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UCI: introdução ao estudo da medicina 
Tutoria: 
SP2: Por onde começar? 
Classificação, replicação, patogênese, 
comportamento clínico, diagnóstico e 
tratamento das arboviroses 
 Dengue: 
o Classificação: Pertencem à família 
Flaviviridae, gênero Flavivirus, 
espécie dengue vírus, com quatro 
sorotipos (DENV-1, -2, -3 e -4). 
A partícula dos flavivírus mede de 
40 a 60 nm de diâmetro, possui 
um capsídeo proteico com simetria 
icosaédrica, envolvido por um 
envelope lipídico onde estão 
inseridas pequenas proteínas de 
membrana e espículas de natureza 
glicoproteica. O genoma desse 
flavivírus é constituído por um RNA 
de fita simples com polaridade 
positiva (RNAfs+), ele codifica três 
proteínas estruturais (capsídeo, C; 
prM, M; envelope, E), e sete 
proteínas não estruturais (NS1-
NS2A-NS2B-NS3-NS4A-NS4B-
NS5) responsáveis pelas atividades 
reguladoras e de expressão do vírus, 
incluindo biossíntese, virulência e 
patogenicidade. As proteínas NS são 
responsáveis pela replicação do RNA 
viral e também auxiliam na 
montagem viral e na evasão da 
resposta imune do hospedeiro 
DEN-1: Pouco agressivo . 
DEN-2: Agressão ao fígado, causando discretas 
alterações dos fatores de coagulação e provocando 
hemorragia grave. 
DEN-3: Muito agressivo ao fígado, causando 
acentuadas alterações dos fatores de coagulação e 
provoca hemorragia gravíssima. 
DEN-4: Poucas informações sobre sua 
patogenicidade. 
 
o Replicação: A biossíntese tem início 
mediante a adsorção da partícula 
viral à célula hospedeira, os 
flavivírus podem utilizar múltiplos 
receptores presentes em alguns 
tipos celulares de diferentes 
hospedeiros para esse processo. 
Após a adsorção, a partícula é 
endocitada em vesículas recobertas 
por clatrina, e o nucleocapsídeo é 
liberado no citoplasma após a fusão 
do envelope viral com a membrana 
do endossoma. Essa fusão é 
dependente de pH e ocorre após 
mudança conformacional da proteína 
E. Depois da liberação do RNA 
genômico no citoplasma celular, ele 
serve como RNAm e é traduzido 
em uma poliproteína que é clivada 
gerando proteínas não estruturais e 
estruturais. A replicação desse 
mesmo RNAg ocorre também no 
citoplasma, em associação a 
membranas celulares nos complexos 
de replicação viral, e começa com a 
síntese de uma fita de RNA 
complementar, com polaridade 
negativa (RNAc–), que serve como 
molde para a produção de novas 
fitas de RNA com polaridade 
positiva (RNAg). Essa reação é 
catalisada pela atividade RNA 
polimerase-RNA dependente 
(RpRd) da proteína NS5, em 
associação à protease/helicase NS3 
e outras proteínas não estruturais. 
A proteína C e o RNA genômico 
formam o nucleocapsídeo, e a 
montagem da partícula viral ocorre 
nas proximidades do retículo 
endoplasmático, onde a partícula 
viral adquire o envelope com as 
proteínas E e prM já inseridas. As 
partículas são direcionadas através 
da via secretora para o complexo de 
Golgi, onde ocorre a clivagem de 
prM em M, e um rearranjo na 
proteína E, resultando na 
maturação da partícula viral. O 
transporte para a membrana 
plasmática é realizado por meio de 
vesículas que se fundem com a 
membrana celular, liberando as 
partículas por exocitose. 
 
o Patogênese: Os DENV podem ser 
transmitidos por Aedes aegypti e 
Aedes albopictus e são mantidos na 
natureza por meio de dois ciclos de 
transmissão horizontal: urbano, pela 
transmissão homem-mosquito-
homem, e silvestre, pela 
transmissão macaco-mosquito-
macaco, além da transmissão 
vertical em vetores Aedes. O 
período de transmissibilidade no 
homem pode ocorrer 1 dia antes do 
início da febre até o 6-9º dia da 
doença. Após o repasto com sangue 
de um indivíduo infectado, as 
fêmeas dos mosquitos se 
contaminam e os vírus se alojam em 
suas glândulas salivares, onde ocorre 
a biossíntese viral. Após 8 a 12 dias 
de incubação (PIE), essa fêmea é 
capaz de transmitir os vírus ao 
picar outro indivíduo suscetível, e o 
período de transmissibilidade 
perdura por toda a sua vida (6 a 8 
semanas). As primeiras células 
infectadas são as células dendríticas 
na pele, onde ocorre a biossíntese 
inicial e posterior migração para os 
linfonodos. A seguir, o vírus atinge 
a corrente sanguínea (viremia) 
provocando a fase febril aguda (3 a 
5 dias). Nesse período, o vírus 
pode ser isolado a partir de soro ou 
células mononucleares do sangue 
periférico do paciente. Resultando 
na ativação das células TCD4+ e 
TCD8+ por conta da expressão de 
proteínas na superfície das células 
dendríticas e macrófagos infectados, 
e a liberação de diferentes citocinas 
e interleucinas que desempenham 
papel importante. O IFN liberado 
pelas células T é responsável pela 
redução na atividade da medula 
óssea que tem como consequência a 
diminuição na produção de células 
sanguíneas. Assim, as primeiras 
características observadas em um 
paciente com dengue são as 
petéquias (pontos hemorrágicos) 
espalhadas pelo corpo e 
plaquetopenia, seguida por 
leucocitose. Da corrente sanguínea, 
os vírus são disseminados a órgãos 
como fígado, baço, linfonodos 
regionais, medula óssea, pulmão, 
coração e trato gastrointestinal. As 
lesões hepáticas são similares às da 
febre amarela, com necrose focal 
dos hepatócitos, tumefação, 
surgimento de células mononucleares 
com citoplasma acidófilo e 
vacuolizado, hiperplasia e necrose 
hialina de células de Kupffer. Na 
medula óssea observa-se depressão 
dos elementos medulares, que 
melhora à medida que a febre 
diminui. Acredita-se que alguns 
fatores sejam determinantes para o 
agravamento da doença e a 
reinfecção por um segundo sorotipo 
do DENV ocorre porque as células 
de memória decorrentes da infecção 
prévia por outro sorotipo 
rapidamente começam a sintetizar 
anticorpos que reagem, mas não 
neutralizam os vírus. Os 
imunocomplexos formados são 
fagocitados por 
monócitos/macrófagos que são os 
principais sítios de biossíntese viral, 
com a infecção dessas células, há 
um aumento da produção de 
partículas virais que são liberadas, 
com formação de mais 
imunocomplexos. Esses complexos 
ativam o sistema complemento que, 
através da liberação de 
anafilatoxinas, leva ao aumento da 
permeabilidade vascular com 
extravasamento de plasma para os 
tecidos, coagulação intravascular e 
hipovolemia seguida de choque 
hipovolêmico. Estudos mostraram 
que a infecção pelos sorotipos 
DENV-2 e DENV-3 pode estar 
associada a casos graves da doença, 
sem necessariamente ter havido 
contato prévio com qualquer outro 
sorotipo, já os sorotipos DENV-1 e 
DENV-4 são relacionados com 
quadros mais brandos. Fatores 
genéticos do hospedeiro também 
podem ser determinantes para o 
agravamento do quadro clínico, 
como mutações em genes associados 
à suscetibilidade à doença, como o 
polimorfismos no gene HLA que 
está relacionado com proteção ou 
agravamento da doença, graças à 
resposta diferencial das células T 
que ocorre em cada caso, assim 
como a quantia de ICAM-3 
(molécula de adesão intracelular-3 -
> receptores de células dendríticas), 
ex: aumento da expressão desse 
receptor está associado a diminuição 
da biossíntese do sorotipo DENV-2. 
Com a extensão da lesão hepática, 
em decorrência da propagação viral 
nos hepatócitos, há 
comprometimento dos fatores de 
coagulação que, associados à inibição 
da maturação de megacariócitos, 
podem evoluir para um quadro 
hemorrágico grave. Outros fatores 
considerados são a liberação de 
mediadores químicos depois de 
destruição de monócitos/macrófagos 
infectados que resultam no 
aumento da permeabilidade vascular 
com extravasamento de plasma e 
posterior coagulação intravascular; o 
aumento da virulência do agente 
após passagens sucessivas em 
mosquitos e seres humanos; pessoas 
com doenças crônicas (diabetes ou 
hipertensão); crianças que 
apresentam a sintomatologia da 
doença estão mais propensas ao 
desenvolvimento do quadro grave do 
que adultos, entre outros. 
 
o Comportamento clínico: A infecção 
pelos DENV varia de uma síndrome 
viral inaparente -> branda -> febre 
da dengue-> dengue clássica -> 
doenças hemorrágicas graves. O 
período de incubação da dengue é 
de 2 a 7 dias. Na febre clássica da 
dengue a manifestação clínica 
começa abruptamente com febre, 
cefaleia, dor retro-orbital, 
congestão conjuntival, dor 
lombossacral, mal-estar, prostração, 
anorexia, náusea, disgeusia e pode 
ocorrer erupção maculopapular na 
epiderme. Podem ser observadas 
manifestações hemorrágicas, como 
epistaxe, gengivorragia, sangramento 
gastrointestinal, sangramento 
vaginal e hematúria, e doenças 
graves como hepatite fulminante, 
falência dos órgãos, extravasamento 
vascular com hipovolemia, 
cardiomiopatia e encefalopatia. O 
choque ocorre quando um volume 
crítico de plasma é perdido através 
do extravasamento (inicia com 4 ou 
5 dias com intervalo entre 3 e 7 
dias), e geralmente é precedido por 
sinais de alarme. O período de 
extravasamento plasmático e choque 
leva de 24 a 48 horas, podendo 
levar o paciente ao óbito em um 
intervalo de 12 a 24 horas ou a 
sua recuperação rápida, após terapia 
antichoque apropriada, como a 
reposição de fluidos e eletrólitos e 
administração de plasma e 
concentrado de plaquetas. O choque 
prolongado e a consequente 
hipoperfusão de órgãos resultam no 
comprometimento progressivo 
destes, bem como em acidose 
metabólica e CID, que podem causar 
hemorragias graves e diminuição de 
hematócrito agravando ainda mais o 
choque. Alguns pacientes podem 
evoluir para choque sem evidências 
de sangramento espontâneo ou 
prova do laço positiva, salientando 
que o fator determinante das 
formas graves da dengue é a 
alteração do endotélio vascular com 
extravasamento plasmático, o que 
leva ao choque devido a 
hemoconcentração, hipoalbuminemia 
e/ou derrames cavitários. Podem 
ocorrer alterações cardíacas graves, 
manifestando-se com redução de 
fração de ejeção e choque 
cardiogênico; Síndrome da angústia 
respiratória, pneumonites e 
sobrecargas de volume com 
desconforto respiratório; e 
hemorragia massiva sem choque 
prolongado, quando é do aparelho 
digestivo, é mais frequente em 
pacientes com histórico de úlcera 
péptica ou gastrite, assim como 
também pode ocorrer devido a 
ingestão de ácido acetilsalicílico 
(AAS), anti-inflamatórios não 
esteroidais (AINE) e 
anticoagulantes. O grave 
comprometimento orgânico, como 
hepatites, encefalites ou 
miocardites pode ocorrer sem o 
concomitante extravasamento 
plasmático ou choque. As 
miocardites por dengue são 
expressas principalmente por 
alterações do ritmo cardíaco, 
inversão da onda T e do segmento 
ST com disfunções ventriculares, 
podendo ter elevação das enzimas 
cardíacas. Elevação de enzimas 
hepáticas de pequena monta (50% 
dos casos) pode evoluir para 
comprometimento das funções 
hepáticas, expresso pela elevação 
das aminotransferases em 10x o 
valor máximo normal + aumento no 
tempo de protrombina. Alguns 
pacientes podem ainda apresentar 
manifestações neurológicas, como 
convulsões e irritabilidade no 
período febril ou na convalescença 
resultando em meningite 
linfomonocítica, encefalite, síndrome 
de Reye, polirradiculoneurite, 
polineuropatias (síndrome de 
Guillain-Barré) e encefalite. A 
insuficiência renal aguda é pouco 
frequente e geralmente cursa com 
pior prognóstico. De acordo com os 
níveis de gravidade, a OMS classifica 
a dengue em: Dengue sem sinais de 
alerta; Dengue com sinais de alerta 
(dor abdominal, vômito persistente, 
acúmulo de fluido, sangramento das 
mucosas, letargia, aumento do 
volume do fígado, aumento do 
hematócrito e diminuição das 
plaquetas); e Dengue grave 
(extravasamento de plasma, levando 
ao choque ou acúmulo de líquidos 
com desconforto respiratório, 
sangramento grave ou sinais de 
disfunção orgânica como o coração, 
os pulmões, os rins, o fígado e o 
sistema nervoso central). 
Fase febril: A primeira manifestação é a febre que 
tem duração de dois a sete dias, geralmente alta 
(39 °C a 40 °C), de início abrupto, associada à 
cefaleia, à adinamia (fraqueza muscular), às 
mialgias (dor muscular), às artralgias (dor nas 
articulações) e a dor retroorbitária (atrás dos 
olhos). O exantema (irritação na pele espalhada 
pelo corpo) está presente em 50% dos casos, é 
predominantemente do tipo máculo-papular, 
atingindo face, tronco e membros de forma 
aditiva, plantas de pés e palmas de mãos, podendo 
apresentar-se sob outras formas com ou sem 
prurido, frequentemente no desaparecimento da 
febre. Anorexia, náuseas e vômitos e diarreia 
podem estar presentes. Após a fase febril, grande 
parte dos pacientes recupera-se gradativamente 
com melhora do estado geral e retorno do apetite. 
Fase crítica: Esta fase pode estar presente em 
alguns pacientes, podendo evoluir para as formas 
graves. Tem início com a defervescência 
(diminuição) da febre, entre o terceiro e o sétimo 
dia do início da doença, acompanhada do 
surgimento dos sinais de alarme. 
Dengue com sinais de alarme: A maioria dos sinais 
de alarme é resultante do aumento da 
permeabilidade vascular, a qual marca o início do 
deterioramento clínico do paciente e sua possível 
evolução para o choque por extravasamento de 
plasma. 
Dengue grave: As formas graves da doença podem 
manifestar-se com extravasamento de plasma, 
levando ao choque ou acúmulo de líquidos com 
desconforto respiratório, sangramento grave ou 
sinais de disfunção orgânica como o coração, os 
pulmões, os rins, o fígado e o sistema nervoso 
central (SNC). Derrame pleural e ascite podem ser 
clinicamente detectáveis, em função da intensidade 
do extravasamento e da quantidade excessiva de 
fluidos infundidos. A dengue grave pode evoluir 
para choque, hemorragias graves e disfunções graves 
de órgãos. 
Choque: O choque ocorre quando um volume crítico 
de plasma é perdido através do extravasamento, o 
que geralmente ocorre entre os dias quatro ou 
cinco (com intervalo entre três a sete dias) de 
doença, geralmente precedido por sinais de 
alarme.O período de extravasamento plasmático e 
choque leva de 24 a 48 horas. O choque na 
dengue é de rápida instalação e tem curta duração. 
Podendo levar o paciente ao óbito em um intervalo 
de 12 a 24 horas ou a sua recuperação rápida, 
após terapia antichoque apropriada. Podem ocorrer 
alterações cardíacas graves (insuficiência cardíaca e 
miocardite). 
Hemorragias graves: Em alguns casos pode ocorrer 
hemorragia massiva sem choque prolongado e este 
sangramento massivo é critério de dengue grave. 
Disfunção grave de órgãos: O grave 
comprometimento orgânico, como hepatites, 
encefalites ou miorcardites pode ocorrer sem o 
concomitante extravasamento plasmático ou 
choque. Alguns pacientes podem ainda apresentar 
manifestações neurológicas, como convulsões e 
irritabilidade. 
o Diagnóstico: Seu diagnóstico vai 
depender de fatores clínicos e 
possíveis exposição ao vírus. O 
diagnóstico consiste em isolamento 
viral, detecção do antígeno e do 
ácido nucleico viral e sorologia para 
a pesquisa de anticorpos. Os 
materiais de escolha para o 
isolamento são o sangue, soro ou 
plasma (3-5º dia da doença). A 
inoculação pode ser feita via injeção 
intratorácica em mosquitos, 
inoculação no cérebro de 
camundongos ou em culturas de 
células de mosquito, seguida da 
identificação por IF empregando 
anticorpos monoclonais tipo-
específicos. O antígeno procurado 
geralmente é a proteína NS1 por 
ser altamente conservada entre os 
sorotipos. Pode ser detectado no 
soro dos pacientes por meio de 
imunoensaios, mas esse método 
perde a sensibilidade quando a 
infecção é secundária devido à 
interferência dos anticorpos 
heterólogos, sendo necessária a 
utilização de outra forma de 
diagnóstico. A RT-PCR convencional 
ou em tempo real tem sido aplicada 
no diagnóstico rápido da infecção. A 
partir do 5o dia de sintoma a 
testagem pode ser feita a partir de 
exames laboratoriais que visam a 
detecção de IgG e IgM. De acordo 
com o MS do Brasil, considera-se 
caso suspeito de dengue todo 
paciente que apresente doença febril 
aguda, com duração máxima de 7 
dias, acompanhadade pelo menos 
dois dos sinais ou sintomas como 
cefaleia, dor retro-orbitária, mialgia, 
artralgia, prostração ou exantema, 
associados ou não à presença de 
sangramentos ou hemorragias, com 
história epidemiológica positiva, 
tendo estado nos últimos 15 dias 
em região com transmissão de 
dengue ou que tenha a presença do 
Aedes aegypti. Todo o caso suspeito 
de dengue deve ser notificado à 
Secretaria de Vigilância 
Epidemiológica (SVE) municipal ou 
estadual, sendo imediata a 
notificação dos casos mais graves da 
doença. 
o Tratamento: Não há tratamento 
específico para a dengue. O 
tratamento é sintomático, 
consistindo em hidratação e 
emprego de antitérmicos e 
antieméticos. Não utilizar AAS, 
medicamentos contendo dipirona 
(ocasionar erupções na pele), AINE 
contendo ibuprofeno, diclofenaco, 
nimesulida, cetoprofeno (risco de 
efeitos colaterais como hemorragias 
digestivas e reações alérgicas). O 
paracetamol, recomendado para o 
tratamento dos sintomas como dor 
e febre, a metoclopramida e a 
bromoprida podem ser utilizados 
como antieméticos. Nos casos mais 
graves, é importante a reposição de 
fluidos e eletrólitos, administração 
de plasma e concentrado de 
plaquetas. 
 Febre amarela: 
o Classificação: Pertencem à família 
Flaviviridae, gênero Flavivirus, 
espécies Yellow fever virus com 
único sorotipo. Tem a mesma 
estrutura do vírus da Dengue 
o Replicação: Igual a da dengue 
o Patogênese: O vírus é mantido na 
natureza por meio de dois ciclos de 
transmissão horizontal: silvestre 
(macaco-mosquito-macaco) e urbano 
(homem-mosquito-homem). No 
ciclo silvestre, a transmissão é feita 
por intermédio de mosquitos, dos 
gêneros Haemagogus, Sabethes e 
Aedes. Nesses casos também ocorre 
a transmissão transovariana 
(vertical) no mosquito. O homem 
suscetível pode ser infectado ao 
penetrar em áreas de florestas e 
tornar-se uma fonte de infecção 
para o mosquito Aedes aegypti ao 
retornar às áreas urbanas. Dessa 
forma, com a infecção do mosquito, 
tem-se a manutenção urbana do 
vírus por meio da transmissão 
mosquito-homem. Tanto o A. 
aegypti quanto o A. albopictus 
proliferam dentro ou nas 
proximidades de habitações, em 
recipientes contendo água limpa, e 
possuem o hábito de picar durante 
o dia. O vírus penetra pela pele, 
após inoculação pelo mosquito-fêmea 
infectado, ocorrendo a biossíntese 
inicial nos linfonodos regionais. 
Então dissemina-se, via corrente 
sanguínea, a outros órgãos (fígado, 
rins, medula óssea, sistema nervoso 
central, coração, pâncreas, baço e 
linfonodos), onde ocorre a 
propagação viral e necrose celular 
(lesões maiores no fígado e no 
rim). O fígado mostra-se 
aumentado e encontram-se 
alterações como necrose médio-zonal 
dos lóbulos hepáticos, esteatose e 
degeneração eosinofílica dos 
hepatócitos denotando a lesão 
hepática devido à apoptose das 
células; a formação dos corpúsculos 
intracitoplasmáticos de Councilman 
e dos corpúsculos intranucleares de 
Torres; a biossíntese viral nas 
células de Kupffer leva à diminuição 
na taxa de formação de 
protrombina e à icterícia; 
entretanto, uma resposta 
inflamatória é ausente ou fraca. Os 
rins apresentam-se aumentados com 
edema intersticial e discreto 
infiltrado inflamatório mononuclear; 
o epitélio tubular pode apresentar 
desde degeneração turva até franca 
necrose devido à coagulação 
sanguínea. Além da lesão tecidual 
provocada pela propagação viral, o 
processo de coagulação intravascular 
disseminada (CID) também pode 
desempenhar importante papel na 
fisiopatologia da doença. 
 
o Comportamento clínico: O período de 
incubação varia de 3 a 6 dias (até 10 a 15 
dias), também pode variar desde infecções 
assintomáticas (50% dos casos) até 
quadros graves e fatais. O quadro clínico 
clássico caracteriza-se pelo surgimento 
súbito de febre alta e contínua, cefaléia 
intensa e duradoura, inapetência, náuseas e 
mialgia. O sinal de Faget (bradicardia + 
febre alta) pode ou não estar presente. Na 
forma leve, o quadro clínico é autolimitado 
com febre e cefaléia com duração de 2 
dias. Na forma moderada o paciente 
apresenta, por 2 a 4 dias, sinais e 
sintomas de febre, cefaléia, mialgia e 
artralgia, congestão conjuntival, náuseas, 
astenia e alguns fenômenos hemorrágicos 
como epistaxe, e pode haver subicterícia, 
involuindo sem complicações ou sequelas. As 
formas graves (15-60%) podem ter 
evolução rápida para óbito (20-50% dos 
casos), nesse caso a cefaleia e a mialgia 
ocorrem em maior intensidade, 
acompanhadas de náuseas e vômitos 
frequentes, icterícia e pelo menos oligúria 
ou manifestações hemorrágicas, como 
epistaxe, hematêmese e metrorragia. 
Classicamente, os casos de evolução grave 
podem apresentar um período de remissão 
dos sintomas de 6 a 48 horas entre o 3o 
e 5o dia de doença, seguido de 
agravamento da icterícia, insuficiência 
hepatorrenal e CID, o paciente pode 
involuir dos sintomas em uma semana. 
Forma leve/moderada: Maioria dos casos (depois da 
forma assintomática). Febre, cefaléia, mialgias, 
icterícia leve, náuseas, vômitos. Pacientes 
apresentam plaquetopenia, elevações nas 
transaminases e bilirrubinas normais nos exames 
laboratoriais.Desidratação 
Forma grave: Sintomas acima somados a icterícia 
intensa, manifestações hemorrágicas (hematêmese 
- sangue no vômito), oligúria e diminuição da 
consciência, albuminúria. Plaquetopenia intensa e 
aumento da creatinina, além de elevação 
importante das transaminases nos exames 
laboratoriais. As formas mais graves podem cursar 
também com insuficiência hepática e renal 
Forma maligna: Íctero-hemorrágica-renal. Sintomas 
já descritos, mas de maneira muito intensificada. 
Sintomas clássicos de falência hepato-renal (anúria, 
icterícia) 
o Diagnóstico: O diagnóstico da febre amarela 
pode ser feito por isolamento e 
identificação viral, pesquisa de anticorpos e 
detecção do ácido nucleico. O material de 
escolha para isolamento viral é o sangue ou 
soro do paciente (4º dia da doença). A 
biópsia de fígado durante a doença é 
contraindicada devido a casos de hemorragia 
fatal. O sangue ou soro podem ser 
inoculados em culturas de células de animais 
e em culturas de células de mosquito, 
camundongos recém-nascidos ou 
intratoracicamente em mosquitos. A 
identificação pode ser feita por testes 
sorológicos, como teste de neutralização 
(TN), inibição da hemaglutinação (HI), 
fixação de complemento (FC), 
imunofluorescência (IF) e ensaio 
imunoenzimático (EIA). A sorologia produz 
resultados bem definidos quando realizada 
em pacientes expostos pela primeira vez a 
um flavivírus. No entanto, quando a pessoa 
foi exposta anteriormente a outro 
flavivírus, a reação é rápida e intensa em 
função da memória imunológica prévia. 
Nesse caso, os níveis de anticorpos 
heterólogos são iguais ou mais elevados que 
os específicos, dificultando a interpretação 
das reações sorológicas. Pode-se realizar a 
sorologia pareada empregando TN, HI ou 
FC, assim como a pesquisa de anticorpos 
específicos da classe IgM por IF ou EIA. 
Para a detecção do ácido nucléico viral no 
sangue do paciente, pode ser utilizada a 
reação em cadeia da polimerase associada à 
transcrição reversa (RT-PCR) convencional 
ou em tempo real e a hibridização em 
microarranjos. 
o Tratamento: Não existe tratamento 
específico para a febre amarela. Nas formas 
leves e moderadas, o tratamento é 
sintomático, à base de paracetamol, na 
cefaléia; e antieméticos, nos casos de 
vômitos. Não devem ser utilizados anti-
inflamatórios e ácido acetilsalicílico (AAS). 
Nas formas graves, o paciente deve ser 
atendido em unidade de terapia intensiva 
para o tratamento das insuficiências 
hepática e renal, e hemorragias. Nos casos 
de sangramentos graves, o uso de plasma 
fresco ou sangue total deve ser 
imediatamente indicado. Quando houver 
insuficiência renal, a diálise pode ser 
necessária. 
 Zika vírus: 
o Classificação: O ZIKV possui RNA 
de fita simples de polaridade 
positiva (RNAfs+) e pertence à 
família Flaviviridae, gênero 
Flavivirus. O ZIKVapresenta apenas 
um sorotipo; duas linhagens, a 
africana e a asiática; e três 
genótipos bem identificados: oeste 
africano, leste africano e asiático. O 
vírus introduzido nas Américas foi 
derivado da linhagem asiática. Os 
surtos recentes de ZIKV foram 
marcados pelo surgimento de um 
fenótipo mais agressivo 
apresentando neurotropismo, que 
pode ser evidenciado pela associação 
da infecção por ZIKV com os casos 
de microcefalia e a síndrome de 
Guillain-Barré, por conta de 
substituições de aminoácidos que 
podem estar relacionadas ao 
aumento da virulência e ao 
desenvolvimento do fenótipo 
neurotrópico. 
o Replicação: A biossíntese do ZIKV 
ocorre no citoplasma celular e se 
inicia com a adsorção da proteína 
do envelope a moléculas receptoras 
presentes nas células suscetíveis, 
como TIM-1, TIM-4, Axl e Tyro 3, 
configurando a suscetibilidade celular 
para esse patógeno. Em seguida à 
internalização, o ambiente acídico 
do interior do compartimento 
endossomal promove alterações na 
conformação das glicoproteínas do 
envelope viral, levando à fusão 
entre o envelope do vírus e a 
membrana do endossoma. O RNA 
genômico (RNAg) liberado é 
imediatamente processado pelos 
ribossomas no retículo 
endoplasmático, desse 
processamento resulta uma proteína 
precursora que é subsequentemente 
clivada por proteases virais e 
celulares em sete proteínas não 
estruturais e três proteínas 
estruturais. A biossíntese do ZIKV 
implica em rearranjo do RE da 
célula hospedeira, que se torna um 
sítio adequado à propagação viral. A 
proteína não estrutural NS1 é 
indispensável para a promoção do 
remodelamento do RE, contribuindo 
para a formação de invaginações, no 
interior das quais se acredita que 
ocorra a síntese do RNA negativo 
intermediário, complementar 
(RNAc–). Em seguida, as moléculas 
de RNA+ recém sintetizadas 
brotam para o lúmen dessa 
organela. Enquanto as membranas 
convolutas estão provavelmente 
envolvidas com a maturação da 
poliproteína, as vesículas observadas 
parecem constituir um local para a 
amplificação do genoma viral. 
Finalmente, as partículas virais 
passam pela fase de maturação 
complementada pela furina, e são 
transportadas rumo ao limite da 
membrana plasmática, antes do 
brotamento. 
o Patogênese: O ZIKV é transmitido 
principalmente por vetor artrópode, 
além de vias de transmissão 
horizontal como a sexual e a 
sanguínea, e também a transmissão 
vertical. O ZIKV é transmitido por 
culicídeos hematófagos, 
principalmente os mosquitos do 
gênero Aedes spp., sendo a espécie 
Aedes aegypti associada ao 
estabelecimento das epidemias em 
área urbana. A transmissão sexual 
pode ser caracterizada nos casos de 
contaminação de pessoas residentes, 
em áreas livres do vetor, que 
tiverem relações sexuais com 
pessoas que retornaram de áreas 
endêmicas. A maioria dos casos de 
transmissão sexual envolveram 
pessoas infectadas apresentando 
sintomatologia. Os estudos 
epidemiológicos revelaram um 
aumento da incidência dos casos de 
ZIKV em gestantes durante o 
surto, o que pode ser ocasionado 
pela transmissão sexual. Estudos 
complementares devem ser 
realizados para determinar se a 
infecção ascendente pela vagina 
facilita a infecção do feto em 
comparação à infecção adquirida pela 
picada do mosquito, ou se as duas 
vias de transmissão combinadas 
facilitam o desenvolvimento da 
síndrome congênita associada à 
infecção pelo ZIKV (SCZ). A 
transmissão vertical do ZIKV é 
observada em 30% das gestantes 
infectadas, sendo sintomática ou 
assintomática e pode ocorrer em 
qualquer trimestre da gestação. 
Sabe-se que as células de Hofbauer 
são infectadas. A transmissão não 
sexual pessoa a pessoa foi reportada 
somente uma vez, através do 
contato com fluidos corporais de 
um paciente grave, altamente 
virêmico. A possibilidade de 
transmissão do ZIKV nas 
transfusões sanguíneas durante as 
epidemias não pode ser descartada, 
pois a viremia é observada em mais 
de 28% dos casos, sendo observada 
em 3% de casos assintomáticos. O 
ZIKV parece permanecer infeccioso 
na urina, considerando que alguns 
estudos mostraram o isolamento do 
vírus a partir desse espécime clínico. 
O ZIKV pode ser detectado no 
leite materno e a infecção de 
neonatos pela amamentação foi 
sugerida em dois casos clínicos. A 
infecção apresenta um período de 
incubação (PI) de 3 a 14 dias nos 
seres humanos. Após o PI, se 
desenvolve a infecção aguda que é 
caracterizada por um breve período 
de viremia (título moderado -> 
sangue, saliva, suor, lágrima, urina, 
sêmen, fluido vaginal e leite 
materno), o qual coincide com o 
aparecimento dos sintomas. 
Contudo, a excreção do vírus nesses 
fluidos ocorre por um período 
curto, o sêmen e a urina 
apresentam maior carga viral 
quando comparados com o soro. Na 
urina e no sêmen, o vírus pode 
permanecer com altos títulos por 
períodos prolongados. No homem, o 
vírus pode permanecer no sêmen 
por 30 dias, essa permanência 
aponta para a possibilidade de 
infecção persistente do vírus em 
certos órgãos, como os testículos. 
Em algumas gestantes, o vírus 
permanece realizando a biossíntese 
na placenta e no tecido cerebral do 
feto e o vírus pode ser detectado 
no líquido amniótico, nas células do 
cordão umbilical e placenta, nos 
casos de comprometimento do 
sistema nervoso central o vírus 
também pode ser detectado no 
liquor. Nas gestantes, o período de 
viremia e excreção do vírus na urina 
também é mais longo. Embora o 
tempo de surgimento e duração dos 
anticorpos de classe IgM não tenha 
sido precisamente definido, os dados 
observados para outros flavivírus 
sugerem que a IgM começa a ser 
detectada em média no 7o dia após 
infecção, e permanecem na 
circulação por até 5 a 6 meses. A 
produção de anticorpos 
neutralizantes da classe IgG, 
geralmente ocorre após o 
surgimento de IgM e persiste por 
anos a décadas. As células 
dendríticas e endoteliais são 
sugeridas como alvo para propagação 
primária do vírus, sendo a infecção 
adquirida pela rota mais comum, 
através da picada das fêmeas dos 
mosquitos. A partir do sítio 
primário, o vírus é disseminado pela 
corrente sanguínea, alcançando o 
útero, testículos, cérebro e outros 
órgãos. O tropismo para células 
nervosas em diferenciação já foi 
comprovado e está associado a um 
fenótipo teratogênico. Células 
provenientes de diferentes órgãos e 
tecidos se mostraram permissivas à 
infecção pelo ZIKV, tais como: rins, 
fígado, pulmões, ovários, testículos, 
próstata, tecido muscular, tecido 
nervoso e retina. A presença do 
ZIKV no liquor de adultos e 
neonatos confirma a capacidade de 
transposição da barreira 
hematoencefálica e infecção do SNC. 
A seletividade da barreira 
hematoencefálica é mediada pela 
monocamada de células endoteliais, 
as quais permanecem aderidas pelas 
junções coesas e as junções 
endoteliais aderentes, que 
controlam o tráfego de leucócitos e 
a permeabilidade de solutos. 
Estudos in vitro demonstram que o 
vírus é capaz de infectar as células 
endoteliais da barreira 
hematoencefálica e atravessar a 
monocamada, sem dano que 
interfira significativamente na 
permeabilidade seletiva dessa 
monocamada. Dessa forma, sugere-
se que a invasão do SNC pelo ZIKV 
seja realizada através da 
transcitose, a passagem das 
partículas virais diretamente pelas 
células endoteliais, pela infecção das 
células da monocamada, com 
liberação basolateral ou pela 
permeabilidade de monócitos 
infectados. Uma vez transposta a 
barreira hematoencefálica, o vírus 
pode infectar astrócitos e 
micróglias, levando à liberação de 
mediadores da inflamação como IL-
6, IL-1b e IL-10 e TNF-a, TNF-g, 
que influenciam na expressão das 
proteínas de junções, aumentando a 
permeabilidade da monocamada. A 
maneira pela qual o sistema 
imunológico não consegue detectar o 
vírus e permite que ele atravesse a 
placenta pode ocorrer pela 
participação das células de Hofbauer 
que possuem capacidade de 
migração, disseminação e contato 
com o compartimento fetal. A 
possibilidade de propagação viralno 
tecido placentário é sustentada pela 
observação de um aumento da carga 
viral nesse tecido em comparação 
com a carga viral detectada no 
sangue da gestante. Um estudo 
demonstrou que a infecção adquirida 
no 1o trimestre de gestação 
apresenta um risco 30 vezes maior 
de comprometimento do feto, pois 
contém mais receptores para o 
vírus e ainda não possui 
interleucinas. 
o Comportamento clínico: A maioria 
das infecções causadas pelo ZIKV se 
manifesta de forma assintomática 
(50-80%). Na forma sintomática, 
o paciente apresenta febre baixa, 
exantema, artralgia, mialgia e 
conjuntivite; a doença é 
autolimitada e se não houver 
complicações, o paciente evolui para 
cura em 7 dias. As complicações são 
raras, mas quando acontecem 
podem evoluir para casos graves e 
até fatais. A associação da infecção 
pelo ZIKV com a síndrome de 
Guillian-Barré (SGB) foi descrita 
pela primeira vez durante a 
epidemia na Polinésia Francesa em 
2013. A SGB é caracterizada por 
paralisia flácida generalizada, com 
característica autoimune, que 
geralmente é precedida de uma 
infecção. Os sintomas geralmente 
iniciam entre 5 e 10 dias após a 
infecção precedente. Três formas da 
SGB são descritas: 
polirradiculoneuropatia aguda 
desmielinizante inflamatória (AIDP); 
neuropatia axonal motora aguda 
(AMAN) e neuropatia axonal 
motora e sensorial (AMSAN). Esses 
subtipos são associados à atuação de 
anticorpos contra os gangliosídeos 
da membrana plasmática dos 
axônios. Os anticorpos recrutam os 
macrófagos e estes se posicionam 
entre os axônios e as células de 
Schwann, mantendo a integridade 
da bainha de mielina, mas 
interrompendo a condução de sinais. 
Os pacientes apresentam fraqueza 
generalizada, a maioria perde a 
capacidade de andar eé preciso o 
uso de ventilação mecânica (25%). 
A recuperação é lenta, mas os 
pacientes, geralmente, restabelecem 
a capacidade motora. Estima-se que 
a SGB associada ao ZIKV ocorra na 
proporção de 2 a 3 casos por 
10.000 infecções. Antes da 
detecção do surto de ZIKV, o 
número de bebês nascidos com 
microcefalia no segundo semestre de 
2015 aumentou consideravelmente, 
quando comparado com relatos 
históricos, principalmente na Região 
Nordeste do Brasil. Considerando a 
situação epidemiológica, em 
novembro de 2015 a OMS 
confirmou a relação entre infecção 
por ZIKV e malformações 
congênitas em neonatos, com a 
maioria dos casos desenvolvendo 
microcefalia e/ou ventriculomegalia. 
A infecção durante a gravidez pode 
ser transmitida ao feto e causar 
malformações sistêmicas graves, 
resultando na SCZ. Os 
componentes estruturais da SCZ 
modificados são a morfologia 
craniana, anomalias cerebrais e 
oculares, bem como contraturas 
congênitas; já os componentes 
funcionais estão relacionados às 
sequelas neurológicas. 
 Morfologia craniana: 
microcefalia grave, suturas 
cranianas sobrepostas, osso 
occipital proeminente, pele 
redundante do couro 
cabeludo e 
comprometimento 
neurológico 
 Anomalias cerebrais: 
diminuição do córtex 
cerebral; padrões anormais 
dos giros; aumento de 
espaços fluidos 
(ventriculomegalia ou extra-
axial); calcificações 
subcorticais; anomalias do 
corpo caloso; diminuição da 
substância branca; e 
hipoplasia do vérmis 
cerebelar 
 Anomalias oculares: 
anomalias estruturais – 
microftalmia, coloboma; 
catarata; e anomalias 
posteriores – atrofia 
coriorretiniana, manchas 
pigmentares focais da retina 
e hipoplasia ou atrofia do 
nervo óptico 
 Contraturas congênitas: 
artrogripose múltipla 
congênita e pés torcidos 
unilateral ou bilateral 
 Sequelas neurológicas: 
deficiências motoras; 
deficiências cognitivas; 
hipertonia ou espasticidade; 
hipotonia; irritabilidade ou 
choro excessivo; tremores e 
sintomas extrapiramidais; 
disfunção de deglutição; 
deficiência visual; deficiência 
auditiva; e epilepsia. 
o Diagnóstico: O diagnóstico clínico e 
laboratorial é dificultado pois existe 
uma semelhança de sintomas com as 
demais arboviroses e a homologia 
estrutural dos flavivírus, que gera 
uma expressiva reação cruzada nos 
testes sorológicos. Segundo 
recomendação do MS do Brasil um 
paciente é considerado suspeito de 
infecção pelo ZIKV se apresentar 
exantema maculopapular pruriginoso 
acompanhado de um dos sinais ou 
sintomas: febre; hiperemia 
conjuntival/conjuntivite não 
purulenta; artralgia/poliartralgia e 
edema periarticular. A confirmação 
do caso por diagnóstico laboratorial 
deve ser realizada para comprovação 
de circulação do ZIKV ou nos casos 
que merecem mais atenção, como 
gestantes, idosos, casos 
graves/óbitos e crianças na primeira 
infância. Os métodos diretos que 
detectam a partícula viral devem 
ser priorizados, uma vez que os 
métodos indiretos para procura de 
anticorpos apresentam baixa 
especificidade em populações 
previamente expostas aos flavivírus. 
A metodologia que utiliza a reação 
em cadeia da polimerase associada à 
transcrição reversa (RT-PCR) e 
suas variações constituem a forma 
mais confiável de diagnóstico, pois 
apresentam sensibilidade, 
especificidade, custo e 
operacionalidade compatíveis com a 
rotina dos laboratórios de análises 
clínicas. Com o objetivo de diminuir 
a variabilidade no desempenho dos 
testes realizados foram 
desenvolvidos kits de diagnóstico 
para detecção do RNA do ZIKV 
simultaneamente a outros arbovírus 
prevalentes (dengue e chikungunya), 
conferindo agilidade para a rotina de 
diagnóstico diferencial dessas 
arboviroses. A imuno-histoquímica é 
uma ferramenta muito importante 
para avaliação da transmissão 
vertical e para estudos de 
necrópsia. Através dessa técnica foi 
possível claramente demonstrar o 
antígeno do ZIKV nas células de 
defesa da placenta e nos tecidos 
fetais provenientes do cérebro, 
fígado, rim, coração e pulmão. O 
teste de neutralização por redução 
de placas (PRNT) avalia a presença 
de anticorpos neutralizantes no 
soro. O PRNT apresenta maior 
sensibilidade quando comparado aos 
imunoensaios. Contudo, a dificuldade 
de operação, o tempo para 
realização e a necessidade de 
manipulação de partículas virais 
infecciosas limitam a utilização 
desse teste na rotina de 
diagnóstico. Mesmo apresentando 
alta probabilidade de reação 
cruzada, kits para detecção de 
anticorpos IgM e IgG contra ZIKV, 
baseados em EIA, estão 
comercialmente disponíveis. Os 
resultados obtidos nesses testes 
sorológicos devem ser interpretados 
com cautela. Amostras inconclusivas 
podem ser confirmadas por PRNT. 
o Tratamento: Não existem antivirais 
específicos para ZIKV, recomenda-se 
que o paciente realize repouso, 
aumente a ingestão de líquido e 
retorne à unidade de saúde caso 
apresente sensação de formigamento 
de membros ou alteração no nível 
de consciência. Para casos de dor e 
febre pode ser administrado 
paracetamol ou dipirona; o uso de 
ácido acetilsalicílico não é 
recomendado. O uso de anti-
histamínico também é preconizado. 
 Chikungunya: 
o Classificação: O CHIKV é um 
arbovírus pertencente ao gênero 
Alphavirus da família Togaviridae. As 
partículas virais possuem envelope 
lipoprotéico contendo espículas de 
glicoproteínas virais, capsídeo de 
simetria icosaédrica e medem cerca 
de 60 a 70 nm de diâmetro. O 
genoma é constituído de RNA de 
fita simples de polaridade positiva 
(RNAfs+). A RNAg codifica uma 
poliproteína precursora de quatro 
proteínas não estruturais (NSP1-
NSP4). O RNA subgenômico 
(RNAsg) 26S se torna uma 
poliproteína precursora das 
proteínas estruturais: a proteína de 
capsídeo (C); duas glicoproteínas de 
envelope (E1 e E2) e dois pequenos 
peptídeos denominados E3 e 6k. A 
análise filogenética da proteína de 
envelope E1 inicialmente identificou 
a existência de três genótipos 
distintos: África Ocidental (WA, 
Western Africa), África 
Oriental/Sul/Central/ (ESCA, 
East/South/Central Africa) e Ásia. 
Até o início da epidemia do Oceano 
Índico, durante os surtos de CHIKV 
em seres humanos, o principal vetor 
identificado foi o Aedes aegypti, 
mas também pode ser feita pelo A. 
albopictus.o Replicação: A biossíntese inicia com a 
adsorção da espícula viral ao receptor 
celular. Alguns receptores celulares têm 
sido implicados nesse processo tais como 
DC-SIG, L-SIGN, sulfato de heparana, 
laminina e integrina. O vírus entra na 
célula por endocitose mediada por clatrinas. 
Após a endocitose, o ambiente ácido do 
endossoma desencadeia alterações 
conformacionais na proteína de envelope E1 
que vai mediar a fusão do envelope com a 
membrana do endossoma com subsequente 
liberação do nucleocapsídeo no citoplasma 
celular. Na fase inicial da biossíntese, o 
RNAg serve como RNAm para a tradução 
da poliproteína precursora das proteínas 
não estruturais. A replicação do RNA 
ocorre via síntese de uma fita de RNAc–, 
que é usada como molde para a síntese do 
RNAg e para a transcrição do RNAm 
subgenômico (RNAmsg) 26S a partir de 
um promotor interno. Durante o 
transporte, e provavelmente antes de 
chegar à superfície da célula, pE2 é clivada 
por furinas ou furinas-like em E2 e E3. 
Paralelamente, os capsídeos e RNA+ 
formados no citoplasma migram em direção 
à membrana citoplasmática. A montagem 
do vírus é direcionada pela ligação 
eletrostática do nucleocapsídeo ao RNA 
próximo à membrana citoplasmática. A 
partícula viral sai da célula por brotamento 
pela membrana citoplasmática adquirindo o 
envelope glicolipoproteico. 
 
o Patogênese: Na África, o vírus é zoonótico 
e mantém um ciclo silvestre envolvendo 
primatas selvagens e diversas espécies de 
mosquitos. O ciclo urbano é mantido pela 
transmissão homem-mosquito-homem. A 
transmissão do vírus entre seres humanos, 
na África, permanece quase exclusivamente 
rural, com impacto moderado na saúde 
pública. Em geral, a infecção humana pelo 
CHIKV é frequentemente confundida com 
outras doenças; as infecções são 
frequentemente assintomáticas; e a 
população africana é constantemente 
exposta ao CHIKV, mantendo níveis 
elevados de imunidade. Nessa situação, o 
vírus pode ser detectado fortuitamente 
durante levantamentos sorológicos, visto 
que possui grau elevado de reação cruzada 
com outros arbovírus. Nos países asiáticos 
o CHIKV é transmitido primariamente por 
mosquitos, com um ciclo epidemiológico 
similar ao da dengue: ausência de animal 
reservatório, transmissão homem-mosquito-
homem, e grande potencial epidêmico. Essas 
epidemias parecem resultar da migração do 
CHIKV para ecossistemas contendo 
população densa e não imune juntamente 
com densidade elevada dos mosquitos 
transmissores que se alimentam 
principalmente de sangue humano. Os seres 
humanos servem como reservatórios para o 
vírus durante os períodos epidêmicos, mas 
fora desses períodos os principais 
reservatórios são os macacos, roedores, 
aves e possivelmente outros vertebrados 
não identificados. 
o Os alfavírus podem ser divididos em dois 
grupos: os vírus associados a encefalite 
(predominantemente os alfavírus do Novo 
Mundo) e os vírus associados a exantema e 
poliartrite (os vírus do Velho Mundo). 
Dentre as espécies de alfavírus, seis podem 
causar comprometimento das articulações 
em seres humanos: os vírus chikungunya e 
O’nyong-nyong (África Central), rio Ross e 
floresta de Barmah (Austrália e Pacífico), 
Sindbis (cosmopolita) e Mayaro (América 
do Sul). Embora o CHIKV seja membro do 
grupo dos vírus artritogênicos, durante os 
surtos recentes foram documentados casos 
de meningoencefalite (primariamente em 
neonatos) e doença hemorrágica. 
Diferentemente dos alfavírus 
encefalogênicos, que infectam neurônios, o 
CHIKV parece infectar as células do 
estroma do sistema nervoso central e as 
células do plexo coróide. Após a 
transmissão, o ciclo de biossíntese viral 
ocorre nos fibroblastos da pele com 
disseminação por via sanguínea para outros 
tecidos, incluindo fígado e articulações. 
Durante a fase aguda, a carga viral atinge 
108 partículas/mℓ de sangue, e a 
concentração plasmática de interferon tipo 
I é de 0,5 a 2 ng/mℓ, acompanhada de 
forte indução de outras citocinas pró-
inflamatórias e quimiocinas. Infecções 
assintomáticas ocorrem em 
aproximadamente 15% dos indivíduos 
infectados. 
 
o Comportamento clínico: O período de 
incubação é de 3 a 7 dias, a fase 
prodrômica não existe, pois o início da 
infecção é abrupto e coincide com a 
viremia, com sintomas de febre alta (> 
39oC) e bifásica acompanhada de calafrios 
por 2 a 3 dias, seguido de remissão por 4 
a 10 dias e retorno da febre por 1 a 2 
dias, cefaleia, dor nas costas, poliartralgia 
(87-98%) e fadiga. A dor é 
predominantemente poliarticular, bilateral, 
simétrica e ocorre principalmente nas 
articulações periféricas (tornozelos, punhos 
e falanges) e algumas das grandes 
articulações (cotovelos e joelhos), e pode 
ocorrer edema das articulações (25 a 
42%). A mialgia (46-59%) sem miosite 
tem sido observada predominantemente nos 
braços, coxas e panturrilhas. As 
manifestações cutâneas (40-50%) 
aparecem no início da doença, e consistem 
de exantema macular ou maculopapular 
predominantemente no tórax e face e 
desaparecem em 3 a 4 dias sem sequelas, e 
pode estar acompanhado de prurido 
generalizado (25%). Grande variedade de 
lesões cutâneas e de mucosas foram 
descritas durante a doença aguda: 
hipermelanose, hiperpigmentação, 
fotossensibilidade, dermatite esfoliativa, 
vesículas, bolhas, lesões vasculares, lesões 
semelhantes ao eritema nodoso, exacerbação 
de dermatoses preexistentes como psoríase 
e ulceração de mucosa. Sintomas digestivos 
(15-47%) como diarreia, vômito, náusea ou 
dor abdominal ocorrem edurante a fase 
aguda da doença. Pode ocorrer incapacitação 
ou limitação das atividades normais (60%), 
cansaço (47%) e até impacto psicológico. A 
fase aguda da doença é caracterizada por 
viremia elevada com duração média de 7 
dias e alterações sanguíneas como linfopenia 
pronunciada e/ou moderada 
trombocitopenia, leucopenia, enzimas 
hepáticas elevadas, anemia, creatinina 
elevada, creatino-cinase elevada e 
hipocalcemia. A evolução da doença se dá 
com o estágio viral (1 a 4 dias), associado 
ao decréscimo da viremia, seguido de rápida 
melhora da apresentação clínica e o estágio 
convalescente (5 a 14 dias) associado a 
viremia não detectável e lenta recuperação 
clínica. A IgM aparece nos primeiros 2 a 5 
dias e pode persistir por várias semanas a 
3 meses. A IgG pode aparecer durante as 
primeiras semanas de evolução e persistir 
por anos, proporcionando forte imunidade 
antiviral que evita sintomas clínicos no caso 
de uma segunda infecção. Uma variedade de 
outros sintomas clínicos foi observada na 
fase aguda da doença como conjuntivite, 
neurorretinite, iridociclite, miocardite, 
pericardite, pneumonia, tosse seca, 
linfoadenopatia, nefrite, hepatite e 
pancreatite. Após a doença aguda alguns 
pacientes apresentam recidiva ou sintomas 
persistentes, como artralgia ou dores do 
músculo esquelético, manifestações 
reumáticas como artrite reumatoide e 
espondiloartropatia, febre, fadiga, cefaleia, 
neuropatia, desordens cerebrais, danos 
neurossensoriais, disestesia e/ou parestesia, 
síndrome carpal, tarsal ou cubital, 
desordens digestivas, exantema, alopecia, 
prurido, síndrome de Raynaud, rigidez das 
articulações, bursite, tenossinovite e 
sinovite, com ou sem efusão. O tempo de 
duração dos sintomas tardios varia entre 
pacientes de 30 dias até 2 anos. A 
infecção do SNC pelo CHIKV foi relatada 
desde a década de 1960, complicações 
neurológicas (25%) como convulsões foram 
observadas mais frequentemente em 
pacientes com histórico de epilepsia e/ou 
naqueles com histórico de alcoolismo. 
Outras complicações neurológicas registradas 
foram: encefalopatia, encefalite, síndrome 
de Guillain-Barré, encefalomielorradiculite ou 
hemorragia cerebral subaracnoide. Sinais 
hemorrágicos como sangramento nasal e 
gengival são raros (1-7%) e na maioria dos 
casos não estão associados a anormalidades 
de coagulação ou trombocitopenia. As 
causas de óbito mais comum são cardíaca, 
falência múltipla de órgãos, hepatite tóxica, 
encefalite, dermatitebolhosa, falência 
respiratória, falência renal, pneumonia, 
infarto agudo do miocárdio, doença 
cerebrovascular, hipotireoidismo ou 
septicemia. Em crianças as manifestações 
clínicas da febre chikungunya são mais 
específicas e, embora as manifestações 
reumatológicas sejam menos frequentes, as 
crianças são grupo de risco para 
manifestações atípicas ou graves. As 
principais características clínicas da doença 
nas crianças são: alta prevalência das 
manifestações dermatológicas 
(hiperpigmentação, eritema generalizado, 
exantema maculopapular e lesões 
vesiculobolhosas) e complicações neurológicas 
(encefalite, convulsões, síndrome meníngea 
e encefalopatia aguda). Outras 
características clínicas descritas incluem 
desordens digestivas (diarreia), cianose 
periférica e manifestações hemorrágicas. A 
transmissão vertical foi observada 
exclusivamente em mulheres apresentando 
viremia no período pré-parto. O parto 
cesariano não apresentou efeito protetor. 
Doença grave foi observada em 53% dos 
recém-nascidos e consistiu principalmente 
de encefalopatia com sequelas persistentes 
em 44% dos casos. Outras complicações 
incluíram convulsões, síndrome hemorrágica, 
desordens hemodinâmicas, complicações 
cardiológicas (hipertrofia do miocárdio, 
disfunção ventricular, pericardite, dilatação 
da artéria coronária), enterocolite 
necrotizante ou manifestações 
dermatológicas. 
Fase Aguda ou Febril: A fase aguda ou febril da 
doença é caracterizada principalmente por febre de 
início súbito e surgimento de intensa poliartralgia, 
geralmente acompanhada de dores nas costas, rash 
cutâneo (presente em mais de 50% dos casos) 
cefaleia e fadiga, com duração média de sete dias. 
Outras manifestações cutâneas também têm sido 
relatadas nesta fase: dermatite esfoliativa, lesões 
vesiculobolhosas, hiperpigmentação, 
fotossensibilidade, lesões simulando eritema nodoso 
e úlceras orais. 
Fase Subaguda: Durante esta fase a febre 
normalmente desaparece, podendo haver 
persistência ou agravamento da artralgia, incluindo 
poliartrite distal, exacerbação da dor articular nas 
regiões previamente acometidas na primeira fase e 
tenossinovite hipertrófica subaguda em mãos, mais 
frequentemente nas falanges, punhos e tornozelos. 
Fase Crônica: Após a fase subaguda, alguns 
pacientes poderão ter persistência dos sintomas, 
principalmente dor articular e musculoesquelética e 
neuropática, sendo esta última muito frequente 
nesta fase. 
 
 
o Diagnóstico: O isolamento do vírus é 
realizado por inoculação em cultura de 
células de mosquitos ou de mamíferos, 
como culturas de células de rim de macaco, 
de rim de hamster, de embrião de galinha 
ou de pato e inoculação em camundongos 
recém-nascidos. As duas principais formas 
de diagnóstico são: detecção do RNA viral 
por reação em cadeia da polimerase 
associada à transcrição reversa (RT-PCR) e 
sorologia para pesquisa de anticorpos. A 
RT-PCR é útil durante a fase virêmica (0 
a 7 dias). Em crianças, o vírus pode ser 
detectado no fluido das bolhas da erupção 
cutânea. Os métodos sorológicos como 
inibição da hemaglutinação (HI), fixação do 
complemento (FC), imunofluorescência (IF) 
e ensaio imunoenzimático (EIA) podem ser 
usados para a pesquisa de anticorpos. A 
IgM específica para o vírus pode ser 
detectada por EIA em média a partir do 
2o dia da doença e persiste por várias 
semanas até 3 meses. A IgG específica é 
detectada na fase convalescente e persiste 
por anos. Contudo, a sensibilidade dos 
testes sorológicos é baixa, sendo possível 
que ocorra reação cruzada com outros 
arbovírus como o vírus Mayaro e o vírus 
O’nyong-nyong. 
o Tratamento: Não há ainda vacinas 
disponíveis contra o CHIKV, embora 
algumas candidatas tenham sido testadas 
em seres humanos. No momento, também 
não há antiviral disponível para o 
tratamento da febre chikungunya. Dessa 
forma, o tratamento é sintomático e 
baseado em analgésicos não salicilados e 
drogas anti-inflamatórias não esteroidais. 
Políticas públicas relacionadas ao 
controle de vetores 
 Programa de Erradicação do Aedes aegypti 
(PEAa): criado em 1996 para o controle 
químico do vetor envolvendo a participação 
das esferas federal, estadual e municipal. 
No entanto, o programa visava pouco 
envolvimento da comunidade, sendo um dos 
motivos para seu insucesso, já que a 
população teve o papel de mera 
expectadora do programa, mantendo-se na 
dependência de ações previamente definidas 
pelo governo. 
 Programa Nacional de Controle da Dengue 
(PNCD): criado em 2002 com o intuito 
de desenvolvimento de campanhas 
publicitárias para disseminação de 
informações e mobilização civil; 
fortalecimento da vigilância epidemiológica e 
entomológica para detecção de surtos 
precoces; ações de saneamento básico; 
integração das ações de controle da doença 
associadas com os Programas de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS) e 
Programas de Saúde da Família (PSF); 
utilização de instrumentos legais que 
permitem a entrada em propriedades 
particulares abandonadas para a eliminação 
de criadouros; destinação adequada de 
resíduos sólidos; utilização de meios seguros 
para armazenamento de água e 
acompanhamento e supervisão das ações 
desenvolvidas. No período de 2003-2006, 
as suas metas (Reduzir a menos de 1% a 
infestação predial em todos os municípios; 
Reduzir em 50% o número de casos de 
2003 em relação a 2002 e, nos anos 
seguintes, 25% a cada ano; e Reduzir a 
letalidade por febre hemorrágica de dengue 
a menos de 1%), não foram cumpridas em 
quantidade significativa dos municípios 
considerados prioritários pelo programa. 
 Programa Nacional de Enfrentamento ao 
Aedes e a Microcefalia (PNEAM): criado 
pelo governo federal em 2015, devido aos 
graves problemas que a Zika pode 
ocasionar, assim visava o combate ao 
mosquito Aedes aegypti. O programa conta 
com o envolvimento de vários ministérios, 
dos governos federal, estadual e municipal, 
e da sociedade. Tem como proposta a 
intensificação de campanhas; inspeção de 
todos os domicílios e instalações públicas e 
privadas urbanas; e realização de visitas 
domiciliares de controle do mosquito 
bimestralmente. 
Reconhecer a epidemiologia com base nos 
bancos de dados oficiais: 
 Dengue: Casos prováveis segundo Ano de 
notificação em Santa Catarina. Período 
2014-2021. Masculino: 21.231. Feminino: 
22.804. Casos autóctones: 38.089 
o Mês de notificação (período 2014-
2021) - 44.054 casos totais 
notificados. Janeiro: 707 casos. 
Fevereiro: 2.486. Março: 6.752. 
Abril: 13.957. Maio: 13.476. 
Junho: 4.448. Julho: 839. 
Agosto: 260. Setembro: 164. 
Outubro: 163. Novembro: 232. 
Dezembro: 570 
o Até a SE 24 de 2022 ocorreram 
1.172.882 casos prováveis de 
dengue (taxa de incidência de 
549,8 casos por 100 mil hab.) no 
Brasil. Em comparação com o ano 
de 2019, houve redução de 9,8% 
de casos registrados para o mesmo 
período analisado. Quando 
comparado com o ano de 2021, 
ocorreu um aumento de 195,9% 
casos até a respectiva semana. Para 
o ano de 2022, a Região Centro-
Oeste apresentou a maior taxa de 
incidência de dengue, com 1.629,9 
casos/100 mil hab., seguida das 
Regiões: Sul (983,9 casos/100 mil 
hab.), Sudeste (440,7 casos/100 
mil hab.), Nordeste (284,8 
casos/100 mil hab.), Norte (223,2 
casos/100 mil hab.). 
 
 Zika: 
 
 
 Febre amarela: Entre julho de 2021 e 
junho de 2022 (SE 22), foram notificadas 
1.267 epizootias suspeitas de FA, das quais 
26 (2,1%) foram confirmadas por critério 
laboratorial. No mesmo período, foram 
notificados 576 casos humanos suspeitos de 
FA, dos quais 5 (0,9%) foram 
confirmados. A transmissão do vírus entre 
PNH foi registrada no Pará, Minas Gerais, 
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 
sinalizando a circulação ativa do vírus nesses 
estados e o aumento do risco de 
transmissão às populações humanas durante 
o período sazonal. 
 Chicungunha: Até a SE 24 de 2022 
ocorreram 122.075 casos prováveis de 
dengue (taxa de incidência de 57,2 casos 
por 100 mil hab.) no Brasil. Em 
comparação com oano de 2019, houve 
aumento de 35,1% de casos registrados 
para o mesmo período analisado. Quando 
comparado com o ano de 2021, ocorreu 
um aumento de 93,7% casos até a 
respectiva semana. Para o ano de 2022, a 
Região Nordeste apresentou a maior 
incidência (175,7 casos/100 mil hab.), 
seguida das Regiões Centro-Oeste (28,8 
casos/100 mil hab.) e Norte (26,6 
casos/100 mil hab.). Até o momento 
foram confirmados 23 óbitos para 
chikungunya nos estados, sendo que o Ceará 
concentra 78,2% (18) dos óbitos. 
Ressalta-se que 50 óbitos estão em 
investigação no País.

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