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APG 31 - HPV 1. Compreender as características microbiológicas, manifestações clínicas, epidemiologia, transmissão, fatores risco, diagnóstico e complicações do HPV 2. Analisar os sorotipos e a relação do HPV com o câncer Características microbiológicas O HPV (papilomavírus humano) é um DNA-vírus de cadeia dupla, não encapsulado, membro da família Papovaviridae. Infecta epitélios escamosos e pode induzir uma grande variedade de lesões cutaneomucosas. Atualmente, são identificados mais de 200 tipos de HPV, sendo que, desses, aproximadamente 40 tipos acometem o trato anogenital. Os tipos de HPV que infectam o trato genital são divididos em dois grupos, de acordo com o potencial oncogênico e com as lesões às quais costumam estar associados: › Baixo risco oncogênico: tipos 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72 e 81. › Alto risco oncogênico: tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82. A infecção por um determinado tipo viral não impede a infecção por outros tipos de HPV, podendo ocorrer infecção múltipla. Os tipos que causam verrugas genitais são quase sempre diferentes daqueles que causam câncer Transmissão A transmissão do HPV dá-se por qualquer tipo de atividade sexual e, excepcionalmente, durante o parto, com a formação de lesões cutaneomucosas em recém-nascidos ou papilomatose recorrente de laringe. A transmissão por fômites é rara. Fatores de risco Tabagismo e deficiências imunológicas, incluindo as causadas pela infecção pelo HIV, desnutrição, cânceres e drogas imunossupressoras são fatores predisponentes. Manifestações clínicas As lesões da infecção pelo HPV são polimórficas, sendo as lesões pontiagudas denominadas condiloma acuminado. Variam de um a vários milímetros, podendo atingir vários centímetros. Costumam ser únicas ou múltiplas, achatadas ou papulosas, mas sempre papilomatosas. Por essa razão, a superfície apresenta-se fosca, aveludada ou semelhante à da couve-flor. Apresentam-se da cor da pele, eritematosas ou hiperpigmentadas. Em geral são assintomáticas, mas podem ser pruriginosas, dolorosas, friáveis ou sangrantes. As verrugas anogenitais resultam quase exclusivamente de tipos não oncogênicos de HPV. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas e mucosas nasal, oral e laríngea No homem, as lesões ocorrem mais frequentemente no folheto interno do prepúcio, no sulco bálano-prepucial ou na glande. Podem acometer, ainda, a pele do pênis e/ou do escroto. Na mulher, costumam ser observadas na vulva, vagina e/ou cérvice. Em ambos, podem ser encontradas nas regiões inguinais ou perianais Diagnóstico O diagnóstico das verrugas anogenitais é tipicamente clínico. Biopsia e manda para estudo histopatológico quando › Dúvida diagnóstica, suspeita de neoplasias ou outras doenças; › Lesões atípicas ou que não respondam adequadamente aos tratamentos; › Lesões suspeitas em pessoas com imunodeficiências – incluindo a infecção pelo HIV, cânceres e/ou uso de drogas imunossupressoras –, caso em que esse procedimento deve ser considerado com mais frequência e precocidade As mulheres com verrugas anogenitais requerem um exame ginecológico completo, incluindo o exame preventivo de câncer de colo do útero e, quando indicada pelas alterações citológicas, colposcopia, acompanhada ou não de biópsia. Pacientes com lesões anais, idealmente, devem ter um exame proctológico com anuscopia e toque retal. O teste para HPV baseia-se em métodos moleculares. Isso ocorre, devido a que os métodos de cultura convencionais não são capazes de cultivar o HPV e a sorologia é relativamente insensível. HPV e câncer Cancer de colo de utero - Os tipos 16 e 18 são os tipos de HPV mais comumente isolados no câncer cervical, com o tipo 16 encontrado em aproximadamente 50% dos pacientes. No entanto, nem todas as infecções por HPV tipo 16 ou 18 evoluem para câncer. Além disso, dentro de tipos únicos de HPV oncogênicos, existem variantes que estão associadas a diferentes potenciais oncogênicos Câncer de cabeça e pescoço – A infecção por HPV está associada a algumas formas de câncer de células escamosas orais, particularmente aqueles da orofaringe. Há um risco aproximadamente duas a quatro vezes maior de câncer de cavidade oral e orofaringe em pacientes infectados com tipos de HPV de alto risco (oncogênicos) Além disso, os mesmos comportamentos sexuais associados ao risco de cânceres anogenitais relacionados ao HPV podem aumentar o risco de cânceres de células escamosas da orofaringe relacionados ao HPV, particularmente em pacientes com coinfecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) Câncer anal — O HPV também está implicado no câncer do ânus, e o espectro de tipos de HPV no canal anal é semelhante ao descrito no colo do útero. O HPV 16 é o tipo de HPV mais comumente detectado associado ao câncer anal. No entanto, a variedade de genótipos de HPV associados ao câncer anal parece depender de estar ocorrendo ou não no contexto da co-infecção pelo HIV. Câncer de pênis — A infecção por HPV também é um fator de risco para carcinoma de pênis e neoplasia intraepitelial Como ocorre As duas proteínas mais importantes do HPV na patogênese da doença maligna são E6 e E7. Papel da proteína p53 — Na célula normal, a proteína p53 é um regulador negativo do crescimento celular, controlando o trânsito do ciclo celular da fase G0/G1 para a fase S, e também funciona como uma proteína supressora de tumor, interrompendo o crescimento celular após dano cromossômico e permitindo Enzimas de reparo de DNA para funcionar. Após a ligação E6 de p53, p53 é degradado na presença de proteína associada a E6. Isso permite um ciclo celular descontrolado e tem um efeito anti-apoptótico, permitindo o acúmulo de mutações cromossômicas sem reparo do DNA. Isso leva à instabilidade cromossômica em células contendo HPV de alto risco. A interação de E6 com p53 também pode afetar a regulação e/ou degradação da família Src de tirosina quinases não receptoras, potencialmente desempenhando um papel na estimulação da atividade mitótica em células infectadas Papel da proteína do retinoblastoma — A proteína Rb inibe o efeito da regulação positiva do crescimento e interrompe o crescimento celular ou induz a apoptose celular em resposta a danos no DNA. Uma das funções de Rb é ligar e tornar inativo o fator de transcrição E2F. E2F controla a síntese de DNA e a função da ciclina e promove a fase S do ciclo celular. E7 interage com a proteína Rb através de um complexo de proteína E2F/Rb. Quando E7 se liga à proteína Rb, E2F é liberado e permite que a ciclina A promova o ciclo celular. A interação de E7 com Rb pode permitir que células com DNA danificado contornem a parada de crescimento G1 normalmente induzida por p53 de tipo selvagem . Esses processos permitem o crescimento celular descontrolado na presença de instabilidade genômica que pode levar a alterações malignas.
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