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ETIOLOGIA DAS MALOCLUSÕES

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O que é a maloclusão? 
Trata-se de uma anomalia que, guardadas as devidas proporções, pode ser comparada a qualquer 
defeito físico. Porém, a maior diferença entre a maloclusão e as outras anomalias (comumente 
chamados de defeitos físicos) é que ela é muito prevalente no ser humano, a ponto de o normal ou 
perfeito ser considerado quase uma exceção. 
*A maloclusão não é uma entidade mórbida definida e com características padronizadas, como 
ocorre com tantos outros distúrbios que afetam o homem*  Entretanto, ela é um sinal 
facilmente detectável, ao contrário de sintomas, que indicam a presença de certos distúrbios. 
Se for considerado que a maloclusão é um desvio morfo-funcional, de natureza biofísica, do 
aparelho mastigatório, pode-se dizer que todo e qualquer fator que interfira na formação e 
desenvolvimento deste aparelho deve ser encarado como fator etiológico de maloclusões. 
*Além disso, considera-se que os riscos a que o indivíduo fica sujeito estão nos primeiros 18 ou 20 
anos de vida, pois esse é o tempo médio em que a oclusão dentária leva para “amadurecer” ou se 
estabelecer*  Lembrando que toda maloclusão apresenta uma origem multifatorial, e não uma 
única causa específica. 
Detecção das Causas 
 Necessita-se de uma boa “sondagem”, pois é uma tarefa que exige muita observação e 
reflexão, levantamento de hipóteses e busca de confirmações; 
 Certos princípios devem reger o trabalho de detecção: 
 Metodização 
 Senso de observação 
 Espírito crítico 
 Paciência e ponderação 
 Além disso, necessita-se de um bom embasamento teórico a respeito das maloclusões e das 
prováveis relações entre causa e efeito que regem sua etiologia. 
Fatores Etiológicos 
 Toda causa isolada que pode contribuir para o estabelecimento de maloclusão é chamada 
de fator etiológico. 
*Fatores etiológicos específicos, de tipos definidos de maloclusão, são praticamente 
desconhecidos* 
*Apesar de tudo, a presença de condições favoráveis nem sempre significa, por si mesma, 
garantia de que surgirá uma maloclusão*  Existem mecanismos individuais de ajuste no 
desenvolvimento e modificações de crescimento que podem compensar tais situações, permitindo 
o desenvolvimento de uma oclusão normal. 
 Um fator pode atuar isoladamente ou em associação com outro ou outros: Anomalias diferentes. 
 Diversos fatores: Uma anomalia. 
 Um único fator: Uma síndrome (conjunto de anomalias). 
 Um mesmo tipo de fator: Anomalias diferentes em diferentes indivíduos. 
 Um fator pode afetar um indivíduo e não afetar outro indivíduo. 
 Fatores mediatos (primários) Fatores imediatos (secundários) = Anomalia 
 
{CLASSIFICAÇÃO DE GRABER} 
 Fatores Extrínsecos (Gerais) 
 Fatores Intrínsecos (Locais) 
Fatores Extrínsecos (mesmo estando fora da boca, eles levam a alterações dentro dela) 
 Hereditários 
 A evolução do homem: 
o Teoria da redução terminal (face diminui, crânio aumenta) 
o Tendência retrognática 
o Diminuição do número de dentes (3ºs molares, incisivos laterais superiores, 
pré-molares) 
 Miscigenação racial 
 Componentes hereditários: 
o Tamanho e forma da maxila/mandíbula 
o Relação entre as bases ósseas 
o Forma dos arcos dentários 
o Tamanho e forma dos dentes 
o Número de dentes 
o Padrão facial 
o Morfologia do tecido mole e comportamento dos lábios, língua e musculatura 
peribucal 
 Maloclusões esqueléticas (Classe II, Classe III) 
 Congênitos 
 Fissuras labiopalatinas (etiologia multifatorial) 
 Displasia ectodérmica (falta de desenvolvimento dos tecidos de origem 
ectodérmica): 
o Oligodontia 
o Agenesia dental 
o Dimensão vertical reduzida 
o Ausência de osso alveolar 
o Maxilares pouco desenvolvidos 
o Lábios protuberantes 
 Disostose cleidocraniana: 
o Maxila retruída e mandíbula protuída 
o Múltiplos dentes supranumerários 
 Torcicolo, paralisia cerebral, sífilis etc. 
 Ambientais 
 Pode ser tanto pré-natal (traumas, dieta materna, metabolismo materno, rubéola 
etc) quanto pós-natal (traumas do nascimento, paralisia cerebral, injúrias na 
articulação têmporo-mandibular) 
 Traumatismo de dentes decíduos (pode desviar o germe do permanente; pode 
causar defeitos na estrutura dentária) 
 Tecido cicatricial por queimadura 
 Condições metabólicas e moléstias 
 Desequilíbrio endócrino 
 Distúrbios metabólicos 
 Distrofia muscular 
 Doenças infecciosas (poliomielite e outras): 
 Deficiência nutritiva 
 Problemas de dieta 
 Raquitismo (deficiência de vitamina D), escorbuto (deficiência de vitamina C), 
beribéri (deficiência de Tiamina), podem causar: 
o Alterações na sequência de erupção 
o Perda precoce ou retenção prolongada dos dentes decíduos 
o Vias de erupção anormal 
o Insanidade dos tecidos bucais 
 Hábitos anormais e alterações funcionais 
 Sucção anormal ao mamar: Postura mandibular avançada, amamentação artificial, 
pressões bucais excessivas 
 Sucção de polegar e outros dedos 
 Interposição e sucção de língua 
 Morder lábios e unhas 
 Hábitos de deglutição anormal (deglutição atípica) 
 Defeitos de fonação 
 Anomalias respiratórias (respiração bucal etc) 
 Amígdalas e adenoides (postura compensatória da língua quando as amígdalas e 
adenoides se encontram inflamadas/a língua caba ficando levemente para frente) 
 “Tics” psicogênicos e bruxismo 
 
Fatores Intrínsecos (Locais) 
 Anomalias de número: 
 Dentes supranumerários 
 Ausências dentárias (agenesias, perdas acidentais e por cárie, etc) 
 Anomalias dimensionais e morfológicas dos dentes 
 Freio labial anormal e barreiras mucosas 
 Perdas prematuras ou retenções prolongadas de 
dentes decíduos 
 Sequência anormal de erupção dentária 
 Atraso de erupção de dentes permanentes 
 Anquiloses dento-alveolares 
 Cárie dentária 
 Restaurações dentárias inadequadas 
 
{ETIOLOGIA DAS ANOMALIAS DE OCLUSÃO MAIS COMUNS} 
Hiperplasia de dentes, 
retardando ou acelerando o 
crescimento, no fechamento 
de suturas, na reabsorção ou 
erupção dos dentes decíduos 
Cabe ao profissional da Odontologia 
conhecer os fatores intrínsecos e 
tentar controla-los ou, em última 
análise, tentar sanar seus defeitos 
maléficos sobre a oclusão dentária 
Apinhamento Dentário 
 A falta de espaço para acomodação dos dentes alinhados nas arcadas dentárias podem ter 
origem em distintos fatores etiológicos: 
 Discrepância ósseo-dentária negativa (desproporção entre tamanhos de dentes e de 
maxilares/arcadas ósseas, podendo ocorrer devido a: 1. Dentes grandes em uma 
arcada normal; 2. Dentes normais em uma arcada subdesenvolvida; 3. Dentes 
grandes em arcadas subdesenvolvidas) 
 Perdas de espaço nas arcadas (devido a: 1. Sequência anômala de erupção dentária; 
2. Perdas precoces de dentes decíduos; 3. Cáries dentárias nas proximais; 4. Dentes 
supranumerários; 5. Restaurações com dimensões incorretas em dentes decíduos) 
Sobremordida (Overbite) 
 Pode estar presente, em seus diversos graus, em qualquer tipo de maloclusão da 
classificação de Angle; 
 Significa sempre um excessivo trespasse dos incisivos, no sentido vertical; 
 As causas incluem: 
 Perdas precoces de dentes decíduos na zona de sustentação (ocasiona perda de 
dimensão vertical) 
 Falta de relação anteroposterior adequada entre as arcadas superior e inferior 
(favorece uma sobre-erupção dos incisivos em busca de contato oclusal) 
Sobressaliência (Overjet) 
 Bastante comum nas maloclusões Classe II divisão 1 (classificação de Angle) 
 Caracteriza-se por um excessivo trespasse horizontal dos incisivos, estando os superiores à 
frente dos inferiores/os inferiores atrás dos superiores 
 Quase sempre está associado a uma sobremordida, mas não necessariamente depende 
dela 
 Entre suas causas, estão: 
 Falta de desenvolvimento mandibular 
 Hábito de sucção de dedos (principalmente o polegar) 
 Deglutição atípica (a língua força os incisivos superiores para a vestibular) 
 Uso de determinadosinstrumentos musicais de sopro (como clarineta, saxofone etc) 
Mordida Aberta Anterior 
 Pode ocorrer em qualquer maloclusão de Angle, mas mais raramente na Classe II divisão 2 
 Caracteriza-se por uma situação completamente oposta a uma sobremordida, apresentando 
uma falta de contato entre os incisivos no sentido vertical 
 Entre suas causas, encontram-se: 
 Padrão esquelético anômalo 
 Anomalias no desenvolvimento do processo fronto-nasal 
 Hábitos de sucção de dedos e/ou objetos 
 Deglutição atípica 
 Macroglossia 
 Traumatismos na região da pré-maxila 
Mordida Aberta Posterior (ou Lateral) 
 É mais rara que a mordida aberta anterior 
 Quase sempre decorre de colapsos de desenvolvimento alveolar na área dos pré-molares, 
mas podem surgir de hábitos de interposição de língua, objetos (como cachimbos, 
lápis/canetas), ou até de uma macroglossia 
Cruzamentos 
 Existem cruzamentos anteriores, posteriores, unilaterais e bilaterais, unitários e setoriais 
 Anteriores: Podem decorrer de uma Classe III de Angle ou podem até configurar uma “falsa 
Classe III” e entre suas situações desencadeantes, estão: 
 Falta de desgaste fisiológico dos caninos decíduos (a postura mandibular se modifica 
para evitar posições desconfortáveis) 
 Posições ectópicas dos germes dentários 
 Interposição do lábio superior e/ou uso incorreto de chupetas 
 Retenção prolongada de decíduos 
 Traumatismos na região anterior da maxila 
 Posteriores: Suas causas incluem: 
 Atresia maxilar 
 Respiração bucal 
 Erupção ectópica 
 Retenção prolongada de decíduos 
 Interferência de cúspides 
 Bloqueios por perda de espaço 
 Unilaterais e bilaterais: Normalmente causadas por atresias maxilares, envolvendo sempre 
todo o grupamento dentário posterior (molares e pré-molares), além da postura muscular 
facial advinda da respiração bucal. 
 Unitários: Causados por todos os fatores acima. 
 
{EQUILÍBRIO DENTÁRIO} 
Vestíbulo-Lingual 
 Externamente: Mecanismo do músculo bucinador 
 Internamente: Língua 
Mesio-Distal 
 Pontos de contato interproximal 
Ocluso-Gengival 
 Dentes antagonistas

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