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O ENSINO TÉCNICO-PROFISSIONALIZANTE NO PARANÁ NA 
DÉCADA DE 1980 
 
Vanessa Melo do Nascimento 
Maria Elisabeth Blanck Miguel (orientadora) 
PUCPR 
 
 
 
A partir da prática pedagógica vivenciada no SENAI – CIETEP 
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Centro de Tecnologia e 
Educação Profissional de Curitiba), paralelamente à realização do 
desenvolvimento do meu trabalho de conclusão de curso intitulado “A 
Formação Pedagógica do Professor do Ensino Técnico-Profissionalizante do 
SENAI-CIETEP”, senti-me instigada a analisar a trajetória do ensino técnico-
profissionalizante no Paraná em uma perspectiva histórica. Durante a 
realização de ambos os trabalhos, detectei que esse objeto de estudo ainda é 
pouco valorizado na área educacional, pois raros são os pedagogos que 
pretendem aprofundar seus estudos nesse ramo de ensino. 
Realizando o levantamento do estado da arte, notei que a 
bibliografia existente, em sua maioria, aborda a educação profissional como um 
todo, como por exemplo, Bruno (1996) e Manfredi (2002) e Speyer (1983). Mas 
poucas são as bibliografias que efetuam, de maneira um pouco mais 
específica, uma retrospectiva histórica do ensino técnico-profissionalizante. 
Pode-se citar como algumas destas leituras, Cunha (1973), Ferreira (2005), 
Frigottto (2005) Kuenzer (1997), Meneses (1998) e Romanelli (1984). 
Faz-se também pertinente levar em consideração o fato do 
ensino técnico-profissionalizante de nível médio possuir uma dinâmica diferente 
de uma formação em nível superior, ou mesmo de um processo de treinamento 
ou qualificação1. Dessa maneira, pretendi estudar quais razões históricas 
 
1 Entendo por treinamento, as ações nas quais os participantes adquirem, ampliam e atualizam 
conhecimentos para o desenvolvimento de competências básicas e de menor complexidade de 
uma atividade profissional, ou seja, os participantes já possuem algum conhecimento prévio 
sobre o assunto. E por qualificação, as ações voltadas para a preparação dos trabalhadores 
maiores de 16 anos, com escolaridade variável e determinada de acordo com as exigências 
das diferentes programações, visando ao atendimento das necessidades do mercado, ou seja, 
não são necessários conhecimentos prévios e específicos sobre o assunto a ser trabalhado. 
 
contribuíram e influenciaram a trajetória do ensino técnico-profissionalizante no 
Paraná, pois até o presente momento, não me deparei com leituras que 
abordem especificamente esse tema no Estado. Acredito ser importante para a 
História da Educação Paranaense tal estudo, pois para que os educadores 
possam entender a educação profissional de hoje, precisam conhecer a 
gênese desse processo de modo que compreendam quando e como surgiram 
os principais fatos que ajudaram a delinear a trajetória do ensino técnico-
profissionalizante no Estado. 
A análise sobre a trajetória do ensino técnico-profissionalizante 
no Paraná é de grande importância para a área educacional, já que se faz 
necessário aos pedagogos que atuam nessa etapa de ensino, obter uma base 
teórica sobre o seu desenvolvimento, funcionamento e estrutura, para então 
desenvolverem um trabalho pedagógico significativo. 
Faz-se também pertinente realizar pesquisas na área de 
educação que procurem compreender melhor a relação entre educação e 
mercado de trabalho. No Brasil, analisando pela ótica da História da Educação, 
percebe-se que sempre esteve presente a dualidade pedagógica, na qual 
educar durante a formação básica para uma atividade específica é para os 
pobres e a escola que prepara o educando para estudos posteriores é a escola 
destinada aos mais abastados financeiramente. Sendo assim, fez-se 
necessário verificar se no Paraná o ensino técnico-profissionalizante também 
seguiu a mesma trajetória dessa etapa em nível nacional. 
 Mediante tais constatações, pretende-se responder ao seguinte 
questionamento: 
Quais fatores econômicos, políticos e sócio-culturais 
conformaram o ensino técnico-profissionalizante no Paraná? 
Tendo como objetivo geral verificar quais as razões históricas 
que contribuíram e influenciaram a trajetória do ensino técnico-
profissionalizante no Paraná e como objetivos específicos: apontar quais os 
acontecimentos históricos (políticos, econômicos e sócio-culturais) foram 
determinantes para a conformação dessa etapa de ensino no Estado. 
A pesquisa foi fundamentada no levantamento de fontes 
primárias sobre a educação profissional, mais especificamente no Estado do 
Paraná, já que é nesse Estado que se encontrou a delimitação do universo de 
pesquisa. Saviani (2004, p. 04), ao comentar sobre os significados de se 
trabalhar com tais mananciais, aponta: 
 
Fonte é uma palavra que apresenta, via de regra, duas conotações. 
Por um lado, significa o ponto de origem, o lugar de onde brota algo 
que se projeta e se desenvolve indefinidamente e inesgotavelmente. 
Por outro lado, indica a base, o ponto de apoio, o repositório dos 
elementos que definem os fenômenos cujas características se busca 
compreender. 
 
Para ir ao encontro das fontes referentes à educação 
profissional, a investigação foi feita por meio de pesquisas em arquivos, 
bibliotecas, secretarias, páginas na rede mundial de computadores, entre 
outros, já que, para Nunes; Machado (1992, p. 11), principalmente nos arquivos 
é que se encontram: 
 
... informações inestimáveis (muitas vezes inéditas!), necessárias ao 
cotejo e crítica de informações provenientes de outras fontes e da 
própria historiografia educacional já produzida. Sem a pesquisa 
arquivística, essa historiografia, no limite, inexiste. Sucumbe ao risco 
de girar ao redor de idéias mal esclarecidas e de estereótipos, que 
se produzem em artigos e livros. 
 
Conforme as colocações apresentadas por esses autores, 
pretendi não apenas fazer a leitura das bibliografias já produzidas, mas 
também compará-las às fontes originais. 
Ao final do levantamento de dados, pretendi não apenas fazer 
um panorama sobre a trajetória do ensino técnico-profissionalizante no Paraná, 
mas também explicar o contexto no qual essa trajetória se conformou. Segundo 
Miguel (2004, p. 112): 
 
A relação que se estabelece entre o pesquisador e o objeto da 
pesquisa é mediada pela atitude de busca, de desvendar o que não 
se sabe, de procurar explicações para o que ainda não está 
explicado, e neste processo, o contato com os dados e o modo como 
o pesquisador os indaga, bem como as indagações feitas, são 
fundamentais. 
 
Vale ressaltar que não consegui deixar de lado a minha própria 
visão sobre a educação profissional, pois atuo nessa etapa de ensino e possuo 
alguns conhecimentos no que se refere à dinâmica dela. Lombardi (2004) 
também aponta que nenhum conhecimento é neutro, pois este é fruto das 
relações sociais. 
Utilizando tais instrumentos de coleta de dados, comprometi-me 
a construir uma pesquisa séria e pertinente, de modo a esclarecer 
principalmente aos interessados pela história da educação no Estado do 
Paraná, quais os principais fatos que contribuíram para que a educação 
profissional no Estado esteja definida como hoje se encontra. 
Nesse momento será apresentado os resultados obtidos após a 
pesquisa sobre o Ensino Técnico – Profissionalizante no Paraná na década de 
1980. 
 
O Ensino Técnico-Profissionalizante no Paraná na década de 1980 
 
O relatório elaborado por Paraná (1980-1983, p. 09), ao abordar 
a estrutura econômica no estado paranaense no início da década de 1980, 
ressalta que: 
 
Caracteriza por uma substancial participação das atividades do setor 
primário. No decorrer dos diversos ciclos econômicos, a lavoura, a 
pecuária, e as atividades extrativas predominaram sobre as 
atividades industriais, embora estas venham crescendo 
gradativamente, em função de uma política de incentivo ao 
desenvolvimento do parque industrial. O setor terciário detém níveis 
sempre crescentesde participação destacando-se o crescimento no 
setor, do ramo do comércio. 
 
Nessa década, conforme dados constantes no Plano de 
Trabalho (1980/83), o principal objetivo da Secretaria de Estado de Educação 
era o de promover a melhoria do ensino de 2° Grau, propiciando condições 
satisfatórias de atendimento à clientela, com vistas a uma adequada 
preparação profissional. 
Já a partir do ano de 1975, houve maiores esforços para a 
construção e incremento dos prédios escolares, bem como melhor utilização 
das verbas disponíveis para a educação no Estado do Paraná, mas no que se 
refere ao ensino de 2º grau, ainda era no início da década de 1980, de acordo 
com o Planejamento, Desenvolvimento e Acompanhamento 74/82 (1982, p. 
15): 
 
A oferta de oportunidades educacionais em nível de 2º Grau da 
Rede Estadual é pouco expressiva e predominantemente noturna. 
Isto decorre de que o atendimento da demanda por escolarização 
em nível de 1º Grau é obrigatório e deve oferecer as facilidades 
necessárias, submetendo-se assim o Ensino de 2º Grau à 
disponibilidade noturna das salas de aula instaladas para aquele 
grau de ensino. 
 
O relatório Paraná (1987, p. 09) complementa: 
 
Os estudantes do 2º grau, por força das condições econômicas, 
passaram a procurar cursos noturnos. Esse turno absorve cerca de 
59,0% dos alunos matriculados, caracterizados pela condição de 
estudante-trabalhador. 
Esse ensino é ao mesmo tempo profissionalizante e não 
profissionalizante, ou seja, o que se aprende nessa escola é 
necessário tanto para continuidade dos estudos quanto para o 
ingresso no mundo do trabalho. 
 
Ao contrário do apontado nos Relatórios anteriores, o Informe 
de Atividades do Departamento de Ensino de 2º Grau (1981, p. 22), ao analisar 
a evolução da educação no estado paranaense, ressalta que no período: 
 
A educação no Estado do Paraná, representativa da realidade 
nacional, apresenta uma evolução rápida, tanto em termos 
numéricos, de matrículas e de estabelecimentos em funcionamento, 
como de diversidade de cursos e de habilitações profissionalizantes. 
 
Sobre a ampliação do parque escolar, informações contidas no 
Planejamento, Desenvolvimento e Acompanhamento 74/82 (1982, p. 77), 
expunham que estender o parque escolar visando atender a demanda pela 
educação era, no período, tarefa contínua do poder público. Caso isso não 
acontecesse, tal atitude seria um retrocesso para as conquistas alcançadas 
pela educação paranaense nos anos anteriores. 
O número total de matrículas no 2º grau do Estado do Paraná 
no início da década de 1980 foi, conforme o apontado pelo Plano de Trabalho 
(1980/83), de 11% do total da população e ainda não havia contemplado todos 
os municípios do Estado: 
 
A faixa etária dos 15/19 anos apresenta uma população escolarizada 
de 982.200, com matrícula inicial de 150.487 no Ensino de 2º Grau, 
o que corresponde a uma taxa de escolarização de 11% nesse grau 
de ensino, proporcionada a 245, dos 290 municípios do Estado. 
 
No início dos anos 80, o estado paranaense contava com o um 
projeto intitulado “Projeto de Centros de Excelência”, que de acordo com o 
Informe de Atividades do Departamento de Ensino de 2° Grau (1981, p. 07) 
visava à melhoria do ensino das escolas públicas e particulares: 
 
O Projeto de Centros de Excelência em Estabelecimentos de Ensino 
de 2º Grau, desenvolvido pela Secretaria da Educação a partir de 
1980, procura, através do reconhecimento, da valorização e do apoio 
e estímulo às escolas paranaenses que ministram ensino de bom 
nível, ajudá-las a alcançar uma crescente qualidade da Educação 
propiciada aos seus educandos. Ele abrange, indiscriminadamente, 
escolas públicas e privadas, tendo como objetivo mais geral dotar o 
Estado, de Colégios que atendam aos anseios das famílias e das 
comunidades por uma excelente educação para seus filhos. 
 
A excelência citada no Projeto é aquela que diz respeito aos 
resultados finais da educação de 2º grau, ou seja, deveria haver a formação 
integral do educando, bem como sua qualificação para o trabalho e uma 
possibilidade para o prosseguimento dos estudos. No período, foram 
vislumbrados Centros de Excelência nas áreas do magistério, saúde, 
Comércio, prestação de serviços, química, construção civil e mecânica. A 
melhoria do rendimento escolar dos paranaenses, de acordo com o relatório 
Paraná (1980-1983, p. 15): 
 
...está vinculada ao desenvolvimento da assistência ao estudante 
voltada à implantação de medidas que assegurem ao aluno 
melhores condições para facilitação do acesso à educação e de 
permanência no processo, obtendo um resultado escolar satisfatório. 
Embora se verifique um esforço de planejamento e controle no órgão 
responsável pela assistência ao educando da SEED, na situação 
atual essa assistência realizada nos campos alimentar, médico-
odonto-sanitário e financeiro, tem se revelado fragmentada e 
desigual, atingindo mais sistematicamente a capital e apresentando 
precária intervenção na zona rural e periferia das cidades de médio e 
grande porte, onde as necessidades são maiores e os problemas se 
avolumam. 
 
Para Oliveira (2003, p. 51), a qualidade de ensino depende de 
que sejam disponibilizados recursos para a educação: “Os chefes de governo e 
os responsáveis pelas políticas educacionais parecem esquecer que a tão 
buscada qualidade da educação só pode ser alcançada pelo emprego de mais 
recursos para a educação, e não o contrário”. 
De acordo com dados apresentados no Informe de Atividades 
do Departamento de Ensino de 2º Grau (1981, p. 07), os Centros de Excelência 
que ofertavam os cursos de Magistério contavam com 18% do número total de 
alunos matriculados no 2º Grau. Tais núcleos estavam distribuídos em 
diferentes regiões do Paraná no início da década de 1981: 
 
Colégio Município 
Col. Nilo Cairo 
Col. Emílio de Menezes 
Col. Cyríaco Russo 
Inst. Educação do Paraná 
Col. Lysimaco F. da Costa 
Col. Wilson Joffre 
Col. João de O. Gomes 
Col. De Cianorte 
Col. Cristo Rei 
Col. Francisco C. Martins 
Col. Rui Barbosa 
Instituto de Educação 
Instituto de Educação 
Col. de Paranavaí 
Inst. Edc. Dr. Caetano M. Rocha 
Col. José de Anchieta 
Apucarana 
Arapongas 
Bandeirantes 
Curitiba 
Curitiba 
Cascavel 
Campo Mourão 
Cianorte 
Cornélio Procópio 
Guarapuava 
Jacarezinho 
Londrina 
Maringá 
Paranavaí 
Paranaguá 
Pato Branco 
Col. Pedro II 
Col. Barão de Antonina 
Col. Silvio Tavares 
Col. Willy Barth 
Umuarama 
Rio Negro 
Cambará 
Toledo 
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Informe de atividades do departamento 
de ensino do 2º grau. 1981 
 
Os Centros de Excelência na área da saúde contavam com 10% 
do número total das matrículas no 2º grau das escolas estaduais no Paraná. 
Segundo o Informe de Atividades do Departamento de Ensino de 2º Grau 
(1981, p. 08), apenas 06 escolas ofertavam cursos profissionalizantes na área 
da saúde no início dos anos 80, sendo duas em Londrina, duas em Ponta 
Grossa, uma em Curitiba e uma em União da Vitória: 
 
Colégio Município 
Colégio Estadual do Paraná 
Colégio José Aloísio de Aragão 
Colégio Profª Amazília 
Colégio Marcelino Champagnat 
Instituto de Educação 
Colégio Regente Feijó 
Curitiba 
Londrina 
U. da Vitória 
Londrina 
P. Grossa 
P. Grossa 
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Informe de atividades do departamento 
de ensino do 2º grau. 1981 
 
Em relação aos Centros de Excelência na área de comércio 
(Técnico e Auxiliar em Contabilidade), a participação era de 32% do total de 
matrículas no 2º grau e os cursos de Auxiliar de Escritório, Assistente de 
Administração e Secretariado, contavam com 18% do total das matrículas. O 
Informe de Atividades do Departamento de Ensino de 2º Grau (1981, p. 08) 
expõe as escolas abaixo então ofertantes de cursos na área do comércio: 
 
Colégio Município 
Col. Moreira Salles 
Col. Marins Alves de Camargo 
Moreira Sales 
ParanavaíCol. Firmino Martins 
Col. Prof. José Guimarães 
Col. Isidoro Luis Cerávolo 
Inst. Caetano M. da Rocha 
Col. Barão de Antonina 
Col. General Carneiro 
Col. Dom Carlos 
Col. Meneleu Torres 
Col. Rio Branco 
Col. Juvenal Dias de Melo 
Col. Cyriaco Russo 
Instituto de Educação 
Colégio Costa Monteiro 
Colégio Guilherme de Almeida 
Colégio Anchieta 
Colégio de Cianorte 
Colégio Aloísio Schuck 
Colégio de F. Beltrão 
Colégio João de Oliveira Gomes 
Colégio José Guimarães 
Colégio de Clevelândia 
Instituto de Educação 
Colégio Meneleu Torres 
Colégio de Paranavaí 
Colégio Willy Barth 
Colégio Barão de Antonina 
Colégio Mario de Andrade 
Clevelândia 
Curitiba 
Apucarana 
Paranaguá 
Rio Negro 
Lapa 
Palmas 
Ponta Grossa 
S. Ant. da Platina 
Jandaia do sul 
Bandeirantes 
Maringá 
Nova Esperança 
Loanda 
Cruzeiro do Oeste 
Cianorte 
Laranjeiras do Sul 
Francisco Beltrão 
Campo Mourão 
Curitiba 
Clevelândia 
Paranaguá / Maringá 
Ponta Grossa 
Paranavaí 
Toledo 
Rio Negro 
Francisco Beltrão 
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Informe de atividades do departamento 
de ensino do 2º grau. 1981 
 
As matrículas nos Centros de Excelência na Área de Prestação 
de Serviços (Técnicos e Auxiliares em: Desenhista de Móveis e Decorações, 
Publicidade, Ornamentista de Interiores, Redator Auxiliar, Promotor de Vendas 
e Processamento de Dados) representavam 10% do número total de matrículas 
no 2º grau. Ainda segundo o Informe de Atividades do Departamento de Ensino 
de 2º Grau (1981, p. 08), eram 08 escolas que ministravam esses cursos no 
Paraná, sendo a maioria delas localizadas na cidade de Curitiba: 
 
Colégio Município 
Colégio Estadual do Paraná 
Colégio Guido Straube 
Colégio Nilson Ribas 
Colégio Hildebrando de Araújo 
Colégio Vicente Rijo 
Colégio de Paranavaí 
Colégio Cyríaco Russo 
Colégio Dom Carlos 
Curitiba 
Curitiba 
Curitiba 
Curitiba 
Londrina 
Paranavaí 
Bandeirantes 
Palmas 
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Informe de atividades do departamento 
de ensino do 2º grau. 1981 
 
Os Centros de Excelência na Área Química (Técnico em 
Química e Auxiliar de Análises Químicas) contavam com apenas 4% do total 
das matrículas do 2º grau. Para o Informe de Atividades do Departamento de 
Ensino de 2º Grau (1981, p. 09), apenas 03 estabelecimentos de ensino 
ofertavam cursos profissionalizantes na área química, sendo 02 na cidade de 
Curitiba e 01 em Ponta Grossa: 
 
Colégio Município 
Instituto Politécnico Estadual 
Colégio Francisco Zardo 
Colégio João Ricardo B. Du Vernay 
Curitiba 
Curitiba 
Ponta Grossa 
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Informe de atividades do departamento 
de ensino do 2º grau. 1981 
 
Os Centros de Excelência da Área de Construção Civil e 
Mecânica (Técnico em Saneamento, Estradas, Edificações, Agrimensura, 
Desenhista de Arquitetura, Eletrônica, Eletrotécnica e Eletricidade) 
representavam 7% do total das matrículas no 2º grau que, para o Informe de 
Atividades do Departamento de Ensino de 2° Grau (1981, p. 09), estavam 
distribuídos em 06 diferentes municípios do Paraná: 
 
Colégio Município 
Instituto Politécnico Estadual 
Instituto Politécnico 
Colégio Rio Branco 
Colégio Estadual do Paraná 
Colégio Antonio de l. Braga 
Colégio Nilo Cairo 
Colégio Monsenhor Guilherme 
Colégio Emílio de Menezes 
Curitiba 
Londrina 
Curitiba 
Curitiba 
Goioerê 
Apucarana 
Foz do Iguaçu 
Arapongas 
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Informe de atividades do departamento 
de ensino do 2º grau. 1981 
 
O Informe de Atividades do Departamento de Ensino de 2º Grau 
(1981, p. 22), ao apontar o número total de matriculados no ensino de 2º grau 
no estado do Paraná nos dois primeiros anos da década de 1980, assinala que 
as matrículas estavam, em sua maioria, distribuídas na rede estadual de 
ensino: 
 
Ano Estaduais Particulares Total 
1980 
1981 
120.575 
120.915 
37.370 
38.570 
157.945 
159.485 
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Informe de atividades do departamento 
de ensino do 2º grau. 1981 
 
Vale ressaltar que essas matrículas representavam a formação 
geral acrescida de uma formação profissionalizante. 
Foram criados no ano de 1980, 32 novos estabelecimentos de 
ensino de 2º grau, sendo 09 no ano de 1981 e ainda estavam previstas a 
criação de 28 novas escolas que ofertassem essa etapa de ensino no ano de 
1982. De acordo com o relatório Paraná (1980-1983, s/p.), o ensino de: 
 
...2° grau conta com uma rede física de 607 estabelecimentos, sendo 
593 em zona urbana e 14 em zona rural (distritos), reclamando, uma 
expansão racionalizada, que, numa visão global das carências, 
contemple a problemática regional. 
 
O Plano de Trabalho (1980/83, s/p.), ao abordar as 
especificidades dos cursos profissionalizantes paranaenses, apontava que: “... 
a grande concentração em cursos que exigem poucos investimentos em 
oficinas, salas especiais e outros, o que mostra que a maior parte das escolas 
de 2º grau, optou por este tipo de habilitação”. 
Segundo o Informe de Atividades do Departamento de Ensino 
de 2º Grau (1981, p. 09), a formação do corpo docente, a existência de 
infraestrutura física e o material deveriam propiciar a melhora da qualidade do 
ensino ministrado pelas escolas públicas no Paraná; essa conscientização dos 
envolvidos com a educação deveria acontecer por meio de diferentes 
encontros: 
 
..., de seminários, de contatos constantes com as escolas, numa 
supervisão atuante e contínua, e assistência técnica intensa e 
permanente, o Projeto está promovendo o aperfeiçoamento e 
atualização do corpo docente, distribuindo material para laboratórios, 
equipamentos para ambientes especiais e acervo bibliográfico, 
buscando meios para sanar deficiências dos recursos físicos, 
reforçando a infra-estrutura e, acima de tudo, estimulando a 
conscientização do corpo docente e discente sobre a opção da 
comunidade escolar por um nível de excelência do ensino na escola. 
 
Apesar desses esforços, a Prefeitura Municipal de Curitiba 
(1983-1986, p. 16) ressaltava a permanência dos problemas educacionais no 
Estado do Paraná “A reflexão sobre os problemas educacionais evidencia a 
necessidade de uma reformulação da prática educativa, da clarificação do que 
se visa com essa prática, isto é, quais são os verdadeiros objetivos”. Esses 
dados vêm ao encontro das finalidades da qualificação profissional 
apresentadas por Trevisan (1982, p. 138): 
 
Uma das finalidades da qualificação profissional é a de tornar a força 
de trabalho mais eficiente e eficaz..., deve-se entender que não só 
se pretende aprender satisfaz, mas sim o que é preciso que se 
aprenda, para converter aptidões e talentos em capacidade 
produtiva. 
 
Pelas colocações de Trevisan, observa-se que o importante era 
transformar o saber em capacidade produtiva. Esse fato atende às 
especificidades dos cursos profissionalizantes ofertados pelas escolas, já que 
estes, segundo o Informe das Atividades do Departamento de Ensino de 2º 
Grau (1981, p. 11), deveriam estar em consonância com o mercado de 
trabalho: 
 
Essa colaboração pode ser também no sentido de orientar as 
escolas na fixação do número de vagas, tendo em vista alcançar um 
relativo equilíbrio entre o número de técnicos formados e a demanda 
do mercado de trabalho existente para os mesmos. E, além disso, o 
relacionamento da escola com as empresas pode funcionar como 
um mecanismo de controle da qualidade dos programas de formação 
profissional. 
 
Para que houvesse uma melhor qualidade dos cursos 
profissionalizantes, segundo Trevisan (1982, p. 99), não se tratava de utilizar 
uma metodologia, mas várias metodologias, ou seja, aplicá-las em diferentes 
situações e/ou circunstâncias. 
A rede estadual de ensino ainda contava nesse período com 
matrículas no Ensino Técnico Agrícola, no campo agropecuário e florestal. 
Esses ramos de ensino, segundoo Informe das Atividades do Departamento 
de Ensino de 2º Grau (1981, p. 13): “Atualmente a rede é constituída por 
estabelecimentos de ensino que funcionam no regime de escola-fazenda”. 
É ainda indicado nesse mesmo material, Informe das Atividades 
do Departamento de Ensino de 2º Grau (1981, p. 16), que esse ramo de ensino 
no Estado: 
 
Ressente-se que o ensino de 2º grau, no Estado do Paraná, não 
abrange todos os municípios, e, alguns que já ofertam este nível de 
ensino não atendem a necessidade do mercado de trabalho, quanto 
à mão de obra qualificada, ou quanto à clientela oriunda dos cursos 
de 1° grau... A grande meta é suprir a economia paranaense com 
todas as modalidades de mão-de-obra qualificada, necessárias ao 
desenvolvimento do Estado do Paraná. 
 
Para o ano de 1982, a meta educacional era a de suprir a 
economia paranaense para o desenvolvimento do Estado, com todas as 
modalidades de qualificação da mão-de-obra. No entanto, em relatório da 
década de 1980, a Prefeitura Municipal de Curitiba (1983-1986, p. 13), ao 
comentar sobre os impactos reais das legislações na educação, fez ressalvas 
sobre a aplicação da Lei 5.692/41, quanto à profissionalização no 2º grau: 
 
Os preceitos legais referentes à educação propõem o exercício de 
uma prática idealizada, contudo hoje se faz uma crítica da distância 
que há entre a promessa e a realidade. Os aspectos políticos e 
econômicos se projetam sobre a educação. O discurso corrente tem 
servido para ocultar a parcialidade dos interesses dominantes, o que 
faz com que a educação na realidade renegue o oficialmente 
propalado na lei e na teoria. 
 
Ainda foi ressaltada a necessidade de uma escola aberta, na 
qual a educação fosse fruto da prática social, que possibilitasse aos educandos 
conhecerem-se e interagirem com o meio e que assim construíssem uma visão 
crítica do mundo. Nessa educação deveria haver uma descentralização das 
decisões, um maior acesso para a população à educação, autodireção da 
comunidade escolar e autonomia. 
As dificuldades apresentadas no ensino de 2º grau noturno, 
conforme o relatório Paraná (1987, p. 19), já estavam sendo percebidas e havia 
propostas para o levantamento das necessidades educativas da população que 
freqüentava essa etapa de ensino: 
 
Ao pensar o ensino noturno no cenário de crescentes desigualdades, 
o Departamento de ensino de 2º grau buscará, junto aos organismos 
educacionais do Estado, alternativas para o atendimento das 
expectativas da população escolar que trabalha e estuda. Portanto, 
neste ano, pretende discutir e elaborar, com os professores, a partir 
do levantamento das necessidades da comunidade escolar, uma 
proposta pedagógica e administrativa para os diferentes cursos 
noturnos de 2º grau da rede estadual de ensino. 
 
Conforme o relatório Paraná (1980-1983, p. 16), o 
desenvolvimento do ensino paranaense na década de 1980 estava nas mãos 
de professores e especialistas em educação, em consonância com o previsto e 
implantado pela Lei 5.540/68 (Reforma Universitária): 
 
O compromisso de desenvolvimento do Ensino está entregue a 
professores e especialistas que se constituem no principal fator de 
produção do processo de ensino nos diferentes níveis. O apoio à 
atuação e à valorização desses professores e especialistas tem se 
concretizado na medida em que se estrutura a carreira com a 
implantação gradativa do estatuto do Magistério no Paraná. Propõe-
se também, a expansão da assistência técnica e pedagógica ao 
professor e ao especialista e incentivo ao seu desempenho como 
profissional. 
 
Por outro lado, o relatório Paraná (1983, p. 19) ressalta que: 
 
Pelo último censo brasileiro, percebe-se que o maior número de 
empregados são egressos das primeiras séries do 1° Grau. Sabe-se 
que o administrador de hoje, prefere mandar realizar treinamento em 
suas fábricas a pedir à escola tal ou qual habilitação. A procura pela 
mão-de-obra qualificada na área industrial tem decaído, ao mesmo 
tempo em que aumentaram os treinamentos em serviço para os não 
qualificados já empregados. O desemprego vem se acelerando 
independentemente da formação do trabalhador, mas 
dependentemente do salário pago a esses trabalhadores. 
 
Pelas colocações apresentadas no relatório Paraná (1983), 
havia o não-interesse das empresas pela formação profissional ofertada pelas 
escolas de educação básica, mas que era mais interessante para o setor 
produtivo formar sua própria mão -de- obra. 
Na década de 1980, as seguintes legislações que abordavam a 
educação profissional foram promulgadas no Paraná: 
• Deliberação n° 011/80, de 11 de junho de 1980. Fixou, para o 
sistema estadual de ensino, normas gerais para a implantação 
das habilitações parciais; 
• Deliberação n° 012/80, de 13 de junho de 1980. Estabeleceu 
normas transitórias para a implantação das habilitações básicas, 
no sistema estadual de ensino. 
• Parecer n° 326/84, de 07 de novembro de 1984. Apresentava o 
projeto de implantação do ensino de 2º grau. 
 
 
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS 
 
Após o levantamento e análise das fontes detectei que no período houve 
a predominância das atividades primárias na economia paranaense, apesar de 
já estar ocorrendo um crescimento no setor terciário, os cursos eram 
predominantemente noturnos, com uma maior concentração de cursos que 
exigiam poucos investimentos em oficinas. Houve também maior valorização 
da transformação do saber em capacidade produtiva, bem como o ensino 
técnico-profissionalizante ainda não abrangia todos os municípios 
paranaenses. A educação profissionalizante no Paraná na década de 1980 
seguiu o andamento da própria sociedade, ou seja, seu desenvolvimento foi 
lento, pois assim estava o aprimoramento da sociedade paranaense em termos 
profissionalizantes. 
Como educadora e apaixonada pela educação profissional penso que é 
de suma importância conhecer a trajetória da educação profissional no Brasil e 
Paraná, para que olhando o ontem, possamos entender o seu real estado hoje, 
para que a partir deste processo dialético possamos buscar uma educação 
profissional de qualidade. 
Sou apaixonada pela educação profissionalizante e pretendo entender 
melhor como esta se conformou no estado do Paraná, bem como as influências 
em seu desenvolvimento, de modo a proporcionar reflexões para aqueles que 
atuam direta ou indiretamente com esta etapa de ensino, pois tenho como 
objetivo buscar a melhoria do ensino dos alunos-trabalhadores. 
 
 
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