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68 At!oscl!ose - É uma doença crônica, insidiosa e progressiva, que se inicia nos primeiros anos de vida e ocorre ao longo de toda a parede arterial do sistema circulatório - Importantes complicações clínicas a partir dos 40 anos - Mecanismos ainda não são totalmente conhecidos, mas é consenso que a injúria endotelial seja a gênese da aterosclerose - O que pode acarretar: - No leito coronariano, a obstrução levará a Angina e ao IAM. - No SNC acarretará o AVC e em termos da irrigação vascular periférica, a aterosclerose levará à claudicação intermitente, isquemia e gangrena, que poderá culminar na amputação de MMII. - Na parede vascular, levará à formação de aneurismas devido a isquemia por oclusão do vasavasorum Epidemiologia - A doença cardiovascular é a principal causa de óbito nos países do mundo ocidental - Nos EUA 42% das mortes ocorrem por doença cardiovascular - No Brasil é a principal causa de morte, atinge cerca de 300 mil brasileiros por ano, morrem cerca de 840 pessoas por dia de IAM - É a principal causa de gastos com assistência médica - Fatores de risco não modificáveis: - Idade e sexo (≥ 45anos homens e ≥ 55anos mulheres) - Histórico familiar de DAC precoce (> 55anos homens e < 65 anos mulheres) - Fatores de risco modificáveis: - Dislipidemia - Os lípides mais importantes do ponto de vista fisiológico e clínico são os Ácidos Graxos, os Triglicérides, os Fosfolipídeos e o Colesterol. - As Lipoproteínas são responsáveis pelo transporte de lípides no plasma e são compostas por lípides e proteínas. - Classe de lipoproteínas: - Quilomicrons: maiores e menos densas, ricos em triglicérides, origem intestinal; - VLDL: densidade muito baixa, origem hepática; - LDL: densidade baixa; - HDL: densidade alta, ricos em colesterol - Classificação laboratorial: - Hipercolesterolemia isolada: aumento do Colesterol Total ou do LDL colesterol - Hipertrigliceridemia isolada: aumento dos triglicérides; - Hiperlipidemia mista (maioria): aumento do colesterol total e triglicérides; diminuição isolada do HDL e/ou associada ao aumento do triglicéride ou do LDL - Classificação etiológica: - Dislipidemia primária: origem genética - Dislipidemia secundária à: doenças: - Hipotireoidismo, DM, Síndrome Nefrótica, IRC, Obesidade, Icterícia Obstrutiva, Alcoolismo. - Medicamentos: altas doses de diuréticos, betabloqueadores e corticosteróides - Tabagismo - Mais importante para doença arterial coronariana e a principal causa de morte evitável no EUA - Tem relação direta com morte súbita, aneurisma de aorta e AVC - Afeta a aterosclerose quando intensifica a oxidação do LDL e reduz os níveis de HDL - Produz vasoconstricção arterial com agregação plaquetária espontânea e adesão de monócitos às células endoteliais - A suspensão do tabagismo reduz o risco do primeiro evento cardiovascular em 65% - Hipertensão arterial sistêmica - Fator de risco cardiovascular silencioso - 50 milhões de hipertensos nos EUA - 1 ⁄ 4 dos hipertensos recebe tratamento eficaz; 1/3 dos acometidos não sabe se são hipertensos - A elevação em 7mmHg na pressão diastólica eleva em 27% o risco de eventos cardiovascular e 42% o risco de AVC - HAS isolada também é fator de risco - Redução farmacológica na pressão diastólica em 5 a 6 mmHg, reduz o risco de AVC em 40% e DAC em 14% - Resistência a insulina e diabetes - 3 ⁄ 4 de todas as mortes entre pacientes diabéticos resultam de DAC - O risco de DAC em mulheres diabética pré- menopausa assemelham ao dos homens não diabéticos - A resistência à insulina promove aterosclerose antes que esta desencadeie as manifestações do diabetes Agnes Jennine 69 - Obesidade / sedentarismo - O exercício físico regular reduz a demanda de oxigênio do miocárdio, diminuindo o risco coronariana - Atividade física regular --> redução de 40% de eventos cardiovasculares não fatais e de 24% de mortes cardiovasculares - O exercício regular leva a uma diminuição da PA, diminuição do peso e do colesterol, auxilia no controle glicêmico, melhora a função endotelial e reduz a atividade plaquetária, reduzindo o risco de trombose - Stress mental - A estimulação adrenérgica do stress mental aumenta a demanda de oxigênio para o miocárdio agravando a isquemia miocárdica - Pode provocar vasoconstricção nas artérias coronarianas ateroscleróticas - Estado de estrógeno - Antes da menopausa as mulheres apresentam taxas mais baixas que a dos homens, de incidência e mortalidade por doença coronariana. - O estrógeno reduz o LDL (10 a 15%),eleva o HDL e os triglicérides - Uso de estrógeno antes da menopausa provoca um aumento da incidência trombose, embolia, IAM e AVC - Uso de estrógeno pós menopausa reduz o risco cardiovascular em 35 a 45% - Fatores de risco emergentes: - Hemocisteína: elevação deste aminoácido tem sido associada a disfunção endotelial, trombose e maior quantidade de aterosclerose - Fibrinogênio: não se recomenda sua determinação - Lipoproteína: não há provas de que a redução das LP reduz o risco de aterosclerose - PCR: seu aumento associado ao risco cardiovascular e tem importância na estratificação de risco de eventos coronarianos Evolução da placa aterosclerótica 1. Deposição do LDL: o dano endoteliais crônico torna a parede arterial mais permeável, permitindo a deposição de lipoproteínas aterogênicas (LDL-C) na íntima 2. Oxidação do LDL: o LDL-C na íntima sofre oxidação, gerando um processo inflamatório com recrutamento de monócitos 3. Migração de macrófagos: os monócitos recrutador penetram na parede arterial, sendo então chamados de macrófagos 4. Desenvolvimento de células espumosas: macrófagos na íntima fagocitam o LDL oxidado, rico em colesterol (célula espumosa = macrófago carregado de lípides) 5. Evolução da estria gordurosa: as células espumosas se acumulam dentro da íntima e desenvolvem uma estria gordurosa considerada a primeira lesão de aterosclerose 6. Agregação plaquetária de capa fibrosa: este processo favorece a adesão e agregação plaquetária local; plaquetas, células endoteliais, macrófagos e outras determinam a proliferação de células musculares lisas (CML), formando a capa fibrosa 7. Ateroma - núcleo lipídico: células espumosas liberam seus conteúdos lipídico dando origem ao ateroma (primeira lesão aterosclerótica avançada) 8. Placa estável - baixo risco: a placa aterosclerótica estável é caracterizada por apresentar um núcleo lipídico cercado por material e capa fibrosa mais espessa, o que ajuda a estabilizar a lesão 9. Placa instável - alto risco: a placa instável contém um núcleo de material ateromatoso rico em lípides e é envolta por uma capa fibrosa fina 10. Ruptura inicial da placa: o núcleo ateromatoso associado à uma capa fibrosa fina propiciam a desestabilização da placa, levando-a à ruptura 11. Início da formação do trombo: a ruptura da placa permite que hemácias e plaquetas ativadas se misturem com o material ateromatoso, determinando a trombose 12. Lesão cicatrizada: o trombo pode ser incorporado pela lesão e limitado por uma nova camada de células endoteliais, tornando-se uma lesão cicatrizada, estenótica, não propensa à ruptura 13. Progressão do trombo: com a progressão do trombo haverá maior acúmulo de fibrina, plaquetas e hemácias, tornando-o grande o suficiente para interferir no fluxo sangüíneo 14. Oclusão - infarto: o aumento do trombo pode levar a obstrução total da artéria coronária; a interrupção do fluxo sangüíneo priva o miocárdio de oxigênio e nutrientes, podendo ocasionar danos irreversíveis Estratificação de risco das dislipidemias - LDL-C é o fator causal e independente de aterosclerose sobre o qual devemos agir para diminuir a morbi-mortalidade; - A prevenção deve ser baseada no risco absoluto de eventos coronarianos; - Todos os indivíduos que possuem fator genético devem ser submetidos a mudançasnos hábitos de vida: dietas, exercícios, abstenção de fumo. . . - O mais usado é o escore de Risco Global: estima o risco de IAM, AVC ou IC fatais ou não fatais, ou IVP em 10 anos Agnes Jennine 70 Tratamento da dislipidemia - Não medicamentoso: - Dieta; - Atividade física - Controle de bebida alcoólica - Controle do tabagismo - Medicamentoso: - Estatinas: medicamentos de escolha para reduzir LDL c em adultos; inibi a ação da HMG – COA redutase - Suspender se: aumento de 3x aminotransferase, dor muscular - O tratamento deve ser mantido por tempo indeterminado - Exemplos: - Lovastatina (20 - 80mg) - Sinvastatina (10 - 80mg) - Fluvastatina (10 - 80mg) - Pravastatina (20 - 40mg) - Atorvastatina (10 - 80mg) - Rosuvastatina (10 - 40mg) - Pitavastatina (2 - 4mg) - Ezetimida (10mg) - Resinas de trocas: colestiramina 16 - 24g --> droga de escolha nas crianças e gestantes - Fibratos: hipertrigliceridemia endógena, quando houve falha dos MEV ou quando este for muito elevado > 500mg/dl - Genfibrozila 600-1200mg/dia; - Benzafibrato 600mg/dia - Etofibrato 500mg/dia; - Ciprifibrato 100mg/ dia - Fenofibrato micronizado 200mg/dia; - Omega 3 - Ácido Nicotínico - Omega 3 - Novos fármacos: inibidores da PCSK-9 - Alto custo - Usado em doentes de alto risco e sem melhora com outros medicamentos - Os inibidores da PCSK-9 são anticorpos monoclonais que levam a destruição proteases que degradam os receptores de LDL. - Esses receptores fazem as captação das partículas do colesterol LDL, como a inibição dessa proteases ocorre o aumento do numero de receptores LDL nas células hepáticos, com redução dos níveis séricos de LDL - Administrados por via subcutânia a cada duas a quatro semanas. - Reduz em media 60% do LDL em comparação com o placebo. - O alirocumabe(nome comercial Praluent) e o evolocumabe (Repatha) são os dois inibidores da PCSK-9 aprovados para uso no Brasil - Objetivo é a redução de eventos aterosclerótico: - Depleção do núcleo lipídico - Inibição da oxidação da LDL - Efeito “antiinflamatório” - Normalização da disfunção endotelial - Inibição da formação do trombo - Fortalecimento da capa fibrosa Agnes Jennine
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