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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 ALGIAS DA COLUNA ................................................................................. 5 3 AVALIAÇÃO/ ANAMNESE .......................................................................... 5 Sinais e sintomas específicos .............................................................. 7 Exame físico específico ........................................................................ 8 Palpação ............................................................................................ 11 Exame neurológico ............................................................................. 12 Reflexos ............................................................................................. 13 Sensibilidade ...................................................................................... 15 Força muscular ................................................................................... 16 Manobras especiais............................................................................ 16 4 CERVICALGIA .......................................................................................... 17 Causas da cervicalgia ........................................................................ 18 Diagnóstico e exames ........................................................................ 19 Tratamento ......................................................................................... 19 5 CERVICOBRAQUIALGIA ......................................................................... 20 Tratamento ......................................................................................... 22 6 CEFALÉIA CERVICOGÊNICA .................................................................. 23 Tratamento ......................................................................................... 24 7 DORSALGIA ............................................................................................. 25 Etiologias ............................................................................................ 26 Afecções músculo-esqueléticas ......................................................... 27 Tumores ............................................................................................. 29 8 LOMBALGIA ............................................................................................. 30 Causas da lombalgia .......................................................................... 31 3 Diagnóstico ......................................................................................... 32 Tratamento para lombalgia ................................................................. 32 9 LOMBOCIATALGIA .................................................................................. 34 Tratamento ......................................................................................... 35 10 ESTENOSE DE CANAL ........................................................................ 36 Causas de estenose do canal vertebral .......................................... 37 Diagnóstico e tratamento ................................................................ 37 11 ESPONDILOLISE E ESPONDILOLISTESE .......................................... 38 Tratamento ...................................................................................... 40 12 HÉRNIA DISCAL ................................................................................... 40 Etiologia .......................................................................................... 42 Tratamento ...................................................................................... 42 Prevenção ....................................................................................... 44 13 ARTROSE ............................................................................................. 44 Sintomas da artrose da coluna ........................................................ 45 Tratamento ...................................................................................... 45 14 TUMORES ............................................................................................. 46 Quadro clínico ................................................................................. 47 Tratamento ...................................................................................... 48 15 ESPONDILITE ANQUILOSANTE .......................................................... 49 Tratamento ...................................................................................... 50 16 TUBERCULOSE VERTEBRAL.............................................................. 50 Tratamento ...................................................................................... 52 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 53 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno, A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 ALGIAS DA COLUNA As dores crônicas de coluna constituem uma das queixas comumente relatadas pela população adulta, gerando incapacidade, redução da funcionalidade, e afastamentos do trabalho. As dores crônicas de coluna englobam as cervicalgias, as dores torácicas, as ciáticas e as dores lombares, que podem ser decorrentes de diferentes doenças osteomusculares, de transtornos dos discos intervertebrais, de espondiloses ou de radiculopatias, sendo estas últimas as mais frequentes (FERREIRA, 2011). Estima-se que 70% a 85% da população terá algum episódio de dor nas costas no decorrer da vida, que podem ser resultantes de alterações anatomofisiológicas, como o desgaste nos componentes osteomusculares de sustentação da coluna, gestação, processos inflamatórios, degenerativos, neoplásicos, defeitos congênitos (lordoses, cifoses, debilidade muscular), além das causas externas (acidentes de trânsito, quedas, dentre outros) (MALTA, 2017). A literatura indica um conjunto de fatores associados às dores crônicas de coluna, como os sociodemográficos (idade, sexo, renda e escolaridade), estilos de vida considerados fatores de risco (fumo e baixa atividade física, ou trabalho físico extenuante) e fatores de risco metabólicos (obesidade e outras doenças crônicas) (MALTA, 2017). Em 2013, os problemas crônicos de coluna foram investigados na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), tornando possível analisar esses dados com outras condições de saúde e dados sociodemográficos representativos do país (MALTA, 2017). 3 AVALIAÇÃO/ ANAMNESE A anamnese inicia-se pela identificação, contendo elementos tais como idade, sexo, peso e altura. Não se deve esquecer também de investigar questões que envolvem a ocupação atual e as pregressas, visto que muitas das afecções que atingem a coluna vertebral estão relacionadas com as atividades laborativas (ALEXANDRE,2001). 6 A avaliação de antecedentes pessoais e familiares e a investigação de patologias concomitantes auxiliam na detecção de doenças específicas, sendo necessário verificar a presença de neoplasia maligna, tuberculose, cirurgia, entre outros. Deve-se, igualmente, avaliar a presença de manifestações sistêmicas que acompanham a sintomatologia vertebral, tais como anorexia, emagrecimento e febre. Sintomas genitourinários e disfunção esfincteriana também devem ser pesquisados, pois podem estar relacionados com compressão neural (ALEXANDRE, 2001). Questões relacionadas a fatores psicossociais, econômicos e estilo de vida fornecem, da mesma forma, pistas importantes, visto que podem influenciar significantemente o início e a progressão de problemas musculoesqueléticos. Faz-se necessário, então, investigar os aspectos relacionados sobre crenças quanto à afecção; medo de dor e de retornar às atividades normais; presença de ansiedade e depressão bem como de fatores que envolvem o trabalho como suporte social, satisfação, percepções sobre demanda da carga de trabalho e as questões legais trabalhistas. A utilização de álcool e de tabagismo também deve ser determinada. Já existem evidências da associação entre o tabagismo e dores nas costas em adultos, sendo que o uso de álcool e fumo estão relacionados com o aumento do risco de osteoporose. Nessa parte da entrevista, procura-se levantar dados que fornecerão subsídios para a formulação de orientações ergonômicas e posturais específicas para cada paciente. Dentro desse contexto, investiga-se as posturas adotadas, as atividades, os equipamentos e mobiliários e o ambiente de trabalho. Indaga-se sobre a prática de algum tipo de atividade física regular, tipo de colchão e travesseiros utilizados e a posição ao dormir, apresentando também os principais pontos que não podem ser esquecidos ao se tentar detectar condições realmente graves na coluna vertebral, denominadas "red flags". Para pesquisar câncer e infecção, esses autores destacam: idade acima de 50 e abaixo de 20; história de câncer; febre e perda de peso; infecção bacteriana recente; imunossupressão; uso de drogas e dor que piora durante a noite e na posição supina. Para detectar possíveis fraturas, recomendam pesquisar traumas e, para comprometimento neurológico severo, destacam incontinência urinária ou fecal e déficit neurológico progressivo em membros inferiores (ALEXANDRE, 2001). 7 Sinais e sintomas específicos Após coletar os dados da identificação, é importante permitir que o paciente coloque livremente o motivo que o levou a procurar auxílio. A grande maioria dos pacientes procura auxílio, tendo como queixa principal a dor, que deve ser analisada nos seguintes aspectos: - Localização: A dor pode estar localizada em um segmento da coluna (cervical, dorsal e lombar) ou em toda a sua extensão. Tendo como referência sua localização, pode-se reconhecer as síndromes: cervicalgia, dorsalgia e lombalgia. - Intensidade: Pode ser classificada em leve, moderada e intensa. Os processos degenerativos geralmente causam dor de pequena e média intensidade, enquanto que nas afecções compressivas ela costuma ser intensa. Considera-se importante controlar alguns dados que servirão para avaliar sua evolução. Como sugestão, o paciente poderá responder um questionário em cada visita. A intensidade da dor pode ser avaliada por uma escala numérica que varia de 0 a 10, sendo que 0 significa 'sem dor' e 10 'a pior dor imaginável'. Para a localização das áreas de dor é possível utilizar uma figura humana. - Duração: Deve-se investigar quando a dor iniciou e se ela é contínua ou intermitente. Foi definida dor aguda aquela que dura 7 dias; subaguda quando a duração vai de 1 a 4 semanas; 'em risco' quando dura de 4 a 12 semanas e crônica com mais de 12 semanas. - Modo de início: Súbito ou gradual. - Ritmo: Deve-se pesquisar a associação da dor com o repouso e com os movimentos. Uma dor contínua, mesmo em repouso, que se agrava com os movimentos ocorre na hérnia discal. De uma forma geral, as doenças inflamatórias pioram após repouso prolongado e as mecânicas ou degenerativas melhoram com o repouso e pioram com o uso da articulação, geralmente à tarde. - Irradiação: A dor da região lombar pode irradiar-se para os membros inferiores e da região cervical para os membros superiores. Essa irradiação sugere a possibilidade de comprometimento radicular, cuja etiologia pode ser degenerativa (discoartrose) ou compressiva (hérnia discal). Quando a dor irradia abaixo do joelho sugere uma verdadeira radiculopatia do que quando ela irradia somente para a coxa posterior. 8 - Fatores precipitantes e agravantes: Deve-se procurar verificar o relacionamento da dor com algum tipo de esforço físico, postura, movimento, esportes, tensão emocional e trauma. - Fatores de melhora: Repouso, variações do decúbito, calor local, entre outros. Não se deve esquecer de pesquisar sinais e sintomas concomitantes tais como parestesias (formigamento, dormência), fraqueza muscular, rigidez pós-repouso e exacerbação da dor por ocasião de tosse e espirro. Ao discorrer sobre avaliação da região cervical autores relatam que dores nesta região, por compressão neural, são agravadas durante tosse, espirro e defecação por aumentarem a pressão intracranial. Uma história persistente de parestesia e debilidade na perna aumenta a probabilidade de um envolvimento neurológico. Outras questões importantes que devem fazer parte da entrevista inicial incluem respostas a outros tratamentos e história de traumas significantes tais com queda de altura e acidente de carro. (ALEXANDRE, 2001). Exame físico específico A propedêutica física da coluna vertebral deve ser iniciada em um sentido global, isto é, correlacionando cabeça, coluna, bacia e membros inferiores, para depois passar à exploração segmentar. A justificativa para isto é que a interdependência funcional com esses elementos altera a estática e a dinâmica da coluna vertebral. O exame físico específico procura coletar, de uma forma sistemática, dados relacionados com a detecção de determinados defeitos posturais e alterações musculoligamentares. Os pacientes do sexo masculino devem estar com um calção de banho e as do sexo feminino com um avental aberto na região dorsal. Compreende a inspeção estática e dinâmica e a palpação: • Inspeção estática e exame postural Os defeitos posturais podem ser congênitos ou adquiridos (doença, hábito, fraqueza muscular, entre outros.) sendo que sua importância reside na anomalia postural que representa. Na postura deficiente existe uma relação anormal entre as diversas partes do corpo, resultando em solicitação excessiva dos elementos de apoio e na diminuição do perfeito equilíbrio do corpo sobre a base de sustentação. 9 Dessa forma, os defeitos posturais determinam traumas crônicos sobre as articulações e estruturas associadas, sendo, então, considerados elementos favorecedores ou agravantes da patogenia das algias da coluna vertebral. Estes fatos justificam a importância de se realizar um exame postural cuidadoso e minucioso. A inspeção deve ser realizada em um local com boa iluminação onde o paciente possa caminhar, procurando inicialmente observar a postura, a marcha, atitudes antálgicas, abdômen flácido, entre outros. Nessa fase do exame, pode-se utilizar um simetógrafo, ou seja, um retículo que ocupa toda a altura de um indivíduo com um tablado fixo. Um braço de madeira está fixado, perpendicularmente, à moldura superior, projetando-se aproximadamente 60 cm adiante. Um fio de prumo, preso a este braço, divide em duas metades iguais o retículo em sentido vertical. Os pacientes devem ser examinados descalços e sob diferentes ângulos: de frente, de lado e de costas. Dessa forma, procura-se detectar as seguintes alterações: • Alteraçõesdo alinhamento e das curvaturas da coluna vertebral • Coluna cervical No segmento cervical procura-se detectar um aumento da lordose ou sua retificação e protusão de C7. Pode-se também observar alterações na posição da cabeça, como inclinações laterais e projeção para frente. • Coluna dorsal ou torácica Na região torácica nota-se um aumento ou retificação da cifose e a presença de escoliose. • Coluna lombar Em relação à região lombar, verifica-se a presença de hiperlordose, retificação da lordose e escoliose. A coluna vertebral, considerada no seu conjunto, é retilínea, quando observada de frente ou posteriormente. Ao contrário, quando é vista em sentido lateral, apresenta quatro curvaturas normais que são, de cima para baixo: • Lordose cervical, com concavidade posterior; • Cifose dorsal, com convexidade posterior; • Lordose lombar, com concavidade posterior e • Curvatura sacral, que é fixa, em virtude da soldadura definitiva das vertebras sacrais. 10 As alterações das curvaturas podem ser produzidas por traumas, defeitos congênitos, posturas inadequadas, entre outros. A escoliose é o desvio lateral da coluna vertebral. Pode aparecer nas seguintes localizações: lombar, torácica, toracolombar e dupla curva. • Classificação das curvaturas São classificadas em estruturadas e não estruturadas. A escoliose estruturada é identificada, clinicamente, quando o paciente faz a flexão do tronco, notando-se então o aparecimento de uma gibosidade, que está sempre na convexidade da curva. Radiologicamente, os corpos vertebrais rodam para o lado da convexidade e os processos espinhosos para a concavidade da curva. Como as alterações da escoliose podem originar problemas graves, seu diagnóstico precoce é muito importante. • Alterações da cintura escapular Verifica-se o nível dos ombros e das escápulas e a presença de alterações do posicionamento das escápulas (exemplo: aladas, planas). • Alterações da cintura pélvica Observa-se se uma inclinação e a presença de retroversão ou anteroversão. O desnível dos quadris tanto pode ser em razão da desigualdade de comprimento dos membros inferiores, quanto à presença de curvatura anormal da coluna lombar. • Alterações em membros inferiores Procura-se notar joelhos valgos, varos, recurvados e também tíbias varas. As duas deformidades mais comuns do joelho são: excesso de angulação valgo (joelhos em X) ou varo (joelhos arqueados). A avaliação dos pés merece atenção especial pois recebem todo o peso corporal. Ao se examinar a altura do arco longitudinal pode-se constatar sua diminuição (pé plano) ou aumento (pé cavo) Em relação aos dedos, uma das anomalias adquiridas é o hálux valgo que é o desvio externo do hálux. É importante examinar os calcanhares sendo que, normalmente, o tendão de Aquiles e o bordo posterior do pé estão situados na mesma linha vertical. Pode-se notar um desvio do calcanhar para fora (varo)ou para dentro (valgo). Quando houver suspeita de que os membros inferiores tenham comprimentos diferentes, deve-se realizar uma avaliação. Coloca-se o paciente em decúbito dorsal e alinha-se os membros inferiores, simetricamente, em extensão. Com uma fita 11 métrica, verifica-se a distância compreendida entre as espinhas ilíacas ântero- superiores e os maléolos internos ou da cicatriz umbilical até os maléolos internos. • Inspeção dinâmica Nesta fase do exame, procura-se avaliar a amplitude dos movimentos da coluna e pesquisar a presença de dor à movimentação de cada segmento, o que permite verificar suas limitações funcionais. O paciente continua na posição de pé e realiza os movimentos, separadamente, por região da coluna. Coluna cervical: Os movimentos efetuados pela coluna vertebral são: flexão, extensão, rotação e inclinação. - Flexão: Pedir ao paciente para mover anteriormente a cabeça, o alcance normal permitirá que encoste o queixo na face anterior do tórax. - Extensão: A cabeça é projetada para trás, o alcance é normal, quando o paciente consegue olhar diretamente para o teto. - Rotação direita e esquerda: A rotação normal permite que o queixo do paciente quase se alinhe ao ombro. - Inclinação direita e esquerda: Normalmente, o paciente será capaz de inclinar a cabeça cerca de 45º em direção ao ombro. Coluna torácica e lombossacra: - Flexão: Solicitar ao paciente que tente encostar as mãos no chão, mantendo os joelhos retos. O normal é o paciente quase alcançar os dedos dos pés. - Extensão: Quando o tronco é projetado para trás (30º). - Rotação direita e esquerda - Inclinação direita e esquerda. O paciente deve inclinar-se até alcançar a cabeça da fíbula. De uma forma geral, a dor aumentada durante a flexão sugere anormalidades discais e, durante a extensão, sugere alterações degenerativas nos elementos posteriores da coluna vertebral ou estenose. Palpação • Dor à palpação de processos espinhosos Seguindo as recomendações, essa fase do exame deve ser realizada pela compressão da coluna vertebral com a polpa do polegar direito e o resto da mão espalmada sem apoiar no tegumento do paciente. Avalia-se a sensibilidade dolorosa 12 da região cervical com o paciente sentado, orientado para relaxar a musculatura do pescoço e da cintura escapular, colocando-se o examinador por detrás do paciente. A palpação de toda a coluna pode também ser realizada com o paciente deitado em decúbito ventral (ALEXANDRE, 2001). • Alterações do tônus muscular A consistência da massa muscular deve ser avaliada através da compressão digital. Sistematicamente devem ser palpadas a musculatura paravertebral, buscando-se contraturas e zonas dolorosas (ALEXANDRE, 2001). • Avaliação da força e flexibilidade musculares Os testes de avaliação muscular têm por objetivo detectar um desequilíbrio muscular produzido por debilidade muscular ou por falta de flexibilidade, ou ambas, e devem ser verificados, precocemente, para prevenir deformidades permanentes. Essas análises das ações musculares são essenciais para auxiliar na elucidação diagnóstica e também para ser possível a prescrição de exercícios terapêuticos. O termo força é usado para significar a habilidade de um músculo produzir ou resistir a uma força. Para determinar essa força, mede-se a quantidade de resistência que o sistema de uma alavanca muscular pode vencer ou manter (ALEXANDRE, 2001). A flexibilidade tem sido definida como mobilização, liberdade para mover ou, tecnicamente, uma qualidade física expressa pela amplitude de movimento. Pode ser avaliada em um grupo de articulações ou, isoladamente, pela sua especificidade. A finalidade dos testes de flexibilidade é determinar se o grau de movimentação articular, permitido pelo comprimento do músculo, está normal ou limitado (ALEXANDRE, 2001). Exame neurológico O exame neurológico deve ser realizado em pacientes com dor irradiada para os membros superiores ou inferiores, uma vez que as repercussões clínicas nesses membros podem levar a alterações dos reflexos, da sensibilidade e da força muscular. Em relação à região lombar, é sugerido um exame neurológico simplificado, justificando que 90% das radiculopatias, clinicamente significantes, devidas à hérnia de disco intervertebral, envolvem as raízes L5 (espaço L4-L5) ou S1 (espaço L5-S1). Pode ser iniciado, pedindo-se ao paciente que deambule normalmente para avaliação 13 do tipo de marcha. Em seguida, ele deve caminhar na ponta dos pés e nos calcanhares para testar as raízes S1 e L5, respectivamente (ALEXANDRE, 2001). A patologia mais comum da coluna cervical é a doença degenerativa discal que pode causar sintomas de compressão radicular, atingindo as raízes do plexo cervical (C1-C4), ocasionando dor que se irradia para a região occipital e ombros e as raízes do plexo braquial (C5-T1). O exame neurológico baseia-se no fato de que as patologias da coluna cervicalfreqüentemente ocasionam sintomas ao membro superior, via plexo braquial (ALEXANDRE, 2001). Reflexos Os reflexos podem ser classificados como normais, aumentados, diminuídos e abolidos. Os reflexos podem estar diminuídos ou abolidos nos casos de compressão radicular, como ocorre na hérnia distal e na presença de osteófitos posterior. Em relação às afecções da região lombar, é necessário pesquisar os reflexos profundos patelar e Aquiles. Ao percutir o tendão, solicita-se ao paciente para entrelaçar os dedos e tentar separá-los (ALEXANDRE, 2001). - Reflexo Patelar: É um reflexo mediado por nervos oriundos da raiz de L2, L3 e L4, mas predominante de L4. Clinicamente é considerado como um reflexo de L4. O paciente deve estar sentado com as pernas pendentes, percute-se o tendão patelar com um golpe curto e rápido, logo abaixo da patela e observa-se a extensão do joelho. O procedimento deve ser repetido na perna oposta. Fonte: prezi.com - Reflexo Aquiles: É um reflexo suprido pelos nervos oriundos do nível neurológico de S1. Para testá-lo, tensione levemente o tendão de Aquiles, por meio 14 de uma discreta dorsiflexão do pé. Percute-se o tendão e observa-se uma flexão plantar súbita e involuntária. Fonte: prezi.com Nas cervicobraquialgias pesquisam-se os reflexos dos membros superiores bicipital, tricipital e braquiorradial. - Reflexo Bicipital: Avalia primariamente a integridade do nível neurológico de C5. Com o braço do paciente parcialmente fletido, coloca-se o polegar no tendão do bíceps que se aloja na fossa cubital. Golpeia-se diretamente o seu polegar. Observa- se a flexão do cotovelo. Fonte: quizlet.com.br - Reflexo Tricipital: É uma função do nível neurológico de C7. Flexiona-se o braço do paciente e percute-se o tendão do tríceps acima do cotovelo. Observa-se a extensão do cotovelo. 15 Fonte: quizlet.com.br - Reflexo Braquiorradial: Seu reflexo é função de C6. O paciente deve manter a mão apoiada. Percute-se de 2,5 a 5 cm acima do punho (ALEXANDRE, 2001). Fonte: quizlet.com.br Sensibilidade A sensibilidade superficial pode ser dividida em tátil, térmica e dolorosa. A sensibilidade dolorosa é avaliada com um estilete rombo. No caso da avaliação da sensibilidade tátil, pode-se usar um pincel pequeno ou um chumaço de algodão, que devem ser roçados de leve em várias partes do corpo. O paciente deve manter os olhos fechados durante o procedimento e assim compara-se as regiões simétricas, nos dois lados do corpo. Alguns autores recomendam que, na avaliação de lombalgias em centros de atenção em nível primário, é suficiente pesquisar a sensibilidade tátil fina nas regiões medial (L4), dorsal (L5) e lateral (S1) do pé (ALEXANDRE, 2001). 16 Força muscular A ação de cada músculo deve ser observada separadamente, anotando-se se a sua força está conservada, diminuída ou abolida. Em casos de pacientes com dor na região lombar, com sintomatologia em membros inferiores, pode-se testar a extensão dos joelhos, a dorsiflexão dos pés e a flexão plantar dos pés. - Extensão do joelho (L2, L3 e L4): Pede-se ao paciente para estender o joelho contra a resistência de sua mão. - Dorsiflexão do pé e do hálux (L4, L5): Orienta-se o paciente a empurrar o pé para cima, contra a resistência da mão. - Flexão plantar do pé e hálux (S1): O paciente deve forçar o pé para baixo, contra uma resistência. Nas cervicalgias pode-se testar a flexão (C5, C6) e a extensão (C6, C7, C8) no cotovelo, solicitando ao paciente que empurre e puxe o braço contra sua mão. Para testar a preensão (C7, C8, T1) solicite ao paciente que aperte dois dos seus dedos o mais forte possível (ALEXANDRE, 2001). Manobras especiais Sinal de Lasègue: É realizado se o paciente tiver referido lombalgia com irradiação para a perna, sendo um sinal indicativo de compressão radicular. Pode detectar comprometimento de L5 e S1. Consiste na elevação do membro inferior do paciente com o joelho estendido e segurando em torno do calcanhar, acarretando estiramento do nervo ciático. O paciente deve estar deitado em decúbito dorsal e relaxado. No caso de compressão, ocorre dor no trajeto do nervo ciático. A dorsiflexão do pé, com agravamento da dor, confirma esse sinal. Deve-se observar o grau de elevação em que a dor ocorre e sua localização. O sinal de Lasègue é positivo, quando surge dor abaixo do joelho (panturrilha) e em menos que 60º, sendo que dor, em até 30º, sugere hérnia discal (ALEXANDRE, 2001). O aumento da dor, na perna afetada, quando a perna oposta é elevada, confirma a presença de dor radicular e constitui um sinal cruzado positivo. Teste de compressão: Manobra semiológica da região cervical que ajuda a reproduzir as dores irradiadas para os membros superiores, originadas da 17 compressão radicular. Consiste na compressão da cabeça com as mãos espalmadas, desencadeando dor na região afetada (ALEXANDRE, 2001). Teste de Adson: Serve para determinar a permeabilidade da artéria subclávia, que pode estar comprimida por costela cervical ou por contratura dos músculos escalenos. Deve ser realizado nos quadros de cervicobraquialgias acompanhados por alterações vasculares dos membros superiores. Consiste na verificação do pulso do braço que deve ser estendido e rodado externamente, enquanto o paciente roda a cabeça para o lado que está sendo testado. Uma diminuição ou ausência de pulso indica compressão da artéria subclávia (ALEXANDRE, 2001). 4 CERVICALGIA A cervicalgia é uma síndrome dolorosa aguda ou crônica que acomete a região da coluna cervical, podendo ter diversas etiologias, tais como alterações mecânicos- posturais, artroses, hérnias e protusões discais, artrites, espondilites ou espasmos musculares, causando repercussões ortopédicas, reumatológicas ou até neurológicas (SOBRAL, et al., 2010). Os sintomas da cervicalgia são: Dor na nuca que pode irradiar para os ombros ou braços; rigidez na nuca; desconforto nos movimentos da cabeça; dores de cabeça; tonturas; formigamento no pescoço; mudanças na postura; alteração da musculatura na área; alteração de força, sensibilidade e dormência no braço ligado ao local da cervicalgia (KUMAR, et al., 2011). Fonte: cirurgiadacoluna.com.br A coluna cervical exerce funções de sustentação, proteção e movimentação. É constituída por sete vértebras, cinco discos intervertebrais e um amplo conjunto de 18 ligamentos. Pode ser dividida em duas unidades funcionais: a rostral (unidade occipitotlanto-axial) e a caudal, (C3-C4-C5-C6-C7). O segmento rostral é fundamental para movimentação cervical tanto de flexão e extensão (C1-occipital) como de rotação (C1-C2) (TERESKA, 2020). São comuns em diversas faixas etárias de ambos os sexos, possuindo elevada predominância nas síndromes dolorosas corporais, sendo a segunda maior causa de dor na coluna vertebral, perdendo apenas para a dor lombar (SILVA, et al., 2012). Causas da cervicalgia Dor cervical é ocasionada na maioria das vezes por alterações mecânicos- posturais. Dentre diferentes técnicas terapêuticas realizadas por fisioterapeutas a quiropraxia têm se tornado comum no Brasil (SANTOS, 2018). A incidência anual em adultos é de 14,6%, sendo que as mulheres têm uma maior probabilidade do que os homens de desenvolver dores cervicais e de sofrer com problemas cervicais persistentes. O uso de computadores e a sobrecarga de trabalho estão associados ao aumento de sintomas cervicais (TERESKA, 2020). Fonte: randradefisio.com.br As cervicalgias resultam de anomalias nos tecidos moles (músculos, ligamentos, nervos) ou nas estruturas ósseas da coluna cervical. As causas mais comuns são lesões causadas por traumatismo ou excesso de sobrecarga. Mais raramente, as cervicalgias podem resultar de tumores, infecções ou anomalias congénitas e essas possibilidades nunca devem ser ignoradas. A dor cervical não miofascialtorna-se mais comum à medida que há progressão da idade (KUMAR, et al., 2011). 19 Os discos intervertebrais funcionam como elementos de absorção de impacto, e sua degeneração (que se inicia habitualmente a partir dos 40 anos de idade) provoca um estreitamento do espaço entre as vértebras, aumentando a sobrecarga sobre as vertebras cervicais, com um consequente desgaste. Por outro lado, esses discos podem deslocar-se comprimindo a medula ou outros nervos (hérnia discal) (TERESKA, 2020). A avaliação do doente com cervicalgia deve, portanto, incluir dados da história presente e pregressa, antecedentes individuais e familiares, hábitos (medicamentos, atividades físicas, posturas, condições dos ambientes do trabalho, padrão do sono) e elementos do exame físico, incluindo os do aparelho locomotor e do sistema nervoso (JOAQUIM et al., 2016). Diagnóstico e exames Localização, intensidade, distribuição, irradiação, qualidade, fatores de melhora e de piora da dor, dentre outros aspectos devem ser aferidos com precisão. O exame físico deve incluir a inspeção e a palpação das estruturas cervicais especialmente das vísceras e dos músculos, a percussão das apófises espinhosas, a movimentação passiva e ativa do pescoço e a avaliação da dinâmica e da arquitetura da região cervical em relação ao resto do corpo. O exame da sensibilidade superficial e profunda, da motricidade voluntária, automática, involuntária e reflexa, a avaliação da coordenação dos movimentos e das anormalidades neurovegetativas e tróficas é fundamental para ferir ocorrência de neuropatias (SOBRAL, et al., 2010). Tratamento A fisioterapia tem evoluído gradativamente e cada vez mais os tratamentos fisioterapêuticos tem ganhado espaço, uma vez que comprovada sua eficiência a busca por recursos desse tipo de tratamento aumenta cada vez. A fisioterapia manual por sua vez, se destaca como um tratamento eficiente voltado para o tratamento de diversas patologias relacionadas a dores, lesões, desconforto, perda de força entre outros, além de atuar também na prevenção de outras doenças relacionadas (SANTOS, 2018). 20 Pode desempenhar um papel importante no tratamento do paciente com dor crônica cervical, pois busca diminuir a dor, recuperar a mobilidade e fortalecer a musculatura, proporcionando, dessa forma, melhora na qualidade de vida (TERESKA, 2020). A fisioterapia se dispõe de várias técnicas manuais que podem proporcionar o alívio da dor, restabelecendo as propriedades estruturais e funcionais do tecido, e que também podem afetar o fluxo de fluidos, reduzindo as obstruções estruturais no interior do tecido (TERESKA, 2020). O tratamento da cervicalgia crônica, se dispõe de recursos eletroterapêuticos e programas de exercício que visam melhorar o condicionamento muscular, a flexibilidade e o alívio sintomático da dor. Esses benefícios proporcionam maior disposição e facilidade para a realização de atividades cotidianas, melhorando a qualidade de vida. Exercício de alongamento melhoram de forma significativa a amplitude de movimento articular em mulheres com cervicalgia crônica disposição e facilidade para a realização de atividades cotidianas, melhorando a qualidade de vida (GROSS, et al., 2010). 5 CERVICOBRAQUIALGIA Fonte: institutodador.com.br Atualmente a cervicobraquialgia tem sido uma patologia de alta incidência, acometendo tanto jovens quanto adultos e idosos. Quando uma dor ocorre ao nível 21 da coluna cervical alta, denomina-se cervicalgia. No entanto, a cervicobraquialgia é caracterizada quando a dor nessa região passa a irradiar para o ombro, braço e mão, admitindo-se que o plexo braquial, formado das terminações C2 a C8, tenha sido atingido (SANTOS, 2020). Apesar da cervicobraquialgia, ter várias etiologias como traumas agudos ou microtraumas repetitivos, decorrentes de posturas incorretas ou falhas ergonômicas da coluna cervical ou ainda ser uma sintomatologia secundária (dor referida) que pode ser por alterações do forame intervertebral, do canal vertebral ou artérias vertebrais; geralmente a dor, na maioria dos pacientes, é desencadeada não pelas artropatias ou discopatias, mas sim por comprometimento de Síndrome Dolorosa Miofascial cervical e da cintura escapular, que se caracteriza por disfunção motora, presença de pontos gatilho, diminuição da flexibilidade muscular, fraqueza muscular e alteração da propriocepção (GRANDJEAN, 2005). As diversas articulações da coluna cervical são formadas, exclusivamente, para permitir um alto grau de movimentação e, ainda, proteger a medula espinhal bem como as raízes nervosas de lesões. Enquanto as relações intervertebrais se mantêm intactas, ambas as funções estão preservadas. A alteração de qualquer parte móvel da coluna cervical pode induzir ao começo dos sintomas. O padrão dos sintomas é o reflexo do tipo e da localização do comprometimento neural ou da inflamação (SANTOS, 2020). As últimas cinco vértebras cervicais se diferenciam das outras vértebras da coluna por apresentarem apófises unciformes, que através das articulações uncovertebrais articulam-se entre si (BUENO, 2004). O plexo braquial se compõe dos nervos que provêm dos seguintes níveis: da primeira torácica e das últimas quatro cervicais (C5 a T1). Após deixarem os corpos vertebrais e passarem por entre os músculos escalenos anterior, médio e posterior, as raízes nervosas de C5 e C6 se juntam para compor o tronco superior (SANTOS, 2020). As raízes nervosas de C8 e T1 fundem-se para formar o tronco inferior. C7 não se liga a nenhuma outra raiz nervosa e sozinho constitui o tronco médio. Os troncos passam por trás da clavícula, e então se dividem para formar nervos. O tronco superior (C5 e C6) e o tronco inferior (C8 e T1) colaboram com o tronco médio para formar o nervo posterior. O tronco médio, por sua vez, contribui para formar com C5 e C6 o nervo lateral. O restante de C8 e T1 compõe o nervo medial cujos nervos são 22 denominados “posterior”, “lateral” e “medial” tendo como referência suas relações com a segunda parte da artéria axilar (SANTOS, 2020). Os ramos (ou nervos periféricos) são gerados, sendo que um dos ramos emitidos pelo nervo lateral é o nervo músculo-cutâneo, e o outro ramo do nervo lateral se liga a um ramo do nervo medial para compor o nervo mediano. O segundo ramo do nervo medial se transforma no nervo ulnar e o nervo posterior se divide em dois ramos: o nervo axilar e o nervo radial (HOPPENFELD, 2001). Logo, devido à elevada mobilidade da coluna cervical, e da importância das estruturas que compõe o pescoço, este segmento é muito propício a patologias, e raramente o sintoma ocorre de uma maneira isolada (SANTOS, 2020). Tratamento A fisioterapia é uma importante opção de tratamento não medicamentosa que tem como objetivo diminuir a dor, preservando ou melhorando a amplitude de movimento, a força muscular, a resistência e a capacidade funcional para as atividades de vida diária (AVD’s), evitando vícios posturais e deformidades (SANTOS, 2020). Fonte: institutodador.com.br De acordo com BORGES (2010), alongamento e mobilização dos tecidos do ombro são frequentemente incluídos nos programas de reabilitação, pois essas técnicas são uma forma passiva de amplitude de movimento utilizada para melhorar a artrocinemática da articulação. A utilização apropriada destas técnicas reduz a deficiência, alivia a dor e restaura o arco de movimento. Estudos abordam o tratamento fisioterápico através das Técnicas Osteopáticas destinadas às partes moles e das Manobras Manipulativa da Coluna Cervical, e 23 resultados apontam melhora da postura, melhora dos movimentos da coluna cervical e melhor qualidade do sono (SANTOS, 2020). 6 CEFALÉIA CERVICOGÊNICA Segundo GARCIA et al. (2016) a cefaleia consiste em qualquer dor referida na região do crânio,sendo uma manifestação extremamente comum. A prevalência de cefaleias na população em geral é de 90%, sendo uma das queixas mais frequentes nos ambulatórios. A popularmente conhecida dor de cabeça (cefaleias) são dores na região do crânio e sua principal característica é sentir uma pressão na cabeça, que pode ser de intensidade variada. Ao ouvir as queixas e relatos dos pacientes, pede- se exames como radiografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada associando-se aos sintomas. No entanto os exames não podem confirmar o diagnóstico de dor de cabeça cervicogênica, mas podem excluir outras patologias. Fonte: singular.med.br A Cefaleia Cervicogênica tem sua origem por alterações nas vértebras cervicais, onde existem inúmeras estruturas sensíveis à dor. É comum que os pacientes apresentem uma postura cervical alterada ou amplitude de movimento restrita. A dor pode ser desencadeada por movimentos ativos do pescoço, posicionamento passivo, especialmente em extensão ou extensão com rotação do pescoço para o lado da dor, muitas vezes sendo relatado como dor de cabeça que se origina na coluna. Pode estar relacionada também à hipermobilidade articular, alterações de movimentos, déficits posturais e fraqueza muscular na região cervical (CORDEIRO, 2019). 24 Geralmente, a cefaleia cervicogênica é confundida com a enxaqueca comum, pois apresentam os mesmos sintomas. Mas ao contrário da enxaqueca, a cefaleia é reconhecida por dor na região da nuca ou lobos frontais, e é caracterizada por episódios de dor em peso, sensação de uma faixa apertando o crânio, queimação que às vezes pode ser latejante, dor em pontada na região occipital que se irradia para a região temporal, frontal ou ocular, que é desencadeada por distúrbio na região posterior do pescoço. Pode ser acompanhada ou não por sintomas neurovegetativos como lacrimejamento, eritema ocular, edema palpebral, corrimento nasal, tontura e enjoos acompanhadas ou não de vômito (CORDEIRO, 2019). Tratamento Para o alívio dos sintomas da cefaleia cervicogênica é muito comum a utilização de medicamentos. Porém, SJAASTAD et al. (1990) relatam que, na maioria das vezes, tais medicamentos são falhos e apresentam menor eficácia, promovendo, assim, excessiva automedicação. Outros tratamentos invasivos são indicados para essa síndrome como: estimulação transcutânea, aplicação de anestesias locais repetidas vezes, descompressão, secção do nervo grande occipital e do nervo occipital menor, de raízes e gânglios cervicais, estabilização ou fusões vertebrais, radiofrequência de discos intervertebrais e de nervos cervicais e aplicação de toxina botulínica. Os tratamentos invasivos propostos têm como objetivo diminuir os impulsos dolorosos, porém sem muito sucesso (CORDEIRO, 2019). Baseado nisso, a fisioterapia se torna uma opção não invasiva de tratamento. Ela pode ser indicada para as cefaleias em geral, buscando seletivamente o que está causando a dor, melhorando hábitos posturais e adequando movimentos, evitando, assim, sobrecargas mecânicas geradas pela má postura durante o dia a dia, no trabalho e durante o sono (CORDEIRO, 2019). A terapia manual é uma técnica de tratamento natural que busca trabalhar o corpo como um todo, com objetivo de recuperar movimentos fisiológicos em áreas onde há restrições ou disfunções articulares, oferecendo condições para que o próprio organismo encontre equilíbrio. Algumas técnicas manuais são de estrema importância para o tratamento de cefaleias, como a osteopatia que age em busca da causa da dor, sendo uma terapia desenvolvida pelo médico norte americano Andrew Taylor Still, que 25 estudava as estruturas e o funcionamento do corpo humano, observando como os sistemas se inter-relacionavam e apresentavam capacidade de se autorregular (CORDEIRO, 2019). 7 DORSALGIA Fonte: inerp.com.br A dorsalgia é conceituada como condição álgica sediada na região torácica posterior. Nesta região estão localizadas a coluna vertebral torácica, músculos, tegumento, estruturas subtegumentares e costelas. A dorsalgia pode originar-se de afecções que acometem estas estruturas ou ser referida de órgãos situados à distância, especialmente de vísceras (esôfago, miocárdio, traqueia, brônquios, pericárdio, artérias pulmonares, artéria aorta) (STUMP, 2001). A região dorsal é formada pela coluna torácica (T1- T12), seus ligamentos e articulações, costelas, articulações costovertebrais, ligamentos, músculos, raízes nervosas, medula espinal e seus envoltórios, tegumento e tecido celular subcutâneo. A coluna dorsal é estabilizada anteriormente pelo ligamento longitudinal anterior e, posteriormente, pelo ligamento longitudinal posterior, firmemente aderidos aos discos intervertebrais, estes, por sua vez, constituídos pelo núcleo pulposo envolvido pelo ânulo fibroso. Na linha média, o ligamento é mais frágil do que na região lateral (STUMP, 2001). 26 Os ligamentos amarelo, interespinhosos e supraespinhosos apresentam relação com os arcos vertebrais, com os processos espinhosos das vértebras e com as apófises espinhosas, respectivamente. As costelas são fixadas nos corpos vertebrais pelos ligamentos costotransversos laterais e pela cápsula articular; entre elas há uma camada muscular (espaço intercostal) e os nervos intercostais. A coluna torácica apresenta amplitude do movimento (ADM) menor que de outras regiões vertebrais: a extensão-flexão anterior varia de 0 a 55 graus, a flexão lateral de 0 a 20 graus e a rotação de 0 a 35 graus. Os músculos (m.) espinhais torácicos estão dispostos em três camadas: a superficial, a intermediária a profunda. Além destes, alguns músculos originam-se na região dorsal e inserem-se em outras regiões (m. trapézio, m. grande dorsal, m. elevador da escápula, m. esplênio do pescoço) (STUMP, 2001). Músculos da região dorsal Músculos com inserção extra dorsal m. trapézio cervical m. esplênio do pescoço cervical m. elevadores da escápula cervical m. grande dorsal úmero Camada superficial m. romboide Camada intermediária m. serrátil posterior Camada profunda m. espinhal longo m. eretores da coluna m. iliocostal Etiologias As dorsalgias apresentam diversas etiologias, muitas vezes associadas no mesmo paciente. A grande maioria das condições é funcional e mecânica. Mecânicas Síndromes dolorosas miofasciais; Hérnias discais; Osteoartrites-osteoartroses; Estenose do canal medular; Fratura. 27 Metabólicas Diabetes Mellitus; Doenças de Paget; Osteoporose. Tumorais Tumores ósseos primários e secundários. Infecciosas Osteomielite; Infecções discais; Tuberculose vertebral; Herpes zoster. Visceropatias Afecções pulmonares e ou pleurais, pericardite; Infarto agudo do miocárdio; Afecções gastroenterológicas e torácicas ou abdominais, urológicas; aneurisma de aorta. Dor psicogênica Afecções músculo-esqueléticas Síndromes dolorosas miofasciais (SDMs), são uma das causas mais comuns de dorsalgias. A SDM dos músculos romboides, longo dorsal, multífidos, serrátil posterior e superior e iliocostal torácico é causa de dor em áreas que variam de acordo com a localização dos pontos gatilhos (PG), se agravando durante a execução de atividades musculares. Ao exame físico evidenciam-se PGs e dor no local acometido (STUMP, 2001). • Contraturas musculares Causa de dor profunda, freqüentemente associada a espondilose. Ao exame observa-se dor e espasmo na musculatura onde a dor é referida. • Traumatismos A principal consequência grave de traumatismos é a fratura da coluna vertebral pode ser decorrente de traumatismo em flexão, compressão ou misto. A história de traumatismo, a ocorrência de osteoporose, a intensa dor à palpação no local da fratura e deslocamento articular e a presença de deformidade e os exames de imagem 28 orientam odiagnóstico. A dor instala-se subitamente, piora à movimentação e à palpação dos processos espinhosos, respiração e tosse melhorando com o repouso. Pode associar-se ou não a comprometimento neurológico. O tratamento consiste da imobilização por gesso ou órteses em casos de fraturas estáveis sem comprometimento neurológico ou de cirurgia com osteossíntese e enxerto ósseo em caso de fraturas instáveis ou com comprometimento neurológico. A dor na região dorsal pode ser também decorrente de traumatismos mecânicos cutâneos e queimaduras. Os históricos e os resultados dos exames clínicos possibilitam o diagnóstico (STUMP, 2001). • Hérnia discal torácica Hérnia discal é comum, mas raramente causa dorsalgia. Casos de mielopatia e de radiculopatia devem ser consideradas possibilidades diagnósticas. O tratamento, eventualmente, é cirúrgico. • Moléstia de Scheuermann (dorso curvo juvenil). Ocorre durante a puberdade (em indivíduos com mais de treze anos) e é mais comum no sexo feminino. Caracteriza-se por encunhamento anterior do corpo vertebral e acentuação da cifose torácica. A etiologia é desconhecida. Clinicamente observa-se deformidade e sensação de dor e fadiga na região da cifose. O diagnóstico diferencial é com o dorso curvo postural ou cifose congênita e o tratamento objetiva melhorar a dor e corrigir a cifose com medidas fisiátricas, coletes e, raramente, com cirurgias. • Doenças reumáticas Em casos de artrite, a inspeção revela deformidade, dor localizada na região vertebral ou paravertebral a palpação e, muitas vezes dor segmentar, devido à neuropatia intercostal e espasmos musculares. Pode haver sinais de artrite em outras regiões. • Espondilite anquilosante Causa dor em peso na região dorsal associada a contração da musculatura paraespinal; pode haver compressão radicular e dor radicular. O exame revela dor à palpação profunda. As anormalidades de imagem são elucidativas. • Hiperostose idiopática difusa 29 Causa dor moderada e localizada que se agrava devido a inatividade e ao frio. Ao exame observa-se dor, rigidez e cifose dorsal, redução da amplitude do movimento e da expansão torácica. Há anormalidades características aos exames de imagem. • Artrite costovertebral Causa dor profunda similar à dor vertebral. Esta agrava-se à movimentação e alivia com o bloqueio da articulação. Ao exame observa-se dor à palpação profunda. Os exames de imagem e os exames de laboratório confirmam o diagnóstico. • Síndrome facetária Podem causar dor intensa, profunda e localizada, que á agravada à hiperextensão e aliviada à flexão da coluna vertebral. Ao exame observa- se dor à palpação, limitação da movimentação, retificação da coluna dorsal e espasmos musculares paravertebrais • Doenças infecciosas vertebrais (osteomielite por bactérias inespecíficas ou específicas, fungos). Causam dor circunscrita moderada a intensa que se agrava à compressão e à noite. Os sinais locais e sistêmicos de infecção e a dor localizada na região da apófise espinhosa ou paravertebral possibilitam o diagnóstico (STUMP, 2001). Tumores Os tumores primários da coluna vertebral são raros (10% dos tumores ósseos). No adulto, as lesões malignas são duas vezes mais frequentes que as benignas, enquanto que somente de 15% a 20% das lesões são malignas em crianças com menos de 10 anos de idade. Os tumores causam dor e espasmo muscular na região acometida, hiperalgesia segmentar e radiculopatia secundária à acentuação da cifose torácica e ou mielopatia (STUMP, 2001). Dentre as lesões benignas da coluna torácica destaca-se o osteoma osteóide que afeta mais o sexo masculino, durante a primeira ou segunda décadas da vida (acomete a coluna lombar, cervical e torácica, nesta sequência); a ressecção cirúrgica é o seu tratamento. O osteoblastoma é mais frequente em mulheres com menos de 30 anos de idade e causa escoliose antálgica e, às vezes, déficits neurológicos. O osteocondroma é raro na coluna torácica. O cisto ósseo aneurismático pode acometer o arco neural e os elementos vertebrais posteriores e acentuar a cifose torácica ou a escoliose (STUMP, 2001). 30 As lesões malignas apresentam prognóstico pior. A mais frequente é o mieloma múltiplo que compromete o corpo vertebral, colapsando-o e podendo causar déficit neurológico. A compressão paravertebral por tumores mediastinais, aneurisma de aorta, abcesso paravertebral ou linfonodos, causa dor moderada a intensa, contínua, em queimor, no segmento acometido. Esta agrava-se à movimentação da coluna vertebral; ocasionalmente podem ocorrer surtos de dor lancinante. Ao exame observa- se dor paravertebral à palpação e percussão e hiperalgesia segmentar (STUMP, 2001). Síndrome de Pancost: A dor ocorre no ombro, escápula, porção medial do braço e rostral do tórax. É agravada durante a abdução do braço e à compressão paravertebral. Associa-se, freqüentemente, a sinais e sintomas de plexopatia braquial e à síndrome de Claude Bernard Horner. Afecções da artéria aorta: Os aneurismas podem gerar dor na região dorsal devida à excitação das estruturas sensíveis da parede da aorta ou à erosão das estruturas músculo-esqueléticas. Geralmente é constante, irritante e, ocasionalmente, pulsátil. A dor localiza-se na região dorsal em 50% dos casos. A dissecção da artéria aorta causa dor intensa em mais de 70% dos casos. Apresenta-se como infarto do miocárdio, ou seja, como pontada ou facada e tende migrar do local de sua origem para outras regiões seguindo a trajetória do hematoma que se forma ao longo da artéria aorta (STUMP, 2001). 8 LOMBALGIA A dor lombar é a disfunção musculoesquelética que mais causa incapacidades nas pessoas. Manifesta-se com sintomas localizados abaixo do gradil costal, estendendo até a região acima das pregas glúteas. A dor também pode irradiar para os membros inferiores, sendo esta, caracterizada como lombociatalgia. As incapacidades associadas ao sistema musculoesquelético incluem a redução da mobilidade da coluna vertebral e cintura pélvica, alterações dos movimentos e controle motor, os quais costumam interferir na realização de atividades de vida diária (LOPES e GUEDES, 2019). A lombalgia crônica é um problema musculoesquelético que apresenta uma prevalência de aproximadamente 11,9% na população mundial e alto custo 31 relacionado às perdas em produtividade, afastamento do trabalho e gastos do sistema de saúde nas sociedades economicamente avançadas da atualidade. Pode ser definida anatomicamente como uma dor presente desde o último arco costal até a prega glútea, persistente por mais de 12 semanas e frequentemente não decorre de doenças específicas, mas sim de um conjunto de causas, como fatores sociodemográficos (idade, sexo, renda), comportamentais (fumo e baixa prática de exercícios físicos), exposições ergonômicas (trabalho físico extenuante, posturas laborais viciosas, movimentos repetitivos), dentre outros (CARVALHO, 2017). Causas da lombalgia As dores se manifestam devido a vários fatores como a obesidade, sedentarismo, postura corporal incorreta, levantamento de peso excessivo, traumatismo na região lombar, podendo ser ocasionada também por várias doenças como as virais, articulares degenerativas, metástases tumorais, inflamações pélvicas, artrose, osteoporose, entre outras. Idosos possuem lombalgia com mais frequência, devido aos discos intervertebrais diminuir de tamanho. As incapacidades decorrentes da dor causam limitações em atividades simples como permanecer em pé ou sentado, andar, cuidados pessoais e atividade sexual (JUNIOR, 2010). As dores lombares podem ser primárias ou secundárias, com ou sem envolvimento neurológico (lombociatalgia) e podem ser causadas por patologias inflamatórias, degenerativas, neoplásicas, defeitos congênitos, déficit muscular, predisposição reumática e outras. Pode ser dividida em lombalgiaaguda ou crônica de acordo com a intensidade e manifestação das dores (ARAÚJO, 2012). A lombalgia aguda causa dores de início súbito em um período de até quatro semanas e geralmente utiliza-se como tratamento o repouso e o uso de medicamentos antiinflamatórios e analgésicos. Já a crônica as dores podem durar mais de doze meses. Neste caso o tratamento requer acompanhamento médico com o uso de medicamentos antiinflamatórios e analgésicos, e em casos extremos requer cirurgia, além do tratamento fisioterapêutico (ARAÚJO, 2012). 32 Diagnóstico O médico tem papel fundamental no diagnóstico e necessita sobretudo de uma história detalhada da dor, fatores associados e um exame físico meticuloso para um correto diagnóstico. O diagnóstico das lombalgias é, via de regra, clínico. Exames de imagem em geral não são solicitados em lombalgias agudas, apenas nos casos em que são observados alguns sinais de alerta como febre, perda de peso, déficit neurológico, idade acima de 50 anos e trauma. Quando há persistência da dor por mais 4-6 semanas os exames devem ser solicitados. Tratamento para lombalgia São muitos os recursos fisioterapêuticos para o tratamento da lombalgia crônica propostos pela literatura. Entretanto, o de melhor evidência é o exercício físico. Tratamentos baseados em exercícios para melhorar a força e a resistência dos músculos do tronco são importantes para a redução da intensidade de dor e da incapacidade funcional. Outra abordagem para o tratamento da dor lombar crônica é a Escola Postural, um programa multidisciplinar baseado na educação em saúde, visando facilitar a aquisição de hábitos posturais mais saudáveis. Os benefícios dessa técnica não se limitam apenas à disfunção musculoesquelética, mas também à qualidade de vida e aos aspectos psicossociais. Nesse contexto, dentre os métodos cinesioterapêuticos de abordagem global do paciente, pode-se citar o Pilates (DA SILVA, 2018) O método Pilates baseia-se em um conceito denominado de "contrologia", que consiste no controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo com a utilização e aplicação correta dos mais importantes princípios das forças que atuam no sistema musculoesquelético, com o completo conhecimento dos mecanismos funcionais do organismo. Os exercícios do Pilates são realizados, em sua grande maioria, na posição deitada, propiciando uma menor sobrecarga nas articulações de sustentação corporal em ortostatismo, possibilitando a recuperação das estruturas musculares, articulares e ligamentares particularmente do segmento lombar (DA SILVA, 2018). Além disso, o Pilates caracteriza-se por um conjunto de movimentos em que a posição neutra da coluna vertebral é sempre respeitada, com o objetivo de melhorar 33 a coordenação da respiração com o movimento corporal, a flexibilidade geral, a força muscular e a postura, sendo esses fatores importantes no processo de reeducação postural. Na realização desses exercícios considerados de baixo impacto, recomenda- se a utilização de seis princípios: concentração, controle, precisão, fluidez do movimento, respiração e utilização do centro de força (DA SILVA, 2018). Fonte: SILVA, et al., 2020 Intervenções fisioterapêuticas são relevantes na atenção primária, com uma ampla variedade de recursos para o tratamento de disfunções musculoesqueléticas. A fisioterapia é composta por diversos métodos e abordagens eficazes para o tratamento da dor lombar. Os recursos terapêuticos aplicados na dor lombar envolvem mobilizações articulares oscilatórias e manipulativas, liberação miofascial, acupuntura, eletroterapia, tração vertebral, exercícios sensoriomotores e terapêuticos, entre outros (DA SILVA, 2020). Os exercícios terapêuticos podem ser realizados a domicílio, proporcionando melhora da dor, da capacidade funcional e, de modo geral, da qualidade de vida de indivíduos com dor lombar. O atendimento domiciliar é uma alternativa importante para aqueles que têm dificuldades em se locomover até centros de atendimento especializado. Além disso, apresenta baixo custo, por não necessitar de uma estrutura específica e, hipoteticamente, de supervisão constante de um fisioterapeuta (DA SILVA, 2020). 34 Para que os exercícios domiciliares sejam realizados de forma adequada e alcance os resultados esperados, orientações específicas executadas pelo fisioterapeuta são necessárias (DA SILVA, 2020). 9 LOMBOCIATALGIA Fonte: neurocirurgia.com O nervo ciático é formado pelas raízes nervosas dos segmentos L4, L5, S1, S2 e S3 da coluna lombossacra. Após seu trajeto na pelve, o nervo sai da bacia, passa pela musculatura glútea próximo ao quadril e percorre a parte posterior da coxa, dividindo-se na parte inferior da coxa em nervo tibial e fibular comum (DE BAIRROS, 2015). Ciática ou ciatalgia é a dor ao longo do trajeto do nervo ciático, geralmente resultado do comprometimento da raiz nervosa na coluna, mas também pode ser por compressão ou inflamação do próprio nervo. Quando além da dor no trajeto do nervo o paciente apresentar dor lombar, usa-se o termo “lombociatalgia” (DE BAIRROS, 2015). A dor aguda geralmente ocorre após a prática de atividades físicas e é de início súbito com duração inferior a 6 semanas, e dor crônica é quando perdura por mais de 12 semanas. Quanto à evolução, podem ser persistentes, episódicas ou recorrentes A lombociatalgia é a designação dada para um processo doloroso que se instala na região lombar com existência de irradiação da dor para os membros inferiores. Os sintomas incluem dor lombar, dor ao longo do trajeto do nervo ciático, distúrbios sensoriais e fraqueza nos músculos do membro inferior inervado por ele (JUNIOR, 2015). 35 A ciatalgia se irradia para os membros inferiores e pode estar associada a parestesias, perda sensitiva, fraqueza motora ou diminuição dos reflexos; portanto a distribuição da dor e os sintomas associados podem ajudar na identificação da raiz nervosa acometida. Outros sintomas que frequentemente ajudam no diagnóstico da dor lombar é a piora da dor com tosse, espirro ou manobra de valsava, o que sugere herniação discal na maioria dos casos. A lombalgia e lombociatalgia mecânica é aliviada ao deitar-se e não apresenta piora à noite, entretanto relatos de piora à noite estão muito mais relacionados às neoplasias ou infecção (DE BAIRROS, 2015). Dor lombar que se irradia para os membros inferiores, ocorre ao deambular ou em ortostatismo e alivia ao sentar-se ou ao flexionar a coluna para a frente é típica de neuroclaudicação e sugere estenose espinhal central. Já a lombalgia com presença de disfunção intestinal ou urinária pode sinalizar a compressão severa da cauda equina (compressão aguda de múltiplas raízes, causando disfunção esfincteriana), condição que necessita de avaliação cirúrgica imediata (GOLOB, 2014). Tratamento O repouso é eficaz tanto nas lombalgias, como nas lombociatalgias e ciáticas, mas ele não pode ser prolongado, pois a inatividade tem ação deletéria sobre o aparelho locomotor. O paciente deve ser estimulado a retornar às suas atividades habituais, o mais rapidamente possível. Preconiza-se entre 3 a 4 dias o tempo de repouso e, no máximo, 5 a 6 dias (DE BAIRROS, 2015). Recomenda-se a analgesia da lombociatalgia aguda com Paracetamol, na dose de 500mg a 1g de 4 a 6 vezes ao dia, podendo-se associar antiinflamatórios não hormonais (AINHs) e também relaxantes musculares a curto prazo (DE BAIRROS, 2015). Outros cuidados podem ser adicionados ao tratamento como aplicação de calor local e reeducação de postura e vícios de posição, mas se ainda assim a lombalgia persistir por mais de 12 semanas e condições sérias forem excluídas, o foco deve ser o controle da dor e não mais a resolução da mesma (GOLOB, 2014). Para tal, o tratamento da dor crônica deve ser multidisciplinar, envolvendo acombinação do cuidado pessoal, analgesia, fisioterapia e, em alguns casos, injeções de glicocorticoides e procedimentos cirúrgicos (alguns estudos também indicam 36 massagem, acupuntura, hidroginástica e yoga, porém ainda faltam evidências do benefício de tais terapias) (GOLOB , 2014). Os opioides têm sido cada vez mais utilizados na lombalgia crônica, mas o uso prolongado deve ser restrito a pacientes que demonstram melhora funcional com o uso do opioide, que apresentam baixo risco de usá-los indevidamente e que podem ser monitorados de perto pelo seu médico assistente quanto aos efeitos adversos (DE BAIRROS, 2015). Na hérnia discal, a utilização de corticoides pode oferecer vantagens adicionais, uma vez que a inibição do processo inflamatório é mais completa e eficaz do que com AINHs. A infiltração epidural com glicocorticoides, anestésicos e analgésicos opioides é uma opção no manejo da dor radicular aguda após falha com o tratamento conservador (GOLOB, 2014). O tratamento é primariamente conservador, sendo a avaliação cirúrgica de urgência recomendada para os pacientes com fraqueza motora progressiva ou severa ou pacientes com evidências de síndrome da cauda equina. Caso contrário, a cirurgia deve ser considerada como tratamento eletivo para pacientes com radiculopatia e estenose de canal que têm sintomas incapacitantes crônicos e que não responderam apropriadamente à terapia não-cirúrgica (DE BAIRROS, 2015). 10 ESTENOSE DE CANAL Fonte: mundosemdor.com.br 37 Causas de estenose do canal vertebral A. Alterações congênitas, como pedículos curtos ou orientação anômala das facetas articulares. B. Causas adquiridas: 1. Como consequência de traumatismos: fratura de vértebra com fragmento ósseo projetado para dentro do canal, luxação vertebral; 2. Tumores ósseos ou metástases de tumores de partes moles que podem invadir o canal; 3. Hematomas de diversas origens; 4. Abscesso decorrente de processo infeccioso com origem no corpo vertebral ou nos discos intervertebrais; 5.Várias doenças ósseo-metabólicas ou endócrinas como acromegalia, osteodistrofia renal e hipoparatireoidismo; 6. Outras doenças ósseas deformantes como doença de Paget, acondroplasia, artrite reumatoide, espondilite anquilosante e hiperostose óssea idiopática difusa; 7. Causas iatrogênicas: pós-cirurgia de descompressão ou de ressecção óssea 8. Doença degenerativa por discopatia degenerativa e artrose facetária: a mais comum de todas. C. Causas mistas: estenose congênita associada a estenose adquirida: por exemplo, estenose de canal por pedículos curtos associada a discoartrose (HENNEMANN, 2020). Diagnóstico e tratamento O tratamento não cirúrgico envolve as terapias físicas, tais como exercícios aeróbicos, reforço para a musculatura da coluna lombar e abdominal assim como hidroterapias. O intuito da terapia física consiste na perda de peso e no aumento da capacidade aeróbica dos tecidos, já que uma das teorias para o surgimento da dor no canal vertebral estreito é a falta de oxigenação dos nervos ocasionada pela compressão exercida nas artérias e veias que nutrem os nervos na coluna vertebral. O tratamento medicamentoso com analgésicos e antiinflamatórios têm por objetivo o alivio dos sintomas. Outra modalidade de tratamento conservador são as injeções epidurais de corticoide dentro do canal vertebral para que o medicamento 38 atinja diretamente os tecidos e nervos inflamados. Este tratamento pode promover o alivio dos sintomas por semanas ou meses, permitindo que o paciente possa participar de programa de reabilitação mais intenso. Tratamento cirúrgico: O tratamento cirúrgico consiste na remoção do osso e dos tecidos espinhais que estão promovendo a compressão das estruturas nervosas. A este procedimento damos o nome de laminectomia (remoção da lâmina vertebral). Em algumas ocasiões a laminectomia pode estar acompanhada da fusão espinhal, que consiste na colocação de enxerto ósseo entre as vértebras para que haja a formação de ponte óssea e a consequente imobilização dos segmentos desejados. 11 ESPONDILOLISE E ESPONDILOLISTESE Fonte: universosenior.com Espondilólise e espondilolistese são duas condições que envolvem mudanças diretamente na vértebra. A espondilólise é definida como um defeito com descontinuidade óssea do segmento intervertebral, região da lâmina entre os processos articulares superiores e inferiores. A progressão do defeito pode resultar em espondilolistese, que é a subluxação de duas vértebras adjacentes, evidente na radiografia de projeção lateral e oblíqua como uma linha de separação posterior ao corpo da vértebra (JASSI, 2010). Estudos indicam que 50 a 81% dos casos de espondilólise estão associados com espondilolistese. A espondilólise é muito associada a esta patologia e em geral 39 são discutidas em conjunto. No entanto, a espondilolistese pode-se desenvolver sem haver presença de espondilólise. Espondilólise desenvolve-se a partir de uma microfratura traumática inicial com subsequentes fraturas progressivas, sendo a causa um stress repetitivo. As lesões dividem-se em unilaterais ou bilaterais e ocorrem com maior frequência a nível da vértebra L5. Casos com lesões unilaterais não estão associados a deslize vertebral ou incapacidade, no entanto, as lesões bilaterais são muito propensas a evoluir para SPL, tendo-se verificado a ocorrência em 43 a 74% dos casos (GUARNIZO, 2017) Estudos epidemiológicos mostraram que a incidência de espondilólise está relacionada com a idade, herança genética, gênero, raça e nível de atividade, manifestando-se freqüentemente durante a fase de crescimento, dos 8 aos 20 anos. O risco declina na meia idade e aumenta ligeiramente entre os 60 a 80 anos. Além desses fatores, atividades que requerem hiperextensão ou hiperflexão da coluna lombar aumentam o risco de espondilólise/listese. Esportes como ginástica, futebol, mergulho, luta, levantamento de peso e remo apresentam incidência excepcionalmente alta dessas patologias (JASSI, 2010). Geralmente a espondilolistese é assintomática, porém dor lombar e ciática bilateral até as nádegas ou face posterior das coxas podem se manifestar. A dor é leve ou moderada, inicialmente obtusa, que se exacerba com movimentos de extensão e rotação (GUARNIZO, 2017). No exame físico, a dor pode ser reproduzida no teste de extensão lombar com apoio unipodal no qual o paciente realiza descarga de peso em apenas um membro inferior enquanto estende a coluna (JASSI, 2010). Verifica-se à palpação um degrau entre os processos espinhosos das vértebras lombares acometidas em caso de espondilolistese. Apesar da natureza degenerativa da doença, a amplitude de movimento pode ser normal e ocasionalmente aumentada. Alguns pacientes podem ser capazes de tocar seus dedos dos pés na flexão anterior do tronco como resultado da hipermobilidade segmentar ou do relaxamento ligamentar generalizado (GUARNIZO, 2017). Os fatores que influenciam o desenvolvimento desta patologia ainda não estão completamente identificados, sendo até os dias de hoje considerada uma condição multifatorial influenciada por hereditariedade, predisposição genética, trauma, postura, pico do crescimento e fatores biomecânicos (ABREU, 2020). 40 O crescimento tem um papel importante, dado que não se observam lesões no recém-nascido, mas estas atingem a sua prevalência máxima pelos 14 anos de idade, quando ocorre o pico do crescimento. Um aumento do deslize vertebral na espondilolistese é também verificado no pico do crescimento (ABREU, 2020). Tratamento A literatura disponível sobre este tema sugere que os pacientes assintomáticos ou minimamente sintomáticos podem ser tratados com métodos conservadores (ABREU, 2020). O tratamento não-cirúrgico é a escolha inicial na maioria dos casos de espondilolistese, com ou sem sintomasneurológicos, além de ser a principal forma de tratamento das dores lombares. Não há, entretanto, estudos prospectivos randomizados que estabeleçam um protocolo ideal de tratamento (JASSI, 2010). Na maioria dos casos sintomáticos de espondilólise e espondilolistese o tratamento conservador é recomendado para reduzir a dor, restaurar a amplitude de movimento e a função, e para fortalecer e estabilizar os músculos espinhais. Existe uma lacuna óbvia no conhecimento concernente à efetividade dos tratamentos conservadores, que podem incluir modalidades para alívio da dor, como eletro e termoterapia, exercícios de fortalecimento dos músculos posturais, limitação e reeducação para as atividades diárias, imobilização com colete lombar, terapia manipulativa, massagem, tração, entre outros (GUARNIZO, 2017). As terapias manuais envolveram manipulação da coluna cervical, torácica, lombossacra e articulação sacroilíaca, músculo-energia e alongamento dos músculos afetados (JASSI, 2010, apud ABREU, 2020). 12 HÉRNIA DISCAL A hérnia de disco é classificada em quatro fases: 41 Fonte: reabilite-se.com O tratamento a ser realizado deve levar em conta fatores diversos associados diretamente a fase de evolução da patologia. A primeira fase é conhecida como abaulamento discal. Ocorre na etapa inicial da doença, causa dores posturais pontuais e irregulares e pode ser facilmente corrigida com exercícios musculares localizados e fisioterapia (PIMENTA, 2017). A segunda fase é conhecida como protusão discal, trata-se de um avanço direcional do abaulamento discal, podendo ou não afetar nervuras próximas. Caracteriza- se pela dor intermitente, constante, mas não incapacitante. Para a maioria dos casos, os exercícios ainda são indicados (PIMENTA, 2017). Na terceira fase, conhecida como hérnia, o núcleo do disco fica exposto. Esta fase também é chamada de extrusão ou fase extrusa. Nestes casos, a cirurgia é melhor procedimento a ser adotado (PIMENTA, 2017). A quarta e última fase, mais rara, é a fragmentar ou sequestrada. Ocorre quando a parte rompida do disco se separa, passando a ocupar espaço de outras estruturas, causando intensa dor e fraqueza muscular (PIMENTA, 2017). O tratamento conservador (não cirúrgico) tem como objetivos, por ordem, o alívio da dor, aumento da capacidade funcional e retardar a progressão da doença. Para as duas primeiras fases da hérnia de disco, a musculação tem sido indicada pela comunidade médica por apresentar excelentes resultados. REIS et al. (2016), aferiram a importância da musculação para portadores de hérnia de disco. Como resultado, ficou demonstrado que estes exercícios, quando bem orientados pelo educador físico, fortalecem a musculatura da região afetada, proporcionando alívio da dor e melhoria significativa na qualidade de vida do paciente. 42 Neste mesmo sentido, CARVALHO et al., (2013) atestaram que os exercícios musculares resistidos, quando bem conduzidos, podem apresentar resultados significativos no alívio da dor, na mobilidade e na estagnação da doença. Os pesquisadores salientam que, para alguns casos, o tratamento com os exercícios deve estar associado ao uso de medicações analgésicas e antiinflamatórias, possibilitando maior conforto inicial para o paciente. Etiologia Fatores mecânicos e biológicos podem estar diretamente relacionados com as principais causas de herniação discal. Dessa forma, os fatores mecânicos podem estar associados à má postura, movimentação incorreta para realizar atividades de vida diárias ou profissionais com ou sem cargas leves ou pesadas, disfunções musculoesqueléticas, traumas diretos ou indiretos, podendo ainda ser subdivididos em micro ou macro traumas; fatores biológicos como a degeneração do disco intervertebral devido ao envelhecimento e à predisposição genética (GUIDA, 2020). Alguns fatores de risco para o desenvolvimento da hérnia de disco ou seu agravamento estão diretamente associados ao sedentarismo, à questão genética, atividades repetitivas que prejudiquem a integridade da coluna vertebral e consequentemente a do disco intervertebral e sua degeneração precoce ou decorrente da idade, tabagismo, dentre outros (CAIRES, 2018) Tratamento O tratamento farmacológico baseado no uso de antiinflamatórios não esteroides (AINES) é essencial para reduzir o processo inflamatório (CAIRES, 2018). A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação dos pacientes com hérnia de disco, tendo vários métodos que auxiliam no tratamento e, disponibiliza de recursos que podem ser utilizados, como a terapia manual, recursos eletroterápicos, método Pilates, método Mackenzie, dentre outros, priorizando sempre aquele que der um melhor resultado para o paciente, uma vez que todos devem ser tratados de maneira holística e humanizada, lembrando que cada organismo responde de maneira diferente ao tratamento (LOIOLA, 2017). 43 Os recursos fisioterápicos são benéficos no tratamento conservador de hérnias discais. Dessa forma, o uso da eletroterapia que dispõe de aparelhos, como o infravermelho e o ultrassom terapêutico auxiliam no alívio da dor promovendo um relaxamento da musculatura, ambos objetivando reduzir quadro álgico para possibilitar uma evolução no tratamento (LOIOLA, 2017). Uma das condutas que podem ser utilizadas pelo fisioterapeuta é o método Mackenzie, que consiste no tratamento de disfunções da coluna vertebral. É uma técnica terapêutica que consiste em movimentos sustentados inicialmente de amplitude mínima até o paciente ser capaz de atingir a amplitude máxima. Esse método auxilio na redução da dor e na melhora do condicionamento físico do paciente, levando em consideração que a hérnia de disco pode ser desencadeada devido à fraqueza muscular (LOIOLA, 2017). O fisioterapeuta com a responsabilidade e compromisso de avaliar e tratar disfunções relacionadas à capacidade motora não deve deixar de analisar o comprometimento das raízes nervosas causado pela hérnia de disco que provoca, além de sintomas como o formigamento e a dor irradiada, uma redução da amplitude de movimento. Essa limitação afeta diretamente a qualidade de vida do paciente e, dessa forma, é necessário utilizar a técnica de mobilização neural para retomar a flexibilidade do sistema nervoso. A mobilização neural utiliza de manobras que provocam uma irritação no tecido nervoso que consequentemente reduz a tensão neural favorecendo a redução dos sintomas indesejados e redução do quadro álgico (SANTANA JÚNIOR, 2017). A fisioterapia tem como objetivo promover o alívio do quadro álgico, melhorar relação musculoesquelética do paciente possibilitando um melhor condicionamento funcional e prorrogar a evolução da patologia, trazendo benefícios e melhora na qualidade de vida do paciente (GARCIA, 2018). O tratamento fisioterapêutico, como método conservador é eficaz quando há uma junção dos recursos eletroterápicos com a cinesioterapia que é de extrema importância para uma melhora significativa do complexo musculoesquelético, promovendo uma redução da sintomatologia indesejada e melhorando o condicionamento físico do paciente, evitando um procedimento cirúrgico desnecessário (SANTANA JÚNIOR, 2017). Em recente pesquisa de revisão de literatura foram analisados os resultados de 37 publicações que utilizaram treinamentos de musculação para o tratamento da 44 hérnia de disco. Ficou comprovado que os exercícios terapêuticos são a espécie de tratamento conservador para hérnia de disco mais adotada no mundo, apresentando resultados positivos entre 4 a 6 semanas (DE ANDRADE, 2019) A padronização de exercícios, assim como a duração, a frequência e o tempo de intervenção são importantes e merecem avaliação rigorosa por parte do educador físico (REIS, 2016). O tratamento cirúrgico é indicado
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