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Vitória Farias SÍNDROMES DIARREICAS CLASSIFICAÇÃO, FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL, MANEJO E TERAPÊUTICA DEFINIÇÃO: Alteração do hábito intestinal por diminuição da consistência das fezes, aumento da fre- quência (>3x/dia) e do volume das evacuações. É a 2ª causa de morte em crianças < 5 anos. FISIOLOGIA 1. A água é absorvida devido ao gradiente osmótica criado pelo transporte ativo de sódio. A absorção de Na+/Cℓ- pelas vilosidades leva a água passivamente através da mucosa. Isso se dá pela menor concentração de sódio no interior do enterócito em relação à luz intestinal. Essa via é inibida pelo cAMP e GMPc, que sofrem estimulação da adenilciclase e guanilciclase do enterócito. Essas enzimas podem ser ativadas pelas toxinas bacterianas. 2. A absorção acoplada de Na+ com glicose, galactose e aminoácidos é ativa e não sofre influência dos agentes infecciosos, por isso é utilizado para restaurar as perdas nas diarreias infecciosas. 3. A secreção entérica depende da secreção ativa de Cl-, que é acompanhada pela eliminação de Na+ e H2O para o lúmen intestinal pelas células das criptas. Assim, a água acompanha o movimento do Na+, e a absorção se faz pelas células do ápice das vilosidades intestinais, enquanto a secreção é realizada pelas células das criptas. 4. Diversos agentes estimulam a secreção ou inibem a absorção: prostaglandinas, o peptídeo vasoativo intestinal (VIP) e o peptídeo calmodulina, enquanto as encefalinas atuam no sentido de estimular a absorção de água e eletrólitos. No cólon, há vários mecanismos de transporte de sódio, através dos quais ocorre a absorção de água. 5. A absorção e a secreção acontecem concomitantemente com predomínio do conteúdo absorvido. A diminuição da absorção ou aumento da secreção ou a alteração de ambas produzem diarreia. DIARREIA SECRETORA •Hormônios, secretagogos (gastrina, serotonina, PGE), hipotireoidismo e enterotoxinas bcaterianas estimulam a hipersecreção de água e eletrólitos pelos enterócitos, através da estimulação das vias do AMPc e GMPc que abrem canais iônicos e aumentam a secreção de Cl- e Na+. DIARREIA OSMÓTICA •Distúrbios da digestão presentes nas deficiências de dissacaridades, aumentam a osmolaridade do conteúdo intestinal, determinando a passagem de líquido do interstício para o lúmen. Sais de magnésio também pode induzir essa via. DIARREIA MOTORA •Enterocolopatias funcionais, doenças metabólicas ou endócrinas, redução da área absortiva devido à ressecções intestinais ou fístulas enteroentéricas podem levar à alterações motoras com trânsito intestinal acelerado. DIARREIA EXSUDATIVA INFLAMATÓRIA •Lesões da mucosa resultantes de processos inflamatórios ou infiltrativos, levam à perda de sangue, muco, pus, com aumento do volume e da fluidez das fezes •Doenças inflamatórias intestinais, neoplasias, shigelose, colite, linfagiectasia intestinal. DIARREIA DISARBSOTIVA •Deficiências digestivas e lesões parietais do intestino delgado que impedem a correta digestão ou absorção. •Pode causar diarreia com ESTEATORREIA e RESÍDUOS ALIMENTARES. Classificação Tempo de evolução Aguda: Até 15 dias Persistente: 16-30 dias Crônica: >30 dias Origem Alta: Delgado volume frequência Sem muco e pus Dor em hemiabdome D mesogástrio Baixa: Cólon volume frequência Pode ocorrer pus e sangue Dor em hemiabdome E hipogástrio Etiologia NÃO INFECCIOSA Distúrbios funcionais SII, d. celíaca Crohn, colite, medicamentos Gatsrinoma, DM, hipertireoidismo INFECCIOSA Virus: rota, noro, CMV, corona, calicivírus, astro Maioria dos casos É autolimitada Fezes aquosas, vômito no máx. 72h Bactérias: 2ª causa + frequente Campylobacter Clostridium E. coli Salmonella shigella, yersinia, vibrio cholerae Fungos: Candida albicans Protozoários: Giardia, entamoeba, strongyloidesMecanismo secretório e inflamatório Espectro clínico mais grave, exige tratamento mais criterioso. É causada por bactérias invasivas, parasitos e bactérias produtoras de citotoxinas que afetam preferencial- mente o íleo e o cólon. Promove ruptura do revestimento mucoso e perda de soro, he- mácias e leucócitos para o lúmen. Gera diarreia, em geral de pequeno volume, com muco, pus ou sangue, febre, dor abdominal predominante no quadrante inferior esquerdo, te- nesmo, dor retal. No início pode ter diarreia aquosa que, depois, se converte em típica diarreia inflamatória, quando os microrganismos ou suas toxinas lesam a mucosa colônica. A maioria é do tipo AGUDA Pode ser CRÔNICA Vitória Farias Investigação diagnóstica → ANAMNESE: o História da doença atual: → Tempo de evolução (<15 dias, 16-30 dias, >30 dias); →Diarreia tóxica: Surge entre 4-24h, após ingerir alimento contaminado por toxinas bacterianas de estafilococos, clostri- dium, bacillus e regridem após eliminar a toxina, em 1-2 dias do início. →Diarreia infecciosa: Ocorrem 48h ou mais após a contaminação. A maioria é de origem viral (duram 3-4 dias), seguida por bactérias e protozoários (duram até 7 dias). Se dura mais de 1 semana, suspeita de infecção por protozoários. →Diarreias funcionais: Duram mais que 3 meses, ausência de sintomas ou sinais de alarme como perda de peso significativa, são intermitentes e não costumam aparecer a noite. → Características físicas das evacuações: →Consistência, presença de sangue ou muco, volume, número, presença de gordura (doença disarbsotiva). → Sintomas associados: →Febre, náusea, vômitos, dor abdominal: Infecção viral →Vômito = ALERTA!!!!! DESIDRATAÇÃO!!! Além da perda de líquido, dificulta reposição oral. → Uso de medicamentos: →Diarreia osmótica: Inibidores da alfa-glicosidade, antibióticos, nutrição enteral, antiácidos a base de magnésio, laxativos osmóticos, pré-bióticos →Diarreia secretora: Antibióticos, antineoplásicos, biguanidas, carbamazepina, sinvastatina, AINE, anticolinérgicos, cafeína, cimetidina, preparações de sulfato ferroso, PGE. →Diarreia motora: Drogas colinérgicas, inibidores da acetilcolinesterase, agonistas da motilina (antibióticos macrolídeos), pro- cinéticos, hormônios tireoidianos. →Diarreia inflamatória: Atb, carbamazepina, sais de ouro, imunossupressores, metildopa, AINE, isotretinoína, IBP, IRSS. → Epidemiologia: Investigar o local e as condições em que a diarreia foi adquirida; a ingestão recente de água, frutas ou verduras potencialmente contaminadas, alimentos suspeitos e crus, viagens recentes, presença de pessoas próximas também acome- tidas (sugere etiologia infecciosa), história sexual, banho em locais públicos e contatos com animais. o Antecedentes patológicos pessoais: Alergias, DM, doenças pancreáticas (má absorção), intolerância à lactose (diarreia osmótica), hipertireoidismo (hiperperistaltismo), infecção pelo HIV (imunodepressão), cirurgias (diminuem a área de absorção). o Antecedentes patológicos familiares: Histórico de neoplasias, doença intestinal inflamatória ou celíaca na família. → EXAME FÍSICO: o Avaliação da desidratação: Turgor da pele, FC, mensuração da PA em decúbito e sentado (prediz a necessidade de hidratação venosa). ATENÇÃO: Relato de boca seca, sede, diurese concentrada, oligúria associado à pele e mucosas desidratadas, com hipo- tensão postural com taquicardia demonstram desidratação e sua gravidade. Febre alta, taquipneia, vasodilatação periférica com hipotensão e pulsos rápidos e finos = SINAIS DE ALERTA!!!! o Inspeção: Avalia distensão abdominal. o Ausculta: Ruídos hidroaéreos estão frequentemente aumentados. o Palpação: Dor leve difusa à palpação, com possibilidade de descompressão brusca levemente dolorosa em situações de maior distensão de alças e dor mais intensa. → O estado imunológico do hospedeiro também é importante na conduta diagnóstica e terapêutica. Exemplos disso são: deficiência de IgA e giardíase, acloridria e salmonelose,transplantados e infecção por citomegalovírus, AIDS e criptosporidíase, idosos residentes em asilo e infecção pelo Clostridium difficile, imunodeprimidos e candidíase intestinal. Diagnósticos da diarreia aguda → Hemograma: Quando a diarreia é grave, pode encontrar anemia e hemoconcentração. o Se for vírus = linfocitose. o Leucocitose com neutrofilia + desvio à esquerda = infecção bacteriana mais invasiva com diarreia inflamatória. A DIARREIA NÃO INFLAMATÓRIA é, em geral, moderada, mas pode provocar grandes perdas de volume. É causada habitualmente por vírus ou por bactérias produtoras de enterotoxinas e afeta preferentemente o intestino delgado. Os microrganismos aderem ao epitélio intestinal sem destruí-lo, determinando diarreia secretora, com fezes aquosas, de grande volume e sem sangue; pode estar associada a náuseas e vômitos. As cólicas, quando presentes, são discretas, precedendo as exonerações intestinais. Vitória Farias → Função renal e eletrólitos: Desidratação causa hipovolemia → Altera a perfusão renal = creatinina e ureia. Requer correção de distúrbios hidroeletrolíticos. → Estudo das fezes: o Leucócitos fecais: É o mais usado na avaliação da diarreia aguda e identifica processos inflamatórios mais intensos. Pode ser negativa no início. E nem sempre a presença de polimorfonucleares indica diarreia infecciosa, pode ser uma afecção do intestino grosso. o Coprocultura/cultura das fezes: Reservado para diarreia infecciosa por bactérias invasivas, na presença de sangue oculto e leucócitos fecais. Quando a coprocultura é solicitada, o laboratório deve ser informado sobre o agente etiológico suspeito, a fim de adequar o meio de cultura. o Pesquisa de toxinas e antígenos de patógenos: Através do ELISA, toxinas bacterianas, giárdia e cryptosporidium, antígenos virais do rotavírus podem ser identificados (é o melhor para confirmar rotavírus). O PCR é outra forma de pesquisar antígenos nas fezes, mas tem aplicação restrita por pouca disponibilidade e alto custo. → Exames de imagem: Raio-X do abdome avalia íleo paralitico e megacólon tóxico. → Endoscopia: A retossigmoidoscopia flexível deve ser feita nos pacientes com clínica de proctite (tenesmo, dor retal) e, também, se há suspeita de colite pseudomembranosa. Nesses casos, a biopsia é importante para excluir doença inflamatória intestinal. Tratamento da diarreia aguda 1. REIDRATAÇÃO: Na maioria, a reidratação oral é suficiente. Deve conter na solução glicose (para favorecer a absorção de sódio). E, se tiver perdas importantes, deve-se repor com soluções contendo eletrólitos (Na+, K+, HC03- e Cl-) em concentrações aproximadas daquelas perdidas na diarreia. Soluções isotônicas podem ser utilizadas. Se o paciente estiver hipovolêmico = hidratação venosa com solução isotônica contendo glicose e eletrólitos. 2. DIETA: Deve continuar se alimentando. Se tiver náusea + vômito = preferir líquidos em pequenas quantidades de cada vez, para garantir reposição das perdas. Alimentos não pioram ou agravam a dirreia!!!!! → Visam à reposição calórica, compensando assim o estado catabólico produzido pela diarreia. Mas, alguns devem ser evitados por afetar a dinâmica intestinal: cafeína (inibe fosfodiesterase, o que ativa AMPc), alimentos com lactose, gordurosos, frituras. 3. AGENTES ANTIDIARREICOS: o Adsorventes caulim e pectina: Aumentem a consistência das fezes, mas têm pequeno efeito sobre o seu volume. o Fibras solúveis medicinais como o Psyllium (uma medida até 3x/dia) e absorventes de água como a policarbofila de cálcio (1 a 2 comprimidos até 4x/dia) também podem ser usados para reter água e aumentar a consistência das fezes, diminuindo os episódios diarreicos. Porém, também têm efeito limitado nesses casos. o Subsalicilato de bismuto tem efeito variado, é bactericida e antissecretor por bloquear o efeito das enterotoxinas, além de estimular a reabsorção intestinal de sódio e água. Devido a seu baixo custo, eficácia e segurança, representa boa opção para o tratamento sintomático da diarreia aguda infecciosa. o Os derivados sintéticos do ópio (loperamida e difenoxilato) inibem a motilidade intestinal, aumentam o tempo de contato para a absorção de água e eletrólitos, e com isso diminuem o número das evacuações intestinais e as cólicas. Esses medicamentos devem ser evitados nos casos de disenterias e nos pacientes com febre alta e toxemia, pois poderiam agravar a evolução da doença e precipitar o aparecimento de megacólon tóxico. Além disso, podem facilitar o desenvolvimento da síndrome hemolítico-urêmica nos pacientes infectados com a Escherichia coli êntero-hemorrágica. o Racecadotril é agente antissecretor que funciona através da inibição da encefalinase, enzima responsável pela inativação do neuro- transmissor encefalina, reduzindo a hipersecreção de água e eletrólitos causada pelas toxinas bacterianas. É recomendado associado às soluções reidratantes orais, principalmente em crianças. A dose habitual para adultos é de 100 mg, 3x/dia durante 2 a 3 dias. 4. TERAPIA ANTIMICROBIANA: Como a maioria dos casos é autolimitado, deve ser evitado utilizar antibióticos. Podem prolongar a eliminação de fezes com bactérias patogênicas e contaminar o meio ambiente, expor os pacientes aos efeitos adversos, promover resistência bacteriana. Diarreia crônica DEFINIÇÃO: Persistência de quadro de diarreia por mais de 4 semanas ou por mais de 2 semanas para alguns. ETIOLOGIAS GASTROINTESTINAIS: Vitória Farias o Síndrome do intestino irritável (SII), doença inflamatória intestinal (DII), síndrome de má absorção e infecção crônica (bacterianas, por protozoários ou helmintos). o Portadores de imunodeficiências → diarreia associada a infecções oportunistas crônicas. o Câncer colorretal → Diarreia crônica + sinais de perda de sangue. o Medicamentos → algumas drogas têm efeito secretório direto no intestino delgado e no cólon. Ex.: fenolftaleína e os derivados antra- quinônicos como o sene. o Uso excessivo de dissacarídeos (ex.: sorbitol) não absorvíveis em dietas com restrição de açúcar → Diarreia osmótica à semelhança de laxativos, como o manitol e o sulfato de magnésio. o Tumores neuroendócrinos produtores de neurotransmissores com ação secretagoga, como o VIP (peptídeo vasoativo intestinal) nos VIPomas e a serotonina na síndrome carcinoide. ETIOLOGIAS POR CAUSA EXTRAINTESTINAIS: o DM: Uso de hipoglicemiantes reduzem a atividade de dissacaridades. Adoçantes à base de manitol, sorbitol, xilitol = diarreia osmótica. o Vipoma: Hipersecreção ectópica do peptídeo intestinal vasoativo → Diarreia aquosa severa. o Gastrinoma: Hipersecreção ectópica de gastrina → Dor abdominal, diarreia, sintomas esofagianos (pirose), muitas úlceras gastroduodenais. o Somatostatinoma: Hipersecreção ectópica de somatostatina → Diarreia, esteatorreia, perda de peso, DM, anemia. o Insuficiência pancreática → Esteatorreia. o Hipertireoidismo: Hiperperistaltismo. AVALIAÇÃO CLÍNICA: o Viagens a áreas endêmicas → Parasitoses o Sintomas precipitados/agravados por uso de determinado alimento. Ex.: lactose → intolerância à lactoseç ou o glúten → doença celíaca o DM, hipertireoidismo → cursam com diarreia → alteram a motilidade intestinal o Histórico familiar de doença inflamatória intestinal, doença celíaca → Risco de herança genética o Fator de risco para infecção por HIV o Uso de álcool em altas doses → Lesão ao pâncreas o Abuso de produtos dietéticos com sacarídios não absorvíveis (sorbitol, manitol) o História medicamentosa Diagnóstico da diarreia crônica DIARREIA CRÔNICA Diarreia alta Gordura fecal Síndrome de má absorção Doenças infecciosas, HIV, drogas Diarreia baixa Triagem: Hemograma, leucócitos fecais, PCR e VHS Doença inflamatória intestinal, infecção prolongada ou câncer de cólon Síndrome do intestino irritável o HEMOGRAMA: → Anemia = Má absorção ou perdas sanguíneas= Microcitose e hipocromia. → Nas síndromes de má absorção, o local do trato gastrintestinal (TGI) acometido de- termina a deficiência de nutrientes específicos. Assim, doenças que acometem o delgado proximal causam dificuldade de absorção de ferro e ácido fólico com formação de he- mácias disfórmicas (poiquilocitose) com micro e macrocitose concomitantes. Doenças que lesam o íleo ou que causam insuficiência pancreática dificultam a absorção de vita- mina B12 com consequente macrocitose. → Alterações de leucócitos = Diarreia inflamatória. Eosinofilia = Parasitose → Plaquetose = Inespecífico, mas pode estar em doença inflamatória intestinal. o PROVAS DE ATIVIDADE INFLAMATÓRIA: PCR, VHS, α-1 glicoproteína ácida, apesar de inespecíficos, são bons preditores de doença inflamatória intestinal. o PERFIL NUTRICIONAL/METABÓLICO: A albumina é nutriente nobre e de meia-vida longa. Sua deficiência está associada a condições com perda nutricional significativa. O perfil lipídico também se altera na desnutrição e na disabsorção. Tem que ver também alte- rações hidroeletrolíticas e disfunção renal. o ESTUDO DAS FEZES: É uma valiosa ferramenta diagnóstica, mas é desagradável para o paciente. o PESQUISA DE AGENTES INFECCIOSOS: Pode ser feita tanto pelo parasitológico de fe- zes, como pelo ELISA, analise rápida pelo microscópio. o Vitória Farias o MARCADORES ESPECÍFICOS: → O anticorpo antiendomísio IgA e o antitransglutaminase tecidual IgA: sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de doença celíaca. Aumento da permeabilidade intestinal – transporte da gliadina através da mucosa – ativação imune tipo Th1, com consequente dano da mucosa, evoluindo para atrofia. Pode ser assintomática. Gera distensão abdominal, anemia, perda de peso, dermatite herpetiforme. Pode estar associada a outras doenças autoimunes. Pode causar esteatorreia. → Anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA): Retocolite ulcerativa (RCUI) Doença Th-2-imunomediada (IL-4, IL-13), decorrente de alteração da relação sistema imune/microbiota intestinal. Dores abdo- minais em cólica, diarreia mucossanguinolenta, tenesmo. Podem ocorrer manifestações extraintestinais (artrites, colangite es- clerosante, eritema nodoso, pioderma gangrenoso, uveíte, irite). → Anticorpo anticitoplasma de neutrófilo perinuclear (pANCA): Doença de Crohn Doença Th1-imunomediada IL-12, interferon alfa, TNF, decorrente de alteração da relação sistema imune/microbiota intestinal. Gera infiltrado inflamatório transmural, ulceração → possui como características clássicas: diarreia mucossanguinolenta. mani- festações oculares (prurido, hiperemia, fotofobia, lacrimejamento, dor etc.), mucocutâneas (eritema nodoso, pioderma gangre- noso, ulcerações aftoides), musculoesqueléticas (artrites, osteoporose), pulmonares (bronquiolite, bronquiectasia, asma). →T3, T4, T4 livre, TSH = Hipertireoidismo o SANGUE OCULTO: Indica lesão orgânica como causa da diarreia. Sangue oculto + leucócitos fecais = diarreia inflamatória. Deve-se considerar além da colite, neoplasias também. Com o desenvolvimento da imunocromatografia de captura a pesquisa de sangue oculto tornou-se mais sensível e específica. Essa técnica possibilita a detecção de sangue em níveis tão baixos quanto 6 g de hemoglobina/g de fezes em apenas 5 min. Nesta reação imunológica, não há possibilidade de falso-positivos por fatores da dieta ou reação com hemoglobinas de outras espécies que ocorre para os testes utilizando guáiaco. o LEUCÓCITOS: A pesquisa de leucócitos fecais é considerada positiva quando há três ou mais polimorfonucleares por campo. A lactoferrina fecal é marcador para os leucócitos fecais, é altamente sensível e específica para as diarreias agudas infecciosas e para a enterocolite pseudomembranosa por C. difficile, mas para as diarreias crônicas sua utilidade não está bem definida. o GORDURA: Deve ingerir de 70 a 100 g de gordura por dia durante o período de coleta das fezes, de 2 a 3 dias. A excreção normal corresponde a cerca de 9% da gordura ingerida, ficando em torno de 7g/dia. Valores superiores a esse são considerados anormais e significam esteatorreia. Entretanto, valores entre 7 e 14 g/dia de gordura fecal têm baixa especificidade para diagnosticar defeito primário de digestão ou absorção. Valores acima de 14 g/dia são mais específicos para comprovar má absorção. o ELETRÓLITOS E OSMOLARIDADE: Na diarreia secretora, os eletrólitos não absorvidos são os responsáveis e, na osmótica, são os outros elementos osmoticamente ativos, como os carboidratos. o pH FECAL: Sua pesquisa é indicada diante de suspeita de diarreia causada por má absorção de carboidratos, como nos casos relacionados com o uso de sorbitol ou lactulose. Nestas condições, o pH é baixo (<6). Nas diarreias envolvendo perdas de aminoácidos e de ácidos graxos associados a carboidratos, o pH fica elevado (entre 6,0 e 7,5). o TESTE PARA PESQUISA DE CARBOIDRATOS FECAIS: Identifica carboidratos mal absorvidos. o ENDOSCOPIA: ➢ EDA: Visualiza a mucosa intestinal do delgado proximal e permite análise por biopsia. Serve para doença celíaca, parasitoses, doença de Whipple. ➢ Colonoscopia: Importante no diagnóstico de diarreias crônicas baixa. Além do cólon, o exame se completa com avaliação adicional do íleo distal, região também associada a diarreias inflamatórias baixas. Por ser procedimento mais invasivo, deve ser realizado após triagem clínica e laboratorial adequada que indique forte suspeita de acometimento ileocolônico. ➢ Cápsula endoscópica: É ferramenta de grande valia na investigação de doenças de grande parte do delgado, inacessível aos métodos endoscópicos habituais. A visualização da mucosa pode definir diagnóstico de enterites em geral. Como desvantagem em relação aos demais métodos endoscópicos, tem a impossibilidade de coleta de material para análise. ➢ Enteroscopia com duplo balão: A utilização da enteroscopia com duplo balão (EDB) permite o alcance das porções mais distais do intestino delgado de forma mais simples e eficaz. Vitória Farias o IMAGEM: ➢ Trânsito de intestino delgado: Estuda o intestino delgado, avaliando desordens do jejuno e íleo. Tem baixo custo, fácil execução e é seguro. ➢ TC: Auxilia na avaliação do trânsito pelo intestino delgado com bom desempenho para lesões tumorais dessa área. Tratamento da diarreia crônica Quando a causa é bem definida, o controle clínico dependerá do êxito da terapêutica específica instituída ou da exclusão de agentes causadores da diarreia. Para os pacientes que estão em investigação diagnóstica, deve-se prescrever inicialmente dieta pobre em resíduos, restrição de leite e derivados, utilizando-se medicamentos sintomáticos para a diarreia. Os agentes antimotilidade, derivados do ópio, também atuam sobre receptores específicos na membrana celular, inibindo a atividade da adenilciclase, diminuindo a concentração intracelular de cAMP, tendo assim atividade antissecretora e inibidora da motilidade intestinal. Embora os derivados sintéticos do ópio (loperamida e difenoxilato) sejam mais utilizados, a morfina e a codeína, por terem ação central e periférica, são mais potentes e mais eficazes em diarreias persistentes de aidéticos. Os α2-adrenorreceptores estão presentes no intestino e medeiam os efeitos pró-absortivos e antimotilidade das catecolaminas. A clonidina, agonista α-adrenérgico, tem atividade antidiarreica, sendo utilizada com sucesso na diarreia dos diabéticos, embora apresente res- trições por causa de seu efeito hipotensor. A somatostatina e o octreotídio têm ação diversificada no tubo digestivo: inibem a motilidade e a secreção gástrica e pancreática com favorecimento da absorção de água e eletrólitos. O octreotídio é poderoso inibidor da liberação de gastrina, VIP e 5-HT. Por isso, é usado no tratamento da diarreia da síndrome carcinoide, da síndrome de Zollinger-Ellison e nos aidéticos. O octreotídio é usado, também, na diarreiados diabéticos, diarreia aquosa idiopática e naquela que ocorre durante o tratamento com drogas antineoplásicas. SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL Fisiopatologicamente há 2 teorias: uma que fala da ativação e aumento do número dos mastócitos na mucosa intestinal, alterando a motilidade e sensibilidade intestinais e a outra que fala de uma alteração cérebro-intestino que gera depressão monoaminérgica (serotonina) levando a alterações da motilidade peristáltica. Pode ser secundária a algumas das infecções bacterianas ou parasitária dos intestinos. Ausência de perda ponderal e de sinais de desnutrição, presença de sintomas pre- dominantemente diurnos, alternância do hábito intestinal com períodos de constipação intestinal, além de crise de dor associada à distensão abdominal e aliviada pela evacuação são sugestivas de síndrome do intestino irritável (SII). O início dos sintomas, habitualmente, ocorre em períodos de instabilidade emocional e predomina em adultos jovens. O diagnóstico é clínico e devem-se avaliar as alterações de caráter funcional na SII. Em casos de dúvida, exames gerais que demonstrem ausência de acometimento sistêmico como hemograma completo sem anemia, leucocitose ou pla- quetose e provas de atividade inflamatória (p. ex., proteína C reativa e VHS) normais reforçam o diagnóstico de diarreia funcional. NÃO HÁ LESÃO ANATÔMICA OU ORGÂNICA. Os critérios de Roma IV que permitem estabelecer o diagnóstico da síndrome do intestino irritável são os seguintes: o Dor abdominal recorrente que ocorra em média pelo menos uma vez por semana nos últimos três meses Associada a dois ou mais dos seguintes: o Alívio da dor com defecação o Alteração na frequência das fezes o Alteração da forma (aparência) das fezes. Medicamentos utilizados no tratamento da SII, a depender da queixa principal do paci- ente. Ressalta-se que o tratamento requer assistência multidisciplinar, com avaliação nutricional e psíquica, aliada ao tratamento farmacológico, se necessário. Podem ser uti- lizados IRSS, segundo Janaína e o tratado traz que ADT não são recomendados pelo risco de ter como efeito adverso a constipação. http://sindromeintestinoirritavel.pt/tudo-sobre-sii/#escala-de-bristol Vitória Farias CONSTIPAÇÃO INTESTINAL Fatores de risco, fisiopatologia, critérios diagnósticos e manejo FATORES DE RISCO: ➢ Idade: Quanto maior, maior o risco; ➢ Sexo feminino ➢ Nível socioeconômico: Quanto menor, maior o risco; ➢ Estilo de vida ➢ Ingestão inadequada de fibras; ➢ Ingestão inadequada de líquidos; ➢ Sedentarismo; ➢ Gravidez; CAUSAS: DIAGNÓSTICO
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