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UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Reitor José Tadeu Jorge Coordenador-Geral Alvaro Penteado Crósta Pró-reitora de Desenvolvimento Universitário Teresa Dib Zambon Atvars Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo Meyer Pró-reitora de Pesquisa Gláucia Maria Pastore Pró-reitora de Pós-Graduação Raquel Meneguello Pró-reitor de Graduação Luís Alberto Magna Chefe de Gabinete Paulo Cesar Montagner Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju e-mail leitorju@reitoria.unicamp.br. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab Chefi a de reportagem Raquel do Carmo Santos Reportagem Carlos Orsi, Carmo Gallo Netto, Isabel Gardenal, Luiz Sugimoto, Manuel Alves Filho, Patrícia Lauretti e Silvio Anunciação Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Editor de Arte Luis Paulo Silva Editoração André da Silva Vieira Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Gabriela Villen, Valerio Freire Paiva e Eliane Fonseca Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon e Diana Melo Impressão Triunfal Gráfica e Editora: (018) 3322-5775 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3383-2918. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju s insetos-praga causam grandes prejuízos à agricultura, promo- vendo estragos, transmitindo doenças e se alimentando dos tecidos de plantas e de grãos armazenados. Economicamente, as perdas antes da colheita, devido ao ataque desses in- setos, foram estimadas em 15% da produção total em 2004, representando mundialmente gastos da ordem de US$ 100 bilhões, apesar do uso de inseticidas. No Brasil, essa perda é algo em torno de 7%, mas oscila entre 2% e 30%. Estes dados representam cerca de US$ 2,2 bilhões ao ano, justificando medidas econômicas e de controle. O consumo mundial de pesticidas tem chegado a 2,6 milhões de toneladas anu- almente. Assim, o país desponta-se como o sexto maior consumidor de agrotóxicos. Um estudo de doutorado desenvolvido no Instituto de Biologia (IB) indicou que a pro- teína CFPI (Inibidor de Proteinase de Clito- ria fairchildiana) é uma promessa para atacar o problema, pois mostrou ser um bom alvo como inseticida natural para o controle das pragas da lavoura. A autora do trabalho, Miriam Dantzger, constatou que essa proteína tem ação inse- ticida e inibitória das enzimas digestivas de insetos lepidópteros. Ela impede a atividade enzimática das lagartas conhecidas como tra- ça-da-farinha do arroz (Ephestia sp.) e traça do arroz (Corcyra cephalonica). O inibidor age ligando-se às enzimas res- ponsáveis pela digestão e retardando esse processo, o que resulta na morte dos insetos. Lepidópteros são pragas avassaladoras, uma ordem de insetos que passa por meta- morfose e que inclui, além das mariposas, também as borboletas. As mariposas, foco do estudo, aparecem no Brasil o ano todo, ao longo do crescimento da planta e do armaze- namento dos grãos. PURIFICAÇÃO Essa pesquisa, segundo a bióloga, ainda requer testes futuros com outras larvas na alimentação, mas desde já sugere que pode atuar complementando a ação inseticida so- bretudo dos químicos. Isso porque a proteína purificada não traz danos ambientais e nem aos seres humanos. Miriam, sob orientação da docente da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) Maria Lígia Rodrigues Macedo, abordou em seu estudo basicamente proteí- nas-inseticidas, que interferem no sistema digestório dos insetos. Essas proteínas preci- sam ser ingeridas para que seus efeitos pos- sam aparecer, uma vez que o exoesqueleto dos insetos oferece uma espécie de proteção contra elas. As proteínas avaliadas são retiradas de sementes de leguminosas, especificamente da Clitoria fairchildiana, chamada popular- mente de sombreiro, devido à sua copa den- sa que produz sombra. É mais encontrada na região amazônica. A pesquisadora obteve grande quantidade de sementes de sombreiro no próprio cam- pus da Unicamp. Foi assim que conseguiu isolar a proteína de interesse e testou a sua capacidade de inibir enzimas digestivas de insetos. Notou in vitro e in vivo que tal prote- ína tinha potencial como proteína-inseticida. Na pesquisa prática, ela oferecia CFPI aos insetos misturada à refeição, durante o seu desenvolvimento, desde a larva neonata até o quarto instar, a penúltima fase larval na qual o inseto começa se preparar para ser pupa. Após esse período, a doutoranda avaliou a mortalidade e o peso médio das larvas, e extraiu o intestino para avaliar a atividade das enzimas digestivas, proteínas presentes nesse órgão. Para comparação, havia um gru- po-controle que somente se alimentava com refeição sem o inibidor. Essa proteína-inseticida não foi purifica- da pelas técnicas usuais, por se tratar de um inibidor que aparece em pequena quantidade na planta. A autora desenvolveu um método de purificação novo que separou a proteína por diferença de peso molecular e interação hidrofóbica (que não se dilui em água). A autora prossegue estudando outras fun- ções para essa proteína, tida como multifun- cional, uma vez que possui atividade contra insetos e também atividade anticoagulante e inibidora de tumores. O processo de purifi- cação, juntamente com as diversas aplicações desta proteína, estão sendo patenteados pela Unicamp e pela UFMS. Além de o inibidor CFPI poder ser trans- formado em inseticida natural, essa substân- cia pode ser agregada a árvores, espalhada nas folhas ou até mesmo ser aproveitada na área de engenharia genética, modificando-a para ser expressa nas plantas alvejadas pelas pragas. A doutoranda conta que os inibidores de enzimas digestivas podem ser encontrados em diversas partes das plantas, mas os ór- gãos de reserva – sementes e tubérculos – são as principais fontes dessas proteínas. Estudos recentes têm inclusive sugerido que a presença dos inibidores de enzimas di- gestivas nas plantas aumenta sua resistência ao ataque das pragas. Ocorre que nem sem- pre os inibidores estão em plantas de interes- se comercial ou, quando estão, não aparecem em níveis suficientes para combater as pragas. “Os insetos que não conseguem digerir o alimento morrem por privação dele. Os seres humanos também têm as chamadas enzimas digestivas. Suas proteínas podem teorica- mente inibi-las, porém é preciso um estudo detalhado para saber o quanto se deve comer de proteína para que isso ocorra. Há estudos com ratos que se alimentaram de inibidores de enzimas digestivas e desenvolveram pan- creatite”, explica. Em geral, proteínas de leguminosas pas- sam por cocção (cozimento) no seu preparo, perdendo atividade e se degradando. As legu- Proteína tem ação inseticida Miriam Dantzger, autora da investigação, no laboratório (ao lado) e sob o sombreiro do qual retirou as sementes: desenvolvendo um novo método de purifi cação Inibidor impede a atividade enzimática de lagartas que infestam lavouras Publicação Tese: “Inibidor de proteinase do tipo Bowman-Birk isolado de sementes de Clitoria fairchildiana (Fabaceae): caracterização e atividade biológica sobre Anagasta kuehniella e Corcyra cephalonica” Autora: Miriam Dantzger Orientadora: Maria Lígia Rodrigues Macedo Coorientador: Sérgio Marangoni Unidade: Instituto de Biologia (IB) Financiamento: CNPq ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br Fotos: Antonio Scarpinetti minosas possuem essa proteína de forma na- tural. O feijão e a ervilha são exemplos disso. “Não somos alvos deles porque são cozidos. Ninguém come ervilha e feijão crus”, expõe. “É o caso da proteína avaliada. Se fosse pen- sar em plantas que passam por cozimento, elas deixariam de ter essa atividade.” A importância deste estudo é que essa é uma proteína nova. Ninguém a isolou no mundo. “Possuiótima atividade anticoagu- lante e tem papel coadvujante no tratamen- to do câncer. São, porém, estudos iniciais”, afirma. Miriam pertence à linha de pesquisa de proteínas-inseticidas extraídas de plantas, para o controle natural de insetos, coordena- da por sua orientadora. O estudo foi financia- do pelo CNPq e teve apoio do Laboratório de Química de Proteínas (Laquip), dirigido pelo professor do IB Sérgio Marangoni. Campinas, 10 a 16 de novembro de 2014Campinas, 10 a 16 de novembro de 20142
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