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CONTROLE CONTÍNUO AULA 6 Prof. Samuel Polato Ribas CONVERSA INICIAL Nesta parte da disciplina, os esforços serão concentrados na compreensão dos controladores clássicos e como eles agem sobre um sistema em malha fechada. Entende-se por controladores clássicos aqueles que são projetados e analisados no domínio da frequência, como os controladores proporcional, integral, derivativo e suas combinações. Tais controladores estão entre os mais utilizados atualmente em sistemas de controle industriais das mais diversas naturezas. Entre as suas aplicações, pode-se citar controle de processos hidráulicos, controle de temperatura, sistemas elétricos e processos químicos. Assim, é imprescindível conhecer a aplicabilidade desses controladores e também como sintonizá-los. CONTEXTUALIZANDO As combinações provenientes dos controladores proporcional, integral e derivativo são os controladores proporcional-integral, proporcional-derivativo e proporcional-integral-derivativo (PI, PD e PID, respectivamente). Esses controladores são casos particulares dos controladores de atraso de fase, avanço de fase e avanço e atraso de fase. Ou seja, atuam na melhora do valor de regime permanente, na melhora da resposta transitória e na melhora do valor de regime permanente e da resposta transitória. Para que tais compensadores sejam adequadamente projetados e apresentem robustez e estabilidade, é necessário o conhecimento da planta. Contudo, muitos processos não têm função de transferência conhecida, e obtê- la por meio de técnicas de modelagem é uma tarefa extremamente complexa. Deste ponto de vista, métodos de sintonia foram desenvolvidos para sintonizar esses controladores sem o conhecimento da sua função de transferência. Entre os mais conhecidos, destacam-se os métodos de Ziegler-Nichols, o qual, com base do comportamento da planta, estabelece os parâmetros do controlador, garantindo a estabilidade e o desempenho. Problematizando Embora o controlador PID, principalmente, e o método de Ziegler- Nichols sejam bem conhecidos no meio industrial, falta o conhecimento de como é o funcionamento de ambos, pelo fato de controladores lógico 3 programáveis (CLP) serem capazes de executar uma função chamada auto- tunning, ou autoajuste. Essa rotina permite a sintonia automática dos controladores. Mesmo realizando essa sintonia automaticamente, é importante conhecer como cada uma das parcelas (proporcional, integral e derivativa) atua sobre o processo. Portanto, no final das contas, cabe ao ser humano a decisão de qual controlador utilizar e qual o valor mais adequado para os seus parâmetros. No meio industrial ainda existe certa resistência ao conhecimento desses controladores, devido ao fato de “não ser necessário conhecer, pois o CLP faz sozinho”. Cabe ao estudante, futuro engenheiro eletricista, desmistificar essa afirmação, conhecendo a importância de conhecer o funcionamento dos controladores e dos métodos de sintonia. Pesquise Além do método de sintonia de Ziegler-Nichols, existem outros métodos de sintonia que não são tão divulgados, mas que apresentam resultados satisfatórios. Pesquise sobre esses métodos e verifique as vantagens e desvantagens desses métodos em comparação ao método de Ziegler-Nichols. TEMA 1 – COMPENSADORES PROPORCIONAL, INTEGRAL E DERIVATIVO Os controladores estudados nesta aula têm como base três tipos de compensadores elementares: o proporcional, o integral e o derivativo. A seguir, cada um deles será analisado, mostrando como contribui para um sistema em malha fechada. Vamos iniciar o estudo pelo controlador proporcional (P). O controlador proporcional consiste em um ganho, Kp, que atua diretamente sobre o sinal de erro de um sistema em malha fechada, fazendo com que a ação de controle sobre a planta, Up(s), seja o resultado da multiplicação de Kp, pelo erro, E(s). Matematicamente é expressa como sEKsU pp (1) O diagrama de blocos da Figura 1 mostra como fica um sistema em malha fechada com um controlador proporcional. Figura 1 – Sistema em malha fechada com controlador proporcional 4 O valor do ganho, Kp, pode ser um valor entre 0 e 1. Quando se fala em ganho, não necessariamente está se referindo a um valor maior que um. Um ganho pode ser menor que um, resultando em um valor de saída menor que o valor de entrada. A variação do ganho Kp resulta em alteração do comportamento da planta. O aumento do ganho Kp resulta em uma resposta transitória mais rápida e uma diminuição do erro em regime permanente. Entretanto, há de se respeitar o limite físico da planta, ou seja, é impossível eliminar a diferença entre o sinal de saída e de entrada apenas com um controlador proporcional. Isso seria possível em um sistema ideal, no qual o atuador opera em uma situação hipotética, sem nenhum tipo de limitação. Como não existem tais sistemas, um aumento excessivo do ganho Kp pode levar o sistema à instabilidade, bem como um baixo valor de Kp pode levar o sistema em malha fechada a resultados não satisfatórios. A estrutura do controlador proporcional é uma das mais simples que existem. Fisicamente, qualquer controlador pode ser implementado por amplificadores operacionais que realizam a operação de subtração, para calcular o erro, e um amplificador para a implementação do ganho. A Figura 2 apresenta o circuito que implementa um controlador proporcional. Figura 2 – Circuito que implementa um controlador proporcional O ganho Kp por sua vez será dado pela relação entre os resistores R1, R2, R3 e R4. Matematicamente, 5 3 4 1 2 R R R R K p (2) Normalmente, os resistores R1 e R2 são iguais, e o ganho Kp é definido pelos resistores R3 e R4, entretanto, na prática, todos os resistores podem auxiliar na obtenção de Kp. O controlador integral atua diretamente sobre o erro em regime permanente. O seu princípio de funcionamento consiste em integrar o erro até que sinal de entrada se iguale ao sinal de saída, levando o erro a zero. A posição do controlador integral no diagrama de blocos é idêntica à do controlador proporcional, ou seja, na saída do elemento somador. Assim, após a inclusão do compensador integral, o sinal de controle Ui(s) é dado por sE sT sU i i 1 (3) em que Ti(s) é chamado de tempo integral. Portanto, um sistema em malha fechada com um compensador integral fica como mostrado na Figura 3. Figura 3 – Sistema em malha fechada com controlador integral A sua inclusão do integrador em um sistema de controle insere um polo na origem do plano complexo, no ponto 0+j0. Assim, nota-se que o controlador integral aumenta o grau do sistema em virtude da inclusão deste polo. Além de aumentar o grau do sistema, o polo na origem faz com que o erro em regime permanente seja igual a zero. Aqui cabe uma observação pertinente. Algumas plantas possuem naturalmente um polo na origem. Nesses casos, o erro em regime permanente já será zero, descartando, assim, a necessidade da inclusão do integrador. Contudo, o polo inserido pelo controlador está no limiar entre a estabilidade e a instabilidade. Isso significa que o compensador pode tornar o sistema instável em malha fechada muito facilmente, em razão de perturbações na saída ou variações paramétricas, por exemplo. 6 Fisicamente, um integrador é implementado pelo circuito da Figura 4, cuja função de transferência é dada conforme segue. Figura 4 – Circuito que implementa um controlador integral sE RsCR R sUdtte RCR R tu ii 123 4 123 4 11 (4) Outra característica do controlador integral é que a sua inclusão tende a alongar o tempo do regime transitório, fazendo com que o sistema em malha fechada demore mais para atingir o valor de regime permanente. Por fim, o controlador derivativo é o oposto do controlador integral em praticamentetodos os aspectos. Primeiramente, em relação a sua atuação no sistema. Esse controlador atua sobre o regime transitório, diminuindo o tempo de sua duração. Ele atua diretamente em função do sinal de erro, antecipando a ação que o atuador deve ter sobre a planta, tornando a correção do sinal de saída mais rápida. Após a sua implementação, o sinal de controle Ud(s) fica sendo sEsTsU dd (5) em que Td é chamado tempo derivativo. O controlador derivativo insere um zero na planta e nenhum polo. Assim como o controlador integral, a sintonia indevida do controlador pode ocasionar a instabilidade do sistema em malha fechada. Esse controlador também é bastante sensível a variações paramétricas da planta, o que também pode causar instabilidade. O circuito físico de um controlador derivativo está representado na Figura 5. 7 Figura 5 – Circuito que implementa um controlador derivativo Note que o circuito é exatamente o inverso do integrador, portanto, a operação matemática também é inversa, ou seja, ele realiza uma operação de derivação do sinal de erro, cuja função de transferência é dada por ssECR R R sU dt tde CR R R tu dd 12 3 4 12 3 4 (6) Um circuito em malha fechada com o controlador derivativo fica como mostrado na Figura 6. Figura 6 – Sistema em malha fechada com controlador derivativo TEMA 2 – CONTROLADOR PROPORCIONAL E PROPORCIONAL-INTEGRAL No tema anterior, os controladores proporcional, integral e derivativo foram apresentados individualmente. Para contornar o problema de sintonia dos controladores integral e derivativo, na prática, são utilizados os controladores proporcional-integral, denominados PI, e proporcional-derivativo, chamados de PD. Ainda, é possível combinar os três controladores, formando assim o controlador proporcional-integral-derivativo (PID). Neste tema, o controlador proporcional (P) será estudado em mais detalhes e também o controlador PI. Como visto anteriormente, o controlador P é composto de um conjunto de amplificadores, conforme mostrado na Figura 2. O primeiro amplificador 8 geralmente é utilizado apenas para inverter o sinal da entrada. Por exemplo, se o sinal de entrada for positivo, a saída será negativa. Como temos dois amplificadores na mesma configuração, o sinal de saída do conjunto terá a mesma polaridade do sinal de entrada. Considere como exemplo a configuração do circuito da Figura 7. Note que ao se colocar um potenciômetro na posição R4 em vez de um resistor fixo, ganha-se um grau de liberdade que é o ajuste do ganho do compensador em função do valor da resistência em que ele está ajustado. Figura 7 – Compensador proporcional com ganho ajustável Considere, agora, que esse compensador é aplicado no sistema em malha fechada da Figura 8, com Kp sendo representado pelo compensador da Figura 7. Figura 8 – Sistema em malha fechada com compensador proporcional Se ajustarmos o compensador para um ganho Kp igual a 1, ou seja, R4 em 10kΩ, a reposta do sistema a uma entrada do tipo degrau unitário apresentará um erro igual a 0,5. Se alterarmos o valor da resistência R4 para 50, o ganho Kp será igual a 5, e o erro será igual a 0,177. Por fim, se o resistor R4 for alterado para 100kΩ, o ganho Kp será igual a 10 e o erro será de 0,091. Assim, nota-se que, ao aumentarmos o ganho do compensador, o erro em regime permanente acaba diminuindo, porém nunca será completamente eliminado. A Figura 9 ilustra a situação descrita. Figura 9 – Sistema da Figura 8 com ganhos Kp = 1, Kp = 5 e Kp = 10 9 Trataremos, a partir de agora, do compensador PI. O PI nada mais é do que uma ação proporcional associada a uma ação integral, portanto, matematicamente pode ser dado pela função de transferência sCR sCR R R R R sE sU dtte RC te R R R R tu PIpi 22 22 1 2 3 4 121 2 3 4 11 (7) Fisicamente, o circuito que implementa um controlador PI nada mais é do que a junção de um controlador proporcional com um integrador formando assim um controlador PI, conforme mostrado na Figura 10. Figura 10 – Circuito que implementa um controlador proporcional-integral Nessa figura, é mostrado um amplificador na configuração inversora, responsável pela parcela integral e pelo ganho proporcional. Como exemplo, considere o sistema mostrado na Figura 11. Perceba que é o mesmo sistema da Figura 8, porém, com um controlador proporcional integral. 10 Figura 11 – Sistema em malha fechada com compensador proporcional Na Figura 12, é apresentada uma comparação da resposta do sistema em malha fechada com compensação proporcional com ganho igual a 10 e com compensação proporcional-integral com Kp = 10 e Ti = 0,01s, a uma entrada do tipo degrau unitário. Figura 12 – Comparação do sistema da Figura 11 com compensador proporcional e com compensador proporcional-integral Note que a resposta do sistema a quando compensado pelo PI é típica de um sistema de segunda ordem, já que a planta é de primeira ordem, e como a parcela integral insere um polo na origem do plano complexo, o sistema em malha fechada passa a ser de segunda ordem. Perceba, também, que o sistema com o compensador PI tem seu valor final estabilizado em 1, ou seja, o erro em regime permanente é nulo. Trabalhando matematicamente a equação (7) e fazendo uma comparação com o bloco do PI na Figura 11 chega-se a conclusão que 21 211 2 11 CRT sCRsT e R R K i i p (8) 11 TEMA 3 – COMPENSADOR PROPORCIONAL-DERIVATIVO E PROPORCIONAL-INTEGRAL-DERIVATIVO No tema anterior, foi estudado o comportamento dos controladores proporcional e proporcional-integral. Agora, serão estudados os controladores proporcional-derivativo e proporcional-integral-derivativo. O controlador PD tem a função de melhorar a resposta transitória de um sistema em malha fechada. Consiste na soma da ação do controlador proporcional com a ação de um controlador derivativo. Matematicamente essa combinação é dada por 111 1 2 3 4 11 1 2 3 4 sCR R R R R sE sU dt tde CRte R R R R tu PDpd (9) Fisicamente, o circuito que implementa um controlador PD nada mais é do que a junção de um controlador proporcional com um derivativo formando, assim, um controlador PD, conforme mostrado na Figura 13. Figura 13 – Circuito que implementa um controlador proporcional-derivativo Como exemplo de aplicação de um controlador PD ao sistema em malha fechada apresentado na Figura 14. Figura 14 – Sistema em malha fechada com compensador proporcional Na Figura 15, é apresentada uma comparação da resposta do sistema em malha fechada sem compensação e com compensação proporcional- derivativa com Kp = 5 e Td = 1s, a uma entrada do tipo degrau unitário. 12 Perceba que é nítida a melhora na resposta transitória do sistema. Note que a resposta do sistema sem compensação e malha fechada é mais lenta que a resposta do sistema em malha fechada com o compensador proporcional-derivativo. Comparando a equação (9) com o bloco que representa o compensador na Figura 14 chega-se a conclusão que 1212 1 2 CRTsCRsTe R R K ddp (10) Figura 15 – Comparação do sistema da Figura 14 em malha fechada sem compensação e compensador proporcional-derivativo Já o compensador PID é a combinação das ações de controle proporcional, integral e derivativo. Portanto, a sua implementação melhora a margem de estabilidade do sistema, em virtude da inclusão do compensador proporcional, elimina o erro em regime permanente em razão da parcela integral e melhora a resposta transitória por causa da parcela derivativa. Matematicamente, essa combinação é dada por sCRsCRsCR R R R R sE sU dt tde CRdtte RC te R R R R tu PIDpid 22 2211 1 2 3 4 11 121 2 3 4 111 (11) Fisicamente, o circuito que implementa um controlador PID nada mais é que a junção de um controlador proporcional, um integral e um derivativo, conforme mostrado na Figura 16. 13 Figura 16 – Circuito que implementa um controlador proporcional-integral- derivativo Como exemplo de aplicação de um controlador PID, considere o sistema mostrado na Figura 17. Perceba que é o mesmo sistema da Figura 8, porém com um controlador proporcional-integral-derivativo. Figura 17 – Sistema em malha fechada com compensador proporcional Para fins de comparação, a Figura 18 mostra a comparação do sistema da Figura 17, primeiramente em malha fechada com compensador proporcional com ganho Kp = 10, em malha fechada com o compensador PI com Kp = 10 e Ti = 0,1s, e por fim em malha fechada com um compensador PID com Kp = 10, Ti = 0,1s e Td = 1s. Figura 18 – Comparação da resposta do sistema da Figura 17 em malha fechada com compensadores P, PI e PID 14 Perceba que, à medida que a complexidade do compensador aumenta, a melhoria na resposta do sistema em malha fechada é nítida. Não significa, necessariamente, que a complexidade do controlador está diretamente relacionada à melhor resposta possível, porém, quando se fala de controladores PID, à medida que as parcelas são incluídas, há a melhora na resposta em regime permanente e do regime transitório. TEMA 4 – COMPENSADORES PID MODIFICADOS Neste tema, será estudada a estrutura do controlador PID clássico e suas variações. Entende-se por PID clássico o controlador que apresenta três parcelas distintas (proporcional, integral e derivativa) atuando sobre o valor do erro. Entretanto, em virtude de limitações dessa forma de implementação do controlador PID, surgiram variações que, embora tenham o mesmo funcionamento do controlador clássico, apresentam vantagens e desvantagens que podem torná-las atrativas ou não. No PID clássico, podemos ter duas configurações diferentes. A primeira delas, mostrada na Figura 19, o ganho da parcela proporcional, Kp, não se aplica às parcelas integral e derivativa, tendo cada parcela o seu próprio valor de ganho. 15 Figura 19 – Sistema em malha fechada com PID clássico e ganhos individuais Fonte: Adaptado de Ogata, 2010. Note que, nesse caso, a ação de controle U(s) é o resultado da soma das ações de controle, proporcional, integral e derivativa. A função de transferência que descreve a ação deste controlador, para D(s) e N(s) iguais a zero, é sEsT sT KsUsT sT K sE sU sG d i pd i pPID 11 (12) A segunda configuração do PID clássico é mostrada na Figura 20. Nela o ganho é aplicado ao resultado das somas das três ações de controle, ou seja, o ganho Kp é aplicado às três parcelas do compensador. Figura 20 – Sistema em malha fechada com PID clássico com apenas um ganho Fonte: Ogata, 2010. A função de transferência que descreve a ação desse controlador, para D(s) e N(s) iguais a zero, é 16 sEsT sT KsUsT sT K sE sU sG d i pd i pPID 1 1 1 1 (13) Esses dois controladores são os chamados controladores PID clássicos, pois o somatório das ações proporcional, integral e derivativa atua sobre o valor da mesma variável, que é o erro. As variações que surgem a partir do PID clássico não alteram a essência do controlador, mas alteram a variável sobre a qual cada ação atua. A primeira variação a ser estudada é a configuração PI-D, mostrada na Figura 21. Perceba que, nessa configuração, as ações de controle proporcional e integral continuam atuando sobre o erro e são somadas. No entanto, a parcela derivativa agora atua sobre o sinal de realimentação e o resultado da ação derivativa é subtraído da soma das ações proporcional e integral. Perceba, ainda, que o ganho está aplicado ao resultado da soma das ações de controle. Figura 21 – Configuração do controlador PI-D Fonte: Ogata, 2010. A vantagem desta configuração em relação ao PID clássico é que na configuração PI-D se elimina o efeito do salto de valor de referência. Esse fenômeno ocorre quando o sinal de entrada for uma função do tipo degrau. Quando o degrau passa pelo termo derivativo, a sua ação de controle envolverá uma função impulso, o que pode levar a o resultado da ação de controle a um valor não suportado pelo atuador, levando o sistema à instabilidade. Para o sistema da Figura 21, a função de transferência em malha fechada e a ação de controle, considerando os distúrbios D(s) e N(s) iguais a zero, são dadas por 17 sBsT sT KsR sT KsU sGKsT sT sGK sT sTsR sY d i p i p ppd i pp d i 1 1 1 1 1 11 1 1 (14) Outra configuração possível é a chamada I-PD. Nessa configuração, apenas a parcela integral fica submetida ao erro. As parcelas proporcional e derivativa têm como entrada o sinal de realimentação, conforme mostrado na Figura 22. Figura 22 – Configuração do controlador I-PD Fonte: Ogata, 2010. Nessa configuração, a função de transferência e a ação de controle são dadas por sBsT sT KsR sT KsU sGKsT sT sGK sTsR sY d i p i p ppd i pp i 1 1 1 1 11 1 (15) TEMA 5 – MÉTODOS DE SINTONIA DE COMPENSADORES PID Neste tema, será estudada a sintonia de controladores PID pelo método de Ziegler-Nichols. Existem duas formas de sintonia de controladores por esse método, as quais serão estudadas a seguir. Os métodos de sintonia de Ziegler-Nichols têm como objetivo obter uma combinação de ganhos para o PID de modo que o compensador possa ser 18 considerado “bem ajustado”. Entenda-se por um compensador PID “bem ajustado” aquele que proporciona ao sistema em malha fechada uma resposta transitória, cujo decaimento da amplitude da oscilação do primeiro para o segundo ciclo é de quatro vezes. Em outras palavras, a amplitude do segundo ciclo de oscilação é ¼ da amplitude do primeiro ciclo de oscilação. A Figura 23 ilustra o que seria a resposta de um sistema com um compensador PID “bem ajustado”. Figura 23 – Resposta de um sistema com PID em malha fechada com ¼ de decaimento O primeiro procedimento para a sintonia de controladores pelo método de Ziegler-Nichols consiste em aplicar uma entrada do tipo degrau unitário a um sistema em malha aberta e verificar a sua saída, conforme mostrado na Figura 24. Caso a planta que está sendo testada não tenha integradores, nem polos complexos conjugados dominantes, o sinal de saída deve ser muito semelhante ao mostrado na Figura 25. Figura 24 – Resposta de uma planta em malha aberta ao degrau unitário Fonte: Ogata, 2010. 19 Figura 25 – Curva de resposta em S Fonte: Ogata, 2010. Note que, na Figura 25, há duas constantes, o atraso denominado por L, e a constante de tempo, T. Quem define o valor das duas constantes é a reta tangente ao ponto de inflexão da curva do sinal de saída da planta. A partir dos valores de L e T, basta aplicar os cálculos definidos pela Tabela 1 para obter os valores de Kp, Ti e Td. Tabela 1 – Regra de sintonia pelo primeiro método de Ziegler-Nichols Tipo de controlador Kp Ti Td P L T 0 PI L T 9,0 3,0 L 0 PID L T 2,1 L2 L5,0 Fonte: Ogata, 2010. Perceba, pela Tabela 1, que o método de sintonia por Ziegler-Nichols não é restrito a controladores do PID. Ele também pode ser aplicado caso se deseje implementar um compensador proporcional, e também caso se deseje implementar um compensador proporcional-integral. O segundométodo de Zigler-Nichols parte de um sistema em malha fechada com um controlador PID qualquer. A partir desse sistema, o método pode ser resumido nas seguintes etapas: retire as ações de controle integral e derivativa, mantendo apenas a ação de controle proporcional, conforme mostrado na Figura 26; 20 Figura 26 – Sistema em malha fechada com ganho proporcional Fonte: Ogata, 2010. eleve o ganho da ação proporcional, até que o sistema se torne oscilatório, com o maior ganho possível, e mantenha o ganho nesse valor. Esse ganho será chamado de ganho crítico, representado por Kcrítico; após o controlador proporcional com o ganho crítico, verifica-se qual é o período da oscilação que esse ganho ocasiona. O período da oscilação é chamado de período crítico e representado por Pcrítico, medido em segundos, conforme mostrado na Figura 27. Figura 27 – Identificação do período crítico, Pcrítico, com o ganho crítico, Kcrítico, para aplicação do método de Ziegler-Nichols Fonte: Ogata, 2010. Após a identificação do ganho e do período crítico, basta definir e aplicar os valores às equações mostradas na Tabela 2 e determinar o ganho Kp, e os tempos Ti e Td. Tabela 2 – Regra de sintonia de controladores, P, PI e PID, baseado no método de Ziegler-Nichols utilizando o ganho Kcrítico e o período Pcrítico Tipo de controlador Kp Ti Td P críticoK5,0 0 21 PI críticoK45,0 críticoP 2,1 1 0 PID críticoK6,0 críticoP5,0 críticoP125,0 Fonte: Ogata, 2010. É fácil perceber que, assim como no primeiro método, o segundo método também possibilita o projeto de controladores do tipo proporcional e proporcional-integral, não ficando restrito à sintonia de controladores PID. Vale ressaltar, ainda, que os parâmetros estabelecidos pelos dois critérios de Ziegler-Nichols são válidos para a equação de um PID conforme a equação (13). NA PRÁTICA O controlador PID é o mais utilizado em processos industriais. Pesquise os processos são controlados por PIDs e onde eles poderiam ser implementados com o intuito de melhorar a confiabilidade de um processo. FINALIZANDO Esta aula mostrou como funciona cada uma das ações de controle: proporcional, integral e derivativa. Além disso, foi mostrado como a inclusão de cada uma dessas parcelas influencia o desempenho em malha fechada. Por fim, foi abordado o método de sintonia de PIDs de Zigler-Nichols e a sua importância para o projeto de controladores. 22 REFERÊNCIAS NISE, N. S. Engenharia de sistemas de controle. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. OGATA, K. Engenharia de controle moderno. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2010.
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