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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA PRÁTICA 04 – ESTUDO DA POLIFENOLOXIDASE (PPO) EXTRAÍDA DA BATATINHA Disciplina: Laboratório de Bioquímica Prof.ª Dra. Sonia Salgueiro Machado Aluno: José Jorge Araújo E Silva Maceió, 16 de fevereiro de 2019 OBJETIVOS Caracterizar bioquimicamente a ação da enzima polifenoloxidase presente na batata inglesa, bem como os efeitos de agentes catalítico e inibidores dessa ação enzimática. INTRODUÇÃO Todos estão familiarizados com a forma pela qual frutos e vegetais claros, como maçãs, bananas e batatas, tornam-se escurecidos quando suas superfícies entram em contato com o ar. As reações de escurecimento são alguns dos fenômenos mais importantes que ocorrem durante o processamento e armazenamento de alimentos. Estas reações, que provocam escurecimento dos alimentos, segundo Ribeiro e Seravalli (2007), podem ser oxidativas ou não oxidativas, sendo escurecimento oxidativo ou enzimático, uma reação entre o oxigênio e um substrato fenólico catalisado pela enzima polifenoloxidase e não envolve carboidratos. A deterioração de um alimento consiste geralmente em uma série de fenômenos fundamentais, seguidos cada um de fenômenos secundários, que, por sua vez, se manifestam como alterações dos atributos de qualidade. (FENNEMA,2000) Nesse sentido, o autor aponta golpes ou injúrias nas frutas como um fenômeno primário que segue-se de um fenômeno secundário, qual seja o rompimento das células que liberam enzimas e a acessibilidade ao oxigênio que acaba afetando a cor por meio do ‘pardeamento enzimático’. Tecidos danificados pelo corte ou retirada da casca, pelo ataque de fungos ou machucados, facilitam o contato da enzima com o substrato. (COULTATE,2004) A polifenoloxidase, também conhecida como catecol-oxidase, catecolase,oxidase difenol, fenolase e tirosinase, polifenolase, catecol oxidase, é encontrada na maioria das frutas e vegetais, sendo que a localização da enzima na célula vegetal depende da espécie, idade e grau de maturidade. (MAISTRO,2001) Em decorrência dessas ‘limitações’ dos tecidos vegetais, uma série de tratamentos são recomendados no sentido de inviabilizar o processo de escurecimento, como uso da técnica do branqueamento que segundo Silva (2000), é um tratamento térmico usualmente aplicado a vegetais antes do congelamento, desidratação ou enlatamento, com objetivo de inativação das enzimas; emprego de temperaturas para retardar a ação enzimática, ou ainda uso de ácido orgânicos. REVISÃO DA LITERATURA A polifenoloxidase (PPO, PFO, o-difenol: oxigênio oxido-redutase), também conhecida como catecol oxidase, catecolase, difenol oxidase, o- difenolase, fenoloxidase, tirosinase, ou cresolase é uma enzima que contém íon Cu2+ no sítio ativo, catalisa a hidroxilação de monofenóis (atividade de cresolase) e a oxidação de o-difenol para sua correspondente quinona, na presença de oxigênio (atividade de catecolase). As o-quinonas formadas são instáveis e assim polimerizam-se rapidamente ou reagem com aminoácidos, peptídeos e proteínas, causando alterações estruturais e funcionais, diminuição do valor nutricional dos alimentos e dão origem a pigmentos escuros (melaninas) conforme reações descritas abaixo (MARTINEZ e WHITAKER, 1995; ESCRIBANO et al., 1997;SERRADELL et al., 2000; CONCELÓN et al., 2004). Escurecimento enzimático pela ação da polifenoloxidase. Em vegetais foi relatada a existência de polifenoloxidase tanto na forma solúvel quanto na forma ionicamente ligada, e estas localizam-se principalmente nos plastídios e cloroplastos das células intactas. Acredita-se que a fração solúvel da PPO aumenta à medida que os frutos amadurecem devido à solubilização e proteólise da enzima nos plastídios durante o amadurecimento e estocagem. Com a extração ou outro tratamento que danifique a estrutura celular, a enzima e o substrato entram em contato permitindo que a reação ocorra (MARTINEZ e WHITAKER, 1995; CONCELLÓN et al., 2004). Os substratos comuns da enzima cresolase são os monofenóis o-cresol, p-cresol, tirosina e ácido p-cumárico. Os substratos da enzima catecolase são os o-difenóis catecol, 4-metil catecol, catequina e epicatequina, ácido clorogênico, dopamina, ácido caféico, ácido gálico, ácido 3- (3,4 dihidroxifenil) propiônico (DHPPA) e L-3,4-dihidroxifenilalanina (L-DOPA) (PARK e LUH, 1985; DINCER et al., 2002). MARTINEZ e WHITAKER (1995) relataram que todas as polifenoloxidases estudadas possuem a atividade de catecolase, mas nem todas podem hidrolisar monofenóis. A PPO está presente em algumas bactérias e fungos, na maioria das plantas, em alguns artrópodes e em todos os mamíferos. Em todos os casos essa enzima está associada à pigmentação escura no organismo, e parece ter uma função protetora para os mesmos (MAYER e HAREL, 1991). As quinonas formadas pela polifenoloxidase em plantas constituem o primeiro sinal de resposta fisiológica quando ocorrem danos aos tecidos ou ataque de patógenos, sendo que possuem propriedades antimicrobianas efetivas (SERRADELL et al., 2000). Exemplos de escurecimento de alimentos Fatores que influenciam a atividade da polifenoloxidase Dentre os fatores mais importantes que determinam a velocidade da reação de escurecimento enzimático de frutas e vegetais, devido a ação da PPO, estão a concentração de PPO ativa e compostos fenólicos presentes. Em tecidos vivos, o substrato fenólico e a enzima estão separados dentro das células. Com a extração, ou outro tratamento que danifique a célula, a enzima e o substrato entram em contato permitindo que a reação ocorra rapidamente (DAWLEY e FLURKEY, 1993; ESCRIBANO et al., 1997). Outros fatores importantes que determinam a velocidade de escurecimento enzimático são o pH, a temperatura e a disponibilidade de oxigênio dos tecidos. O pH e a presença de oxigênio também influenciam o subseqüente escurecimento não enzimático (MARTINEZ e WHITAKER, 1995). A maioria das polifenoloxidases de frutas e vegetais apresentam atividade ótima em pH levemente ácido ou próximo a neutralidade, variando com a fonte e a pureza da enzima, o substrato fenólico e também com o tipo de tampão (ZHOU e FENG, 1991; VAMOS-VIGYAZO, 1981; MAYER e HAREL, 1979). Em geral, o tratamento térmico a 70-90ºC inativa a PPO, porém o emprego de tratamentos térmicos intensos pode produzir alterações de cor, textura e formação de off-flavors (VAMOS-VIGYAZO, 1981; MARTINEZ e WHITAKER, 1995;). MATERIAIS UTILIZADOS Liquidificador; Algodão; Espectrofotômetro; Banho-maria; Tubos de ensaio com tampa; Micropipetas; Béqueres; Cuvetas. PROCEDIMENTO Preparo do extrato e observação da coloração Foi preparado o extrato em um liquidificador utilizando 50,66g de batatinha e 150mL de tampão fosfato em pH 6,5; Em seguida, filtrou-se com algodão e ficou em repouso em banho de gelo por 5 minutos; Foram enumerados cinco tubos contendo conforme a seguir; No tubo 1 foi adicionado 1 mL de água destilada; No tubo 2 foi adicionado 1 mL de catecol 15 mM; No tubo 3 foi adicionado 1 mL de hidroquinona 15 mM; No tubo 4 foi adicionado 1 mL de catecol 50 mM; No tubo 5 foi adicionado 1 mL de hidroquinona 50 mM; Em seguida foi incubado em banho maria a 37°C por 5 minutos; Em seguida foi adicionado 200 µL do sobrenadante do extrato da batatinha em cada um dos tubos; Incubou-se novamente por mais 5 minutos e observou-se a coloração. Quantificação espectrofotométrica As amostras foram preparadas diretamente na cuveta do espectrofotômetro conforme a seguir; Amostra 1 foi adicionado 2,8 mL de água destilada e 200 µL de extrato; Amostra 2 foi adicionado 2,8 mL decatecol 15 mM e 200 µL de extrato; Amostra 3 foi adicionado 2,8 mL de hidroquinona 15 mM e 200 µL de extrato; Amostra 4 foi adicionado 2,8 mL de catecol 50 mM e 200 µL de extrato; Amostra 5 foi adicionado 2,8 mL de hidroquinona 50 mM e 200 µL de extrato; Cada amostra foi preparada e imediatamente feito a leitura inicial e após 2 minutos no espectrofotômetro utilizando um ʎ = 410nm. RESULTADOS Observação da coloração Com os resultados obtidos foi possível observar que assim como nas reações químicas, a velocidade das reações enzimáticas aumenta com o aumento da temperatura. A PPO apresentou maior valor de atividade sob temperatura de reação de 37°C nos tubos 2 e 4 que continham o catecol como substrato. O catecol (também conhecido como pirocatecol ou benzeno-1,2-diol com fórmula química C6H4(OH)2) que juntamente com a enzima polifenoloxidase ao serem expostos ao ar, permitem que se oxide, resultando desta reação a benzoquinona (de cor avermelhada-castanha). A benzoquinona, produto da oxidação do catecol, é um antimicrobial natural que previne na maior parte dos casos a infecção de plantas (principalmente nos seus frutos) por parte de microorganismos. Nos tubos 3 e 5 que continham a hidroquinona (também conhecido como quinol ou benzeno-1,4-diol com fórmula química C6H4(OH)2) permaneceram incolor devido a sua ação de inibição enzimática da oxidação da tirosina à 3,4 dihidroxifenilalanina, (tirosinase) precursora na formação da melanina que dá coloração escura. Observação espectrofotométrica TUBO AMOSTRA Δ ABS Δ TEMPO VOLUME ATIVIDADE 1 Água + extrato (branco) - - 3 mL - 2 Catecol 50mM + extrato 0,271 2 min 3 mL 45,1 U/mL 3 Hidroquinona 50mM + extrato -0,019 2 min 3 mL -3,16 U/mL 4 Catecol 15mM + extrato 0,240 2 min 3 mL 40,0 U/mL 5 Hidroquinona 15mM + extrato -0,011 2 min 3 mL -1,83 U/mL Os resultados obtidos no teste da atividade da enzima PPO realizado no espectrofotômetro observamos que não houve atividade com a hidroquinona, já com o catecol observamos que a concentração maior reflete em uma atividade maior na absorbância. CONCLUSÃO Podemos concluir através dos experimentos realizados que a atividade enzimática do polifenoloxidase pode ser observada e comprovada em diferentes condições e meios, realizando em laboratório o que ocorre naturalmente em muitos vegetais, com isso podemos afirmar que obtivemos êxito naquilo que foi proposto na aula prática. REFERÊNCIAS Verificação de escurecimento enzimático na maçã e na batata. Disponível em: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAcwkAG/verificacao-escurecimento- enzimatico-na-maca-na-batata>. Acesso em 16/02/2019. Caracterização bioquímica da polifenoloxidase e da peroxidase de ameixa rubimel, polpa de cacau e estudo do efeito de agentes anti-escurecimento. Disponível em: < http://taurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/254353/1/Paz_ JanaiCristianeSantosNascimento_D.pdf> Acesso em: 16/02/2019. Avaliação da atividade e controle das polifenoloxidases em alimentos. Disponível em: < https://www.passeidireto.com/arquivo/2485490/relatorio-4- polifenoloxidases>. Acesso em: 16/02/2019. Escurecimento enzimático em frutos: polifenoloxidase de atemóia (Annona cherimola Mill. X Annona squamosa L). Disponível em: <https://www2.fcfar.unesp.br/Home/Posgraduacao/AlimentoseNutricao/Izabella ChavesME.pdf>. Acesso em: 16/02/2019
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