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APRENDIZAGEM COOPERATIVA Autoria: Débora Suzane Gomes Mendes Indaial - 2020 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. M538a Mendes, Débora Suzane Gomes Aprendizagem cooperativa. / Débora Suzane Gomes Mendes. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 135 p.; il. ISBN 978-65-5646-034-5 ISBN Digital 978-65-5646-035-2 1. Aprendizagem. - Brasil. 2. Pedagogia cooperativa. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 370 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 A Epistemologia da Aprendizagem ............................................... 7 CAPÍTULO 2 Aprendizagem Cooperativa: Histórico, Conceitos e Implicações Pedagógicas ........................................................... 49 CAPÍTULO 3 A Pedagogia Cooperativa No Espaço Escolar ........................ 89 APRESENTAÇÃO Olá, caro estudante! Seja bem-vindo à disciplina “Aprendizagem Coopera- tiva”. Nesse momento, estudaremos as principais teorias da aprendizagem com ênfase na aprendizagem cooperativa e a sua relação com a inclusão escolar, a construção coletiva do Projeto Político Pedagógico (PPP) e a inovação pedagógi- ca por meio das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), como também, abordaremos a relevância do método cooperativo para motivar a apren- dizagem na sala de aula. O presente material didático irá auxiliá-lo ao longo do processo de ensino e aprendizagem, ofertando informações sobre a temática da disciplina com a finali- dade de você, professor, construir conhecimentos pedagógicos sobre a aprendi- zagem cooperativa. Para isso, o livro foi elaborado a partir dos principais autores que dialogam acerca da aprendizagem cooperativa no contexto da sala de aula da escola contemporânea. De tal forma, o referido livro está organizado em três capítulos, a saber: a) Capítulo 1: A Epistemologia da Aprendizagem; b) Capítulo 2: Aprendizagem Cooperativa: histórico, conceitos e implicações pedagógicas; c) Capítulo 3: A Pedagogia Cooperativa no espaço escolar. No Capítulo 1 “A Epistemologia da Aprendizagem”, o estudo é iniciado com o conceito de aprendizagem, as principais teorias e concepções que definem e estudam a aprendizagem humana, em seguida, identificamos os fatores que moti- vam a aprendizagem no ambiente educativo. Ao mesmo tempo, temos atividades, sugestões de artigos, livros, revistas virtuais para ampliar os seus estudos acerca da aprendizagem cooperativa e a sua relevância para o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. No Capítulo 2 “Aprendizagem Cooperativa: histórico, conceitos e implicações pedagógicas”, é dada continuidade a nossa disciplina analisando o processo his- tórico de construção da concepção da aprendizagem cooperativa, discutindo a relevância da aprendizagem cooperativa para o espaço escolar, aprendendo os conceitos sobre aprendizagem cooperativa e pedagogia cooperativa e identifican- do as implicações pedagógicas da aprendizagem cooperativa para a sala de aula. No mesmo capítulo, apontamos, também, atividades e leitura complementares em sites, livros e artigos para aprofundar o seu estudo sobre essas temáticas. No Capítulo 3 “A Pedagogia Cooperativa no espaço escolar”, compreende- mos a relação entre cooperação e inclusão no espaço escolar, discutimos sobre a integração das tecnologias digitais nos processos de aprendizagem cooperativa e avaliamos a relevância da cooperação no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. Além disso, indicamos exercícios de estudo, pesquisas e leituras comple- mentares ao estudo. As informações e os conhecimentos apresentados e discutidos neste livro servirão como subsídios em sua formação docente para capacitá-lo como um professor mediador do conhecimento que poderá possibilitar a construção de um espaço educativo significativo e cooperativo a partir de métodos e ferramentas digitais que celebram o trabalho em grupo na sala de aula física ou virtual, a cor- responsabilidade, a democracia na prática, o respeito, a inclusão, a inovação pe- dagógica, entre outros. Portanto, desejamos que esses momentos de leitura e estudo contribuam para ampliar e diferenciar a sua ação docente na Sociedade da Informação e do Conhecimento. Bons estudos! CAPÍTULO 1 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Defi nir o que é aprendizagem. Compreender as principais concepções de aprendizagem. Identifi car os fatores que motivam a aprendizagem no ambiente educativo. 8 Aprendizagem Cooperativa 9 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Aprendizagem é um processo que acompanha o homem ao longo do seu de- senvolvimento social. Dessa forma, podemos perceber que durante os perí dos da história, tivemos diversos formatos de educação que buscavam preparar o sujeito para aprender determinados valores e condutas valiosos para cada época histórica. Com o desenvolvimento científi co, cultural e educacional da sociedade huma- na, tivemos um signifi cativo avanço no campo da ciência que estuda a aprendiza- gem, de modo que foram elaboradas diversas teorias e abordagens sobre a apren- dizagem do sujeito, que contribuíram para compreendermos a ação de aprender. Neste capítulo, estudaremos sobre a aprendizagem humana e as principais teorias da aprendizagem que fundamentam e infl uenciam o processo educativo nas escolas atualmente. Tal debate, é fundamental para a formação do futuro professor, uma vez que, a atuação crítica requer o conhecimento a respeito do processo de aprendizagem na escola. Portanto, junto às sugestões de leitura, pesquisas, sites e atividades propostos ao longo deste capítulo, aprofundaremos o estudo sobre a aprendizagem e os fato- res que motivam a aprendizagem na sala de aula, de modo que este material possa contribuir para a capacitação de futuros professores refl exivos e críticos para atuar ativamente na sala de aula. 2 CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM A palavra “aprender” vem do latim “apprehendere” - apoderar-se. Nesse sentido, o Dicionário de Filosofi a conceitua aprendizagem como a “aquisição de uma técnica qualquer, simbólica, emotiva ou de compor- tamento, ou seja, mudança nas respostas de um organismo ao ambien- te, que melhore tais respostas com vistas à conservação e ao desen- volvimento do próprio organismo” (ABBAGNONO, 2007, p. 75). Desta forma, podemos considerar que aprendizagem é um processo que faz parte do desenvolvimento humano. Nesta perspectiva de compreender a aprendizagem como processo integran- te do desenvolvimento do homem, o Dicionário Técnico de Psicologia defi ne ação de aprender como o “processo de transformação relativamente permanente do comportamento, em resultado do desempenho prático ou experiência de certas tarefas específi cas” (CABRAL; EVA, 2006, p. 28). Desta forma, ressaltamos que a aprendizagem é um processo contínuo na vida do sujeito. O Dicionário Técnico de Psicologia defi ne ação de aprender como o “processo de transformação relativamente permanente do comportamento, em resultado do desempenho prático ou experiência de certas tarefas específi cas” (CABRAL;EVA, 2006, p. 28). 10 Aprendizagem Cooperativa Agora que já conhecemos o conceito de aprendizagem, vamos viajar no tempo para compreender brevemente a importância do ato de aprender na vida do homem? É importante consideramos inicialmente que, ao longo do tempo, a concepção de aprendizagem adotou diferentes nuances a partir de diversas pers- pectivas teóricas sobre a aprendizagem que foram infl uenciadas pelas visões de homem, sociedade, educação de cada período da sociedade humana. FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DA PRÉ-HISTÓRIA FONTE: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiage- ral/prehistoria.htm>. Acesso em: 25 set. 2019. Voltando na história da humanidade percebemos que o ato de apoderar-se de algum tipo de informação ou conhecimento é uma ação que acompanha o homem ao longo do seu desenvolvimento humano e social. Desde o período da Pré-História, conforme a Figura 1, o desejo do homem em adquirir conhecimento é manifestado, como ressalta Díaz (2011, p. 27): Como nos sugerem muitos documentos rupestres encontrados em cavernas primitivas, é milenar o desejo espontâneo de pas- sar informação aos outros e, com isto, o propósito de que os demais aprendessem primeiro a experiência e depois as ideias sobre essa experiência. Assim, pode-se acreditar que tal inte- resse surge com o primeiro homem. Mais tarde, pedaços de pedra esculpida permitem trasladar a informação de um lugar a outro, bem como a própria cerâmica reproduz o cotidiano. Posteriormente, materiais mais maleáveis, porém consistentes, como o papiro, seguido do papel em suas formas iniciais, uniram-se a esse processo de compartilhar re- presentações da realidade e pontos de vista a respeito. 11 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 A necessidade do homem em aprender ou transmitir representações do seu contexto social motivou o mesmo a utilizar diversos tipos de materiais como a pedra, a cerâmica, o papiro, para transmitir a outros sujeitos informação e/ou co- nhecimento para que esses indivíduos pudessem aprender determinadas ações. Segundo Díaz (2011, p. 27), no período da Idade Antiga podemos verifi car indí- cios da sistematização da aprendizagem: Já na Idade Antiga, encontramos os primeiros indícios de sis- tematização da aprendizagem nos povos egípcios, chineses e indianos, no intuito de preservar costumes, regras e tradições, utilizando o ambiente familiar e transmitindo os saberes de ge- ração em geração. Na sociedade romana e principalmente na grega, esta última metrópole do iluminismo antigo (Platão, Aristóteles...), a aprendi- zagem foi ofi cializada desde bem cedo, sem substituir totalmen- te o ensino familiar; assim, o Estado se apropriava do direito de ensinar a população, selecionando, segundo seus fi ns políticos e militares, quem deveria aprender determinado campo do saber e quem não tinha esse direito (escravos e servos). Na Antiguidade, a família era o principal espaço de aprendizagem e socializa- ção da criança, conforme Cambi (1999, p. 80), a família era “o primeiro regulador da identidade física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma fortíssima ação ideológica”. Entretanto, nesse período, o Estado também realizava importantes intervenções no processo de aprendizagem dos sujeitos como, por exemplo, em Esparta “até os setes anos o Estado delega a criação do menino à família, e a partir de então e até os vinte, a realiza diretamente” (LUZU- RIAGA, 1984, p. 38), conforme é ilustrado na fi gura a seguir. FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO NA IDADE ANTIGA FONTE: <https://www.unitycianorte.com.br/educacao-grega- -transformaria-o-brasil/>. Acesso em: 25 set. 2019. 12 Aprendizagem Cooperativa Na Idade Antiga, Esparta fundamentava o seu processo educati- vo na instrução militar, dando pouca importância a leitura e a escrita. Em Roma, utilizava-se métodos passivos no processo de aprendiza- gem das crianças como a memorização e a imitação, bem como, em- pregava-se castigos e o uso da palmatória nas aulas (MARROU, 1971, p. 420). Enquanto em Atenas, o ensino e a aprendizagem voltavam-se para um processo humanista do homem, no qual o homem é compre- endido em sua validade universal e normativa (PONCE, 1981). Para obter mais informações sobre o processo de ensino e aprendizagem das crianças na Idade Antiga, consulte a obra do autor Aníbal Ponce: Educação e luta de classes. 2ed. São Paulo: Cortez/ Autores Associados, 1981. Na Idade Média, foi desenvolvido um processo educativo que se diferenciou do período da antiguidade, pois, a vida cultural e social do homem acontecia, prin- cipalmente, no castelo do feudatário e/ou nas igrejas, em particular nos mosteiros (COSTA; SANTA BÁRBARA, 2009). Assim, o processo de aprendizagem priorizou o ensino religioso, de forma que os valores morais e espirituais eram supervalori- zados com relação à razão intelectual (LUZURIAGA, 1984). Como podemos notar nas palavras de Díaz (2011, p. 27): Na Idade Média (século VII até século XVI, de Santo Tomás de Aquino até Petrarca e Boccaccio), a unidade ensino-aprendi- zagem, matizada pela religião, alcança um patamar extremo nas diferentes regiões geopolíticas de então e segue um rumo dogmático correspondente ao expansionismo, principalmente cristão e muçulmano. Assim, por exemplo, a representação diabólica ou infi el era colocada na mão esquerda, de modo que a violação dos códigos genéticos desconhecidos naquela épo- ca obrigava as crianças a aprender “a fazer” com a mão direita, considerada a mão “iluminada”. Percebemos na citação anterior que os valores religiosos fundamentavam todo o processo de aprendizagem da criança. De acordo com Luzuriaga (1984, p. 82), “nos mosteiros ensinar-se-iam os salmos, os sinais da escrita, os cânticos, a gramática e os livros sagrados”, conforme é ilustrado na Figura 3. Além da edu- 13 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 cação para a vida cristã, na Idade Média tínhamos a educação cavalheiresca que tinha por objetivo a formação religiosa e militar dos fi lhos primogênitos dos nobres (COSTA; SANTA BÁRBARA, 2009). FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA FONTE: <http://cultura-medieval.blogspot.com/2012/10/ida- de-das-trevas.html>. Acesso em: 25 set. 2019. Para conhecer um pouco mais sobre a educação no período da Idade Média, sugerimos a leitura da obra “A história da Pedagogia” do autor Franco Cambi (1999). Enquanto na Idade Moderna vivenciamos um processo de aprendizagem que se desenvolveu em um espaço educativo motivado pela razão. Conforme Ariès (2005), a escola na Idade Moderna, ilustrada na Figura 4, contrapõe-se aos métodos medievais de repetição, a pedagogia humanista e ao ensino cole- tivo. Nesse momento, também, temos a elaboração de diferentes teorias sobre a aprendizagem: 14 Aprendizagem Cooperativa Na Idade Moderna (século XVII até século XIX), o ensino- -aprendizagem se nutre das grandes descobertas tecnocientí- fi cas, fundamentalmente no campo da Medicina e da Biologia, e das importantes invenções tecnológicas, principalmente de ilustres pensadores que revolucionaram os campos fi losófi co, psicológico e pedagógico da época (Voltaire, Rousseau, Kant, Pinel, Pestalozzi, Itard, Seguin...). Como se sabe, durante a segunda metade do século XIX, começam a independizar-se as diferentes ciências da Mãe Filosofi a e a desenvolver suas potencialidades particulares. Tem-se entre elas a Psicologia (Wundt, em 1879), que contribui decisivamente para o desen- volvimento das diferentes teorias sobre a aprendizagem que, num somatório de encontros e desencontros, faz evoluir o co- nhecimento sobre esta capacidade humana, Stern, Catell, Ja- mes, Stanley Hall (DÍAZ, 2011, p. 28). Em concordância com Díaz (2011), ressaltamos que o processo de aprendi- zagem na Idade Moderna é fundamentado nas descobertas científi cas da época, de modo que é possível observamos um grande avanço na área da educaçãoe nas teorias sobre aprendizagem. FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA FONTE: <http://cursoevc.blogspot.com/2011/09/video-aula-1-as- -revolucoes-educacionais.html>. Acesso em: 25 set. 2019. Os estudos que tratam das questões relativas à natureza da apren- dizagem do sujeito foram originados nos estudos clássicos da fi losofi a e da psicologia (SILVA, 1998, p. 11). Entretanto, durante o século XIX, a psicologia diferencia-se da fi losofi a e, nesse processo de crescimento do campo da psicologia, notamos um grande avanço nos estudos acer- ca da aprendizagem humana e da psicologia da educação e do ensino: Os estudos que tratam das questões relativas à natureza da aprendizagem do sujeito foram originados nos estudos clássicos da fi losofi a e da psicologia (SILVA, 1998, p. 11). 15 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 Durante o último quarto do século XIX, começa a manifestar- -se na psicologia uma forte tendência a distanciar-se da fi loso- fi a; essa tendência culminará com o surgimento da psicologia científi ca no começo do novo século. A psicologia encontra no método experimental, próprio das ciências físicas e naturais, o instrumento para separar-se da fi losofi a e para transformar-se em uma disciplina científi ca autônoma. Entre os protagonistas desse processo, há alguns pensadores, como, por exemplo, J. M. Cattell, William James e G. Stanley Hall, cujos trabalhos exercem uma infl uência decisiva sobre a origem e o desenvol- vimento posterior da psicologia da educação e da psicologia do ensino (COLL, 2000, p. 26). Em concordância com Coll (2000), ressaltamos que nas últimas décadas do século XIX diversas teorias e concepções sobre aprendizagem foram elaboradas, algumas delas foram ultrapassadas por novos conhecimentos que geraram uma relevante variedade de abordagens teóricas que buscam explicar o processo de aprender: Desde as últimas décadas do século XIX, foram propostas mui- tas teorias e visões da aprendizagem, com diferentes ângulos, diferentes plataformas epistemológicas e um conteúdo muito di- ferente. Algumas delas foram superadas por novos conhecimentos e novos padrões, mas, de modo ge- ral, temos atualmente uma visão de uma grande va- riedade de abordagens e construções teóricas sobre a aprendizagem (ILLERIS, 2013, p. 16). A partir do século XX, com os estudos mais aprofundados da Psi- cologia, são construídas teorias explicativas sobre o funcionamento do processo de aprendizagem (BESSA, 2008). Nesse período temos, tam- bém, discussões sobre a aprendizagem do sujeito e a educação, a rela- ção entre psicologia e educação, dentre outros assuntos. É no século XX onde este interesse pela problemática do aprender se enriquece defi nitivamente a partir de confrontos e polarizações baseadas em inúmeros experimentos e obser- vações com um controle “mais” científi co e tecnológico (Thorn- dike, Binet-Simon, Terman, Dewey, Claparede, Decroly, Freinet, Montessori, Guthrie, Hull, Tolman, Watson, Skinner, Vygotsky, Makarenco, Piaget, Wallon, Zazzo, Bruner, Ausubel...) [...]. Ain- da no século XX e como resultado desse vertiginoso percurso científi co e tecnológico, começam estruturar-se as diferentes “teorias sobre a aprendizagem”, salientando alguns aspectos relacionados com seus mecanismos produtivos, o papel da ed- ucação e a atividade do sujeito que aprende, no marco dos diferentes “paradigmas educativos” gestados no percurso da relação entre a Psicologia e a Pedagogia (paradigmas compor- tamentalista, psicogenético, sócio-histórico cultural, humanista e cognitivista) (DÍAZ, 2011, p. 28). A partir do século XX, com os estudos mais aprofundados da Psicologia, são construídas teorias explicativas sobre o funcionamento do processo de aprendizagem (BESSA, 2008). 16 Aprendizagem Cooperativa No século XX observamos um enriquecimento das abordagens e teorias da aprendizagem a partir do desenvolvimento científi co e tecnológico. Conforme Bessa (2008), os estudos e as pesquisas do século XX, no campo da Psicologia, constataram que por meio da aprendizagem o sujeito obtém comportamentos, sendo assim, novos elementos são inseridos no processo de aprendizagem como a atenção, o interesse, a memória e a inteligência. Para aprofundar o estudo sobre a educação na Idade Moderna indicamos a leitura do artigo “A Educação através dos tempos” do autor João Cardoso Palma Filho (2010). Disponível em: <https://do- cplayer.com.br/207200-A-educacao-atraves-1historia-da-educacao- -a-educacao-na-antiguidade-joao-cardoso-palma-fi lho-2.html>. As concepções de aprendizagem foram organizadas em um conjunto de teo- rias que explicam como ocorre a aprendizagem humana. Segundo Moreira (1999, p. 12), “uma teoria é uma tentativa humana de sistematizar uma área de conheci- mento, uma maneira particular de ver as coisas, de explicar e prever observações, de resolver problemas”. Com relação ao conceito de teoria da aprendizagem Mo- reira (1999, p. 12) explica que: Uma teoria de aprendizagem é, então, uma construção huma- na para interpretar sistematicamente a área de conhecimento que chamamos aprendizagem. Representa o ponto de vista de um autor/pesquisador sobre como interpretar o tema aprendi- zagem, quais as variáveis independentes, dependentes e in- tervenientes. Tenta explicar o que é aprendizagem e porque funciona como funciona. Ao longo do tempo foram construídas diversas teorias de aprendizagem com o objetivo de aprofundar o conhecimento acerca da educação do homem. Uma vez que, entendendo como e porque a aprendizagem ocorre a educação esco- lar poderá organizar-se para ofertar as melhores condições e oportunidades de aprendizagem no espaço escolar. Atualmente, as principais teorias da aprendizagem são: teorias behavioristas, teorias da Gestalt, teorias cognitivistas, teorias humanistas, teorias socioculturais. Com relação à teoria comportamentalista, ela foi fundada por John Watson (1878- 1958), inspirado nos estudos de Pavlov (1849-1936) sobre o condicionamento respondente: 17 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 O condicionamento de tipo pavloviano, também conhecido como condicionamento clássico ou respondente, consistindo no esquema ER, foi, em seus primórdios, considerado como o elemento básico de aprendizagem, ponto de partida para a for- mação de todos os hábitos. Era tempo de euforia geral entre os positivistas, pois as pesquisas de Pavlov ofereciam a possibili- dade de se atribuir, às atividades complexas, o sentido de uma composição de simples elos soldados. O condicionamento clás- sico diz respeito à relação entre um estímulo antecedente e uma resposta que lhe é, naturalmente, consequente. Inicia-se com a observação de respostas incondicionadas a estímulos incondi- cionados, mas o interesse central se fi rma na obtenção de uma determinada resposta, provocada por um estímulo previamente neutro, quando este é associado a um estímulo incondiciona- do. Com o passar do tempo, o condicionamento respondente revelou-se insufi ciente para a explicação de aprendizagem com- plexas, e sua validação restringiu-se à explicação dos compor- tamentos involuntários e das reações emocionais. Foi, então, superado pelo condicionamento operante (skinneriano), o qual desloca a ênfase do estímulo antecedente para o estímulo con- sequente (reforço), como recurso para garantir a manutenção ou extinção de certo(s) comportamento(s). O condicionamento operante ocupa-se, pois, das relações entre o comportamento a ser aprendido e as suas consequências. Os adeptos da teoria do reforço consideraram-no capaz de explicar a aquisição dos comportamentos voluntários de todos os tipos. O esquema continua muito simples: o organismo emite uma resposta a um estímulo cujo conhecimento não é necessário, e essa resposta, dependendo das consequências geradas por ela, será ou não mantida. Logo, são os estímulos que se se- guem à resposta (reforços) querepresentam o núcleo da teoria, e não os que a antecedem (GIUSTA, 2013, p. 23-24). Na teoria do behaviorismo o processo de aprendizagem é explicado por meio da observação do comportamento (behavior) do sujeito e nas respostas que ele emite aos estímulos externos, que não requer do sujeito conhecimento, de modo que dependendo da ocasião a resposta ao estímulo poderá ou não ser mantida (GIUSTA, 2013). A tônica da visão de mundo behaviorista está nos comporta- mentos observáveis e mensuráveis do sujeito, nas respostas que ele dá aos estímulos externos. Está também naquilo que acontece após a emissão das respostas, ou seja, na conse- quência. Tanto é que uma ideia básica do behaviorismo mais recente é a de que ‘o comportamento é controlado pelas con- sequências’: se a consequência for boa para o sujeito, have- rá uma tendência de aumento na frequência da conduta e, ao contrário, se for desagradável, a frequência de resposta tende- rá a diminuir. Isso signifi ca que, manipulando principalmente eventos posteriores à exibição de comportamento, se pode, em princípio, controlá-los. E tudo isso sem necessidade de recorrer a nenhuma hipótese sobre quaisquer atividades men- tais entre o estímulo e a resposta dada. Aliás, o behaviorismo 18 Aprendizagem Cooperativa surgiu no início do século, principalmente nos Estados Unidos, como uma reação ao mentalismo que dominava a psicologia na Europa (MOREIRA, 1999, p. 14). A teoria comportamentalista, ilustrada na Figura 5, infl uenciou fortemente a educação nas décadas de 1960 e 1970, consistindo-se como uma oposição ao mentalismo europeu. Inicialmente o behaviorismo foi aplicado em experimentos com animais para serem posteriormente aplicado aos seres humanos. No behaviorismo a aprendizagem humana é infl uenciada pelo meio, de modo que, o ser humano é considerando uma tábula rasa, sendo assim, não recebe uma herança genética que estimula o seu comportamento. Nesse sentido, o behaviorismo é fundamentado no estímulo-resposta (E-R), ou seja, o comporta- mento humano é algo previsível, se um evento antecedente X ocorre, o evento Y é resultado consequente do X (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Para Ostermann e Cavalcanti (2011, p. 13) a visão mentalista considera que “os processos mentais não são de natureza física, mas, sim, de natureza puramente mental ou psíquica”. FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO DA TEORIA COMPORTAMENTALISTA FONTE: <https://psicoativo.com/tag/humor/page/4>. Acesso em: 25 set. 2019. 19 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 Segundo Ostermann e Cavalcanti (2011), os principais represen- tante do behaviorismo foram John Watson (1878-1958) - fundador des- sa teoria, Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) - o teórico mais conhe- cido, Edward Thorndike (1874-1949) - criador do conceito “reforço”. As concepções de aprendizagem defendidas pelo behaviorismo são refutadas pela teoria da gestalt (psicologia da forma) que conside- ra que “todo conhecimento é anterior à experiência” (GIUSTA, 2013, p. 24). A gestalt é uma teoria da psicologia e foi criada pelos psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kohler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940). As principais características dessa teoria são: Se a unilateralidade do positivismo consiste em desprezar a ação o sujeito sobre o objeto, a do racionalismo consiste em desprezar a ação do objeto sobre o sujeito. Ambas as posições, portanto, cindem os dois polos do conhecimento de modo irremediável. Qualifi car a gestalt como uma teoria racionalista não signifi ca, entretanto, afi rmar que ela negue a objetividade do mundo. Sig- nifi ca, isto sim, que ela não postula essa objetividade no sentido de uma interferência na construção das estruturas mentais atra- vés das quais o sujeito apreende o real. Admite-se que experi- ência passada possa infl uir na percepção e no comportamento, mas não a afi rma como uma condição necessária para tal. E, por isso, é às variáveis biológicas e à situação imediata que se deve recorrer para explicar a conduta. As variáveis históricas, por não serem determinantes, apresentam pouco interesse para os gestaltistas. Note-se que não falamos em aprendizagem e, sim em percep- ção. Na verdade, contrariando o pressuposto epistemológico do behaviorismo, a gestalt rejeita a tese de que o conhecimento seja fruto da aprendizagem. De acordo com seus adeptos, os sujeitos reagem não a estímulos específi cos, mas a confi gura- ções perceptuais. As gestaltens (confi gurações) são as legítimas unidades mentais, e é para elas que a Psicologia deve voltar-se. Vê-se, pois, que a gestalt lida com o conceito de estruturas men- tais, enquanto totalidades, numa extrema oposição ao atomismo behaviorista. É conveniente esclarecer que tais totalidades são organizadas em função de princípios de organização inerentes à razão humana. Logo a estrutura da gestalt é uma estrutura sem gênese, não comportando, pois, uma formação. Vale ainda a pena dizer que o conceito de totalidade com o qual a Gestalt trabalha é irredutível à soma ou ao produto das partes. Por isso, o todo é apreendido de forma súbita, imediata, por re- estruturação do campo perceptual (insight) (GIUSTA, 2013, p. 24-25). A gestalt é uma teoria da psicologia e foi criada pelos psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kohler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940). 20 Aprendizagem Cooperativa O principal conceito da teoria Gestalt é o insight que é compreen- dido como “uma súbita percepção de relação entre elementos de uma situação problemática” (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011, p. 27). Desta forma, a aprendizagem é considera como percepção, ou seja, a aprendizagem (percepção) é resultado da resolução de problemas que é consequência do insight (GIUSTA, 2013). Para a gestalt os princípios que regem a aprendizagem/percepção do sujeito, são “relação fi gura-fundo, fechamento (lei de pregnância), similaridade, proximidade, direção etc., que são, em síntese, os princí- pios universais da boa forma” (GIUSTA, 2013, p. 25). No processo ensino-aprendizagem, a organização psicológica será tão boa quanto o permitirem as condições de contorno: a experiência consciente será mais organizada se uma fi gura apresentada, por exemplo, for o mais simples, concisa, simétrica e harmônica possível para que sua percepção assim o seja. As semelhanças e proximidades entre conteúdos devem ser ressal- tadas, pois itens semelhantes e próximos tendem a formar gru- pos na percepção (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011, p. 29). No processo de ensino e aprendizagem os teóricos da gestalt não focalizam na ação ativa do sujeito, o conhecimento é transmitido por meio dos princípios da boa forma e os estudantes irão incorporá-los através das estruturas mentais. A gestalt é compreendida como uma teoria de transição entre o comportamentalismo e o cognitivismo. O principal conceito da teoria Gestalt é o insight que é compreendido como “uma súbita percepção de relação entre elementos de uma situação problemática” (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011, p. 27). FIGURA 6 - REPRESENTAÇÃO DA TEORIA GESTALT FONTE: <http://bit.ly/31fMSMo>. Acesso em: 25 set. 2019. 21 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 Podemos perceber nas teorias behaviorista e Gestalt, concepções de apren- dizagem mecanicista e idealista. Proposta que é superada na teoria cognitivista, pois, ela “enfatiza exatamente aquilo que é ignorado pela visão behaviorista: a cognição, o ato de conhecer; como o ser humano conhece o mundo” (MOREIRA, 1999, p. 14). Desta forma, podemos conceituar o construtivismo como: O construtivismo é uma posição fi losófi ca cognitivista interpretacionista. Cognitivista porque se ocupa da cognição, de como o indivíduo conhece, de como ele constrói sua estrutura cognitiva. Interpretacionista porque supõe que os eventos e objetos do univer- so são interpretados pelo sujeito cognoscente. O ser humano tem a capacidadecriativa de interprestar e representar o mundo, não somente de responder a ele (MOREIRA, 1999, p. 15). A teoria cognitivista fundamenta-se no “processo de compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação envolvida na cog- nição e procura regularidades nesse processo mental” (MOREIRA, 1999, p. 15). Os principais teóricos representantes do cognitivismo são Jerome Bruner, Jean Piaget, David Ausubel. A teoria cognitivista fundamenta-se no “processo de compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação envolvida na cognição e procura regularidades nesse processo mental” (MOREIRA, 1999, p. 15). Para conhecer as pesquisas atuais que tratam sobre a aborda- gem cognitiva em educação, sugerimos a Revista Brasileira de Te- rapia Comportamental e Cognitiva da Universidade de São Paulo (USP), disponível no seguinte endereço eletrônico: <http://www.usp. br/rbtcc/index.php/RBTCC>. FIGURA 7 - REPRESENTAÇÃO DA TEORIA COGNITIVISTA FONTE: <http://bit.ly/36L09O3>. Acesso em: 25 set. 2019. 22 Aprendizagem Cooperativa Na concepção de aprendizagem para Jerome Bruner, Figura 8, é destacado o “processo da descoberta, de alternativas e o currículo em espiral” (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011, p. 32). As principais características da teoria de Bruner são: Quanto à questão de como ensinar, Bruner destaca o processo da descoberta, através da exploração de alternativas e o currí- culo em espiral. O método da descoberta consiste de conteú- dos de ensino percebidos pelo aprendiz em termos de proble- mas, relações e lacunas que ele deve preencher, a fi m de que a aprendizagem seja considerada signifi cante e relevante. Com isso, o ambiente para a aprendizagem por descoberta deve proporcionar alternativas, resultando no aparecimento de re- lações e similaridades. Segundo Bruner, a descoberta de um princípio ou de uma relação, pelo aprendiz, é essencialmente idêntica à descoberta que um cientista faz em seu laboratório. O currículo em espiral, por sua vez, signifi ca que o aprendiz deve ter a oportunidade de ver o mesmo tópico mais de uma vez, em diferentes níveis de profundidade e em diferentes mo- dos de representação (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011, p. 32, grifo nosso). Atualmente, as concepções de Bruner vem sendo criticadas, pois, alguns pesquisadores consideram que a aprendizagem da descoberta poderá ser traba- lhada em uma perspectiva mecanicista. Além disso, o currículo não é o sufi ciente para promover uma educação de qualidade, outros fatores também são relevan- tes (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). FIGURA 8 - TEÓRICO COGNITIVISTA JEROME BRUNER FONTE: <https://wapo.st/2udDgFM>. Acesso em: 25 set. 2019. 23 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 Outro teórico cognitivista é Jean Piaget (1896-1980), o qual não elaborou uma teoria da aprendizagem, mas, sim, uma teoria do desen- volvimento, a Epistemologia Genética. [...] pesquisa essencialmente interdisciplinar que se propõe estudar a signifi cação dos conhecimentos, das estruturas operatórias ou de noções, recorren- do, de uma parte, a sua história e ao seu funciona- mento atual em uma ciência determinada (sendo os dados fornecidos por especialistas dessa ciência e sua epistemologia) e, de outra, ao seu aspecto lógi- co (recorrendo aos lógicos) e enfi m à sua forma psi- cogenética ou às suas relações com as estruturas mentais (esse aspecto dando lugar às pesquisas de psicólogos de profi ssão, interessados também na Epistemologia) (PIAGET, 1977, p. 77). Piaget tinha um interesse profundo pelo conhecimento científi co. Por isso, na sua teoria a ideia central é “o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas” (PIA- GET, 1976, s.p.). Podemos perceber na afi rmação de Piaget (1976) a refutação das concepções de aprendizagem defendidas nas abordagens behavioristas e gestalt. Nesse sentido, a autora Giusta (2013, p. 29, grifo nosso) destaca os prin- cipais aspectos da teoria de Piaget: Para Piaget, elas são resultantes da relação sujeito X objeto, relação essa em que os dois termos não se opõem, mas se so- lidarizam, formando um todo único. As ações do sujeito sobre o objeto e deste sobre aquele são recíprocas. O ponto de partida não é o sujeito, nem o objeto, e, sim, a periferia de ambos; as- sim, o desenvolvimento da inteligência vai-se operando da peri- feria para o centro, na direção dos mecanismos centrais da ação do sujeito (dando lugar ao conhecimento lógico-matemático) e das propriedades intrínsecas do objeto (dando lugar ao conheci- mento do mundo). Essa direção no sentido do sujeito e do objeto não deve ser entendida como uma polarização: o conhecimento lógico-matemático e o conhecimento do mundo objetivo se rela- cionam mutualmente. É fácil verifi car, pois, que, para Piaget, o sujeito constitui como o meio uma totalidade, sendo, portanto, passível de desequi- líbrio, em função das perturbações desse meio. Isso o obriga a um esforço de adaptação, de readaptação, a fi m de que o equilíbrio seja restabelecido. A adaptação, ou o restabelecimento do equilíbrio, comporta dois processos distintos, porém indissociáveis, que são a assi- milação e a acomodação. A assimilação cognitiva consiste na incorporação, pelo sujeito, de um elemento do mundo exterior às suas estruturas de conhe- cimento, aos seus esquemas sensório-motores ou conceituais. Na assimilação, portanto, o sujeito age sobre os objetos que o Outro teórico cognitivista é Jean Piaget (1896-1980), o qual não elaborou uma teoria da aprendizagem, mas, sim, uma teoria do desenvolvimento, a Epistemologia Genética. 24 Aprendizagem Cooperativa rodeiam, aplicando esquemas já constituídos ou já solicitados anteriormente. A acomodação, termo complementar da relação sujeito/objeto, representa o momento da ação do objeto sobre o sujeito. A solicitação do meio não é atendida pelos esquemas de assimilação, para que a adaptação possa efetivar-se, impondo- -lhe a modifi cação de seu ciclo assimilador, para que a adapta- ção posso efetivar-se. Chamamos a atenção para o fato de que a assimilação/acomo- dação, desde os seus primórdios, apresenta-se como um ponto de partida relativo, como suporte para uma equilibração majo- rante, isso é, para o restabelecimento do equilíbrio não apenas como uma volta ao equilíbrio anterior, mas como formação de um novo equilíbrio, ou, mais precisamente, de um melhor equilí- brio. Esse equilíbrio de nível superior funciona, então, como um novo ponto de partida, e assim sucessivamente. Para que essa equilibração majorante tenha lugar, Piaget acen- tua uma função paralela à adaptação: a função da organização. A adaptação não pode ser dissociada da função de organização, pois, à medida que o indivíduo assimila/acomoda, a organiza- ção se faz presente, para integrar uma nova estrutura a uma outra estrutura pré-existente, que, mesmo total, passa a fun- cionar como subestrutura. Constata-se então, que a função de organização garante a totalidade, através da solidariedade dos mecanismos de diferenciação e de integração, preservando a continuidade e a transformação. As abordagens de Piaget sobre aprendizagem infl uenciaram fortemente a educação a partir dos anos 1980 quando as teorias behavioristas foram supera- das. De modo que, o cognitivismo tem infl uenciado educadores do mundo todo até os dias atuais. Para conhecer um pouco mais sobre Jean Piaget acesse ao blog “Psicologia da Educação” da Universidade Federal do Rio Gran- de do Sul (UFRGS), disponível em: <www.ufrgs.br/psicoeduc/piaget/ autobiografi a-jean-piaget-parte1/>. 25 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 FIGURA 9 - TEÓRICO COGNITIVISTA JEAN PIAGET FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o- -biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microscopio>. Com relação às abordagens sobreaprendizagem de David Ausubel (1918- 2008), Figura 10, destacamos o conceito de aprendizagem signifi cativa, muito uti- lizado na sala de aula. De acordo com Ostermann e Cavalcanti (2011, p. 34), a aprendizagem signifi cativa é compreendida como: O conceito central da teoria de Ausubel é o de aprendizagem signifi cativa, um processo através do qual uma nova informa- ção se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivíduo. Nesse processo a nova informação interage com uma estrutura de co- nhecimento específi ca, a qual Ausubel chama de “subsunçor”, existente na estrutura cognitiva de quem aprende. O “subsun- çor” é um conceito, uma ideia, uma proposição já existente na estrutura cognitiva, capaz de servir de “ancoradouro” a uma nova informação de modo que ela adquira, assim, signifi cado para o indivíduo: a aprendizagem signifi cativa ocorre quando a nova informação “ancora-se” em conceitos relevantes pré-exis- tentes na estrutura cognitiva. 26 Aprendizagem Cooperativa Na abordagem de Ausubel a aprendizagem signifi cativa é o pro- cesso mais relevante na aprendizagem escolar, pois, o fator fundamen- tal que estimula a aprendizagem é aquilo que o estudante já conhece. Outro ponto destacado nessa abordagem é a crítica a aprendizagem mecânica, na qual a informação adquirida não se relaciona com as informações existente na estrutura cognitiva do estudante (OSTER- MANN; CAVALCANTI, 2011, p. 34). FIGURA 10 - TEÓRICO COGNITIVISTA DAVID AUSUBEL FONTE: <http://www.ppd.net.br/david-ausubel/>. Acesso em: 25 set. 2019. Para conhecer um pouco mais sobre David Ausubel assista ao vídeo “A aprendizagem signifi cativa de David Paul Ausubel” do Canal Educar é um ato de persistir com delicadeza do educador Geraldo Peçanha de Almeida, disponível em: <https://www.youtube.com/wat- ch?v=wZzwpF2S1uY>. Na teoria humanista são inserimos novos fatores responsáveis pelo processo de aprendizagem do sujeito, como sentimentos e ações. Nessa teoria a aprendi- zagem é desenvolvida mediante as atitudes do aprendente, como afi rma Moreira (1999, p. 16): Na abordagem de Ausubel a aprendizagem signifi cativa é o processo mais relevante na aprendizagem escolar, pois, o fator fundamental que estimula a aprendizagem é aquilo que o estudante já conhece. 27 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 Neste enfoque, a aprendizagem não se limita a um aumento de conhecimentos. Ela é penetrante, visceral, e infl ui nas escolhas e atitudes do indivíduo. Pensamentos, sentimentos e ações es- tão integrados, para bem ou para mal. Não tem sentido falar do comportamento ou da cognição sem considerar o domínio afetivo, os sentimentos do aprendiz. O principal representante da teoria humanista é Carl Rogers (1902-1987). Para ele a aprendizagem signifi cativa é um processo mais profundo que envolve os sentimentos e o intelecto: Rogers segue uma abordagem humanista, muito diferenciada das anteriores, pois seu objetivo não é o controle do compor- tamento, o desenvolvimento cognitivo ou a formulação de um bom currículo e sim o crescimento pessoal do aluno. Essa abordagem considera o aluno como pessoa e o ensino deve facilitar a sua autorrealização, visando à aprendizagem “pela pessoa inteira”, que transcende e engloba as aprendizagens afetiva, cognitiva e psicomotora. Para Rogers, só uma mudan- ça muito grande na direção básica da educação pode atender às necessidades da cultura de hoje. O ponto fi nal de nosso sistema educacional, de acordo com Rogers, deve ser o de- senvolvimento de pessoas “plenamente atuantes”. O objetivo educacional deve ser a facilitação da aprendizagem (OSTER- MANN; CAVALCANTI, 2011, p. 37). Para que ocorra a aprendizagem é fundamental que haja comunicação entre os sujeitos, para isso é essencial um ambiente permeado de compreensão e ação em- pática entre as pessoas envolvidas no processo de aprendizagem. Além disso, essa teoria destaca a importância das habilidades e competências de autonomia, criativi- dade, autocrítica, dentre outras (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011, grifo nosso). FIGURA 11 - TEÓRICO HUMANISTA CARL ROGERS FONTE: <http://humana.social/teoria-geral-de-carl-rogers/>. Acesso em: 25 set. 2019. 28 Aprendizagem Cooperativa Para aprofundar o seu conhecimento sobre a teoria humanista de Carl Rogers, acesse ao site Revista on-line “Nova Escola”, dispo- nível no link a seguir: <https://novaescola.org.br/conteudo/1453/carl- -rogers-um-psicologo-a-servico-do-estudante>. As teorias socioculturais da aprendizagem atribuem a cultura um importante papel na formação humana. Segundo Folque (2012, p. 1), “à medida que os indiví- duos agem, interagem e participam em atividades conjuntas, são introduzidos nos modos culturais de construção do conhecimento, assim como nos conhecimentos que se acumularam na sociedade ao longo da história”. Desta forma, podemos considerar que as relações sociais infl uenciam os processos de aprendizagem no espaço escolar. O principal representante dessa teoria é Lev Semenovitch Vygotsky (1896- 1934), o qual afi rma que a sociedade, a cultura, a linguagem, os sistemas de sig- nos são elementos fundamentais no processo de formação humana. Outro ponto importante na teoria de Vygotsky é o professor que atua como elemento essencial na interação social do aluno (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). O conceito central da teoria de Vygotsky é o de atividade, que é a unidade de construção da arquitetura funcional da consci- ência; um sistema de transformação do meio (externo e interno da consciência) com ajuda de instrumentos (orientados externa- mente; devem necessariamente levar a mudanças nos objetos) e signos (orientados internamente; dirigidos para o controle do próprio indivíduo). Uma atividade entendida como mediação em que o emprego de instrumentos e signos representa a unida- de essencial de construção da consciência humana, entendida como contato social consigo mesmo e, por isso, constituída de uma estrutura semiótica (estrutura de signos) com origem na cultura. Para Vygotsky, o desenvolvimento humano está defi nido pela interiorização dos instrumentos e signos; pela conversão dos sistemas de regulação externa em meios de autorregulação (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011, p. 45). A fi nalidade da educação é a construção de uma consciência elaborada por meio da cultura. (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Portanto, nessa sessão aprendemos sobre a aprendizagem humana e as suas diversas concepções ela- boradas ao longo do desenvolvimento social e científi co. Nesse momento, é im- portante ressaltamos a importância de o futuro professor conhecer essas concep- ções para prepará-lo para atuar de forma consciente na sala de aula, bem como compreender o processo de aprendizagem do estudante para que possa ofertar 29 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 um espaço motivador de novas e signifi cativas aprendizagens no ambiente da sala de aula (ILLERIS, 2013). FIGURA 12 - TEÓRICO SOCIOCULTURAL DA APRENDIZAGEM VYGOTSKY FONTE: <https://amenteemaravilhosa.com.br/as-7-melhores- -frases-de-vygotsky/>. Acesso em: 25 set. 2019. Para conhecer um pouco mais sobre a abordagem educacional de Vygotsky, leia a obra de Vygotsky: Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991. Dentre as teorias contemporâneas, destacamos a Teoria das Inte- ligências Múltiplas (TIM) de Howard Gardner, resultado de pesquisas voltadas para investigar a natureza do “Potencial Humano”. Em 1983, o pesquisador Gardner publicou a obra “Frames of Mind” (Estruturas da Mente), marcando a data de nascimento da TIM, a qual indica a existên- cia de sete inteligências básicas humanas, infl uenciando fortemente a educação nos anos 1990 (SABINO; ROQUE, 2006). [...] a teoria das inteligências múltiplas diverge dos pontos de vista tradicionais. Numa visão tradicional, a inteligência é defi nida operacionalmente como a capacidadede responder a itens em testes de inte- ligência. A inferência a partir dos resultados de tes- Em 1983, o pesquisador Gardner publicou a obra “Frames of Mind” (Estruturas da Mente), marcando a data de nascimento da TIM, a qual indica a existência de sete inteligências básicas humanas, infl uenciando fortemente a educação nos anos 1990 (SABINO; ROQUE, 2006). 30 Aprendizagem Cooperativa tes, de alguma capacidade subjacente, é apoiada por técnicas estatísticas que comparam respostas de sujeitos em diferen- tes idades; a aparente correlação desses resultados de testes através das idades e através de diferentes testes corrobora a noção de que a faculdade geral da inteligência, g, não muda muito com a idade ou com treinamento ou experiência. Ela é um atributo ou faculdade inata do indivíduo. A teoria das inteligências múltiplas, por outro lado, pluraliza o conceito tradicional. Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importan- tes num determinado ambiente ou comunidade cultural. A ca- pacidade de resolver problemas permite à pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a rota adequada para esse objetivo. A criação de um produto cultural é crucial nessa função, na medida em que captura e transmite o conhecimento ou expressa as opiniões ou os sentimentos da pessoa. Os problemas a serem resolvidos variam desde teorias científi cas até composições musicais para campanhas políticas de sucesso (GARDNER,1995, p. 21, grifo nosso). Gardner (1995) assinala que a inteligência deverá ser compreendida a partir da capacidade do sujeito em solucionar problemas que são relevantes para um determinado contexto social. Sendo assim, “a compreensão da inteligência passa a signifi car a compreensão de inteligências, não mais quanto a pessoa é inteligen- te, mas como a pessoa é inteligente” (SALES; ARAÚJO, 2018, p. 683). Nesse sentido, a inteligência não está relacionada somente às questões cognitivas e à capacidade de aprender ou com- preender, bem como não decorre somente da possiblidade de percepção e apreensão por uma atividade pensante inerente à condição humana e que possibilita conferir sentido, limite, ordem e medida ao universo e a seus seres. Inteligência é aqui abordada em seu sentido prático, como o conjunto de capaci- dades que o indivíduo possui para resolver de forma adequada determinados problemas e desafi os (SALES; ARAÚJO, 2018, p. 685). A partir dessa perspectiva de inteligência, Gardner (1995) elaborou oito ti- pos de inteligências, classifi cadas como: a inteligência linguística, a inteligência lógico-matemático, a inteligência espacial, a inteligência corporal-cinestésica, a inteligência musical, a inteligência interpessoal, a inteligência intrapessoal, a inte- ligência naturalista: 1. Inteligência linguística, que é desenvolvida em alto grau, por exemplo, nos escritores e poetas; 2. Inteligência lógico-mate- mática, relacionada com a capacidade de raciocinar de forma lógica e organizada; 3. Inteligência espacial, relacionada à ca- pacidade de “formar um modelo mental de um mundo espacial e de ser capaz de manobrar e operar utilizando este modelo”, se apresenta com alto grau de desenvolvimento nos engenhei- ros, marinheiros, pintores, cirurgiões etc.; 4. Inteligência musi- cal, identifi cada, por exemplo, em seu grau mais elevado em 31 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig Van Beethoven13. 5. In- teligência corporal-cinestésica, entendida como a capacidade de solucionar problemas e elaborar produtos com a utilização do corpo, desenvolvida de forma mais acentuada em bailarinos, atletas, artistas e todos aqueles que possuem alto grau de de- senvolvimento de suas atividades corporais. 6. Inteligência in- terpessoal, difícil de ser estudada, haja vista tratar-se da capa- cidade de compreender as pessoas, de entender o que motiva os seres humanos, como eles trabalham, etc., esta inteligência está presente em professores, políticos, líderes religiosos, ges- tores que apresentam um alto grau de capacidade de compre- ensão da atividade humana. 7. Inteligência intrapessoal, que é a capacidade de “formar um modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida”14. Em uma nova fase de suas pesquisas, Gardner acres- centa a oitava inteligência à lista inicial, a inteligência naturalis- ta, que inclui a perícia no reconhecimento e na classifi cação das espécies do meio ambiente, fauna e fl ora (SALES; ARAÚJO, 2018, p. 688-687, grifo do autor). A TIM contribui para os professores desenvolverem um processo de ensino e aprendizagem que valoriza as individualidades dos estudantes, tal fator propõe mudanças na: a) formação inicial e continuada do professor que aborda conte- údos que potencializam as diversas inteligências; b) no currículo que terá como centro as diversas formas de aprender e inteligência dos estudantes; c) nas prá- ticas pedagógicas, em vista que, são necessários procedimentos metodológicos, avaliações, processo de ensino-aprendizagem, espaços e tempos diversifi cados que respeitem e motivem as diversas formas de aprender, consequentemente será necessário redesenhar a estrutura tradicional da escola para contemplar as especifi cidades e habilidades dos estudantes. FIGURA 13 - TEÓRICO CONTEMPORÂNEO HOWARD GARDNER FONTE: <http://docenteinovador.blogspot.com/2014/11/inteligen- cias-multiplas-de-haward.html>. Acesso em: 25 set. 2019. 32 Aprendizagem Cooperativa Atividades de Estudo: 1 Os estudos sobre aprendizagem humana têm evoluído ao longo do tempo, em conjunto com o desenvolvimento social, educacional, científi co, cultural da sociedade. Sobre o desenvolvimento dos es- tudos no campo de conhecimento sobre a aprendizagem humana, classifi que V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Na Pré-história o homem manifesta o seu interesse em trans- mitir conhecimento por meio de diversos materiais como a pe- dra e a cerâmica. ( ) Na Idade Moderna os estudos sobre a aprendizagem humana mantêm o foco em valores morais, condutas e regimes funda- mentados na religião. ( ) A Idade Média conhecida pela época da racionalização do ho- mem investiu nos estudos sobre o processo de aprendizagem da criança com base na ciência. ( ) Na Antiguidade a família era um dos espaços de aprendiza- gem da criança, uma vez que, atuava sobre a identidade do sujeito por meio de uma forte ação ideológica. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F - V. b) ( ) F - V - F - V. c) ( ) F - F - F - V. d) ( ) V - F - V - F. 2 No século XX teorias explicativas a respeito da aprendizagem hu- mana são elaboradas, promovendo um importante crescimento nos estudos da Psicologia da Educação. Sobre os novos elemen- tos inseridos no processo de aprendizagem a partir dos estudos do século XX, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Inteligência, Memória, Moralismo, Atenção. b) ( ) Atenção, Militarismo, Interesse, Inteligência. 33 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 c) ( ) Religião, Memória, Inteligência, Interesse. d) ( ) Atenção, Interesse, Memória e Inteligência. 3 Nos anos 1960 e 1970 o Behaviorismo infl uenciou fortemente a educação escolar, de modo que diversas escolas organizaram o processo de ensino e de aprendizagem em torno de reforçadores positivos. Sobre os principais teóricos que defendem as ideias da teoria do behaviorismo, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Vygotsky, Skinner, Watson. b) ( ) Rogers, Skinner, Piaget. c) ( ) Skinner, Watson, Thorndike. d) ( ) Thorndike, Piaget, Rogers. 4 As teorias da aprendizagem indicam importantes fatores que con- tribuem para a construção do processo de aprendizagem no am- biente educativo. Sobre a teoria da aprendizagem que insere os sentimentos e as atitudesdo sujeito como elementos relevantes no processo de aprendizagem, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Teoria sociocultural. b) ( ) Teoria da Gestalt. c) ( ) Teoria Behaviorista. d) ( ) Teoria Humanista. 5 As teorias contemporâneas da aprendizagem consideram as es- truturas mentais como elementos que deverão ser considerados no processo de aprender do aluno. Com base na fi gura a seguir, assinale a alternativa CORRETA que apresenta a teoria da apren- dizagem que a fi gura representa: 34 Aprendizagem Cooperativa FONTE: <https://psychigor.wordpress.com/2017/11/28/perca-a-razao-e- -recupere-os-sentidos-gestalt-terapia/>. Acesso em 29 set. 2019. a) ( ) Teoria Behaviorista. b) ( ) Teoria da Gestalt. c) ( ) Teoria Comportamentalista. d) ( ) Teoria Cognitivista. 3 OS PRINCIPAIS FATORES QUE MOTIVAM A APRENDIZAGEM NA SALA DE AULA A motivação da aprendizagem no espaço escolar, é realizada por diversos elementos, de modo que não depende somente das habilidades cognitivas do es- tudante para obter sucesso no processo educativo (SOUZA, 2010). No entanto, antes de adentrarmos nos fatores que favorecem a aprendizagem é fundamental conhecermos o conceito de motivação. 35 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 FIGURA 14 - REPRESENTAÇÃO DE ALUNOS MOTIVADOS PARA APRENDER FONTE: <http://knoow.net/ciencsociaishuman/psicologia/mo- tivacao-escolar/>. Acesso em: 25 set. 2019. De acordo com Bzuneck (2009, p. 9), “motivação, ou motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que põe em ação ou a faz mudar de curso, a motivação tem sido entendida ora como um fator psicológico, ou conjunto de fatores, ora como um processo”. A motivação é um im- portante elemento na ação de aprender um determinado conteúdo na sala de aula, para que ela aconteça é necessário: Um conjunto de variáveis que ativam a conduta e orientam um determinado sentido para poder alcan- çar um objetivo e que estudar a motivação consiste em analisar os fatores que fazem as pessoas com- preender determinadas ações dirigidas a alcançar objetivos (TAPIA, 1999, p. 77). A motivação é classifi cada em extrínseca e intrínseca. Para Walker (2002, p. 471), a “motivação intrínseca e extrínseca refere-se a fonte da motivação de uma pessoa. A motivação intrínseca se relaciona com o estímulo ou a necessi- dade interior que nos impulsiona. Já a motivação extrínseca é causada por um estímulo externo”. Para Tapia (1999), a motivação extrínseca e intrínseca se rela- ciona, de modo que, existe uma interdependência entre ambas. De acordo com Bzuneck (2009, p. 9), “motivação, ou motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que põe em ação ou a faz mudar de curso, a motivação tem sido entendida ora como um fator psicológico, ou conjunto de fatores, ora como um processo”. 36 Aprendizagem Cooperativa FIGURA 15 - MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA E INTRÍNSECA FONTE: <http://useronboarding.com.br/motivadores/>. Acesso em: 25 set. 2019. De acordo com Tapia (1999), a motivação extrínseca relaciona-se com metas externas, situações em que o comportamento é desenvolvido com o objetivo de receber uma recompensa ou evitar uma punição. Enquanto, a motivação intrínse- ca corresponde a satisfação de cumprir um objetivo ou meta preestabelecida. Utilize o Repositório da Produção Científi ca e Intelectual da Uni- camp para pesquisar sobre os estudos atuais que abordam os fato- res que motivam a aprendizagem, disponível no link a seguir: <http:// repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/330387>. No contexto educativo, segundo Ribeiro (2011, p. 2), quando apre- sentamos metas aos alunos poderemos motivar a aprendizagem deles: Os alunos com metas de aprendizagem envolvem-se mais facilmente na própria aprendizagem, de forma a adquirir co- nhecimentos e desenvolver competências, enquanto que os alunos com metas de rendimento estão mais preocupados em demonstrar os seus níveis de competência e com os juízos positivos que deles se possa fazer. Para que isso aconteça é fundamental o professor atuar como motivador da aprendizagem. Ribeiro (2011, p. 3) afi rma que “é desejável que o professor pro- mova na sala de aula um ambiente afável, transmitindo ao aluno um sentimento de pertença, onde se sinta integrado e veja legitimadas as suas dúvidas e os seus pedidos de ajuda”. Para que isso aconteça é fundamental o professor atuar como motivador da aprendizagem. 37 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 Para tanto, para motivar a aprendizagem dos estudantes o professor pode- rá utilizar estratégias de aprendizagem que consistem em “planos formulados pelos estudantes para atingirem objetivos de aprendizagem e, em um nível mais específi co, como qualquer procedimento adotado para a realização de uma deter- minada tarefa” (LOPES DA SILVA; SÁ, 1993, p. 19). FIGURA 16 - REPRESENTAÇÃO DE UM PROFESSOR ACOMPANHANDO OS ALUNOS NAS ATIVIDADES FONTE: <https://www.vpeventos.com/blog/motivacao-para-alunos-conheca-5-tecnicas-efi - cazes/>. Acesso em: 25 set. 2019. Neste sentido, Souza (2010) indica que as estratégias de aprendizagem se classifi cam em diversas ações, nesse momento iremos estudar as principais e atuais estratégias, são elas as estratégias cognitivas e as metacognitivas: [...] as estratégias cognitivas se referem a comportamentos e pensamentos que propiciem que a informação seja armaze- nada mais efi cientemente (por exemplo: ensaio, elaboração, organização). Já as estratégias metacognitivas constituem procedimentos que o indivíduo usa para planejar, monitorar e regular seu próprio pensamento. De modo geral, conclui-se que as estratégias cognitivas estão diretamente relacionadas à execução de tarefas, ao passo que as estratégias metacognitivas geralmente são mais amplas e implicam na organização, regulação e mesmo na avaliação do uso das estratégias cognitivas. Ressalta-se ainda que o moni- 38 Aprendizagem Cooperativa toramento pode informar se uma estratégia em par- ticular está promovendo resultados efetivos e se o estudante está alcançando níveis de desempenho adequados aos seus padrões internos (SOUZA, 2011, p. 97, grifo nosso). A autora indica, ainda, que essas estratégias auxiliam no plane- jamento e monitoramento do desempenho dos estudantes (SOUZA, 2011). Além das estratégias de aprendizagem, o professor poderá utili- zar fatores motivacionais como metas de realização, crenças de autoe- fi cácia, valor da tarefa, de acordo com as necessidades e os interesses dos estudantes no espaço educativo (SOUZA, 2011). FIGURA 17 - REPRESENTAÇÃO DE ESTUDANTES RESOLVENDO TAREFAS FONTE: <http://ww.abim.inf.br/no-brasil-uma-benefi ca-mare-montante-a- -educacao-domiciliar/#.XP7d39RKjIU>. Acesso em: 25 set. 2019. As metas de realização estão classifi cadas em meta aprender e meta perfor- mance: [...] há dois grandes grupos de metas estabelecidas pelos alu- nos: meta aprender, predominantemente relacionada à tarefa, na qual os alunos geralmente são intrinsecamente motivados, Além das estratégias de aprendizagem, o professor poderá utilizar fatores motivacionais como metas de realização, crenças de autoefi cácia, valor da tarefa, de acordo com as necessidades e os interesses dos estudantes no espaço educativo (SOUZA, 2011). 39 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 tendo como principal objetivo aperfeiçoar os conhecimentos, e meta performance, na qual o aluno busca primordialmente evidenciar capacidades ou esconder lacunas nas mesmas. As metas afetam as ações, portanto, a cada conjunto de me- tas se atribuem diferentes comportamentos. A meta aprender é em geral relacionada à escolha de tarefas desafi adoras, maior esforço despendido, valorização do próprio progresso [...] Já na meta performance, busca-se obter notas altas, superando os demais colegas e demonstrando o próprio valor através de comparações sociais. O estudante orientado a esse tipo de metaevita demonstrar que não domina um assunto e, portan- to, escolhe tarefas mais fáceis e menos desafi adoras (SOUZA, 2011, p. 99-100, grifo nosso). Souza (2011) afi rma, ainda, que as metas de realização poderão relacionar- -se com as experiências pessoais na família e grupos sociais. Tal informação de- monstra que os estudantes, também, estão preocupados com as suas realizações pessoais fora da escola (SOUZA, 2011). Para aprofundar o seu conhecimento sobre metas de realização sugerimos a leitura do artigo “Uma abordagem sócio-cognitivista à motivação do aluno: a teoria de metas de realização” do autor Bzu- neck (1999). Com relação às crenças de autoefi cácia, Souza (2011) afi rma que essas es- tratégias de motivação da aprendizagem relacionam-se na crença dos estudantes acerca das suas capacidades para realizar as tarefas e os desafi os educacionais: Acrescenta-se que a autoefi cácia constitui um importante me- canismo de agência, pois muitas ações exercidas no ambiente são reguladas pelas crenças dos indivíduos em suas capaci- dades para exercê-las [...]. A autoefi cácia é formada a partir de quatro fontes de informação: experiências de êxito, expe- riências vicariantes, persuasão social e estados afetivos ou fi - siológicos [...]. Dessa forma, tem se tornado evidente o papel da escola em promover não somente capacidades cognitivas, mas favorecer o desenvolvimento de crenças autorreferen- ciadas favoráveis para sustentar o uso dessas capacidades. Como resultado de diversos estudos que têm confi rmado as formulações teóricas, é possível afi rmar que essas crenças têm uma infl uência na ação, na motivação e nos processos cognitivos, sendo estes últimos, relacionados à antecipação de consequências e resultados de ações. Aplicando-se o conceito 40 Aprendizagem Cooperativa ao contexto escolar, entende-se que a autoefi cácia pode afetar a motivação dos alunos para realizar as tarefas ou evitá-las, as reações dos estudantes diante de suas realizações e até mesmo as suas escolhas profi ssionais. Essa é uma importan- te justifi cativa para que diversos estudos tenham sido condu- zidos, relacionando este constructo ao desempenho escolar (SOUZA, 2011, p. 101). O autor ressalta que a relevância dessa estratégia de motivação de apren- dizagem favorece o desempenho dos estudantes, uma vez que, as expectativas positivas estimulam a persistência nas soluções dos desafi os (SOUZA, 2011). O valor da tarefa “envolve crenças sobre a importância, interesse e peso de determinada tarefa ou disciplina do contexto escolar” (SOU- ZA, 2011, p. 102). Desta forma, é importante que os professores ela- borem tarefas que possuem utilidade para a vida profi ssional e pessoal dos alunos, importância do conteúdo abordado e sejam relacionadas com os interesses dos estudantes. Além das estratégias de aprendizagem citadas anteriormente, a autora Col- vara (2014, p. 2) indica outros elementos fundamentais que motivam a aprendiza- gem na escola, são eles: • Clima favorável. • Ambiente físico adequado para a escolarização. • Metodologia signifi cativa. • Material didático relevante. • Participação familiar. • Projeto Pedagógico adequado às necessidades da comunidade escolar. • Formação continuidade aos professores e demais profi ssionais da escola. • Merenda escolar de qualidade aos estudantes. • Tempo escolar bem trabalhado e aproveitado. Estes elementos no ambiente escolar deverão ser desenvolvidos com quali- dade e efi ciência pelos professores, coordenadores pedagógicos, gestores esco- lares, demais funcionários da escola e gestores públicos, pois, todas as pessoas possuem o direito de aprender em um espaço educativo favorável à sua aprendi- zagem, representando na fi gura a seguir. O valor da tarefa “envolve crenças sobre a importância, interesse e peso de determinada tarefa ou disciplina do contexto escolar” (SOUZA, 2011, p. 102). 41 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 FIGURA 18 - REPRESENTAÇÃO DE UMA SALA DE AULA FONTE: <https://materiais.teddybear.com.br/2018/07/10/diferencas- -entre-curso-e-escola-de-ingles/>. Acesso em: 25 set. 2019. Para saber mais e conhecer outras metodologias de ensino rele- vantes para motivar a aprendizagem, sugerimos a leitura dos autores Bacich e Moran (Org.): Metodologias Ativas para uma Educação Ino- vadora: Uma Abordagem Teórico-Prática. Penso. 2018. Outro aspecto que motiva a aprendizagem na sala de aula é a cooperação entre os alunos-alunos e alunos-professor. Segundo Magalhães (2014), em virtu- de que, a aprendizagem por meio da cooperação permite estimular a participação do estudantes, a visão crítica, a negociação de ideias convergentes, a ação do professor enquanto mediador da aprendizagem, a interação entre os estudantes na sala de aula com intuito de resolver um determinado desafi o proposto pelo pro- fessor, como veremos com mais profundidade no próximo capítulo. Contudo, nesta sessão identifi camos e compreendemos os principais ele- mentos que motivam a aprendizagem na sala de aula, como também, a importân- 42 Aprendizagem Cooperativa cia de o professor atuar como um agente motivador da aprendizagem dos seus alunos. Percebemos, ainda, a importância de um ambiente escolar organizado e efi ciente para a promoção do processo de ensino e aprendizagem como direito de todos os sujeitos a uma educação de qualidades e a cooperação como aspecto estimulador da aprendizagem no espaço escolar. Atividades de Estudo: 1 Motivar a aprendizagem dos estudantes na sala de aula é funda- mental para a promoção de um processo educativo signifi cativo. Sobre os fatores que motivam a aprendizagem, classifi que V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A motivação da aprendizagem depende exclusivamente das habilidades cognitivas do aluno. ( ) O material didático, o projeto pedagógico da escola, metodo- logia de ensino, são elementos fundamentais para motivar a aprendizagem no espaço escolar. ( ) As tarefas escolares apresentam pouco relevância na motiva- ção da aprendizagem do aluno. ( ) A ação de evitar um castigo é considerada uma motivação ex- trínseca no ambiente escolar. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F - V - F - V. b) ( ) F - V - V - V. c) ( ) F - F - F - V. d) ( ) V - F - V - F. 2 O professor poderá utilizar a motivação intrínseca para promover a aprendizagem na sala de aula. Sobre as habilidades ou competências que correspondem a esse tipo de motivação, assinale a alternativa CORRETA: 43 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 a) ( ) Recompensa, cooperação, castigo. b) ( ) Autonomia, domínio e propósito. c) ( ) Recompensa, domínio e cooperação. d) ( ) Autonomia, propósito e recompensa. 3 Nos anos 1960 e 1970 uma determinada teoria da aprendizagem infl uenciou fortemente a educação escolar, de modo que diversas escolas organizaram o processo de ensino e de aprendizagem em torno dos reforçadores positivos. Qual teoria da aprendiza- gem defende o uso dos reforçadores positivos? a) ( ) Teoria da Cognitivismo. b) ( ) Teorias Socioculturais. c) ( ) Teoria Behaviorista. d) ( ) Teoria da Gestalt. 4 A tarefa escolar poderá ser utilizada como estratégia motivadora de aprendizagem na sala de aula pelo professor, para isso é fun- damental integrar valor as atividades escolares. Sobre os princi- pais aspectos que atribuem valor à tarefa, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Importância, interesse integrado as necessidades dos alunos e peso no contexto escolar. b) ( ) Interesse do professor, peso na disciplina e importância da matéria no contexto escolar. c) ( ) Peso na disciplina, interesse do professor e dos gestores, avaliação processual. d) ( ) Peso no contexto escolar, avaliação processual, castigo ou punição como nota. 44 Aprendizagem Cooperativa ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, compreendemosque a aprendizagem é um processo que compõe o desenvolvimento humano, de modo contínuo ao longo da vida do sujei- to. Diante de tal importância, percebemos que a ação de aprender um determina- do assunto ou ação é um dos focos centrais de estudos e pesquisas da psicologia enquanto ciência atualmente. Além disso, observamos que o processo de aprendizagem possui diferentes tonalidades em cada época da história humana, essas mudanças foram devidas aos valores, padrões e condutas sociais predominante nos períodos históricos que infl uenciavam a educação dos sujeitos. Com o desenvolvimento científi co, político, cultural, educacional, notamos um relevante avanço na área da psicologia contribuindo para o aprofundamento dos estudos acerca da aprendizagem humana. Desta forma, identifi camos as di- versas teorias da aprendizagem (behavioristas, gestalt, cognitivistas, humanistas, socioculturais) e suas respectivas compreensões sobre a aprendizagem. Desta forma, podemos afi rmam que diversos teóricos lutaram para a constru- ção de abordagens sobre aprendizagem com perspectivas para a atuação ativa do aluno no espaço educativo, com o objetivo de superar as teorias mecanicistas e idealistas que consideravam o aprendente como um sujeito que é apenas mol- dado pelo seu ambiente. Outro ponto importante foi a discussão a respeito dos fatores que motivam a aprendizagem no espaço escolar. Assim, identifi camos diversos elementos que compõem a motivação da aprendizagem escolar e o papel do professor nesse processo, como a motivação extrínseca (recompensa, status, evitar punição e competição) e intrínseca (autonomia, domínio, propósito, relacionamento signifi - cativo), as estratégias cognitivas e as metacognitivas, e os fatores motivacionais como metas de realização, crenças de autoefi cácia, valor da tarefa. Portanto, concluímos ressaltando a importância do futuro professor em com- preender o conceito de aprendizagem e as suas respectivas teorias, para atuar na sala de aula de modo consciente e signifi cativo, com o objetivo ofertar as melho- res condições de aprendizagem e construir um espaço educativo que estimula as habilidades e competências essenciais para o aluno atuar ativamente na socieda- de contemporânea. 45 A EPISTEMOLOGIA DA APRENDIZAGEM Capítulo 1 REFERÊNCIAS ABBAGNONO, N. Dicionário de Filosofi a. Editora Mestre Jou. São Paulo: 2007. ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2.ed. Tradução de Dora Flaksman. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2005. BACICH, L; MORAN, J. (Org.). Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora: Uma Abordagem Teórico-Prática. Penso, 2018. Edição do Kindle. BANDURA, A. Social foundations of thought and action: a social cognitive theory. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1986. BARBOSA, R.M.N.; JÓFILI, Z.M.S. 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