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Doença pelo Vírus Ebola: Zoonose Africana

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1 Zoonoses 
Ebola 
Introdução 
 A Doença pelo Vírus Ebola (DVE) é uma 
zoonose, cujo morcego é o reservatório 
mais provável. 
 
 Quatro dos cinco subtipos ocorrem em 
hospedeiro animal nativo da África. 
 Acredita-se que o vírus foi transmitido 
para seres humanos a partir de contato 
com sangue, órgãos ou fluidos corporais 
de animais infectados, como chimpanzés, 
gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e 
porcos-espinho. 
 A doença pelo vírus ebola é uma das mais 
importantes na África subsaariana, 
ocasionando surtos esporádicos, afetando 
diversos países. 
 O agente da doença é um vírus da família 
Filoviridae, do gênero Ebolavirus, 
descoberto em 1976, a partir de surtos 
ocorridos ao sul do Sudão e norte da 
República Democrática do Congo 
(anteriormente Zaire), próximo ao Rio 
Ebola, mesmo nome dado ao vírus. 
A origem do vírus é desconhecida, mas 
os morcegos frugívoros (Pteropodidae) 
são considerados os hospedeiros 
prováveis do vírus Ebola. Não há 
registro de casos de ebola no Brasil. 
Definições 
 Caso suspeito: 
 Indivíduo procedente, nos últimos 21 
dias, de país* com transmissão ativa da 
doença pelo vírus Ebola (DVE) e que 
apresente febre, podendo esta ser 
acompanhada de diarreia, vômitos ou 
sinais de hemorragia, como: diarreia 
sanguinolenta, gengivorragia, 
enterorragia internas, sinais purpúricos 
e hematúria. 
 Caso confirmado: 
 Caso suspeito com resultado laboratorial 
de Reação de Polimerase em Cadeia 
(PCR) detectável para Ebola realizado em 
laboratório de referência. 
 Caso descartado: 
 Caso suspeito com dois resultados 
laboratoriais de Reação de Polimerase em 
Cadeia (PCR) negativos para Ebola 
realizados em Laboratório de Referência 
definidos pelo Ministério da Saúde, com 
intervalo mínimo de 48 horas entre as 
duas colheitas. 
 Contactantes ou comunicante: 
 Pessoa que tenha sido exposta a um caso 
suspeito ou confirmado de DVE em 
pleno menos uma das seguintes 
situações: dormiu na mesma casa que um 
caso; teve contato físico direto com o caso 
(vivo ou morto) durante a doença; teve 
contato físico direto com o caso (falecido) 
em um funeral ou durante a preparação 
dos rituais de enterro; tocou o sangue o 
fluidos corporais de um caso durante a 
doença; tocou nas roupas ou lençóis de 
um caso; um bebê que foi amamentado 
pelo paciente, teve relações sexuais com o 
paciente. 
 
 
 
 
2 Zoonoses 
 País com transmissão de Ebola: 
 República Democrática do Congo 
(atualizado em 11/01/2020 – OMS). 
 A atualização de países com transmissão 
ativa de Ebola será realizada a partir de 
informações disponibilizadas pela 
Organização Mundial da Saúde – OMS. 
Detecção, Notificação e Registro 
 O Ebola é uma doença de notificação 
compulsória imediata. 
 A notificação deve ser realizada pelo 
profissional de saúde ou pelo serviço que 
prestar o primeiro atendimento ao 
paciente, pelo meio mais rápido 
disponível, de acordo com a Portaria de 
Notificação Compulsória PRC n° 4, de 
28 de setembro de 2017, Anexo V, 
Capítulo I (Origem: PRTMS/GM 
204/2016, Anexo1). 
 Todo caso suspeito deve ser notificado 
imediatamente (Notificação Imediata em 
até 24 horas) às autoridades de saúde das 
Secretarias municipais, estaduais, CIEVS 
estadual, CIEVS Nacional pelo Disque 
Notifica (0800-644-6645), bem como pelo 
e-mail ou formulário eletrônico no site da 
SVS. 
 O registro dos casos que se enquadram na 
definição de caso suspeito de Ebola deve 
ser realizado por meio da ficha de 
notificação individual no Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação 
(SINAN) utilizando o Código 
Internacional de Doenças (CID) A98.4. 
Sintomas 
 A infecção pelo vírus Ebola ocasiona os 
seguintes sintomas: 
 Febre; 
 Cefaleia; 
 Fraqueza; 
 Diarreia; 
 Vômitos; 
 Dor abdominal; 
 Inapetência; 
 Odinofagia; 
 Manifestações hemorrágicas. 
 O período de incubação da doença pode 
variar de 2 a 21 dias, no entanto, o 
período mediano é de 5 a 10 dias para a 
maior parte dos casos e os anticorpos IgM 
podem aparecer com dois dias após o 
início dos sintomas e desaparecer entre 
30 e 168 dias após a infecção. 
 Os pacientes tornam-se contagiosos 
apenas quando começam a apresentar os 
sintomas. 
 A confirmação dos casos de Ebola é feita 
por exames laboratoriais específicos. 
Riscos 
 Para a maioria das pessoas no Brasil, o 
risco de contrair de Ebola é baixo. 
 No entanto, as chances aumentam nas 
seguintes hipóteses, que são os principais 
fatores de risco: 
 Visitar áreas nas quais há surto de Ebola; 
 Realizar pesquisas em animais, 
principalmente primatas originários da 
África ou Filipinas; 
 Fornecer assistência médica ou pessoal 
para pessoas infectadas; 
 Preparar pessoas infectadas para o 
enterro, uma vez que os corpos das 
pessoas contaminadas ainda podem 
transmitir a doença. 
Diagnóstico 
 O exame a ser realizado é o de PCR para 
o diagnóstico confirmatório de Ebola. 
 São realizadas duas coletas, sendo a 
segunda após 48 horas da primeira. 
 As amostras são encaminhadas para o 
laboratório de Referência Nacional 
Instituto Evandro Chagas – IEC. 
 
 
3 Zoonoses 
 A DVE é uma síndrome febril 
hemorrágica aguda cujos diagnósticos 
diferenciais principais são: malária, febre 
amarela, sarampo, desinteria bacteriana, 
doença de lyme, febre tifoide, shiguelose, 
cólera, leptospirose, peste, ricketsiose, 
febre recorrente, doença meningocócica, 
hepatite, dengue grave e outras febres 
hemorrágicas. 
 Importante: 
 Pessoas diagnosticadas com Ebola devem 
ser isoladas do público imediatamente 
para ajudar a prevenir a propagação do 
vírus. Profissionais de saúde e outras 
pessoas que entrarem em contato com o 
doente devem obrigatoriamente usar 
Equipamento de Proteção Individual. 
Complicações 
 Após a primeira semana de infecção, 
alguns pacientes com DVE podem se 
recuperar, mas habitualmente a doença 
evolui para formas graves. 
 A viremia aumenta drasticamente 
acompanhando o agravamento do 
quadro clínico. 
 Os pacientes podem desenvolver um 
rash cutâneo (exantema) difuso, seguido 
de descamação da pele. 
 Na evolução, podem ocorrer diarreia 
grave, náuseas e vômitos acompanhados 
de dor abdominal, comprometimento 
das funções hepáticas e renais e, 
frequentemente, coagulação 
intravascular disseminada levando a 
hemorragias internas e externas 
variadas. 
 De acordo com o Consenso n.º 
9188/2014 do Superior Conselho de 
Saúde da Bélgica, são considerados sinais 
relevantes/frequentes de gravidade: 
hemorragia nasal; melena; aumento 
significativo de transaminases (TGO e 
TGP); queda abrupta de plaquetas; sinais 
de choque e baixa saturação de O2. 
 Os óbitos normalmente ocorrem na 
segunda semana da doença e estão 
relacionados à instabilidade 
hemodinâmica, choque (colapso 
circulatório), infecções bacterianas 
secundárias e/ou coagulação 
intravascular disseminada. 
Transmissão 
 A transmissão se dá por meio do contato 
com sangue, tecidos ou fluidos corporais 
de animais e indivíduos infectados 
(incluindo cadáveres), ou a partir do 
contato com superfícies e objetos 
contaminados. 
 Destaca-se que não há registro na 
literatura de isolamento do vírus no suor 
e pelo ar. 
Não há transmissão durante o período 
de incubação. 
 A transmissão só ocorre após o 
aparecimento dos sintomas. 
 Acredita-se que o vírus foi transmitido 
para seres humanos a partir de contato 
com sangue, órgãos ou fluidos corporais 
de animais infectados, como chimpanzés, 
gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e 
porcos-espinho. 
 Na África, os surtos provavelmente 
originam-se quando pessoas têm contato 
ou manuseiam a carne crua de 
chimpanzés, gorilas infectados, morcegos, 
macacos, antílopes florestais e porcos-
espinhos encontrados doentes ou mortos 
ou na floresta. 
 Depois que uma pessoa entra em contato 
com um animal que tem Ebola, ela pode 
espalhar o vírus na sua comunidade, 
transmitindo-o para outras pessoas. 
 O vírus Ebola não é transmitido pelo ar.4 Zoonoses 
 A infecção ocorre por contato direto 
com o sangue ou outros fluidos 
corporais ou secreções como, por 
exemplo, fezes, urina, saliva, leite 
materno e sêmen de pessoas infectadas. 
Tratamento 
 Os cuidados são de suporte precoce com 
hidratação e tratamento sintomático. 
Ainda não há tratamento licenciado 
comprovado para neutralizar o vírus, mas 
uma gama de tratamentos potenciais 
incluindo produtos sanguíneos, terapias 
imunológicas e medicamentosas estão em 
desenvolvimento. 
 O tratamento, a princípio, se restringe ao 
controle dos sintomas e medidas de 
suporte/estabilização do paciente. 
 É importante iniciar o tratamento de 
maneira oportuna, para aumentar as 
chances de sobrevivência dos pacientes. É 
recomendada a expansão volêmica, 
correção dos distúrbios hidroeletrolíticos, 
estabilização hemodinâmica, correção de 
hipoxemia e manutenção da oferta de 
oxigênio tecidual e tratamento de 
infecções bacterianas. Uma vez que a 
doença foi curada, a pessoa está imune ao 
vírus Ebola. 
Prevenção 
 Atualmente diversas vacinas estão sendo 
testadas, mas nenhuma delas está 
disponível para uso clínico, no momento. 
 Ainda não há tratamento licenciado 
comprovado para neutralizar o vírus, 
mas uma gama de tratamentos 
potenciais incluindo produtos 
sanguíneos, terapias imunológicas e 
medicamentosas estão em 
desenvolvimento. 
 O tratamento, a princípio, se restringe ao 
controle dos sintomas e medidas de 
suporte/estabilização do paciente. 
 É importante iniciar o tratamento de 
maneira oportuna, para aumentar as 
chances de sobrevivência dos pacientes. 
 Uma vacina experimental contra o vírus 
ebola provou ser altamente protetora. 
 Um grande teste foi realizado na Guiné 
em 2015 e a vacina chama rVSV-ZEBOV, 
várias pessoas foram envolvidas no teste. 
 
 A estratégia utilizada foi a vacinação em 
anual e sua dose foi considerada segura e 
eficaz e todas as pessoas que tiveram 
contato com um novo caso confirmado 
de ebola foram rastreadas e receberam a 
dose no intuito de frear a transmissão do 
vírus. 
 Essa estratégia também foi utilizada no 9º 
e 10º (em andamento) na República 
Democrática do Congo. 
 Nos países onde há transmissão do Ebola, 
a melhor maneira de se prevenir é evitar 
contato com o sangue ou secreções de 
animais ou pessoas doentes, ou com o 
corpo de pessoas falecidas em decorrência 
dessa doença, durante rituais de velório. 
 Desta forma, as principais medidas de 
prevenção do Ebola são: 
 Evite áreas de surto; 
 Lave as mãos com frequência; 
 Evite contato com pessoas infectadas; 
 Não manuseie corpos de pessoas 
infectadas.