas não ultrapassam a fáscia de Gerota. Pode haver metástase para um único linfonodo regional, mas nenhuma evidência de metástase à distância. • Os tumores de estádio 4 se estendem para além da fáscia de Gerota ou têm metástases à distância. Classificação da International Society of Urological Pathology (ISUP)/Organização Mundial da Saúde (OMS) A classificação da OMS foi desenvolvida para dividir ainda mais o câncer renal com base em patologia, epidemiologia e genética. Classificação de tumores de células renais da OMS de 2016: • CCR de células claras • Neoplasia renal cística multilocular de baixo potencial maligno • CCR papilar • Leiomiomatose hereditária • CCR cromofóbico • Carcinoma do ducto coletor • Carcinoma medular renal • CCR com translocação da família MiT • Carcinoma renal deficiente de succinato desidrogenase • Carcinoma mucinoso, tubular e de células fusiformes • CCR tubulocístico • CCR associado à doença cística adquirido • CCR de células claras papilar • CCR, não classificado • Adenoma papilar • Oncocitoma. Classificação da OMS/IUSP para CCR A saliência nucleolar define os graus 1-3 de CCRs papilares ou de células claras. Pleomorfismo nuclear extremo ou diferenciação sarcomatoide e/ou rabdoide define tumores de grau 4. • Grau 1: nucléolos de células tumorais ausentes ou imperceptíveis e basofílicos com aumento de 400 vezes • Grau 2: nucléolos de células tumorais visíveis e eosinofílicos com aumento de 400 vezes e visíveis, mas não salientes com aumento de 100 vezes • Grau 3: nucléolos de células tumorais visíveis e eosinofílicos com aumento de 100 vezes • Grau 4: tumores mostrando pleomorfismo nuclear extremo, células tumorais gigantes e/ou a presença de qualquer proporção de tumor mostrando desdiferenciação sarcomatoide e/ou rabdoide. - Tumores renais malignos • Carcinomas de células claras: são responsáveis por 70% a 90% dos casos de CCR; geralmente são lesões solitárias corticais, mas casos bilaterais (também podem ser multicêntricas) são observados na síndrome de von Hippel-Lindau; geralmente são de cor amarelo-dourado na patologia macroscópica; podem mostrar degeneração cística, hemorragia, alteração sarcomatoide e extensão para a veia renal; o grau de nucléolos é o fator prognóstico mais importante após o estádio clínico; o prognóstico geral é pior que o subtipo papilar ou cromofóbico, mas a resposta ao tratamento sistêmico é maior; casos esporádicos geralmente mostram a perda do cromossomo 3p. Mutações de Von Hippel-Lindau (VHL) observadas em casos esporádicos e naqueles associados à síndrome de VHL conhecida. • CCR papilar (CCRP): são responsáveis por 10% a 15% dos CCR; mais comumente bilateral ou multifocal com grau variável de papilas; têm hemorragia e necrose frequentes; possuem 2 subtipos: o tipo 1 geralmente apresenta melhor desfecho com doença mais indolente e está associado a mutações no proto- oncogene c-MET; o tipo 2 é mais propenso a doenças agressivas e está associado a mutações no gene da fumarato hidralase. Os tumores papilares em geral podem apresentar um prognóstico melhor que os carcinomas de células claras; associados à trissomia do 7, 17 e à perda do Y. • Tumores cromofóbicos: representam de 3% a 5% dos RCCs; grandes células pálidas; a evolução da doença costuma ser relativamente indolente. • Tumores císticos multiloculares: totalmente compostos de cistos; excelente desfecho geralmente sem doença progressiva alguma; geralmente uma variante do carcinoma de células claras (exibindo mutação nos genes de VHL). • Carcinomas do duto coletor: responsáveis por <1% dos cânceres renais; geralmente metastáticos; prognóstico muito desfavorável. • Carcinomas medulares renais: agressivos, raros; observados em homens negros jovens com traço falciforme. Dois terços dos tumores são do lado direito e a maioria das pessoas apresenta doença metastática. A sobrevida global mediana é de cerca de 1 ano. Terapias direcionadas são ineficazes neste subtipo de CCR; quimioterapias citotóxicas são o padrão de tratamento com consideração de nefrectomiaem pacientes selecionados. • CCR associado à translocação Xp11.2/fusão do gene TFE3: comumente afeta as crianças e os adultos jovens; causa CCRP, diferentemente do carcinoma de células claras. • CCR associado a um neuroblastoma: observado em sobreviventes de neuroblastoma renal infantil. • Carcinoma mucinoso, tubular e de células fusiformes: baixo grau; preponderância em mulheres; perda e ganho de diversos cromossomos. • CCR não classificado: responsável por 5% dos casos de CCR; geralmente no estádio avançado com um prognóstico desfavorável; geralmente inclui tipos de células irreconhecíveis. • A desdiferenciação de sarcomatoides pode ocorrer em qualquer subtipo e, tipicamente, pressagia uma biologia mais agressiva e um desfecho pior. Estudos em andamento estão avaliando o papel da inibição do checkpoint imunológico na presença de características sarcomatoides. - Tumores benignos - Tumores epiteliais • Adenoma papilar: aparência histológica de um tumor CCR papilar tipo 1 não encapsulado, mas com tamanho <15mm mostra comportamento clínico benigno. Pode apresentar lesões precursoras do CCRP, como muitas vezes encontrado em espécimes patológicos junto com o CCRP. • Oncocitoma: origina-se de células intercaladas no duto coletor cortical; geralmente bem-circunscrito, com cicatriz central estrelada; pode ser difícil diferenciar do CCR cromofóbico. Geralmente benigno com baixo potencial de invasão ou metástase. Pode ser encontrado CCR coexistente em 10% a 30% dos pacientes com oncocitoma. - Neoplasias metanéfricas • Raro. • Incluem o adenoma metanéfrico, adenofibroma e adenofibrossarcoma. • Os adenomas metanéfricos são mais comuns e têm predileção por mulheres. Geralmente não são invasivos, com pouco potencial metastático, mas podem causar dor, hematúria e massa palpável. Foram descritos como estando associados à policitemia secundária. - Tumores epiteliais e mesenquimais mistos • O nefroma cístico tem histologia epitelial e estromal mista e apresenta-se em mulheres após os 30 anos de idade. • Os tumores epiteliais e estromais mistos do rim são raros. • Ocorrem principalmente em mulheres com uma história de terapia estrogênica. • Pode causar dor e hematúria; a cirurgia é curativa. - Tumores de Wilms • Incluem o nefroblastoma, restos nefrogênicos e nefroblastoma cístico parcialmente diferenciado. • O nefroblastoma (tumor de Wilms) é uma malignidade pediátrica com células epiteliais, estromais e indiferenciadas mistas. Pode estar associado à síndrome cromossômica aberrante. É o quinto câncer infantil mais comum. Tumores neuroendócrinos • Raro. • Incluem o carcinoma neuroendócrino carcinoide, tumores neuroectodérmicos primitivos, neuroblastoma e feocromocitoma. • Surgem de células do rim. Outros tumores adultos • Incluem outras histologias raras como tumores mesenquimais, linfoma, tumores de células germinativas e tumores metastáticos de outros sítios primários. Grau de Fuhrman O grau do tumor é uma característica prognóstica importante e essencial para classificação da patologia do CCR. O grau de Fuhrman é uma avaliação do grau nuclear e foi um sistema de classificação amplamente usado; no entanto, agora foi substituído pelo sistema de classificação da OMS/UISP. Classificação de Bosniak A classificação de Bosniak foi desenvolvida para classificar massas renais císticas em cinco categorias com base na radiologia da TC/RNM. 6. Abordagem diagnóstica O CCR geralmente é assintomático e, portanto, mais comumente diagnosticado após um achado incidental. Até 40% das massas renais detectadas de maneira incidental são pequenas e localizadas. Quando massas renais localizadas de aparência maligna são detectadas em exames de imagem, os pacientes devem ser encaminhados a urologistas. A avaliação urológica pode ser para uma vigilância ativa ou biópsia, mas mais comumente, para a nefrectomia, que pode ser terapêutica e diagnóstica. Os casos de doença avançada podem ser encaminhados para biópsia renal guiada por imagem ou biópsia da lesão metastática. Esses pacientes precisarão de encaminhamento a um oncologista clínico e um urologista (este último para avaliação quanto à possibilidade de nefrectomia). Os pacientes com síndromes hereditárias conhecidas podem ser abordados com mais vigilância em termos de rastreamento, diagnóstico e acompanhamento. Fatores históricos Mais de 50% dos casos de CCR são diagnosticados incidentalmente, e massas renais geralmente são apenas sintomáticas tardiamente na doença. A tríade clássica de hematúria, dor no flanco e massa abdominal é incomum (menos de 10%) e é indicativa de histologia local agressiva e doença avançada. Raramente, os pacientes apresentam sintomas de doença metastática como dor óssea ou sintomas respiratórios. As sequelas dessas síndromes variam dependendo do sistema de órgãos envolvido, mas incluem sintomas associados à hipercalcemia, disfunção hepática (decorrente de doença metastática ou síndrome de Stauffer [insuficiência hepática devido à síndrome paraneoplásica na ausência de metástases no fígado]), excesso de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), anemia, policitemia (mediada pela produção inadequada de eritropoetina) e disfunção neurológica (como miopatia). Os pacientes com síndromes hereditárias causadoras podem apresentam sintomas dermatológicos, oftálmicos ou outros sintomas associados à patologia característica em outros locais do órgão. A história familiar pode ser positiva para câncer renal ou síndromes hereditárias (por exemplo, síndrome de von Hippel Lidau [VHL], Birt-Hogg-Dube [BHD], CCR papilar do tipo 1, síndrome da célula renal leiomiomatosa hereditária). A história social pode revelar riscos decorrentes de tabagismo e possíveis riscos ocupacionais associados (exposição ao asbesto/cádmio). A história médica pregressa pode revelar história de obesidade, hipertensão ou diálise/doença renal cística adquirida. Exame físico O exame físico tem um papel limitado no diagnóstico, mas pode requerer uma investigação adicional e, em combinação com alguns achados laboratoriais, pode ser sugestivo de CCR. Os achados físicos que podem sugerir malignidade renal são massas abdominais palpáveis (especialmente em pessoas magras), linfadenopatia cervical, edema de membros inferiores sugerindo comprometimento venoso e varicocele escrotal em homens. Achados de hipertensão, febre, caquexia e síndrome paraneoplásica podem estar presentes, embora não sejam específicos para o CCR. Os sinais físicos de síndromes paraneoplásicas incluem a palidez, caquexia e mioneuropatia (fraqueza muscular associada a patologias primárias da fibra muscular primária e nervos associados). Os sinais de disfunção hepática podem estar presentes devido a metástases hepáticas ou à síndrome de Stauffer (insuficiência hepática devido à síndrome paraneoplásica na ausência de metástases hepáticas). Os sinais físicos de síndromes hereditárias causadoras incluem pápulas (Birt-Hogg-Dube); fibromas cutâneos (leiomiomatosa hereditária) e angiomatose retiniana (VHL). O exame físico também deve incluir uma avaliação da capacidade funcional (mede a mobilidade do paciente, deambulação, capacidade de realizar autocuidado), o que influencia o prognóstico. No entanto, ao avaliar se há suspeita de CCR, os médicos devem realizar um exame físico completo, o qual pode revelar evidência de sequelas da doença local ou distante, e rastrear a presença de massa abdominal, linfadenopatia e edema. Investigações laboratoriais São necessários exames laboratoriais para avaliar a função renal (creatinina sérica, taxa de filtração glomerular estimada e urinálise) e para completar a avaliação metastática. Lactato desidrogenase,
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