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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA DOCENTE: JOÃO MARCELO DE CASTRO E SOUSA DISCIPLINA: BIOQUÍMICA PARA FARMÁCIA PROPRIEDADES DA UREASE AGATA DA SILVA MACHADO LIARA LYN BENEDITO MOURA MARCOS JEFFERSON DA SILVA COQUEIRO THAYS SOUSA PEREIRA VINICIUS CAVALCANTE SANTOS VITÓRIA RÉGIA VASCONCELOS MARQUES DOS SANTOS Teresina – PI 2022 RESUMO As enzimas possuem um papel fundamental no organismo, visto que são biomoléculas que atuam como catalisadores de reações bioquímicas. A urease é uma enzima produzida por bactérias, plantas, fungos, algas e invertebrados e tem a função de hidrolisar a ureia, criando como produto ácido carbônico e amônia, tornando o meio básico, ou seja, elevando o seu pH. Os presentes experimentos foram realizados utilizando a urease, com a intenção de estudar as propriedades das enzimas, como: atividade, especificidade, inibição, desnaturação e natureza da estrutura enzimática. Utilizou-se do reativo de Biureto para verificar a estrutura proteica da urease e através do indicador vermelho de fenol foi possível verificar a atividade enzimática da urease. Além disso, realizou-se um teste de especificidade da urease ao coloca-la para reagir com a tioureia, um substrato similar a ureia. Realizou-se também a desnaturação da urease com calor a fim de verificar que a mudança de estrutura da enzima estava relacionada com a perda da atividade enzimática. Por fim foi feita a inibição dos grupos sulfidrilas por sais de mercúrio para verificar a inatividade da urease, uma vez que esses grupos são essenciais para a atividade da enzima. Obteve-se diferentes reações e mudança de cor em determinadas substâncias. Palavras-chave: proteínas; desnaturação; especificidade; ureia; substrato. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 4 2. OBJETIVOS 5 2.1 Objetivo geral 5 2.2 Objetivos específicos 5 3. MATERIAL E MÉTODOS 6 3.1 Material e reagentes 6 3.2 Métodos 6 3.2.1 Reação da urease com o Biureto 6 3.2.2 Teste de atividade 6 3.2.3 Teste da especificidade 7 3.2.4 Desnaturação pelo calor 7 3.2.5 Inibição por sais de mercúrio 7 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 8 4.1 Reação da urease com o Biureto 8 4.2 Teste de atividade 9 4.3 Teste da especificidade 10 4.4 Desnaturação pelo calor 10 4.5 Inibição por sais de mercúrio 12 5. CONCLUSÃO 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14 4 1. INTRODUÇÃO As enzimas possuem um papel fundamental no organismo, visto que são biomoléculas que atuam como catalisadores de reações bioquímicas de desenvolvimento e manutenção das células biológicas, aumentando a velocidade dessas reações através da redução da energia de ativação. Quase todas as reações que fazem parte do metabolismo celular são catalisadas por enzimas, assim, a vida sem catálise enzimática seria impossível (SANTOS, 2022). Com exceção das ribozimas (enzimas de RNA), todas as enzimas conhecidas possuem natureza proteica. Devido sua natureza proteica, as enzimas podem sofrer desnaturação (seja por temperatura ou pH) e perder sua atividade enzimática. Para realizar suas funções, algumas enzimas não precisam de outros grupos químicos além dos seus próprios resíduos de aminoácidos, mas algumas outras enzimas necessitam de um componente adicional, o cofator. Caso o cofator seja inibido, a enzima se torna inativa (NELSON; COX, 2014). A urease foi à primeira enzima a ser isolada e cristalizada, e foi feito a partir de sementes de Canavalia ensiformis, uma realização de James Sumner em 1926, que descobriu que os cristais de urease eram formados de proteínas. É uma enzima produzida por bactérias, plantas, fungos, algas e invertebrados e tem a função de hidrolisar a ureia, criando como produto ácido carbônico e amônia, tornando o meio básico, ou seja, elevando o seu pH (PACHECO; COLLA, 2019). 5 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral O objetivo da prática foi estudar as propriedades das enzimas, como, por exemplo: atividade, especificidade, inibição, desnaturação e natureza da estrutura enzimática. 2.2 Objetivos específicos ● Manipular experimentalmente soluções de enzimas. ● Identificar experimentalmente as propriedades de termolabilidade e especificidades. ● Manipular reações catalisadas por enzimas com a finalidade de determinar semiquantitativamente a influência da concentração de enzima, da temperatura e do pH na atividade enzimática. ● O significado das operações e reações realizadas 6 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Material e reagentes ● Tubos de ensaio; ● Pipetas graduadas volumétricas; ● Pipetas de Pasteur ● Estante de inox para tubos de ensaio; ● Bico de Bunsen; ● Tela de amianto; ● Tripé de ferro; ● Pinça de madeira; ● Solução de urease (extraída de sementes de Canavalia); ● Reativo de Biureto; ● Água destilada (H2O); ● Solução de ureia; ● Indicador vermelho de fenol; ● Substrato (solução de ureia 0,4M pH 7,0 + indicador vermelho de fenol) ● Tioureia 0,4M pH 7,0 ● Solução de cloreto de mercúrio (HgCl2) 5%; 3.2 Métodos 3.2.1 Reação da urease com o Biureto Para observar esta reação preparou-se 2 tubos de ensaio, no primeiro tubo (tubo 1a), com o auxílio de uma pipeta Pasteur, colocou-se 3 (três) gotas de solução de urease e pipetado 1mL do reativo de Biureto. Após isso, no segundo tubo (tubo 1b) adicionou-se, com o auxílio de uma pipeta volumétrica graduada, 1 mL do reativo de Biureto, em seguida utilizando-se um conta-gotas, foram adicionados 3 (três) gotas de água destilada. Observou-se e explicou-se o resultado. 3.2.2 Teste de atividade Primeiramente, com auxílio de uma pipeta volumétrica, foi adicionado ao tubo de ensaio (2a) 1mL de substrato (solução de uréia 0,4 M pH 7,0 contendo o indicador vermelho fenol), em seguida, com ajuda de um conta-gotas acrescentou-se 3 (três) gotas de solução de urease. 7 Logo após, com a mesma pipeta, foi adicionado 1mL de substrato à um novo tubo de ensaio (2b). Acrescentando-se em seguida, com auxílio de um conta-gotas, 3 gotas de água destilada. Misturou-se levemente os tubos e aguardou-se por dois minutos para posteriores anotações de resultados. 3.2.3 Teste da especificidade Com auxílio de uma pipeta volumétrica, colocou-se em um tubo de ensaio (3) 1mL de solução de tiouréia 0,4 M pH 7,0 contendo o indicador vermelho de fenol. Em seguida, utilizando-se um conta-gotas, foram acrescentadas 3 (três) gotas de solução de urease. Misturou-se levemente e foi aguardado o tempo de 2 (dois) minutos para observação da reação. 3.2.4 Desnaturação pelo calor Utilizou-se dois tubos de ensaio para a realização deste experimento, no primeiro tubo (4a) foi colocado 1mL de H2O destilada juntamente com 3 gotas da solução de urease, posteriormente foi colocado em banho maria por 10 minutos. No segundo tudo de ensaio (4b), foi adicionado 1mL da solução do substrato com três gotas de vermelho de fenol e ainda acrescentou-se 0,5mL da solução de urease fervida (4a) e aguardou-se 2 minutos, os resultados foram observados e anotados. 3.2.5 Inibição por sais de mercúrio Colocou-se em um tubo de ensaio (5a), utilizando uma pipeta Pasteur, três gotas de urease, logo após utilizando uma pipeta volumétrica foi colocado 1ml de H2O, e por fim utilizando outra pipeta Pasteur adicionou-se três gotas do indicador vermelho de fenol. Em um segundo tubo (5b) foi colocado também três gotas de urease utilizando uma pipeta Pasteur, mais 1 ml de H2O utilizando uma pipeta volumétrica, mais cinco gotas de uma solução HgCl2 5% e três gotas do indicador vermelho de fenol. Misturou-se levemente cada um dos tubos e foi adicionado 1 ml do substrato em cada um dos dois tubos. 8 4. RESULTADOSE DISCUSSÃO 4.1 Reação da urease com o Biureto Nesse experimento, ao misturar 3 gotas de solução de urease em 1mL do reagente de Biureto, no tubo 1a, observou-se a coloração roxa no experimento. Já no tubo 1b, a mistura entre 3 gotas de água destilada em 1mL do reativo de Biureto resultou em uma coloração azul, própria do biureto. É possível visualizar os resultados desse experimento na figura 1. Figura 1. Tubos 1a e 1b Fonte: Acervo pessoal, 2022. O teste do reagente de biureto, o qual tem a propriedade de identificar soluções com proteínas por reagir rompendo as ligações peptídicas, é positivo quando a sua coloração azul. Com base nisso, ao acrescentar gotas de urease misturado com o reagente de Biureto no tubo de ensaio 1a, percebe-se uma leve mudança da sua tonalidade para violeta, diferindo do outro tubo de ensaio (1b) onde é encontrado apenas o reagente, concluindo que não há presença de proteínas. Dessa forma, tudo indica que essa substância (urease) é composta por ligações peptídicas, ou seja, é uma proteína (SCHAKER, [s.d]). 9 4.2 Teste de atividade Após aguardar o tempo estipulado para obtenção de resultados, pode-se observar a diferença na coloração dos tubos 2a e 2b. O tubo 2a contendo uma coloração mais rósea (resultado positivo), devido a ocorrência de uma reação química entre a solução de ureia e a enzima urease, enquanto no tubo 2b, com a água destilada, não se observou a ocorrência de reação (resultado negativo), por isso a coloração mais clara. Os resultados estão dispostos na figura 2. Figura 2. Tubos 2a (presença de urease) e 2b (presença de H2O destilada) Fonte: Acervo pessoal, 2022. A presença de reação química no tubo 2a comprova a atividade enzimática da urease, pois uma vez que a enzima entra em contato com o substrato (uréia 0,4 M) ela irá reagir produzindo amônia e ácido carbônico (figura 3). Tais produtos irão reagir espontaneamente com a água e formar carbonato de amônio, tornando o meio alcalino (aumentando o pH), afetando assim a atividade enzimática devido a essa alteração do pH. (MORETTO, 2019) Essa alteração irá ocorrer por meio da ionização de radicais de aminoácidos que vão estar envolvidos na conformação do local ativo, ou então da transformação de substrato em produto (COMPRI-NARDY; STELLA & OLIVEIRA, 2009). 2a 2b 10 Figura 3. Reação da ureia com a enzima urease. Fonte: Google , 2022. O pH tem grande influência na atividade enzimática, havendo um pH ótimo de funcionamento para determinada enzima, onde haverá distribuição de cargas e um local catalítico ideal para a realização da catálise. Então, se estabelece a seguinte relação: quanto mais próximo ao pH ótimo, maior a atividade enzimática, quanto mais distante, menor será essa atividade (BANDEIRA, 2022). Ademais, o indicador vermelho fenol foi usado como um indicador de pH, tornando possível, por meio de sua utilização, a observação da transição gradual da sua cor de amarelo para o vermelho, na faixa de pH entre 6.6 e 8.0. Ao se ultrapassar essa faixa, o vermelho fenol muda a sua coloração para um tom de rosa magenta intenso, indicando a mudança do pH para um meio alcalino (ROTH, 2015). 4.3 Teste da especificidade Após o tempo de 2 (dois) minutos de espera para observar a reação, não houve alteração na coloração dos componentes do início, o que atesta a não ocorrência da reação da urease com a tiouréia. A solução no tubo ficou com cor alaranjada devido ao indicador de vermelho de fenol, como pode ser visto na Figura 4. 11 Figura 4. Tubo de ensaio 3 Fonte: Acervo pessoal, 2022 A ausência de reação entre a urease e a tiouréia serve para atestar a especificidade da enzima, que reage positivimamente com a ureia (substrato da urease) conforme foi visto no Teste de atividade. A mesma energia de ligação que fornece energia para a catálise também dá às enzimas sua especificidade, isto é, a capacidade de distinguir entre substratos e moléculas competidoras. Se o sítio ativo de uma enzima tiver grupos funcionais organizados otimamente de modo que se forme uma grande variedade de interações fracas com determinado substrato no correspondente estado de transição, a enzima não será capaz de interagir com a mesma intensidade com alguma outra molécula (NELSON; COX, 2014). É o que ocorre nas relaçôes entre a ureia, tiouréia e urease. Enquanto a ureia tem oxigênio ligado ao carbono, a tioureia tem enxofre, o que faz com que a urease não a reconheça para realizar reação. Uma vez que a tioureia não é convertida em amônia como a ureia, o pH da solução não aumenta de forma a se tornar alcalina, fato indicado pela pouca alteração da coloração do indicador de vermelho de fenol (ROTH, 2015) 12 4.4 Desnaturação pelo calor No primeiro tudo de ensaio (4a), anteriormente possuía uma solução transparente, mas se tornou mais opaca após o banho maria, resultado que pode ser observado na Figura 5. Figura 5. Antes e depois do banho maria do tubo 4a Fonte: Acervo pessoal, 2022. O segundo tudo de ensaio (4b), que anteriormente possuía uma cor amarela alaranjada, após a adição da solução 4a, não teve nenhuma mudança, logo teve efeito negativo, resultado que pode ser observado na Figura 6. Figura 6. Tubo 4b antes e depois da adição da solução de 4a Fonte: Acervo pessoal, 2022. 4a 4a 4b 4b 13 Pelos resultados obtidos, pode-se observar que no tubo 4a ocorreu a desnaturação da urease devido à alta temperatura a qual foi submetida, fato que é confirmado a partir da adição de sua solução ao tubo 4b que continha o substrato, pois se a urease não estivesse desnaturada, teria reagido com o substrato e o resultado dessa reação seria visível devido à alteração da coloração do indicador vermelho de fenol, já que a solução teria adquirido uma coloração rósea, conforme ocorreu no teste de atividade (tubo 2a), fato que não aconteceu, confirmando que de fato a proteína foi desnaturada (NELSON; COX, 2014). 4.5 Inibição por sais de mercúrio Após a adição do substrato em cada um dos tubos, verificou-se que o tubo 5a adquiriu uma coloração mais rosa enquanto o tubo 5b apresentou uma coloração amarelada com um corpo de fundo, conforme se verifica na figura 7. Figura 7. Tubos de ensaio 5a e 5b. Fonte: Acervo pessoal, 2022. Nos dois tubos verificou-se comportamentos diferentes. No primeiro tubo (5a) ocorreu a catálise normalmente utilizando urease. Já no tubo 5b não houve reação, pois como foi adicionado solução de HgCl2, ele reagiu com o grupo sulfidrila que está presente no grupo cisteína presente no sitio ativo da enzima, fazendo com que a enzima perca sua atividade catalítica (NELSON; COX, 2014). 5b 5a 14 5. CONCLUSÃO Com a realização dos experimentos, comprovou-se a natureza proteica da urease (devido a reatividade da enzima com o biureto), analisou-se a atividade enzimática catalítica da urease no substrato de uréia, bem como a influência do pH ideal na obtenção de resultados positivos nas reações. Em relação à especificidade, conclui-se que a urease consegue discriminar entre dois substratos competidores e age no para qual for específica. Por fim, verificou-se que a urease, na presença dos sais de mercúrio sofreu inibição, e na presença de calor sofreu desnaturação, logo, possuiu perda na sua atividade catalítica. Desse modo, foi possível concluir que para a ocorrência das atividades das reações enzimáticas, com ação específica, é necessário a existência de um pH e temperatura ótima, sem a presença de inibidores enzimáticos. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANDEIRA, A. Importância do pH no metabolismo humano. Disponível em: https://descomplica.com.br/d/vs/aula/mportância-do-ph-no-metabolismo-humano/Acesso em: 18 jul, 2022. COMPRI-NARDY, M.; STELLA, M.; OLIVEIRA, C. Práticas de Laboratório de Bioquímica e Biofísica. Grupo GEN, 2009. MORETTO, B. Relatório de aula prática: caracterização da enzima urease da soja. Canoinhas - Santa Catarina, 2019. NELSON, D.; COX, N. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6 ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1250 p. ISBN 978-85-8271-073-9. PACHECO, V.; COLLA, L. A enzima urease e suas aplicações na agricultura, medicina e veterinária. Revista CIATEC-UPF, v. 11, n. 2, p. 1-21, 18 jun. 2019. SANTOS, V. Enzimas. BrasilEscola, 2022. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/enzimas.htm. Acesso em: 16 jul. 2022. SCHAKER, P. D. C. Aula prática Bioquímica I – Caracterização da Enzima Uréase da Soja. UTFPR-TD, {s.d.}. Disponível em: < https://www.moodle.td.utfpr. edu.br/moodle/pluginfile.php/100320/mod_resource/content/1/Roteiro%20aula%20pr %C3%A1tica%20enzimas.pdf >. 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos específicos 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Material e reagentes 3.2 Métodos 3.2.1 Reação da urease com o Biureto 3.2.2 Teste de atividade 3.2.3 Teste da especificidade 3.2.4 Desnaturação pelo calor 3.2.5 Inibição por sais de mercúrio 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Reação da urease com o Biureto 4.2 Teste de atividade 4.3 Teste da especificidade 4.4 Desnaturação pelo calor 4.5 Inibição por sais de mercúrio 5. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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