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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA – UniFOA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Victória Cristina da Silva Oliveira EDEMA AGUDO DE PULMÃO COMO COMPLICAÇÃO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Volta Redonda 2022 FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA – UniFOA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM EDEMA AGUDO DE PULMÃO COMO COMPLICAÇÃO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Relato de Caso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem na Disciplina de Estágio Supervisionado módulo de Pronto Socorro como um dos itens para aprovação no Estágio. Volta Redonda 2022 RESUMO Estudo que aborda um relato de caso coletado no Pronto Socorro de um Hospital público de médio porte localizado no município de Volta Redonda (RJ). Trata-se de uma cliente com diagnóstico de Edema Agudo de Pulmão como complicação de Infarto Agudo do Miocárdio. Paciente C.P.S., 78 anos, admitida com quadro de dessaturação e hipertensão arterial. Após exames, foi diagnosticada com Infarto Agudo do Miocárdio, que levou a um Edema Agudo de Pulmão. Infarto do Miocárdio é uma doença cardiovascular grave, em que sua principal causa é o acúmulo de placa aterosclerótica na coronária. Já o Edema Agudo de Pulmão é uma síndrome clínica de insuficiência respiratória aguda hipoxêmica. Para esta paciente, foram identificados 12 diagnósticos de enfermagem e traçado 11 prescrições. Espera-se que ela tenha uma boa recuperação, mude seu estilo de vida e torne-se adepta ao tratamento de suas doenças, a fim de ter uma boa qualidade de vida. Palavras-chave: Edema Agudo de Pulmão. Infarto Agudo do Miocárdio. Assistência de Enfermagem. 1 INTRODUÇÃO Estudo que aborda um relato de caso coletado dia 10 de outubro no Pronto Socorro (PS) de um Hospital público de médio porte localizado no município de Volta Redonda (RJ). Trata- se de uma cliente com diagnóstico de Edema Agudo de Pulmão (EAP) como complicação de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). O PS é uma unidade de atendimento de urgência e emergência, com atendimentos diversificados, desde o público jovem até idosos, independentes de sexo ou gênero (ROCHA et al, 2018). Uma patologia muito comum atendida nos Ps de todo o mundo é o IAM, que é uma doença cardiovascular (DCV) grave, em que sua principal causa é o acúmulo de placa aterosclerótica, ocasionando oclusão na parede do vaso, dificultando a passagem do sangue para órgãos, células e tecidos (SILVA et al., 2019) Esta DCV pode ter como complicações: insuficiência cardíaca congestiva, presença de terceira bulha cardíaca, congestão pulmonar, edema agudo de pulmão (EAP), falência ventricular esquerda, arritmias, choque cardiogênico, entre outras (PASSINHO et a, 2018). Já o EAP, que pode ser consequência do IAM, é uma síndrome clínica de insuficiência respiratória aguda hipoxêmica (MACIVER & CLARK, 2015). Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de uma cliente admitida no PS de um Hospital Público de Volta Redonda com diagnóstico de EAP e IAM, bem como traçar um plano de cuidados a partir dos diagnósticos de enfermagem. 2 RELATO DO CASO Paciente feminina, C.P.S., 78 anos, admitida na madrugada do dia 09 de outubro de 2022 no PS da unidade com agitação psicomotora, hipertensão arterial (PA =220x100mmHg), dispneia e dessaturação (SPO2 = 60% em ar ambiente). No primeiro momento, foi instalado máscara não reinalante com reservatório, oxigênio a 10L/min, melhorando a saturação (90%), mas cliente mantinha agitação e esforço respiratório. Após, foi necessária sedação e intubação orotraqueal (IOT) para ventilação mecânica invasiva (VMI), devido a impossibilidade de manter ventilação espontânea adequada e à agitação psicomotora. Após a chegada dos exames laboratoriais, constatou-se aumento dos marcadores cardíacos: CPK, CKMB e troponina, sendo diagnosticado pelo médico de plantão como IAM, que teve o EAP como complicação. - Histórico de enfermagem: cliente portadora de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) sem adesão ao tratamento, desconhecia outras comorbidades (embora glicemia capilar = 320mg/dl na admissão) ou alergia medicamentosa, sedentária e tabagista. Familiares relataram que cliente iniciou com desconforto na garganta durante o dia e a noite com intensa dispneia e sialorreia, até que a levaram ao hospital. - Exame físico: restrita ao leito, sedada, score de rass -5. Crânio simétrico, couro cabeludo integro, pupilas mióticas, mucosa ocular hipocorada, rede ganglionar superior impalpável. Cateter Venoso Central (CVC) em veia jugular interna esquerda, com dripping de midazolam 15ml/h e tridil 5ml/h. Com VMI, tubo orotraqueal (TOT) nº 8 e inserção de 22cm na comissura labial. AP: presença de estertores bolhosos em ambas as bases. AC: bulhas arrítmicas hipofonéticas em 3 tempos. Abdome globoso, flácido, ruídos hidroaéreos presentes, sem massas ou visceromegalias. Em uso de fralda sem eliminações intestinais até o momento do exame físico, com cateterismo vesical de demora drenando aproximadamente 200ml de diurese de cor amarelo citrino e aspecto límpido. MMSS e MMII sem edemas, perfusão periférica >2s, pele íntegra. - Sinas vitais: Tax: 36.2°C, FC: 90bpm, FR:19irpm, PA: 160/82 mmHg, SpO2: 91%. - Parâmetros VM: PEEP 8. / I:E 1:2 / FiO2 70% / FR 14 3 DISCUSSÃO E PLANEJAMENTO DE AÇÕES DE ENFERMAGEM As Doenças Cardiovasculares (DCV) são, atualmente, a maior causa de mortes no mundo. Dentre as DCVs, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constitui importante fator de risco para complicações cardíacas e cerebrovasculares, sendo considerada um problema de saúde pública em âmbito mundial (RADOVANOVIC et al., 2014). A HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (BARROSO et al., 2021). A não adesão ao tratamento anti-hipertensivo constitui um dos maiores problemas na área de HA. Os pacientes deixam de aderir à terapia anti-hipertensiva prescrita por vários motivos, como ausência de sintomas associados à doença, complexidade do esquema de dosagem de medicação ou até mesmo o custo dos medicamentos. É necessário que o enfermeiro enfatize a necessidade do tratamento, pois a adesão do paciente ao regime terapêutico é de suma importância para o controle dos sintomas e progressão da doença (DIAS, 2013) Além da hipertensão arterial, o tabagismo também se configura como outro fator de risco associado ao aparecimento de doenças cardiovasculares. Mesmo cigarros de baixo teor de alcatrão, tabaco sem fumo e tabagismo passivo aumentam o risco de eventos cardiovasculares em comparação a não fumantes. O tabagismo é, hoje, a principal causa de enfermidades evitáveis e incapacidades prematuras e a primeira causa de morte evitável no mundo (PELIZZARO, BONGIORNO & FERNANDES, 2011; SOUSA, 2015). As doenças de base, o tabagismo, o sedentarismo, dentre outros fatores, levaram a paciente ao quadro de IAM, que tem como um dos sintomas mais frequentes a dor torácica. Na avaliação de dor torácica aguda, existem dois tipos fundamentais para seu manejo: o exame físico, onde se utiliza o eletrocardiograma (ECG); e marcadores de necrose miocárdica, que são: Troponina, CPK e CK-MB (SILVA et al., 2019). O IAM é classificado como uma Síndrome Coronariana Aguda, e se apresenta de duas formas distintas de acordo com a abrangência isquêmica da parede muscular, e respectivas alterações eletrocardiográficas: Síndrome CoronarianaAguda com elevação do segmento “ST” (correspondente à porção do eletrocardiograma entre o fim da despolarização e o início da repolarização dos ventrículos), e Síndrome Coronariana Aguda Sem elevação do segmento “ST” (SUREKA, BANSAL & ARORA, 2015). Durante a oclusão total de uma artéria coronariana ocorre a alterações nos tecidos musculares epicárdicos, que quando representados eletrocardiográficamente desenvolvem o supradesnivelamento do segmento ST em duas ou mais derivações subsequentes. Esta modificação se inicia já nos primeiros minutos de isquemia miocárdica e pode se estabilizar nas primeiras 12 horas ou voltar à linha de base em até 72 horas (SUREKA, BANSAL & ARORA, 2015). O diagnóstico pode ser realizado por vários métodos, mas o eletrocardiograma (ECG) é considerado um exame complementar para avaliação cardiológica rápida, de fácil realização e de baixo custo. O ECG é uma demonstração gráfica da atividade elétrica do coração pelo tempo, que é mensurado através da colocação de eletrodos em pontos específicos (BETT et al., 2022) Além da dor torácica supracitada, que é geralmente retroesternal, em aperto ou pressão/pontada/queimação/laceração/peso, outros sinais e sintomas do IAM são: tontura, tremor, sudorese, fadiga e náusea (PASSINHO et al., 2018). Já as complicações podem ser: choque cardiogênico, reinfarto, cardiomegalia, Parada Cardiorrespiratória (PCR), Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) ou piora dela, com presença de estertores pulmonares, terceira bulha cardíaca e Congestão pulmonar, podendo evoluir para Edema Agudo de Pulmão (PASSINHO et al., 2018) O EAP é uma síndrome clínica de insuficiência respiratória aguda hipoxêmica decorrente de etiologias variadas, incluindo o IAM, como já citado. No EAP cardiogênico, o desacoplamento entre o volume sistólico do ventrículo direito e esquerdo e a venoconstrição hipóxica contribuem para um aumento da pressão hidrostática nos capilares pulmonares. O resultado é a transudação de líquido para o interstício pulmonar causando dispneia intensa e abrupta, tosse com expectoração abundante hialina-hemoptóica, taquipnéia, cianose e extremidades frias e sudoréticas (SUREKA, BANSAL & ARORA, 2015) Pode ser necessária uma IOT, como é o caso da cliente do caso clínico. Já que ela está em VMI, é preciso manter sedação. Para avaliar esta sedação, pode-se utilizar a escala de Richmond Agitation-Sedation Scale (RASS). O escore da escala de RASS é global: o profissional observa o paciente e lhe atribui uma nota de -5 a +4, de acordo com sua observação. O RASS 0 é o paciente “normal”: calmo, acordado, respondendo normalmente a estímulos — nem agitado, nem sedado. Pontuações positivas (+1 a +4) são dadas a pacientes superativos, inquietos, combativos, enquanto pontuações negativas (-1 a -5) são reservadas para pacientes sonolentos, sedados ou comatosos (BARBOSA et al., 2018). De acordo com o exposto, serão abordados os diagnósticos de enfermagem e traçados os cuidados de enfermagem para a cliente do relato de caso. • Diagnóstico de enfermagem: Risco de aspiração Risco de choque Controle ineficaz da saúde Risco de débito cardíaco diminuído Risco de glicemia instável Risco de infecção Risco de lesão por pressão Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz Perfusão tissular periférica ineficaz Risco de pressão arterial instável Troca de gases prejudicada • Prescrição de enfermagem 1) Aspirar vias aéreas se Spo2 < 91%, a critério do enfermeiro 2) Aferir sinais vitais de 2/2h e informar ao enfermeiro se PA ≤ 90x60 mmHg ou ≥ 140x90 mmHg, FC < 50 bpm ou > 100bpm, Tax < 35°C ou > 37.4°C 3) Realizar curativo estéril em cateter venoso central 4) Realizar mudança de decúbito, a critério do enfermeiro 5) Instalar colchão pneumático 6) Instalar coxins sob protuberâncias ósseas 7) Avaliar diariamente perfusão periférica: coloração, temperatura, enchimento capilar 8) Realizar higiene oral 3 vezes ao dia com Digluconato de clorexidina a 0,12% 9) Realizar higiene do óstio uretral com clorexidina aquosa 2x ao dia 10) Manter cabeceira elevada 30-45° 11) Observar, registrar e informar se presença de calor, rubor, edema e exsudato no local da inserção do cateter. 4 CONCLUSÃO Percebeu-se que o quadro de EAP se desenvolveu como uma complicação do IAM, já que a ejeção do sangue pelos ventrículos fica insuficiente, causando um fluxo retrógrado, aumentando a pressão hidrostática nos capilares pulmonares e ocorrendo o extravasamento de líquido para o interstício pulmonar. Levando em consideração ao quadro da paciente, seus riscos e suas necessidades, foram observados os diagnósticos reais e de risco da cliente. A partir disso, foram traçadas prescrições de enfermagem, com o objetivo de atender as necessidades da cliente e reduzir os riscos. Espera-se que ela tenha uma boa recuperação, mude seu estilo de vida e torne-se adepta ao tratamento de suas doenças, a fim de ter uma boa qualidade de vida. 5 REFERÊNCIAS BARBOSA, T.P. et al. Associação entre sedação e eventos adversos em pacientes de terapia intensiva. Acta Paul Enferm., v.31, n.2, p.194-200, 2018. BARROSO, W.Z.S. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq. Bras. Cardiol., v.116, n.3, p.516-658, 2021. BETT, M.S. Infarto agudo do miocárdio: Do diagnóstico à intervenção. Research, Society and Development, v.11, n.3, 2022 MACIVER, D.H.; CLARK, A.L. The vital role of the right ventricle in the pathogenesis of acute pulmonary edema. Am J Cardiol, v.115, n.7, p.992-1000, abr. 2015 PASSINHO, R.S. et al. Sinais, Sintomas e Complicações do Infarto Agudo do Miocárdio. Rev enferm UFPE on line., Recife, v.12, n.1, p.247-264, jan., 2018. PELIZZARO, D. et al. Prevalência de Tabagismo e Hipertensão Arterial Sistêmica em alunos do ensino médio da cidade de Joaçaba, SC. Unoesc & Ciência – ACBS, Joaçaba, v. 2, n. 1, p. 91-100, jan./jun. 2011. PELOZZARO, D.; BONGIORNO, K.; FERNANDES, L.S. Abordagem da Não Adesão ao Tratamento Medicamentoso da Hipertensão Arterial Sistêmica em Atenção Primária à Saúde. 2011. 28p. Curso De Especialização Em Atenção Básica Em Saúde Da Família - Universidade Federal De Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011. RADOVANOVIC, C.A.T. et al. Hipertensão arterial e outros fatores de risco associados às doenças cardiovasculares em adultos. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v.22, n.4, p.547-553, jul.- ago. 2014. ROCHA, K.D.B. et al. Falando de Gênero e Sexualidade numa Unidade de Serviços de Urgência e Emergência: Um Relato de Experiência. Anais do SEPE - seminário de ensino, pesquisa e extensão, v.8, 2018. Disponível em: https://portaleventos.uffs.edu.br/index.php/SEPE-UFFS/issue/view/84. Acesso em: 20 out. 2022. SILVA, S.P. et al. Fatores de Risco Associados ao Infarto Agudo do Miocárdio. Revista Interdisciplinar em Saúde, Cajazeiras, v.6, n.1, p.29-43, abr./jun. 2019. SOUSA, M.G. Tabagismo e Hipertensão arterial: como o tabaco eleva a pressão. Rev Bras Hipertens, v.22, n.3, p.78-83, 2015. https://portaleventos.uffs.edu.br/index.php/SEPE-UFFS/issue/view/84 SUREKA, B.; BANSAL, K.; ARORA, A. Pulmonary edema - cardiogenic or noncardiogenic? J Family Med Prim Care., v.4, n.2, abr. 2015.
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