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Indaial – 2021 Operações pOrtuárias, aerOpOrtuárias e de pOrtO secO Prof. Evandro Moritz Luz 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Evandro Moritz Luz Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: L979o Luz, Evandro Moritz Operações portuárias, aeroportuárias e de porto seco. / Evandro Moritz Luz. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 191 p.; il. ISBN 978-65-5663-365-7 ISBN Digital 978-65-5663-361-9 1. Operações portuárias. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 387.1 apresentaçãO Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático Operações Portuárias, Aeroportuárias e de Porto Seco, que objetiva apresentar os principais conceitos relacionados às operações portuárias, aeroportuárias, operadores logísticos e de portos secos, bem como identificar e explicar o funcionamento dos agentes envolvidos em todas as operações logísticas que movimentam cargas para navios, aeronaves e demais veículos de transporte que interligam a cadeia logística. Serão tratados temas como planejamento, análise e avaliação das capacidades de instalações, layout e fluxos operacionais da logística portuária e aeroportuária, abrangendo, com mais detalhes, os tipos de cargas, os meios de transportes e demais equipamentos utilizados nas operações, assim como todas as características e funcionalidades necessárias para que um porto e/ou um aeroporto possa atender, de forma adequada, a demanda por ele esperada. Conheceremos o processo aduaneiro que regulamenta e fiscaliza todas as operações em pontos de fronteiras alfandegados, localizados em portos, aeroportos e demais operadores logísticos autorizados a movimentar cargas internacionais, entendendo a prática do despacho e da inspeção aduaneira. Inicialmente, na Unidade 1, serão apresentados os portos, os portos secos, os aeroportos e os prestadores de serviços logísticos, com os seus conceitos e suas características de funcionamento, de acordo com os modelos de exploração dos serviços a serem prestados. Identificaremos os principais tipos de veículos e equipamentos utilizados para armazenagem e movimentação das cargas em suas operações rotineiras, os tipos e as características de instalações físicas, bem como os órgãos intervenientes que regulamentam e fiscalizam os serviços ofertados por essas instalações. Na Unidade 2, compreenderemos o planejamento e a capacidade operacional de atendimento da demanda de cargas e serviços das principais instalações, os tipos e características de layout e os fluxos de movimentação que acontecem nas operações logísticas. Identificaremos o conceito e a representação das cadeias logísticas portuárias e aeroportuárias, como uma rede de agentes intervenientes que agem em várias atividades que se interligam com as empresas, cargas e instalações logísticas. Por fim, na Unidade 3, abordaremos o processo aduaneiro, o conceito e as funcionalidades das aduanas, como pontos alfandegados de regulamentação e fiscalização de cargas e os processos correlatos, com trâmites e legislação envolvidos. Estudaremos sobre os processos que avaliam os desempenhos operacionais de portos e aeroportos, com os seus indicadores de desempenho e gestão, para que o processo aconteça de forma constante, garantindo a melhoria nas mais diversas atividades que acontecem frequentemente. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Em um ambiente internacional de intensa movimentação de cargas e volumosas atividades operacionais em portos, aeroportos e demais operadores logísticos, a competitividade passa a ser fundamental para que as empresas e o comércio internacional funcionem com mais velocidade e eficiência. Assim, o papel de portos, aeroportos e demais operadores logísticos é estratégico, quando movimentam cargas, e os processos vinculados como elementos que se completam na cadeia logística mundial. Ótimos estudos! Prof. Evandro Moritz Luz Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumáriO UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO .....1 TÓPICO 1 — PORTOS .......................................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 TERMINAIS PORTUÁRIOS ............................................................................................................. 3 2.1 CONCEITO ...................................................................................................................................... 5 2.2 TIPOS E CARACTERÍSTICAS ..................................................................................................... 8 2.3 MODELO DE EXPLORAÇÃO .................................................................................................... 12 2.4 NAVIOS E CARGAS ..................................................................................................................... 13 2.5 INSTALAÇÕES ............................................................................................................................. 17 2.6 ÓRGÃOS INTERVENIENTES .................................................................................................... 19 2.6.1 Órgãos anuentes ................................................................................................................. 20 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 22 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 — PORTO SECO ............................................................................................................... 25 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................25 2 TERMINAIS PORTUÁRIOS SECOS ......................................................................................... 25 2.1 CONCEITO .................................................................................................................................... 27 2.2 TIPOS E CARACTERÍSTICAS .................................................................................................... 27 2.3 MODELOS DE EXPLORAÇÃO .................................................................................................. 29 2.4 INSTALAÇÕES ............................................................................................................................ 30 2.5 ÓRGÃOS INTERVENIENTES .................................................................................................... 32 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 33 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34 TÓPICO 3 — AEROPORTOS ............................................................................................................. 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35 2 TERMINAIS AEROPORTUÁRIOS .............................................................................................. 35 2.1 CONCEITO .................................................................................................................................... 36 2.2 CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................... 38 2.3 MODELO DE EXPLORAÇÃO .................................................................................................... 39 2.4 AERONAVES E CARGAS ........................................................................................................... 41 2.5 INSTALAÇÕES ............................................................................................................................. 44 2.6 ÓRGÃOS INTERVENIENTES .................................................................................................... 46 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 47 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 48 TÓPICO 4 —PRESTADORES DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS ..................................................... 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 49 2 OPERADORES LOGÍSTICOS ........................................................................................................ 50 2.1 CONCEITO E FUNÇÃO .............................................................................................................. 50 2.2 TIPOS E CARACTERÍSTICAS .................................................................................................... 52 2.3 INSTALAÇÕES ............................................................................................................................. 54 2.4 ÓRGÃOS INTERVENIENTES .................................................................................................... 55 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 56 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 58 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 59 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 61 UNIDADE 2 — CAPACIDADE, LAYOUT E FLUXO DE OPERAÇÃO ..................................... 65 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO E CAPACIDADE OPERACIONAL DE PORTOS .................67 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67 2 OPERADOR PORTUÁRIO .............................................................................................................. 67 2.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS .......................................................................................... 68 2.2 LAYOUT ......................................................................................................................................... 70 2.3 PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES ..................................................................................... 72 2.4 FLUXO E MOVIMENTAÇÃO .................................................................................................... 75 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 78 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 79 TÓPICO 2 — PLANEJAMENTO E CAPACIDADE OPERACIONAL DE AEROPORTOS ..... 81 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81 2 OPERADOR AEROPORTUÁRIO ................................................................................................. 81 2.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS .......................................................................................... 82 2.2 LAYOUT ......................................................................................................................................... 84 2.3 PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES ........................................................................................ 86 2.4 FLUXO E MOVIMENTAÇÃO .................................................................................................... 88 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 92 TÓPICO 3 — LOGÍSTICA PORTUÁRIA ........................................................................................ 93 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 93 2 CADEIA LOGÍSTICO-PORTUÁRIA ........................................................................................... 93 2.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ......................................................................................... 94 2.2 AGENTES INTERVENIENTES ................................................................................................... 96 2.3 LAYOUT ........................................................................................................................................ 98 2.4 FLUXO OPERACIONAL ............................................................................................................ 99 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 103 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 104 TÓPICO 4 — LOGÍSTICA AEROPORTUÁRIA .......................................................................... 105 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105 2 CADEIA LOGÍSTICO-AEROPORTUÁRIA.............................................................................. 105 2.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ....................................................................................... 106 2.2 AGENTES INTERVENIENTES ................................................................................................ 109 2.3 LAYOUT ....................................................................................................................................... 111 2.4 FLUXO OPERACIONAL ........................................................................................................... 114 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 121 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 122 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 123 UNIDADE 3 — PROCESSO ADUANEIRO E DESEMPENHO OPERACIONAL ................ 127 TÓPICO 1 — FUNCIONALIDADE ADUANEIRA ..................................................................... 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129 2 ADUANA ........................................................................................................................................... 129 2.1 CONCEITO E FUNCIONAMENTO ........................................................................................ 130 2.2 DIVISÃO DOS SETORES/DEPARTAMENTOS ..................................................................... 131 2.3 PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES .................................................................................................... 134 2.4 TERMOS TÉCNICOS UTILIZADOS........................................................................................ 135 2.5 DESPACHANTES ADUANEIROS ........................................................................................... 136 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 140 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 141 TÓPICO 2 — MOVIMENTAÇÃO ADUANEIRA ........................................................................ 143 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 143 2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E REGULAMENTARES .......................................... 143 2.1 DOCUMENTAÇÃO .................................................................................................................. 144 2.2 ÓRGÃOS ENVOLVIDOS E SEUS REGULAMENTOS ......................................................... 148 2.3 TRÂMITES DE AUDITORIA .................................................................................................... 150 2.3.1 Regimes aduaneiros especiais .......................................................................................... 150 2.3.2 Classificação fiscal de mercadorias ................................................................................. 152 2.3.3 Desembaraço aduaneiro ................................................................................................... 154 2.3.4 Declaração Única de Exportação ..................................................................................... 155 2.3.5 Declaração de Importação (DI) ........................................................................................ 157 2.4 LEGISLAÇÃO ADUANEIRA ................................................................................................... 161 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 164 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 165 TÓPICO 3 — DESEMPENHO OPERACIONAL DE PORTOS ................................................. 167 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 167 2 AVALIAÇÃO PORTUÁRIA .......................................................................................................... 167 2.1 CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES .......................................................................................... 168 2.2 INDICADORES ........................................................................................................................... 170 2.3 GESTÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO ............................................................... 172 2.4 FATORES ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DAS OPERAÇÕES ....................................... 173 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 175 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 176 TÓPICO 4 — DESEMPENHO OPERACIONAL DE AEROPORTOS ...................................... 177 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 177 2 AVALIAÇÃO AEROPORTUÁRIA ............................................................................................... 177 2.1 CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES .......................................................................................... 178 2.2 INDICADORES ......................................................................................................................... 181 2.3 GESTÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO .............................................................. 183 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 185 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 187 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 188 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 189 1 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar o conceito e as principais características de portos, porto seco, aeroportos e prestadores de serviços logísticos; • analisar os modelos e as especificações de exploração dos serviços logísticos prestados; • examinar os tipos de cargas, navios, aeronaves e instalações dos operadores logísticos; • especificar os órgãos intervenientes que são envolvidos nas operações logísticas, e suas funcionalidades nos processos de regulamentação e fiscalização. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PORTOS TÓPICO 2 – PORTO SECO TÓPICO 3 – AEROPORTOS TÓPICO 4 – PRESTADORES DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 PORTOS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, daremos os primeiros passos para o aprendizadosobre os portos, que, na evolução histórica dos seus desenvolvimentos pelo mundo, foram conceituados por diversos estudiosos, bem como de acordo com a evolução de suas atividades operacionais, o que se caracterizou como elementos fundamentais para a movimentação de cargas entre o acesso terrestre e o marítimo dos países. Os navios, com as suas crescentes evoluções em tamanho e tecnologia, além da demanda cada vez maior por cargas no comércio internacional, exigem portos com infraestrutura adequada e gestão eficiente para suportarem as necessidades dos mais diversos segmentos de negócios. Além disso, devem possuir instalações com capacidade de realizar serviços simultâneos e envolvidas com muita tecnologia em equipamentos. Também se faz necessário elencar os principais órgãos intervenientes que regulam e fiscalizam as atividades portuárias, bem como a fiscalização de cargas, os documentos e demais processos que vinculam na entrada e saída de mercadorias em portos, pois estão localizados em pontos de acessos terrestre e marítimo como pontos de fronteiras, que devem ser monitorados frequentemente pelo governo federal do país. 2 TERMINAIS PORTUÁRIOS Para conhecermos o terminal portuário e suas características, é preciso entender o conceito de um porto e compreender a sua evolução, enquanto local destinado a realizar a movimentação de cargas de um navio para a terra, e da terra para um navio de carga ou de passageiros, ou seja, o porto enquanto um local físico que faz uma divisa entre mares, oceanos, rios e lagos navegáveis com acesso terrestre para uma determinada região. Nos primórdios da colonização do Brasil, os portos já desempenhavam um papel importante de interligação do comércio com Portugal, no desenvolvimento econômico do Brasil, também no desenvolvimento social com a chegada e/ou saída de passageiros, e também servir de local para armazenagem de mercadorias, sejam elas recebidas para adentrarem ao país, ou para serem enviadas como exportação. UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 4 Então, como podemos definir o que é um porto? Se já existia antigamente e até hoje é ainda muito utilizado, o seu conceito permanece o mesmo depois de tantos anos de utilização? UNI Mesmo com instalações físicas rudimentares, os portos já eram antigamente considerados locais apropriados para receberem embarcações por via marítima, seja pelos mares e oceanos, rios e lagos navegáveis. Esses locais apropriados eram estruturas construídas para que as embarcações pudessem realizar o descarregamento e/ou carregamento, tanto de mercadorias quanto de passageiros; para tanto, as estruturas de madeira, ou de outros materiais que evoluíram com o passar do tempo, eram instaladas em locais que permitissem que uma embarcação pudesse encostar nessas estruturas, com a profundidade de água suficiente para que a própria embarcação não viesse a atolar ou se prender na própria areia debaixo da água. Muitos pesquisadores e estudiosos no segmento portuário definiram portos como basicamente locais apropriados com infraestrutura necessária para que fosse possível o transbordo de mercadorias e/ou pessoas de navios para o acesso terrestre. Na Figura 1, temos o exemplo do Porto de Santos retratado por Marc Ferrez, em 1880, com embarques para exportação do café brasileiro, com instalações rudimentares, com muita atividade braçal e com pouca infraestrutura adequada para agilidade e segurança das operações. FIGURA 1 – PORTO DE SANTOS FONTE: <http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos091.htm>. Acesso em: 6 jul. 2020. TÓPICO 1 —PORTOS 5 A Figura 2 apresenta o Porto de Rio de Janeiro datado de 1931, com acesso marítimo adequado e um navio realizando a manobra para atracar no porto, com infraestrutura terrestre para recebê-lo e realizar a descarga e/ou carga de mercadorias. FIGURA 2 – PORTO DE RIO DE JANEIRO FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/16/fd/cd/16fdcd1acf8f999ca32f8baa08dc041f.jpg>. Acesso em: 6 jul. 2020. A seguir, entenderemos melhor o conceito de portos e de terminais portuários, bem como a evolução conceitual por parte de pesquisadores e da atualidade estrutural dos terminais portuários. 2.1 CONCEITO Na história portuária, o conceito de porto foi, por muitos anos, basicamente a interface, ou seja, a ligação entre o transporte terrestre e o transporte marítimo, uma área reservada para a descarga e/ou carga de mercadorias, como também o desembarque e/ou embarque de pessoas em navios. A necessidade da melhoria da infraestrutura disponível, bem como de equipamentos, tecnologias e serviços agregados dos portos oferecidos aos embarcadores e proprietários das companhias de navegação ao longo da história portuária, acarretou uma melhor definição conforme as suas evoluções no mundo e também no Brasil. UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 6 Um marco, na história portuária no Brasil, foi a Lei n° 8.630, de 25 de fevereiro de 1993 (BRASIL, 1993), que dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias e dá outras providências. Nessa lei, há uma definição clara de um porto: “I- Porto organizado: o construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária” (BRASIL, 1993). Nesse conceito, fica clara a importância do porto enquanto infraestrutura disponível e bem adequada à demanda de tráfego e nas operações portuárias, bem como a tratativa de identificá-lo como organizado, envolvendo a sua gestão, os equipamentos e demais estruturas que atendam às necessidades dos embarcadores e transportadores, sob regras de uma autoridade portuária. Conheça mais sobre a Lei n° 8.630/1993 acessando o link: https://www2.camara. leg.br/legin/fed/lei/1993/lei-8630-25-fevereiro-1993-363250-publicacaooriginal-1-pl.html. DICAS O papel que os portos exercem na cadeia logística vai além dos serviços de atendimento aos navios e às cargas; para Pettit e Beresford (2009), o conceito tradicional de porto começou a ser modificado a partir da década de 1980, com alguns portos diversificando para o campo da oferta de serviços de valor agregado para a logística e integrados na cadeia de transporte em graus variados, dependendo da carga e as necessidades do cliente. Assim, o porto naturalmente se tornou em um centro de serviços com complexidade nas operações, com uma ampla gama de atividades sendo exercidas rotineiramente, caracterizando-se como um terminal portuário. Terminal portuário é identificado como uma estrutura física anexa, ou não, ao porto, onde são realizadas várias atividades administrativas de suporte aos embarques e/ou desembarques de cargas, serviços de armazenagem, serviços interligados aos despachos de cargas, inspeção e controle de toda a movimentação, entre outras atividades. Assim, um terminal portuário é uma central de serviços em conjunto com uma infraestrutura física com equipamentos, tecnologias e demais áreas destinadas à interligação do transporte terrestre com o transporte marítimo, e vice-versa. TÓPICO 1 —PORTOS 7 Segue um conceito resumido de terminal portuário: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada próximo ou fora de um porto organizado, e utilizada para atividades e serviços ligados à movimentação de mercadorias, ou passageiros para o transporte marítimo (ROJAS, 2014). DICAS Na Figura 3, temos a representação de um Porto, um local organizado para o propósito principal de embarque e/ou desembarque de mercadorias, com serviços correlacionados que dão suportea essa atividade principal. FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE UM PORTO FONTE: <https://portoenoticias.com.br/interna/portos-e-logistica/principais-caracteristicas-dos- terminais-portuarios>. Acesso em: 7 jul. 2020. A Figura 4 mostra a representação de um terminal portuário, mais completo em serviços agregados, que, além das atividades principais de um porto, inclui serviços de armazenagem, serviços administrativos, galpões auxiliares, equipamentos, tecnologias voltadas ao controle e à inspeção de carga, entre outros – podemos observar que a Figura 3 está incluída na Figura 4, para permitir uma melhor compreensão sobre o contexto de atuação que um terminal portuário pode atender, seja ele anexo a um porto ou fisicamente afastado, porém exercendo os mesmos serviços agregados e voltados para atender as demandas dos transportes marítimos e na ligação com os acessos terrestres. UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 8 FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DE UM TERMINAL PORTUÁRIO FONTE: O autor Os terminais portuários estão evoluindo gradativamente visando a conquistarem elos estratégicos nas cadeias logísticas internacionais e, com o maior volume de carga por eles transacionados, desempenham um papel fundamental para a economia de uma nação (GAO, 2009; NIAVIS; TSEKERIS, 2012). São considerados elementos críticos de redes internacionais de comércio e cooperação econômica, tendo a maior parcela do total de volumes de carga importados e exportados em todo o mundo e se tornando um complexo de empresas que oferece uma gama de serviços logísticos relacionados tanto com os produtos quanto os navios (NIAVIS; TSEKERIS, 2012; LOPEZ; POOLE, 1998). Nos últimos anos, o crescimento econômico acelerado tem aumentado a demanda por serviços portuários no Brasil, demanda que insere uma necessidade de melhoria constante da infraestrutura disponível nos terminais portuários. Assim, diversos são os tipos com características diferenciadas entre eles, como veremos a seguir. 2.2 TIPOS E CARACTERÍSTICAS Ao resgatarmos o conceito de porto organizado, é fundamental entendermos a classificação dos tipos e das características dos terminais portuários: “construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias”. Dessa forma, tanto a construção física das instalações quanto o aparelhamento vão melhor definir os tipos e as características contempladas, para atender à demanda de navios, cargas e volume de serviços a serem prestados. TÓPICO 1 —PORTOS 9 Os tipos estão bem definidos na Lei n° 12.815, de junho de 2013 (BRASIL, 2013), que revogou a Lei n° 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, e regula a exploração dos serviços portuários no Brasil, classificando os tipos e especificando a área dos terminais portuários da seguinte forma: I- porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária; II- área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado; III- instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV- terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado; V- estação de transbordo de cargas: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente para operação de transbordo de mercadorias em embarcações de navegação interior ou cabotagem; VI- instalação portuária pública de pequeno porte: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros ou mercadorias em embarcações de navegação interior; VII- instalação portuária de turismo: instalação portuária explorada mediante arrendamento ou autorização e utilizada em embarque, desembarque e trânsito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos para o provimento e abastecimento de embarcações de turismo (BRASIL, 2013). O tipo denominado terminal de uso privado é conhecido popularmente no meio portuário como TUP – sigla que será utilizada neste material. INTERESSA NTE A infraestrutura de acesso marítimo de um terminal portuário caracteriza-se por algumas composições, definidas por Rojas (2014) da seguinte forma: • Anteporto ou barra: é o local que identifica a entrada do terminal, com adequação na sinalização capaz de alertar o caminho e a área específica para as embarcações, é uma área abrigada antes do canal de acesso e das bacias existentes. • Bacia de evolução: área específica para a realização de manobras dos navios antes de acessarem as instalações de acostagem (cais do terminal). UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 10 • Bacia de fundeio ou ancoradouro: local onde as embarcações realizam a operação de ancoragem, necessária para aguardar acesso ao terminal e/ou realizarem alguma atividade de manutenção. • Canais de acesso e atracagem: caminhos marítimos mais adequados em relação à profundidade e à área, permitindo que as embarcações aguardem a autorização para acesso ao terminal, a fim de realizarem a atracação e/ou desatracação. • Berços de atracação: são os locais apropriados para que um navio possa parar para carregamento e/ou descarregamento das cargas. Na Figura 5, temos o exemplo de um dos berços de atracação no Porto de Imbituba, localizado no munícipio de Imbituba em Santa Catarina. FIGURA 5 – BERÇO DE ATRACAÇÃO DO PORTO DE IMBITUBA FONTE: O autor • Cabeço: é um equipamento com a finalidade de receber as amarras das embarcações, a fim de proporcionar maior estabilidade e fixação do navio ao berço de atracação. Um exemplo pode ser visto na Figura 6, que mostra um cabeço no berço de atracação no Porto de Itajaí, localizado no munícipio de Itajaí em Santa Catarina. TÓPICO 1 —PORTOS 11 FIGURA 6 – CABEÇO NO BERÇO DE ATRACAÇÃO DO PORTO DE ITAJAÍ FONTE: O autor • Quebra-mar: construção elaborada para amortecer o ímpeto do mar e não permitir que atinja com força o local onde as embarcações estão atracadas no terminal; geralmente, é de concreto e não tem ligação com a terra. • Cais ou píer: área onde se encontram os berços de atracação e demais equipamentos que fazem parte da infraestrutura do terminal. • Docas: parte de um terminal para que as embarcações recebam ou deixem as cargas, uma área reservada em terra para armazenagem ou em águas para embarcações atracarem e realizarem atividades específicas no terminal. • Dolfin: estrutura fora do cais onde é possível realizar amarração de uma embarcação em um cabeço instalado no local (ROJAS, 2014). A infraestrutura também tem a necessidade de se equipar com recursos adequados para a movimentação das cargas e, dessa forma, apresenta características de ativos fixos que são próprias para a realização dos serviços portuários, sendo os principais ativos: • Pátios ou armazéns: espaços utilizados, cobertos ou não para a armazenagem das cargas que estão em processo de embarque e/ou desembarque (ROJAS, 2014). • Equipamentos portuários: são utilizados para a realização de movimentação das cargas, sejam eles fixos ou móveis, com capacidades diferenciadas de acordo com ostipos de cargas, e da velocidade com que o serviço exige dentro da infraestrutura do terminal portuário (ROJAS, 2014). Nossos estudos terão como premissas básicas diversos conteúdos com base na Lei n° 12.815/2013, sendo, portanto, importante o seu estudo. Acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12815.htm. ESTUDOS FU TUROS UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 12 Também se deve considerar como característica dos terminais portuários o acesso terrestre disponível, seja pela área externa ao redor do terminal, denominada de “retroárea”, como suporte para armazenagem de cargas que estão em trânsito para serem carregadas e/ou descarregadas dos navios atracados ou a serem atracados, seja pelas vias destinadas que se ligam por rodovias e/ou linhas férreas, proporcionando flexibilidade e agilidade na movimentação de cargas. Para que um terminal possa a ser construído e proporcionar serviços em uma determinada região, é necessário entender o modelo de exploração regulamentado e fiscalizado pelos órgãos governamentais do país. 2.3 MODELO DE EXPLORAÇÃO As disposições legais, acerca da exploração de portos organizados e de instalações portuárias, são reguladas pela Lei n° 12.815/2013 (BRASIL, 2013), e a forma de como deve ser elaborado o processo licitatório está definida e especificada no Decreto n° 8.033, de 27 de junho de 2013, o qual apresenta um pacote de orientações a ser seguido por qualquer órgão governamental e serve de orientação para qualquer empresa privada que queira realizar a exploração desse serviço no país. De acordo com a Lei n° 12.815/2013 (BRASIL, 2013), a exploração dos portos e das instalações portuárias tem como objetivo principal aumentar a competitividade e o desenvolvimento do país, destacando em seu Art. 3°: I- A expansão e a modernização são o foco para o desenvolvimento portuário no país e das respectivas instalações. II- Garantir preços adequados aos serviços prestados, com uma política clara de divulgação, com qualidade prestada e preservando os direitos dos usuários. III- Estimular a melhoria dos processos de gestão dos terminais portuários, valorizando os recursos humanos e a eficiência das atividades a serem prestadas. IV- Promover com prioridade a segurança em todos os aspectos, da navegação as atividades de gestão. V- Estimular a concorrência, com incentivos e facilidades para que o setor privado possa acessar a exploração dos serviços portuários no país (BRASIL, 2013). A abertura para exploração dos serviços portuários no país tem como base a Lei n° 12.815/2013, que descreve claramente o incentivo e o estímulo para que novas empresas exploram esse serviço, e que, pela dimensão em extensão do litoral brasileiro, bem como de rios navegáveis, favorece a abertura de novos terminais portuários. Isso, além de propiciar mais opções para os embarcadores de cargas voltadas para atender à necessidade de demanda interna para o transporte, estabelece mais “portas” de entradas para a importação e de saídas para a exportação. TÓPICO 1 —PORTOS 13 No Art. 4° da Lei n° 12.815/2013 (BRASIL, 2013), “a concessão e o arrendamento de bem público destinado à atividade portuária serão realizados mediante a celebração de contrato, sempre precedida de licitação”, licitações que serão distribuídas para concessão/arrendamento de forma isolada ou combinada, a maior capacidade de movimentação, a menor tarifa ou o menor tempo de movimentação de carga, entre outros itens estabelecidos em edital. O órgão responsável pela emissão dos procedimentos licitatórios e também pela fiscalização dos Terminais Portuários com uso da concessão é a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), que tem por finalidade implementar as políticas formuladas pelo Ministério do Governo Federal, sendo responsável por regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária (ANTAQ, c2010). Conheça a ANTAQ, acessando o link: http://portal.antaq.gov.br/index.php/ acesso-a-informacao/institucional/. DICAS No Art. 14, de acordo com os Requisitos para a Instalação dos Portos e Instalações Portuárias, seguem especificadas em celebração do contrato de concessão: I- consulta à autoridade aduaneira; II- consulta ao respectivo poder público municipal; e III- emissão, pelo órgão licenciador, do termo de referência para os estudos ambientais com vistas ao licenciamento (BRASIL, 2013). A exploração dos serviços portuários requer, acima de tudo, que a instalação tenha eficiência na movimentação das cargas, bem como agilidade e segurança, e isso será influenciado sempre pela capacidade de atendimento aos navios e às cargas a serem transportadas. 2.4 NAVIOS E CARGAS Os navios são identificados e diferenciados pelo tipo de carga que transportam, a qual pode fazer o percurso solta, unitizada em contêineres ou em outros tipos de embalagens, como a granel, em grãos ou líquidos, em gás liquefeito, cargas especiais, químicas, grandes volumes, veículos, barcos e outros tipos menos comuns. UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 14 Em função de grandes demandas de determinados tipos de cargas em todo o comércio internacional, os navios são construídos e classificados para atender ao transporte de cargas específicas, recebendo, assim, diferentes denominações. Os principais tipos de navios e algumas de suas principais características são: • Navio cargueiro ou convencional ou carga geral: são destinados ao transporte de cargas em geral, dotados de porões onde podem armazenar diversos tipos de cargas; na sua base de superfície, podem carregar cargas soltas em geral (LOPEZ; GAMA, 2011). Um exemplo de um modelo de navio cargueiro ou convencional pode ser visto na Figura 7. FIGURA 7 – NAVIO CARGUEIRO OU CONVENCIONAL FONTE: <https://www.navioseportos.com.br/web/index.php/uteis/glossarios/navio-de-carga>. Acesso em: 8 jul. 2020. • Navio porta-contêiner: os contêineres estão por toda parte do mundo, principalmente no comércio internacional; com uma demanda de cargas conteinerizadas, os navios são construídos para atender esse tipo de embalagem/carga, possuindo capacidades para transportarem contêineres em medida TEU (Twenty-Foot Equivalent Unit – unidade equivalente a um contêiner de 20 pés de tamanhos), os quais são empilhados conforme um plano de carregamento que considera o tamanho e o peso de cada contêiner. A maioria desses navios transporta os contêineres sob a superfície, ou seja, sob o convés (assim denominado) (DAVID; STEWART, 2010). Na Figura 8, é possível observar um modelo de navio porta-contêiner atracado em um porto e sendo descarregado. TÓPICO 1 —PORTOS 15 FIGURA 8 – NAVIO PORTA-CONTÊINER FONTE: O autor • Navio Ro-Ro (roll-on roll-off): são tipos de navios para o transporte de veículos sobre rodas, os quais possuem rampa de acesso, para que os próprios veículos sejam guiados para dentro do porão do navio, tanto no embarque quanto no desembarque (DAVID; STEWART, 2010). Na Figura 9, temos um modelo de navio tipo Ro-Ro, atracado em um porto com um grande pátio aberto para a descarga dos veículos. FIGURA 9 – NAVIO RO-RO FONTE: O autor UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 16 • Navio graneleiro: são tipos de navios para o transporte de granéis sólidos, por intermédio de porões de grande volumetria, e com grande capacidade de peso; possuem baixo custo operacional e de velocidade reduzida, quando comparado com outros tipos de navios (RODRIGUES,2010). A Figura 10 mostra um modelo de navio graneleiro da companhia Vale, utilizado para o transporte de minério de ferro. FIGURA 10 – NAVIO GRANELEIRO FONTE: <http://www.vale.com/brasil/PT/initiatives/innovation/valemax/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 8 jul. 2020. • Navio tanque: são tipos de navios para o transporte de granéis em estado líquido, com grande capacidade de carga em volume e peso. Geralmente, transportam derivados de petróleo. Possuem sistemas de bombeamento para a carga e descarga (RODRIGUES, 2010). Na Figura 11, observa-se um modelo de navio tanque de transporte de óleo cru da Transpetro, a transportadora da Petrobrás do Brasil. TÓPICO 1 —PORTOS 17 FIGURA 11 – NAVIO TANQUE FONTE: <http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/transpetro-conheca-nossos-principais- tipos-de-navios.htm>. Acesso em: 21 jul. 2020. Para todos os tipos de navios e suas cargas, há a necessidade de instalações apropriadas para os terminais portuários, que devem se equipar para além de receber navios, movimentar as cargas com agilidade e eficiência. 2.5 INSTALAÇÕES Conforme a Lei n° 12.815/2013, o Art. 2° define que as instalações compreendem a área interna dentro do porto ou fora do porto destinadas à movimentação e/ou à armazenagem de cargas, bem como os pátios, as vias de acesso e as demais infraestruturas que dão suporte aos serviços prestados. Ainda no que diz respeito às instalações, considera-se o acesso marítimo como instalação do terminal – assim, a adequação e a facilidade de acesso com segurança fazem parte das instalações, uma vez que devem suportar a demanda da movimentação das cargas e dos navios que irão atracar. A Figura 12 mostra uma visão panorâmica das instalações do Porto de Itajaí, em Santa Catarina, em que é possível identificar o canal marítimo de acesso, o berço de atracação onde o navio está acostado, equipamentos de apoio para descarga e/ou carga, área terrestre para manobras de equipamentos, veículos de carga, movimentação e armazenagem de mercadorias, galpões auxiliares, prédio para o suporte de serviços administrativos, vias de acesso terrestre, entre outros, além das instalações que se caracterizam e ganham corpo para melhorar a capacidade de atendimento à demanda das cargas. UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 18 FIGURA 12 – INSTALAÇÕES DO PORTO DE ITAJAÍ FONTE: <https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/porto-de-itajai-recebera- navios-com-335-e-348,-metros-em-junho>. Acesso em: 20 jul. 2020. Segundo Rojas (2014), podemos destacar os principais itens relacionados que compõe as instalações: • canal de acesso marítimo e demais equipamentos de sinalização e de segurança; • berço de atracação; • pátio interno com vias de acesso identificadas e sinalizadas; • equipamentos para qualquer tipo de movimentação, manuseio e de acordo com os tipos de cargas; • tecnologias envolvidas nas operações, sejam para rastreamento, identificação, inspeção, controle e gestão; • prédios para prestação de serviços administrativos; • galpões para armazenagem; • portões terrestres de acesso; • rede elétrica capaz de atender às necessidades de funcionamento de toda a operação; • rede internet para comunicação; • rede de telefonia para comunicação; • acesso terrestre interno e externo com adequada capacidade de atender à demanda de cargas e de veículos; • área externa para suportar a movimentação de cargas; • viabilidade de acesso para outros meios de transportes; • áreas adicionais interna e/ou externa para viabilidade de ampliação dos serviços prestados. Para que toda a infraestrutura esteja disponível e possa ser eficiente na prestação dos serviços, consideramos também todos os recursos humanos e demais recursos materiais que proporcionam a gestão de toda a operação portuária, bem como todos os processos, seus procedimentos e o cumprimento TÓPICO 1 —PORTOS 19 das normas regulamentadoras, para que as instalações ofereçam um serviço portuário que, originalmente, é complexo em função da quantidade de recursos aplicados, do volume de movimentação de diversos tipos de cargas, da grandiosidade dos navios, dos valores financeiros de grande monta circulados e demais atividades técnicas. As instalações portuárias compreendem diversos tópicos, sendo na maioria interconectados e que influenciam no tipo de navio que pode ser atracado. Um ponto fundamental nesse cenário é o calado, representando a profundidade da água dos canais de acesso e ancoradouros – a Figura 13 mostra a representação de um calado, a linha d’água (é a linha da superfície da água), o tamanho da boca (considerado a largura do navio) e também o calado aéreo, assim denominado para representar em metros a capacidade que pode levar de carga acima da sua superfície (DAVID; STEWART, 2010). FIGURA 13 – CALADO DO NAVIO FONTE: Adaptada de <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/dicionario- naval-vela.phtml>. Acesso em: 21 jul. 2020. Medida do calado{ Instalações apropriadas são características notáveis em infraestrutura para receber navios cada vez maiores, com maior volume de carga a ser movimentada, bem como atender à demanda de cargas dentro do país e também para as atividades no comércio internacional, o que exige também o atendimento e as exigências legais dos órgãos intervenientes envolvidos. 2.6 ÓRGÃOS INTERVENIENTES Os órgãos intervenientes são, em geral, os envolvidos nas operações dos terminais portuários, participando de inspeção, liberação, armazenagem e/ou movimentação de cargas, e também da própria operação desde o embarcador de uma carga até o embarque e transporte da carga ao destino final. Podemos também especificar esses órgãos envolvidos como aqueles que diretamente participam da inspeção/liberação de cargas de importação e/ou exportação, denominados de anuentes. UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 20 2.6.1 Órgãos anuentes Para o controle administrativo da entrada de produtos específicos em território aduaneiro brasileiro, que tem, entre suas atribuições, a função de analisar, inspecionar e liberar ou não os processos/cargas de importação e/ou exportação do território brasileiro, respeitadas suas respectivas competências (SEBRAE, 2018). Nesta unidade, os órgãos intervenientes sempre farão parte dos assuntos relacionados com cada tema e cada área do contexto das operações. IMPORTANT E Mais adiante, conheceremos os principais órgãos que interferem nas operações dos terminais portuários, que regulamentam as atividades dentro de cada área específica que atuam e têm a competência técnica para inspecionarem e liberarem, ou não, cargas a serem importadas e/ou exportadas nos terminais. No Brasil, os portos públicos e os terminais portuários privados estão sob a regulamentação do Ministério da Infraestrutura, que, por meio da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, é responsável pela formulação de políticas. Já a forma de conduzir e gerir os portos é realizada por meio da ANTAQ, existente há mais de 18 anos no Brasil e que está à frente da execução e do desenvolvimento de programas de apoio à melhoria de infraestrutura dos portos e demais áreas adjacentes (ROJAS, 2014). À ANTAQ compete ainda avaliar o desempenho dos portos no Brasil, seja com dados publicados pelos próprios portos públicos, seja no recebimento de dados dos portos privados, a fim de, estatisticamente, publicar o panorama histórico de cargas, da evolução da movimentação na importação e também na exportação, entre outros, e servir de importante base de dados para proporcionar os investimentos necessários do governo brasileiro aosistema portuário nacional (ROJAS, 2014). Outras principais autoridades que atuam com poder de fiscalização nos terminais portuários são: • Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO): órgão que está presente na Lei n° 12.815/2013, que especifica a contratação, a escala e a alocação de trabalhadores portuários avulsos, quando contratados pelo porto (ROJAS, 2014). • Vigilância Sanitária: órgão que inspeciona as condições operacionais e de higiene a bordo dos navios, dos tripulantes e passageiros, e das cargas, bem como de embalagens que estão sujeitas a contaminação por qualquer tipo de praga, entre outros (ROJAS, 2014). TÓPICO 1 —PORTOS 21 • Polícia Federal: atua na segurança e na fiscalização contra contrabandos de mercadorias ilícitas, fraudes, entre outros crimes, nas áreas portuárias e no seu entorno, atuando em parceria com a Receita Federal, que realiza inspeções em cargas, fiscaliza a arrecadação dos tributos e a classificação de mercadorias, a fim de salvaguardar o país de mercadorias que não sejam permitidas e contrabandeadas, entre outras operações fraudulentas (ROJAS, 2014). Um dos mais atuantes e estratégicos nas operações portuárias é a Secretaria da Receita Federal do Brasil. É o órgão vinculado a um Ministério do Governo Federal, responsável pela administração dos tributos internos e aduaneiros da União, controlando as entradas e as saídas de produtos do país e arrecadando os direitos aduaneiros; as operações analisadas por um software específico denominado SISCOMEX, em que todos os dados e informações acerca das operações de importação e exportação estão disponibilizados e analisados pela Receita Federal (LOPEZ; GAMA, 2011). Dessa forma, os órgãos atuam no dia a dia das operações nos terminais portuários, não com o objetivo de dificultar ou barrar as cargas do comércio internacional, mas, sim, estabelecer regras e fiscalizar para evitar os desvios e/ou outras divergências que possam prejudicar os interesses econômicos e sociais do país. 22 Neste tópico, você aprendeu que: • As evoluções dos portos inserem também novos conceitos para caracterizar melhor as operações no dia a dia dos terminais portuários na atualidade. Assim, as pesquisas científicas buscam cada vez mais compreender as funções desses importantes elos da cadeia logística mundial. • Os navios e suas cargas identificam as necessidades de os terminais portuários se equiparem para melhor atender à demanda de cargas volumosas e de navios maiores, cargas específicas para determinadas mercadorias, assim como navios específicos para transportar determinadas cargas. • As infraestruturas das instalações devem ser adequadas para receber navios e cargas específicas e que devem suportar a demanda com equipamentos, tecnologias envolvidas, gestão de processos, locais de armazenagens, canais marítimos de acesso, portões de acesso no lado terrestre e demais estruturas físicas. • Os terminais portuários seguem modelos de exploração que são determinados e controlados por leis federais, e fiscalizados por órgãos intervenientes/ governamentais para garantir o cumprimento e também inspecionar tanto as mercadorias que adentram como as que saem do país. RESUMO DO TÓPICO 1 23 AUTOATIVIDADE 1 Por muitos anos na história portuária, o conceito de um porto foi basicamente a interface, ou seja, a ligação entre o transporte terrestre e o transporte marítimo. O que levou à mudança conceitual de um porto ao longo dos anos do seu desenvolvimento? 2 O acesso ao complexo portuário de Itajaí, em Santa Catarina, possui uma bacia de evolução na entrada do canal marítimo. Explique para que serve essa bacia de evolução para os terminais portuários. 3 Os navios são identificados e diferenciados pelo tipo de carga que transportam, a qual pode fazer o percurso solta, unitizada em contêineres ou em outros tipos de embalagens, como a granel, em grãos ou líquidos, em gás liquefeito, cargas especiais, químicas, grandes volumes, veículos, barcos e outros tipos menos comuns. O que caracteriza o tipo de carga do navio denominado Ro-Ro (roll-on roll-off)? 24 25 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 PORTO SECO 1 INTRODUÇÃO Os terminais portuários encontram-se em áreas onde há a divisa entre o acesso terrestre e o acesso marítimo. Muitos locais estão próximos a grandes centros urbanos e/ou de cargas em movimentação; outros são locais com grande movimentação de veículos e de cargas, ocasionando verdadeiros “gargalos”, ou seja, um estrangulamento em fluxo nas rodovias e nos acessos locais. Pelo fato de esses terminais portuários serem essenciais para que possam receber navios e suas cargas, e por estarem muito próximos aos mares e outros meios marítimos, eles se tornam um centro complexo de múltiplas atividades, pois, muitas vezes, são pontos de fronteiras que fazem a ligação terrestre de um país com a ligação marítima internacional. Muitos serviços executados nos terminais portuários brasileiros, além da principal atividade de receber navios para carga e/ou descarga, podem ser executados em outros locais físicos que não necessariamente deveriam estar dentro da infraestrutura de um terminal portuário, retirando o acúmulo de serviços específicos e reduzindo o fluxo nos terminais e aos seus arredores. Conheceremos, então, esses outros locais que podem assumir muitos dos serviços realizados em um porto localizado ao lado de um acesso marítimo. 2 TERMINAIS PORTUÁRIOS SECOS Para entendermos o que é um terminal portuário seco, precisamos compreender dois conceitos importantes utilizados no meio portuário que ajudam a perceber suas diferenças e características. Assim, o território brasileiro é dividido em duas partes: Você, acadêmico, já ouviu falar na expressão “porto seco” ou em um terminal portuário seco? Em razão da palavra “seco”, é possível compreender que esse porto não está localizado fisicamente ao lado de um acesso marítimo. A seguir, entenderemos melhor o que é um terminal portuário seco, suas características e demais informações que o cercam. UNI 26 UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO • Zona primária: composta pelas partes que fazem conexão com fronteiras, sejam terrestres, ou marítimas, e que possuem controle aduaneiro instalado para receber ou enviar cargas para outros países. • Zona secundária: áreas que não estão em conexão com fronteiras, porém podem ter controle aduaneiro para receber ou enviar cargas para outros países, nesse caso, especificamente para a atividade de processamento, ou seja, armazenagem, transferência de carga de um veículo ao outro, inspeção, entre outras atividades. Desse modo, podemos especificar a zona primária como: a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos alfandegados; b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira alfandegados (BRASIL, 2009). Já a zona secundária “compreende a parte restante do território aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo” (BRASIL, 2009). Conheça o Decreto n° 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6759.htm. DICAS Além de zona primária e a zona secundária, há outros conceitos importantes que completam esses temas: • Aduana – tem o mesmo significado de alfândega, que representa um órgão do governo em um local físico que fiscaliza, cobra tributos e controla locais onde ocorre serviços sobre importações e exportações nos portos, aeroportos, fronteiras e áreas denominadas“zonas alfandegárias” (LUNA, 2000). • Controle aduaneiro – é o local onde se realiza as atividades de fiscalização, cobrança e inspeção de mercadorias que estão sendo processadas de importação e exportação, sob o domínio de um órgão do governo, denominado Receita Federal do Brasil (LUNA, 2000). Assim, em uma zona secundária com controle aduaneiro, há atividades sob o controle da Receita Federal do Brasil, bem como atividades de importação e/ ou exportação sendo processadas. Uma zona primária também realiza o controle aduaneiro, pois se trata de um ponto de fronteira e que necessita de controle e fiscalização também da Receita Federal do Brasil. TÓPICO 2 —PORTO SECO 27 2.1 CONCEITO Pode-se compreender que os terminais portuários secos são locais alfandegados de uso público, em zonas secundárias, onde são executados serviços de movimentação, armazenagem e despachos de processos de importação e exportação de mercadorias sob o controle aduaneiro (ROJAS, 2014). Com esse conceito, podemos compreender melhor que esses locais não estão geralmente próximos em zonas primárias, ou seja, se fosse um porto, estaria ao lado de um acesso marítimo, mas, nesse caso, não se encontra, estando distante, em zona secundária, porém em relação ao controle aduaneiro, está sob o controle, a fiscalização e a inspeção da Receita Federal do Brasil. Conheça a Receita Federal do Brasil, sua função e importância nos despachos aduaneiros, acessando: https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira. ATENCAO Os terminais portuários secos são instalações criadas para desafogar o trânsito de mercadorias nos portos, bem como desafogar zonas primárias, sendo opções de serviços que possibilitam realizar todo o despacho de importação e exportação, além de serviços adicionais como armazenagens, manuseio e processamentos de cargas, inspeções, entre outros (LOPEZ; GAMA, 2011). Também denominados de portos secos, possuem características similares às de um porto organizado, porém existem alguns tipos diferentes conforme suas infraestruturas físicas. 2.2 TIPOS E CARACTERÍSTICAS São instalados, preferencialmente, adjacentes às regiões onde se encontram as indústrias e/ou comércio de médio a grande porte, a fim de facilitar as operações logísticas de transferências de cargas, reduzindo os custos envolvidos de transporte e de armazenagem nas zonas primárias (ROJAS, 2014). É comum encontrar, no Brasil, portos secos que reduzem em até 40% do tempo entre a saída de uma carga de uma fábrica até o início do transporte marítimo internacional, ou também no sentido inverso, do fim do transporte marítimo internacional até a chegada da carga ao local de consumo – isso reflete em diminuição dos custos envolvidos nas operações (LOPEZ; GAMA, 2011). 28 UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO FIGURA 14 – VISÃO AÉREA DA MULTILOG FONTE: <https://site.multilog.com.br/unidades/>. Acesso em: 1 ago. 2020. O Terminal Porto Seco da empresa Multilog possui uma área total de, aproximadamente, 331.000 m2, e uma área total de armazenagem de cerca de 75.000 m2, com vários armazéns para cargas secas e refrigeradas, além de um centro específico para a armazenagem de medicamentos, produzidos em uma fábrica próxima. Isso o caracteriza como um prestador de serviços em parceria com a indústria local, servindo principalmente nas operações de importação de matéria-prima e na exportação dos produtos acabados. Outro exemplo de porto seco, com suas características de operação e capacidade de atendimento, fica localizado no munícipio de Uruguaiana, no estado do Rio Grande do Sul, divisa com a Argentina: o Porto Seco da Multilog Uruguaiana, a 681 km de Porto Alegre, tem capacidade para receber até 720 caminhões/dia – em momentos de pico, chega a suportar mais de mil caminhões por dia (ANVISA, 2019). Observa-se, na Figura 15, uma visão aérea do Porto Seco de Uruguaiana. Os portos secos podem ser de dimensões variadas, dependendo da quantidade de serviços adicionais oferecidos, bem como da capacidade da instalação, que pode ser medida pela quantidade da área total, tanto de pátio aberto quanto de armazéns fechados. A Figura 14 mostra uma visão aérea da área total do Porto Seco Multilog, localizado às margens da Rodovia Dep. Antônio Heil, no munícipio de Itajaí, Santa Catarina, aproximadamente 70 km distante do complexo portuário de Itajaí. TÓPICO 2 —PORTO SECO 29 FIGURA 15 – VISÃO AÉREA DO PORTO SECO DE URUGUAIANA FONTE: <https://site.multilog.com.br/unidades/>. Acesso em: 1 ago. 2020. Os portos secos são explorados em diversos pontos do país e devem seguir instruções normativas que estabelecem diretrizes para serem construídos em locais apropriados e de funcionamento, entre outras providências. 2.3 MODELOS DE EXPLORAÇÃO A Instrução Normativa RFB n° 1.208, de 4 de novembro de 2011, estabelece termos e condições para instalação e funcionamento de portos secos e dá outras providências, definindo, em relação à prestação de serviços, que: Art. 3° A prestação de serviços desenvolvidos em porto seco sujeita-se ao regime de permissão, salvo quando o imóvel pertencer à União, caso em que será adotado o regime de concessão, precedido da execução de obra pública. Art. 4° A concessionária ou permissionária cobrará do usuário tarifa que englobe todos os custos, inclusive seguros, remuneração dos serviços e amortização do investimento, bem como aqueles necessários ao exercício da fiscalização aduaneira, nos termos e limites determinados pela autoridade competente. Parágrafo único. A concessionária ou permissionária poderá auferir receitas acessórias em decorrência da prestação de serviços conexos com o objeto da concessão ou permissão, prestados facultativamente aos usuários (BRASIL, 2011). 30 UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 2.4 INSTALAÇÕES As instalações são similares a de portos, porém não há uma ligação com os mares nem tampouco infraestrutura para receber navios e determinados equipamentos que não são necessários para o carregamento e/ou descarregamento das embarcações atracadas. Segundo Rojas (2014), podemos destacar os principais itens relacionados que compõem as instalações de portos secos: • pátio interno com vias de acesso identificadas e sinalizadas; • equipamentos para qualquer tipo de movimentação, manuseio e de acordo com os tipos de cargas; • tecnologias envolvidas nas operações, seja para rastreamento, identificação, inspeção, controle ou gestão; • prédios para prestação de serviços administrativos; • galpões para armazenagem; • portões terrestres de acesso; • rede elétrica capaz de atender às necessidades de funcionamento de toda a operação; • rede internet para comunicação; Quanto à localização, a RFB n° 1.208 estabelece que um porto seco deverá estar localizado e instalado de acordo com a deliberação da Secretaria da Receita Federal, com base em estudos de viabilidade técnica e econômica local, e em modelos de minutas que integram o edital de concessão ou permissão, contendo pelo menos os seguintes elementos: I- Levantamento da demanda; II- Indicação da área de localização geográfica mais conveniente; III- Disponibilidade de recursos humanos e materiais; IV- Tipo de carga a ser armazenada; e V- Prazo da concessão ou permissão (BRASIL, 2011). No Art. 17, a concessão ou permissão para a prestação de serviços será formalizada por contrato celebrado entre a União, representada pela Secretaria da Receita Federal, e a empresa vencedora do processo. No Brasil, as concessões ou permissões são fornecidas para empresas de capital privado, ou seja, a iniciativa privada exploraesses serviços com base nas regulamentações e no edital publicado, sob o regime de controle aduaneiro da Secretaria da Receita Federal. As instalações ficam a cargo da concessionária ou permissionária, de acordo com a demanda local e a área estabelecida no edital, entre outras especificações. TÓPICO 2 —PORTO SECO 31 FIGURA 16 – GALPÃO DE ARMAZENAGEM DA MULTITERMINAIS FONTE: <https://www.multiterminais.com.br/porto-seco-juiz-de-fora-mg>. Acesso em: 3 ago. 2020. • rede de telefonia para comunicação; • acesso terrestre interno e externo com adequada capacidade de atender à demanda de cargas e de veículos; • área externa para suportar a movimentação de cargas; • viabilidade de acesso para outros meios de transportes; • áreas adicionais interna e/ou externa para viabilidade de ampliação dos serviços prestados. A Figura 16 apresenta um exemplo de galpão de armazenagem, localizado no Porto Seco de Juiz de Fora, Minas Gerais, da empresa Multiterminais. As instalações, em geral, priorizam serviços de armazenagem, movimentação de cargas, tanto em pátio quanto em veículos, áreas cobertas ou descobertas, dependendo do tipo de carga, serviços de acomodação de mercadorias em contêineres ou em outros tipos de embalagens. Têm a vantagem principalmente de realizar os despachos aduaneiros fora da área portuária (zona primária), desafogando esses acessos e com objetivos claros de redução dos custos envolvidos. Assim como os portos, os terminais portuários secos têm a participação de órgãos intervenientes que fiscalizam as operações e regulam a atividade do setor. 32 UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO 2.5 ÓRGÃOS INTERVENIENTES Entre os principais órgãos intervenientes que estão presentes nas operações desses tipos de terminais, assim como os órgãos anuentes, podemos destacar: • A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autoriza o funcionamento e, principalmente, regula, autoriza e fiscaliza os serviços de armazenagem para cargas controladas pelo órgão – por exemplo, os medicamentos. • A Polícia Federal do Brasil, que também autoriza e fiscaliza os serviços de armazenagem para cargas controladas, como de bens de alto valor agregado. • A Receita Federal do Brasil, que é o órgão que regula, autoriza e fiscaliza as operações designadas para o despacho aduaneiro de mercadorias importadas e/ou exportadas, que são movimentadas em terminais secos, permitindo, assim, a interiorização desse serviço no país (ROJAS, 2014). • Exército brasileiro, que participa da fiscalização e da autorização para movimentação e armazenagem de produtos controlados específicos, como armamentos (ROJAS, 2014). • Ministério da Agricultura, que também atua na fiscalização e indica outros órgãos anuentes para a inspeção de cargas controladas, como de animais vivos (LOPEZ; GAMA, 2011). Demais órgãos intervenientes participam das operações diárias, entre empresas transportadoras, serviços de tecnologia, vigilância e rastreamento, seguradoras de carga, entre outros prestadores qualificados que formam uma rede integrada, na qual o terminal portuário seco é também um concentrador de serviços voltado para atender as demandas de importação e/ou exportação. 33 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Para a melhor compreensão do conceito de um terminal portuário seco, é preciso entender o que são as zonas primária e secundária. Esse tipo de terminal retira o acúmulo de movimentação de serviços próximo a uma região portuária. • Uma das principais características dos terminais portuários secos é oferecer vários serviços aos embarcadores para exportação, bem como aos importadores. Em muitos casos, esses terminais reduzem os custos envolvidos nas operações logísticas, sendo uma alternativa para aproximar os centros industriais ao transporte marítimo. • O modelo de exploração segue a regulamentação de uma instrução normativa da Receita Federal do Brasil, quanto a permissão, tipo de instalação e localização para um terminal seco, destinado para a iniciativa privada investir nesse segmento de serviços logísticos no país. • Os agentes intervenientes também estão presentes nos terminais portuários secos, entre os quais se destaca a Receita Federal, que atua na inspeção e na fiscalização dos processos aduaneiros, para que a carga seja liberada no terminal e siga para o seu destino. • As instalações devem ser adequadas para as mais diversas variedades de cargas, com a utilização de tecnologias e demais equipamentos que dão agilidade e segurança à toda movimentação necessária. 34 1 Áreas destinadas a operar com o controle aduaneiro exercem serviços de conexão para o comércio exterior, porém são basicamente denominadas de zonas, sendo divididas em primárias e secundárias. Como podemos melhor diferenciar a zona primária da secundária? 2 Um porto seco exerce um papel fundamental no fluxo de transportes e serviços ligados às cargas e deve ser instalado em locais estratégicos, a fim de facilitar a economia local de uma região específica. Em geral, há alguma preferência relacionada ao local onde um terminal portuário seco deve ser instalado no Brasil? Justifique sua resposta. 3 O Exército brasileiro possui diversos papéis relacionados à segurança do país, exercendo serviços em diversos locais específicos. Qual é o principal papel do Exército nos terminais portuários secos do país? AUTOATIVIDADE 35 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 AEROPORTOS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos o importante modal aéreo, que, com sua velocidade e características específicas, por intermédio das mais diversas aeronaves, circula no mundo inteiro transportando pessoas, bagagens e cargas de diversos tipos. Para que o modal aéreo possa se desenvolver mundialmente, faz-se necessário que os aeroportos sejam capazes de suportar a demanda de trânsito de pessoas e cargas, bem como uma infraestrutura necessária para receber aeronaves de grande porte, com tecnologias, segurança e qualidade nos serviços a serem prestados. Estudar os aeroportos é compreender que a complexidade de funcionamento das aeronaves tem que ser convertida em uma simplicidade e eficiência operacional dos serviços, a fim de torná-lo competitivo com os outros modais de transporte e mais uma alternativa viável para que o comércio interno e internacional usufrua dos serviços aeroportuários e promova o seu contínuo desenvolvimento mundial. 2 TERMINAIS AEROPORTUÁRIOS Os terminais aeroportuários são partes essenciais do sistema de transporte aéreo, pois são os locais concentradores em que ocorrem as transferências de modo, ou seja, do aéreo para o terrestre e vice-versa; são locais de intensa interação de pessoas, bagagens e cargas, e, no aspecto da função de terminal, concentram e demandam serviços relativos às mercadorias que por ele transitam (ASHFORD et al., 2015). O tema aeroportuário torna-se ainda mais importante no contexto brasileiro, por suas proporções continentais em processo de desenvolvimento econômico, que busca reduzir as desigualdades entre os estados, e por ser um vetor de desenvolvimento social, permitindo o acesso à mobilidade e a constante ampliação da malha aérea para proporcionar o acesso com mais facilidade e agilidade do transporte aéreo (COSTA, 2018). A administração dos aeroportos brasileiros e seus terminais anexos compete à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), vinculada ao comando da Aeronáutica, que se responsabiliza pela cobrança 36 UNIDADE 1 —INSTALAÇÕES PORTUÁRIAS, AEROPORTUÁRIAS E DE PORTO SECO das tarifas relacionadas às operações e demais serviços
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