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ATENÇÃO AO PÉ DIABETICO

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1 
 
ATENÇÃO AO PÉ DIABÉTICO 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes 
áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e 
para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colabo-
rar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conheci-
mentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da hu-
manidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de cons-
truir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de 
uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre 
pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço 
oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Sumário 
ATENÇÃO AO PÉ DIABÉTICO .................................................................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2 
ATENÇÃO AO PÉ DIABÉTICO .................................................................................... 4 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4 
Diabetes Mellitus .............................................................................................................. 8 
Neuropatia Diabética Periférica...................................................................................... 11 
PÉ DIABÉTICO ............................................................................................................. 15 
Envelhecimento e Diabetes Mellitus .............................................................................. 20 
Aspectos clínicos e epidemiológicos do Diabetes Mellitus............................................ 22 
Aspectos gerais do cuidado ............................................................................................ 27 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///C:/Users/Sabrina/Desktop/backupsabrina/Desktop/MODELO%20NOVO%20-%20APOSTILA.docx%23_Toc64625483
 
 
 
4 
ATENÇÃO AO PÉ DIABÉTICO 
 
INTRODUÇÃO 
O Diabetes Mellitus (DM) é um quadro de hiperglicemia crônica, 
acompanhado de distúrbios no metabolismo de carboidratos, de proteínas 
e de gorduras, caracterizado por hiperglicemia que resulta de uma defici-
ente secreção de insulina pelas células beta, resistência periférica à ação 
da insulina ou ambas cujos efeitos crônicos incluem dano ou falência de 
órgãos, especialmente rins, nervos, coração e vasos sanguíneos (BRASIL, 
2002). 
Nas Américas, o número de indivíduos com diabetes foi estimado 
em 35 milhões para o ano 2000 e projetado para 64 milhões em 2025 
(KING, et al., 1998 apud SARTORELLI, 2006). 
Segundo Ferreira (2009), a prevalência de DM, está aumentando 
por causa do crescimento e do envelhecimento populacional, maior urbani-
zação, crescente prevalência da obesidade, sedentarismo e maior sobre-
vida do paciente diabético. 
Estima-se que, em 1995, o DM atingia 4% da população adulta mun-
dial e que, em 2025, alcançará o montante de 5,4%, visto que nos países 
em desenvolvimento, será observado em todas as faixas etárias, com pre-
dominância para grupos etários mais jovens, em comparação aos países 
desenvolvidos. 
Nestes últimos, o aumento ocorrerá principalmente na faixa etária 
de 45 a 64 anos. Outros autores avançam na estimativa do número de in-
divíduos diabéticos, projetando incremento de aproximadamente, 366 mi-
lhões para o ano de 2030, dos quais 90% apresentarão Diabetes Tipo 2 
(DM2). 
No Brasil, estima-se que cerca de cinco milhões de indivíduos adul-
tos com Diabetes, desconheçam o diagnóstico e, portanto, a doença será 
identificada frequentemente pelo aparecimento de uma de suas complica-
ções (BRASIL, 2006). 
Schefel et al, (2004), em seu artigo apontam, o comprometimento 
ateroesclerótico das artérias coronarianas, dos membros inferiores e das 
 
 
 
5 
cerebrais, é comum nos pacientes com Diabetes Tipo 2, e estes danos 
constituem a principal causa de morte destes pacientes. 
Além disso, os pacientes com DM2 podem apresentar problemas de 
visão, doença renal (nefropatia diabética) e danos neuronal. 
As principais causas das complicações do diabetes são: as amputa-
ções não traumáticas de membros inferiores; na ordem de 50 a 70% e a 
principal causa de cegueira adquirida; no 2 Diabetes tipo 1. 
Cerca de 30 a 40% dos pacientes desenvolverão nefropatia num pe-
ríodo entre 10 a 30 anos, após o início da doença. 
No Diabetes tipo 2, até 40% dos pacientes apresentarão nefropatia 
após 20 anos da doença. 
O risco de o paciente Diabético, sofrer amputação de membros infe-
riores é 15 vezes maior que o observado em pacientes não-diabéticos 
(BRASIL, 2006). 
Vigo (2005), em seu artigo informa que o indivíduo, com o pé diabé-
tico é um estado fisiopatológico multifacetado caracterizado por lesões que 
surgem nos pés da pessoa com Diabetes e ocorrem como consequência 
de neuropatia em 90% dos casos e doença vascular periférica e de defor-
midades. 
Afirma ainda que 50%, das amputações não traumáticas de mem-
bros inferiores, são atribuídas ao Diabetes e o risco de amputação é 15 
vezes maior do que da população em geral. 
Três anos após a amputação de um membro inferior, a porcentagem 
de sobrevida do indivíduo é de 50%, enquanto no prazo de cinco anos a 
taxa de mortalidade permanece de 39% a 68%. 
Portanto, a avaliação dos pés destes indivíduos, constitui-se em 
passo fundamental na identificação dos fatores de risco que podem ser 
modificados, o que, consequentemente, reduzirá o risco de ulcerações e 
amputações dos membros inferiores em pacientes Diabéticos. 
A prevenção destes fatores de risco constitui o principal fator para 
evitar ou adiar os danos nos órgãos-alvo. 
Segundo Tavares e Rodrigues, (2006), apud Faeda, (2006), o Dia-
betes Mellitus apresenta-se como um dos grandes problemas de Saúde 
 
 
 
6 
Pública, quer seja por questões sociais, econômicas, familiares e também 
pessoais. 
Os autores ressaltam a importância de implementar ações educati-
vas, favorecendo o auto cuidado à saúde, prevenindo incapacidades e pos-
tergando a morte. 
As manifestações clínicas mais frequentes com o aumento da glice-
mia capilar são a poliúria, nictúria, polidipsia, boca seca, polifagia, emagre-
cimento rápido, fadiga, fraqueza, tonturas e outros, e as manifestações em 
longo prazo, às complicações tardias que podem atingir órgãos vitais, são 
a retinopatia diabética, problemas cardiovasculares, alterações circulató-
rias e problemas neurológicos. 
Em relação às alterações circulatórias podem ocasionar uma lesão 
no membro inferior, acarretando um problema denominado “pé diabético” 
(FAEDA, 2006). 
Os pés de pessoas com Diabetes podem apresentar complicações 
que se manifestam através de três formas clinicas: isquemia aguda (trom-
bose arterial); infecção aguda - gangrena úmida; infecção crônica - necrose 
de partes moles e osteomielite (BARBUI, 2002). 
VIGO (2005) cita que as hospitalizações causadas pelo pé diabético 
geralmente são prolongadas e recorrentes, exigindo grande número de 
consultas ambulatoriais e necessidade de cuidado domiciliar. 
O processo de cicatrização das lesões ocorre de6 a 14 semanas, 
requerendo um período de hospitalização de 30 a 40 dias, em países de-
senvolvidos, enquanto, no Brasil, essa média fica em torno de 90 dias. 
As lesões do pé diabético resultam da combinação de dois ou mais 
fatores de risco que atuam concomitantemente e podem ser desencadea-
das, tanto por traumas intrínsecos como extrínsecos associados à neuro-
patia periférica, à doença vascular periférica e à alteração biomecânica. 
Este quadro pode ser revertido, pois: "a aplicação dos conhecimen-
tos e recursos existentes, de forma sistemática tem produzido uma redução 
na morbidade, mortalidade e custos relativos ao diabetes. 
As intervenções podem ser voltadas à prevenção de fatores de risco 
de desenvolvimento do diabetes e de surgimento de complicações" (VIGO, 
 
 
 
7 
2005). Tais medidas, se estimadas para os EUA, levariam a uma diminui-
ção considerável de 50% das amputações; caso fossem estimadas para o 
Brasil, esse impacto poderia ser ainda maior. 
Este é um dado importante, pois implica na qualidade de vida do 
diabético, além do custo financeira. Entre as complicações crônicas, as ul-
cerações dos pés e amputações poderiam ser evitadas, com informações 
adequadas e a realização de exames (BARBUI, 2002). 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a importância 
das atividades educativas junto aos pacientes portadores de doenças crô-
nicas não transmissíveis, bem como a participação da família e da comuni-
dade (BRASIL, 2002). 
Considera-se fundamental que os profissionais de saúde, em espe-
cial os enfermeiros, direcionem a sua prática profissional para ações que 
levem à independência, à autonomia e à qualidade de vida dos diabéticos. 
Assim, a consulta de enfermagem, atividade privativa do enfermeiro, 
utiliza componentes do método científico para identificar situações de sa-
úde/doença, implementando medidas que contribuem para promoção, pre-
venção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo, família 
e comunidade, e é um modelo de assistência que adéqua às necessidades 
da saúde do público alvo (LANA, 2011). 
O enfermeiro tem um papel fundamental na realização de atividades 
de educação e saúde junto ao diabético e seus familiares. A consulta deve 
ser integrada por profissionais de saúde de diferentes áreas, atuando como 
grupo multidisciplinar, tendo como elemento principal o cliente diabético. 
Segundo Barbui (2002), na tentativa de proporcionar melhoria na 
qualidade de vida do diabético e prevenção das complicações, é necessá-
rio elaborar um plano assistencial que vise assistir e educar o cliente. 
As ações educativas são fundamentais considerando-se que pouco 
menos da metade (45%) das pessoas diabéticas e 1/3 das pessoas com 
mais de vinte anos de doença desenvolverão doença vascular periférica e, 
provavelmente, evoluirão para gangrenas e amputações, traumas estes 
que poderiam ser evitados, se fossem tomados os cuidados apropriados 
com os pés. 
 
 
 
8 
Em um relato de experiência realizada por uma enfermeira, no Dis-
trito Federal, mostrou que após a implementação do processo de enferma-
gem, o paciente demonstrou menos resistência às orientações e a retornar 
às consultas subsequentes. 
O paciente do estudo apresenta-se capaz de realizar o autocuidado 
e em certos momentos demonstra essa competência. A educação em sa-
úde torna-se o próprio tratamento do Diabetes Mellitus (FAEDA, 2006). 
Um estudo realizado em 2002 para avaliar o conhecimento do cli-
ente diabético em relação aos cuidados com os pés demonstrou que mais 
da metade dos clientes 68,8%, disseram sentir-se seguros quanto às infor-
mações que têm sobre sua doença para evitar futuras complicações, Bar-
bui, (2002). 
Nessa perspectiva, Ferreira (2009), relata que as medidas de pre-
venção reduzem significativamente a morbimortalidade por DM, por isso 
constituem prioridades para a saúde pública no mundo. 
 
Diabetes Mellitus 
A diabetes mellitus (DM) é uma perturbação em que os valores san-
guíneos de glicose estão anormalmente altos dado que o organismo não 
liberta insulina ou utiliza-a inadequadamente. 
A insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, é a principal subs-
tância responsável pela manutenção dos valores adequados de açúcar no 
sangue. 
Possibilitando o transporte da glicose para o interior das células, de 
modo que estas produzam energia ou a armazenem até que a sua utiliza-
ção seja necessária. 
A elevação das concentrações de açúcar no sangue pós-prandial 
estimula o pâncreas a secretar a insulina, evitando o aumento brusco da 
glicemia. (Harrison, 2008). 
Quando o corpo não produz a quantidade suficiente de insulina para 
que os valores sanguíneos de açúcar se mantenham normais ou quando 
as células não respondem adequadamente à insulina é que a diabetes está 
se manifestando. 
 
 
 
9 
De acordo com a American Diabetes Association (ADA), existem 3 
classificações de DM: Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1); Diabetes Mellitus tipo 
2 (DM2); Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). O DM1 é resultado da des-
truição total ou parcial das células β das Ilhotas de Langerhans do pâncreas 
endócrino por anticorpos próprios o que a caracteriza como doença auto-
imune (Guyton, 2002), embora outros autores afirmem tal acontecimento 
não passe de um simples processo de degeneração celular resultando na 
incapacidade progressiva de produzir insulina. 
A evolução desse processo pode levar messes ou anos vai depen-
der do grau de destruição da massa de ilhotas (no mínimo 80%). Inúmeros 
fatores genéticos e ambientais contribuem para a ativação imunológica que 
desencadeia esse processo destrutivo. 
Está comprovado que os indivíduos que apresentam determinada 
genotipagem de antígeno leucocitário humano (HLA) e anticorpos especí-
ficos, têm fortes evidências de já está no período pré-clínico da doença 
(assintomático) e por tempo indeterminado. 
Apesar desse curso evolutivo, muitos casos de pacientes com DM1 
tiveram início abrupto da doença com sintomas indicando de maneira sólida 
a presença da enfermidade. 
O surgimento desses sintomas definem que o paciente adentrou na 
fase clínica da doença (sintomático). São eles poliúria, polidipsia, polifagia, 
astenia e perda de peso. 
O período de tempo, entre o início dos sintomas e a determinação 
da doença, normalmente oscila entre uma a seis semanas. 
Estes indivíduos acometidos, pela DM1, caracterizam-se por serem 
mais jovens (primeira, segunda e, mais raramente, terceira década de vida) 
e, por dependerem totalmente de fontes exógenas de insulina, sendo que 
a doença nestes casos evolui rapidamente quando não tratada adequada-
mente (Diabetes Control and Complications Trial (DCCT)). 
O DM2 caracteriza-se por um início mais tardio, geralmente acima 
dos trinta e cinco anos de idade. A DM2, apesar de apresentar os mesmos 
sintomas da DM1 durante a destruição das células β das Ilhotas de Lange-
rhans do pâncreas endócrino, ocorre em consequência do seu próprio pro-
cesso de envelhecimento, daí ao seu curso mais arrastado. 
 
 
 
10 
Dois são os principais fatores envolvidos neste processo. Primeiro é 
o aumento da resistência à insulina nos tecidos periféricos. 
O segundo é a presença da obesidade, uma vez que sob esta con-
dição haverá a necessidade de aumentar a secreção de insulina para ga-
rantir a normalização do controle glicêmico (Guyton, 2002). 
Já se comprovou que a obesidade é um fator de risco para DM2, 
estando os obesos entre 80 % e 90 % das pessoas que sofrem desta do-
ença (Rev Bras Neurol, 2009). 
Deste modo, tanto a DM1 quanto a DM2 promovem uma diminuição 
da utilização da insulina pelas células dos tecidos periféricos. 
Como consequência deste processo, a quantidade de glicose difun-
dida para o interior das células torna-se menor e, assim, o aporte energético 
de cada célula torna-se deficitário, incorrendo em diminuição do trabalho 
celulare consequente sofrimento tissular. 
Em resposta a essa resistência tecidual, há uma elevação compen-
satória da concentração plasmática de insulina, com o objetivo de manter 
a glicemia dentro dos valores normais o que, consequentemente, levará a 
hiperinsulinemia. 
E finalmente tem-se a DMG, que é caracterizado por um estado hi-
perinsulinêmico advindo da diminuição da sensibilidade à insulina, parcial-
mente explicada pela presença de hormônios diabetogênicos, tais como a 
progesterona, o cortisol, a prolactina e o hormônio lactogênico placentário. 
Os níveis glicêmicos de jejum tendem a ser mais baixos na gestante, 
contudo, os valores pós-prandiais são mais altos, sobretudo naquelas em 
que não há aumento adequado da liberação de insulina. 
As pacientes com DMG apresentam uma diminuição ainda mais 
acentuada da sensibilidade periférica à insulina, como no DM2, além de 
uma secreção diminuída de insulina, explicando os picos pós-prandiais 
(HERRISON, 2008). 
Entretanto, a fisiopatologia do DMG não está totalmente elucidada. 
Se todas as gestantes fossem resistentes à insulina, a incidência do DMG 
seria superior aos níveis encontrados. 
 
 
 
11 
Com o desenvolvimento da DM e a resultante falha no controle gli-
cêmico, as alterações do nível de glicose plasmática em parâmetros fora 
da normalidade podem ocasionar consequências diferenciadas. 
O aumento abrupto da glicemia pode causar sintomas agudos como 
náuseas, dores abdominais, vômitos e perda da consciência podem apare-
cer e evoluir ao “coma diabético”. 
Na persistência destes níveis plasmáticos de glicose, alterações ir-
reversíveis em tecidos primordiais como o cardíaco, cerebral, renal e hepá-
tico podem levar o indivíduo à morte. 
Já nos casos em que a manutenção destes níveis glicêmicos per-
maneça em patamares acima do nível normal, faz com que os tecidos pe-
riféricos passem por um processo de sofrimento tissular gradual, lento, e 
que os sintomas não são notados mesmo que a patologia continue em pro-
gressão. 
A longo prazo, a manutenção do nível glicêmico alto pode causar 
dois tipos de complicações. O primeiro tipo é aquele constituído por com-
plicações de ordem macrovascular, como cerebrovasculopatias, coronari-
opatias e doenças vasculares periféricas. O 
 Segundo tipo é aquele constituído por complicações de ordem mi-
crovascular, como as retinopatias e as neuropatias periféricas (Simoneau, 
1999). 
 
Neuropatia Diabética Periférica 
A neuropatia diabética periférica (NDP) crônica associada a DM con-
siste em um processo patológico insidioso e progressivo, na qual a severi-
dade não está diretamente representada nos sinais e sintomas desenvolvi-
dos pelos pacientes. 
A NDP é o agente causal, ou seja, que inicia o processo fisiopatoló-
gico, levando à ulceração e à amputação. 
Grenne et al. (1991) conseguiram fazer uma definição para a NDP 
que melhor englobou a heterogeneidade da doença, eles a descreveram 
como: “Grupo de síndromes clínicas e subclínicas de etiologia, manifesta-
ção clínica e laboratoriais variadas, caracterizadas por dano difuso ou focal 
 
 
 
12 
das fibras nervosas periféricas somáticas ou autonômicas, resultante do 
diabetes melito”. 
Para fins práticos, como os do Guidelines para diagnóstico e condu-
ção ambulatorial da NDP, ela foi definida como: “A presença de sintomas 
e/ou de sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com DM, 
após exclusão de outras causas”. 
A NDP desenvolve-se geralmente 10 a 15 anos após o início do pro-
cesso diabético e, cerca de 30% dos indivíduos acometidos pela DM esta-
rão susceptíveis ao desenvolvimento da NDP. 
A percentagem de neuropatas pode chegar a 50% após 20 anos de 
desenvolvimento da DM e o índice de portadores de NDP é de 70% quando 
a DM atinge 30 anos de evolução (Orchart et al., 1990). 
A real prevalência da NDP ainda é bastante controversa, tem sido 
relatados valores entre 5% e 100% dessa patologia. 
Acredita-se que essa discordância é devido à pequena amostra dos 
estudos realizados, aos diferentes critérios empregados para diagnosticar 
a disfunção neural e ao tipo de população estudada. 
Porém os estudos realizados mostram que a incidência da NDP é 
significativamente maior após os 20 anos de doença diagnosticada, e que 
a presença de neuropatia sintomática é cerca de metade ou menos da neu-
ropatia assintomática. 
Pode ser considerado como marco estrutural da neuropatia diabé-
tica a atrofia e a perda de fibras mielinizadas e não-mielinizadas associada 
a um retardo na resposta degenerativa das mesmas. 
A alteração neuronal mais precocemente detectável em modelos ex-
perimentais é a tumefação do axônio associada à lentificação da condução 
nervosa e ao aumento de até cinco vezes na concentração intranodal de 
sódio. 
Através da análise da voltagem das fibras nervosas, ficou demons-
trado que a diminuição do potencial de equilíbrio da membrana do axônio 
está associada a uma importante diminuição da permeabilidade desta 
membrana ao sódio, devido ao mau funcionamento da bomba sódio/potás-
sio que leva ao acúmulo de sódio no axônio. 
 
 
 
13 
Esse processo leva a anormalidade na organização do citoesqueleto 
axonal gerando reurofilamentos mal orientados, refletindo a lentificação do 
transporte do estímulo elétrico. 
Estes neurofinlamentos são mais tarde sequestrados pelas células 
de Schwann, reduzindo, assim, o volume do axônio e contribuindo para a 
atrofia do mesmo. 
Os mecanismos que levam a essas lesões ainda são bastante estu-
dados, mas há evidências da participação de duas vias principais, a via 
metabólica e a via isquêmica, com inter-relação entre elas (GRENNE, 
1998). 
Os distúrbios metabólicos envolvidos no desenvolvimento da NDP 
podem ser desdobrados em várias vertentes de acordo com os elementos 
fisiológicos envolvidos nas regulações das funções nervosas periféricas (p. 
ex. carboidratos, lipídeos, proteínas, água e eletrólitos). 
Segundo Sanvito, Oliveira e Sandri (1990), quando ocorrem modifi-
cações no metabolismo destes elementos as funções primordiais da iner-
vação periférica passam a ser comprometidas. 
Nos pacientes com glicemia elevada, a glicose penetra em níveis 
anormalmente altos nos nervos periféricos e é convertida em sorbitol. 
Uma das principais consequências deste processo é a redução da 
atividade da bomba de sódio/potássio, levando a alterações de membrana, 
como já referido anteriormente. 
Outra consequência do acúmulo de sorbitol é sua glicotoxicidade mi-
crovascular no nervo periférico. 
O sobitol acumulado no endotélio endoneural gera edema causando 
alteração na produção de prostaciclinas e na diminuição da produção de 
óxido nítrico (NO) e daí a comprometer a difusão de oxigênio (O2), (Came-
ron, NE, Eaton, 2001). 
O óxido nítrico (NO) é importante para o funcionamento adequado 
do endotélio vascular, pois apresenta propriedades vasodilatadoras, inibe 
a agregação plaquetária e a proliferação das células musculares lisas vas-
culares. É sintetizado dentro da célula endotelial na presença de O2. 
 
 
 
14 
Ele difunde-se do endotélio para a camada de células musculares 
lisas e plaquetas com consequente produção de GMP cíclico (GMPc), que 
promove o relaxamento vascular e inibe a agregação plaquetária. 
 A hipóxia generalizada do nervo tem sido proposta como meca-
nismo baseado na demonstração de redução do fluxo sanguíneo, aumento 
da resistência vascular e diminuição da tensão de O2 de nervos periféricos. 
Anormalidades microvasculares também foram observadas, inclu-
indo espessamento da membrana basal, inchaço, proliferação de células 
endoteliais, formação de trombo plaquetário oclusivo (GRENNE, 1992). 
A manutenção dos níveis de glicose plasmática acima dos valores 
normais leva gradualmente a alterações das funções primordiais da inerva-
ção periférica, sendo que os estágios mais avançados da NDP as funções 
sensorial,motora e autônoma podem estar extremamente comprometidas. 
Uma característica marcante da NDP é que as alterações das fun-
ções nervosas têm uma distribuição anatômica típica, acometendo inicial-
mente as porções distais dos membros e progredindo proximalmente 
(SANVITO, 1997). 
A primeira função da inervação periférica a ser comprometida é a 
função sensorial (Amadio, 1995). Estes tipos de pacientes evoluem com 
hipoestesia (diminuição da sensibilidade) até que perdem por completo a 
sensibilidade das extremidades dos membros (anestesia). 
O autor Cavanagh, em 1993, chamou este processo de “perda da 
sensibilidade protetora” uma vez que estas pessoas estariam mais sujeitas 
a ocorrência de lesões decorrentes de traumas (químicos, físicos, mecâni-
cos) devido à falta de cuidados com as lesões, podendo evoluir progressi-
vamente a processos infecciosos sem que o portador tome consciências 
deste processo. 
Além das alterações da sensibilidade, são comprometidas também 
as funções motoras e autônomas do nervo periférico. 
Com o desenvolvimento da NDP a velocidade de condução dos im-
pulsos nervos vai diminuindo progressivamente, por razões antes citadas, 
gerando diminuição da força muscular e consequentemente atrofia da mus-
culatura. 
 
 
 
15 
Já o comprometimento das vias de controle autônomo, reflete alte-
rações tróficas cutâneas como anidrose, diminuição da quantidade dos pe-
los, unhas secas, etc. 
Estes distúrbios tornam a pele da superfície plantar dos pés menos 
espessa e mais seca, ou seja, mais susceptível às lesões plantares decor-
rentes da aplicação das forças de contato com o solo e com calçados (Mul-
ler e Sinacore, 1995). 
 
PÉ DIABÉTICO 
Conforme definição da OMS, o pé diabético é uma infecção, ulcera-
ção e/ou destruição de tecidos profundos associados com anormalidades 
neurológicas, um estado fisiopatológico multifacetado caracterizado por le-
sões que surgem nos pés da pessoa com Diabetes e ocorrem em conse-
quência de doença vascular periférica no membro inferior, que ocorrem em 
decorrência da neuropatia diabética. 
As lesões do pé diabético resultam da combinação de dois ou mais 
fatores de risco que atuam concomitantemente e podem ser desencadea-
das, tanto por traumas intrínsecos como extrínsecos associados à neuro-
patia periférica, à doença vascular periférica e à alteração biomecânica 
(PEDROSA, et al., 2008). 
Existem outras complicações nos pacientes com esta doença como, 
por exemplo, as úlceras que são consequências das neuropatias, doença 
vascular periférica e deformidades. 
As úlceras podem se complicar com gangrena e infecção resultando 
inclusive na amputação quando não há um tratamento adequado. 
Por ser uma doença que atinge milhões de pessoas em todo mundo, 
o Diabetes reflete em todo o sistema de saúde e requer uma atenção es-
pecial principalmente nos pacientes que desenvolvem o Pé Diabético já 
que esta patologia atinge a maioria de seus portadores. 
De acordo com Silva et al., (2005) as complicações nos pés dos pa-
cientes diabéticos são responsáveis por cerca de 25% das internações hos-
pitalares destes pacientes. 
 
 
 
16 
A despeito de todo o avanço tecnológico na medicina, as taxas de 
amputação em membros inferiores em pacientes portadores de DM têm 
sido elevadas, o que deve nos levar a refletir sobre o assunto e consequen-
temente buscar novas formas de atuação. 
Os autores discutem que o pé diabético é proveniente da neuropatia 
diabética (alterações nos nervos periféricos), problemas circulatórios (micro 
e macroangiopatia diabética) e a infecção. 
O menor fluxo sanguíneo, a formação de feridas que se infeccionam, 
e de difícil cicatrização (úlcera de pernas) podem levar à gangrena. 
O Consenso Internacional sobre Pé Diabético (2001) traz alguns fa-
tores de risco que estão associados ao surgimento do pé diabético e de 
possíveis amputações, como: 
▪ Úlcera, amputação prévia; 
▪ Neuropatia sensitivo-motora; 
 ▪ Trauma - por calçado inadequado, caminhar descalço, quedas, 
acidentes, objetos no interior dos sapatos; 
▪ Biomecânica - limitação da mobilidade articular, proeminências ós-
seas, deformidades no pé, osteoartropatia, calos; 
▪ Doença vascular periférica; 
▪ Condição socioeconômica baixa posição social, acesso precário ao 
sistema de saúde, não-adesão ao tratamento, negligência e educação te-
rapêutica precária (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉ-
TICO, 2001). 
O despreparo da saúde pública em relação a doença e sua impor-
tância faz com o que o paciente muita das vezes desconheça suas compli-
cações o que influencia diretamente na qualidade de vida comprometendo 
inclusive o tratamento. 
A ausência destas informações e os altos índices da doença são 
fatores que devem ser levados em consideração pelos profissionais de sa-
úde em todos os níveis sejam a eles Federal, Estadual e Municipal. 
Os profissionais de saúde devem sempre dialogar com seus gesto-
res fins criar mecanismos que proporcionem de fato ações que promovam 
a melhora na saúde e consequentemente ofertem serviços de qualidade a 
todos os seus usuários. 
 
 
 
17 
Entre as complicações da DM a neuropatia diabética é a de maior 
incidência a logo prazo, sendo as alterações sensoriais e motoras as de 
maior impacto, sobretudo por levar ao aparecimento do chamado Pé Dia-
bético. 
Segundo o Consenso Internacional sobre Pé Diabético realizado em 
1999, o “Pé Diabético" é a infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos 
profundos associados com anormalidades neurológicas e vários graus de 
doença vascular periférica no membro inferior. 
Existem três processos patológicos básicos que constituem o tripé 
que justifica a ocorrência do PD: isquemia, neuropatia e infecção. 
A combinação dos efeitos destes processos, em graus variáveis de 
paciente para paciente, causam as deformidades, úlceras, infecções e gan-
grena, clinicamente reunidas sob o termo “Pé Diabético” (KOZAK et al, 
1996). 
As lesões sensitivas são as mais importantes, pois a partir da dimi-
nuição da sensibilidade dolorosa o paciente passa a não mais sentir o in-
cômodo da pressão repetitiva do calçado desconfortável, de objetos ponti-
agudos no chão, tesoura. 
E, a partir daí há maior suscetibilidade a formação de calosidades 
na planta dos pés e úlceras atróficas, que são responsáveis pelo início dos 
processos infecciosos e das gangrenas. 
As ulcerações plantares localizam-se preferencialmente nas áreas 
de maior atrito como o calcanhar e as projeções plantares das articulações 
metatarsofalangeanas, principalmente a primeira e a quinta articulação. 
O primeiro fator relacionado ao desenvolvimento das lesões ulcera-
tivas da superfície plantar do PD está relacionado às alterações mecânicas 
decorrentes do processo de comprometimento das vias motoras pela NDP 
como, já citado, a diminuição da força e atrofia dos músculos das extremi-
dades dos membros inferiores. 
Entre músculos que primeiro se alteram no curso progressivo da 
NDP, destacam-se aqueles que estão posicionados entre os ossos do seg-
mento do pé (musculatura intrínseca do pé). 
Estes pequenos músculos são responsáveis, entre outras funções, 
pelo amortecimento ativo das cargas que são transmitidas ao arco do pé 
 
 
 
18 
além de auxiliarem no posicionamento articular dos ossos que compõem o 
pé, mantendo um relacionamento mecânico próprio para a realização do 
apoio. 
Assim, a atrofia destes músculos pode evoluir à instalação de defor-
midades tais como, a deformidade em garra dos artelhos (Cinelli Jr., Gon-
zalez & Nakano, 1990) que se caracteriza-se por um reposicionamento dos 
artelhos de modo a expor as cabeças metatarsais, que passarão a sofrer 
maior carga em suas proeminências durante a fase final de apoio ao solo 
na marcha, quando o membro é impulsionado para a frente. 
Este processo é de extrema importância já que está diretamente li-
gado à geração deulceras plantares. 
O segundo fator relacionado ao desenvolvimento das alterações que 
caracterizam o PD está relacionado ao comprometimento das vias nervo-
sas periféricas de controle autônomo, já relatado anteriormente, que pro-
voca distúrbios cutâneos que fragilizam a pele e a predispõe à lesões da 
superfície plantar. 
Esta fragilidade da pele decorre de uma inadequada nutrição da pele 
plantar tornando a camada mais basal do tecido subcutâneo mais tênue e 
frágil, predispondo a pele plantar às lesões decorrentes das forças de com-
pressão e cisalhamento exercidas pela transferência do peso corporal. 
Apesar de haver uma intima relação entre as alterações sensitivas 
e autônomas, não é incomum encontrar pés neuropáticos com a sensibili-
dade precária e uma boa circulação mantida. São os chamados “pés dia-
béticos quentes” (YRUKA, 2002). 
Os achados habituais nesses pacientes são tecidos bem nutridos 
com aspectos sadios, bons pulsos, porém, presença de pelos associa a 
diminuição ou mesmo ausência de sensibilidade, incidência de deformida-
des, existências de calosidades. 
Contudo, estudos afirmam que o aparecimento dos distúrbios autô-
nomos, após início da NDP, é uma questão de tempo, que vai depender de 
cada caso. 
E aí as características do pé isquêmico tornam-se evidentes: a pele 
seca e escamosa, com ausência de pelos, com unhas espessas, um pé 
vulnerável a formação de fissuras nos calcanhares e nas proeminências, 
 
 
 
19 
com diminuição ou ausência de pulsos (diminuição da perfusão periférica), 
alteração da coloração da epiderme que varia do vermelho escuro até o 
azul (Kosak et. al. 1997). 
O PD é a principal complicação incapacitante consequente da DM. 
Atribui-se ao diabetes 50% das amputações não-traumáticas de membros 
inferiores, sendo o risco para amputação cerca de quinze vezes maior do 
que na população em geral (REIBER, 2002). 
As amputações entre pessoas diabéticas são precedidas de úlceras, 
caracterizadas por erosões cutâneas com perda do epitélio, as quais se 
estendem até a derme ou a atravessa chegando aos tecidos mais profun-
dos e, algumas vezes, atingem os ossos e os músculos. Além disso, três 
anos após a amputação de um membro inferior, a porcentagem de sobre-
vida do indivíduo é de cerca de 50% (REIBER, 1996). 
As lesões do PD são precipitadas por trauma e frequentemente com-
plicam com infecção, podendo terminar em amputações quando não for 
instituído um tratamento precoce e adequado. 
As úlceras do PD são responsáveis por grande percentual de mor-
bimortalidade e hospitalizações, ocasionando um período de internação 
59% mais prolongado que pessoas sem NDP (REIBER, 2002). 
Estes tipos de internamentos geralmente são recorrentes, exigem 
grande número de consultas ambulatoriais, além da necessidade constante 
de cuidados domiciliares. 
Estima-se que as taxas de recorrência das úlceras, em longo prazo, 
sejam de 44% no primeiro, 61% no terceiro e 70% no ano (PEDROSA et 
al., 1998). 
Segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (FID) são 
realizadas no mundo um milhão de amputações a cada ano por causa do 
diabetes e 85% são precedidos de úlceras no pé. 
Calcula-se que o custo direto de uma amputação associada ao PD 
está entre US$ 30 mil e US$ 60 mil. Um estudo recente (STOCKL et al.) 
realizado em 2.253 pessoas que apresentavam episódios de úlceras, as 
quais foram estratificadas segundo sua gravidade, identificou um gasto glo-
bal de US$ 13.179 por episódio, sendo que o custo variava entre US$ 1.892 
a US$ 27.721 dependendo da gravidade da lesão. 
 
 
 
20 
Outro dado observado foi a grandiosidade dos custos com hospitali-
zação na fase aguda das lesões do pé diabético (US$ 10.188). 
As úlceras constituem a mais comum e fatídica das complicações da 
DM, afetam 68 mil pessoas por ano nos EUA, aproximadamente 125.000 
amputações de membros inferiores são realizados por ano, sendo esti-
mado que 56% a 83% estão diretamente atribuídas a NDP. 
A incidência de amputações foi de 59,7/1000 diabéticos americanos. 
Grande parte das úlceras (50%) torna-se infectadas e são tratadas a nível 
ambulatorial, porém o binômio úlcera/infecção do membro inferior constitui 
a causa mais comum de internações prolongadas concorrendo para 25% 
das admissões hospitalares no EUA. 
O que implica em custos elevados para a nação (SBD, 2007). Dados 
nacionais sobre os gastos com membros inferiores na população com dia-
betes são escassos. 
No entanto Pedrosa et al. (1998) estimou que custos relacionados 
ao diabetes chegam a US$99 bilhões por ano, incluindo os gastos diretos 
com atenção médica e os custos indiretos atribuídos à incapacidade e à 
morte prematura, sendo que o custo por uma amputação/ano é em torno 
de U$ 20.285. 
 
 
Envelhecimento e Diabetes Mellitus 
O aumento da expectativa de vida tem contribuído para a incidência 
de DCNTs e degenerativas, as quais podem comprometer o funcionamento 
de todo o organismo (PEREIRA CARLESSO et al., 2017; WHO, 2017). O 
DM é uma das causas de morbidade e mortalidade junto à população idosa, 
que em 2017, causou 4 milhões de mortes no mundo. Mulheres na faixa 
etária de 70 a 79 anos são as mais acometidas. 
Segundo Internation Diabetes Federation-IDF (2016), uma pessoa 
adulta entre onze tinha diabetes em 2015, e estima-se que para o ano de 
2040 esta proporção passará para cada dez adultos. 
 
 
 
21 
O DM também é uma doença com desdobramentos limitantes à vida 
das pessoas, perda de produtividade no que diz respeito à sua funcionali-
dade. 
Desta forma, esta doença ganha importância significativa em um 
país com crescente envelhecimento, e o número de pessoas afetadas por 
DM vem aumentando consideravelmente no contexto mundial, na América 
Latina e no Brasil (BRASIL, 2014; IDF, 2016). 
O envelhecimento populacional e o DM são considerados temas de 
estudos prioritários no século XXI devido às novas demandas de saúde 
pública, tanto nos países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Fa-
tores comportamentais como dietas altamente calóricas, estresse, seden-
tarismo, tabagismo e consumo de álcool de maneira abusiva, predispõem 
a inúmeras doenças, como, por exemplo, a DM e a hipertensão arterial 
(HENRIQUE et al., 2015; SILVA; FOSSÁ, 2015; WHO, 2017). 
Em 2010, o (SUS) Sistema Único de Saúde gastou com internações 
hospitalares por doença crônica o equivalente a 2,4 bilhões de reais (68% 
do total de gastos) e 1,2 bilhões (32%) com tratamento ambulatorial. Os 
custos dos agravos proporcionados às pessoas com estas doenças são 
bem maiores do que aqueles destinados à prevenção das mesmas (HEN-
RIQUE et al., 2015). 
Os cuidados dispensados às pessoas com DM mostram-se onero-
sos. Em 2015, o Brasil gastou cerca de US$ 21.8 bilhões em cuidados aos 
portadores de DM (IDF, 2016). 
 Estimativas de 2015 apontaram que 415 milhões de pessoas adul-
tas e idosas em todo mundo foram afetadas pela DM, 46,5% da população 
ainda não foram diagnosticadas e, cerca de 53,4% de óbitos por diabetes 
são em pessoas com idade acima de 60 anos. 
Para o ano de 2040 estima-se que o número de pessoas com DM 
será na ordem de 642 milhões (IDF, 2016). 
No Brasil, a estimativa de casos de DM foi de 11 milhões em 2013 e 
mais de 14 milhões em 2015, com previsão para 2035 de mais de 19 mi-
lhões de pessoas com DM (GUARIGUATA et al., 2014; IDF, 2016). 
A consciência do impacto social e econômico do DM nos países 
ainda é incipiente. 
 
 
 
22 
Os países em ascensão econômica como é o caso dos países da 
América do Sul, encontram-se com maior dificuldade de controle e preven-
ção. O Brasil tem um elevado número de pessoas com DM, cerca de 14,2 
milhões o 30 que aumenta a necessidade de políticas de cuidados preven-
tivos ao desenvolvimento e ao controle do DM, e também de atenção às 
complicações que podem surgir aos já portadores (IDF, 2016). 
 
Aspectos clínicos e epidemiológicosdo Diabetes Mellitus 
O DM está inserido em um grupo de doenças metabólicas com ca-
racterísticas diferentes em sua etiologia e fisiopatologia, caracterizados por 
hiperglicemia, resultados de defeitos na secreção e/ou ação da insulina. 
Trata-se de uma doença crônica, que requer cuidados médicos constantes, 
controle glicêmico e estratégias de redução de riscos multifatoriais. 
O diagnóstico do DM baseia-se por alterações da glicose plasmática 
de jejum de 8 horas, ou após uma sobrecarga de glicose por via oral (ADA, 
2013; 2017; SCHULZ et al., 2016; SBD, 2016). 
A insulina é um hormônio produzido no pâncreas. A sua produção 
se faz necessária para o transporte de glicose a partir da corrente sanguí-
nea produzindo energia. 
Ao longo do tempo, o resultado de elevados níveis de glicose no 
sangue (hiperglicemia) pode causar danos para muitos tecidos do corpo, 
que conduzem ao desenvolvimento de incapacitações, complicações de 
saúde e risco de morte (BRASIL, 2014; IDF, 2016). 
A classificação etiológica do DM, recomendada pela OMS e pela 
American Diabetes Association (ADA) inclui quatro classes clínicas: DM 
tipo 1, DM tipo 2, outros tipos específicos de DM, e DM gestacional (ADA, 
2017; SBD, 2016). 
As duas primeiras têm origem genética, sendo o tipo 2 o mais fre-
quente entre pessoas idosas com índices próximos a 20%. 
Trata-se de uma das doenças crônicas mais prevalentes nesta po-
pulação (BRASIL, 2014; SBD, 2016). O DM tipo 1 (DM1) é caracterizado 
pela destruição autoimune das células beta tipo 1A do pâncreas que deter-
mina a deficiência de insulina. É diagnosticado na infância e adolescência. 
 
 
 
23 
A fisiopatologia desse tipo de DM envolve fatores genéticos, sendo 
que os principais genes associados ao desenvolvimento da doença são 
aqueles vinculados ao sistema do antígeno leucocitário humano (HLA) na 
classe II. 
Para seu tratamento, doses diárias de 31 insulina são requeridas, e 
a DM1 representa cerca 15% de todos os casos de DM (BRASIL, 2014; 
NETTO, 2011; SBD, 2016). 
O DM tipo 2 (DM2) é definido por desordens metabólicas e hipergli-
cemia. É o resultado da deficiência na secreção ou ação da insulina e na 
regulação da produção hepática de glicose. 
É uma doença crônica que afeta pessoas idosas, e corresponde a 
90% dos casos. Cerca de 80% das pessoas com DM2 são obesas em vir-
tude de maus hábitos alimentares, sedentarismo e stress da vida urbana, 
e está associada à hipertensão e dislipidemia (SBD, 2016; PENA, 2017). 
No DM2, há presença de insulina, porém sua ação é dificultada pela 
obesidade, o que é conhecida como resistência insulínica, ou seja, uma 
das causas de hiperglicemia. 
Geralmente ela é assintomática, e na maioria das vezes, permanece 
por muitos anos sem diagnóstico e sem tratamento favorecendo principal-
mente no idoso a ocorrência de complicações micro e macro vasculares 
(FREITAS, 2011; BRASIL, 2013; SBD, 2016). 
Outros tipos específicos de diabetes envolvem: 
 os defeitos genéticos das células β (por exemplo: ‘maturity onset 
diabetes of the young’-MODY), 
 os defeitos genéticos na ação da insulina (por exemplo: defeitos 
genéticos do receptor da insulina), 
 doenças do pâncreas exócrino (por exemplo: pancreatite crônica), 
 endocrinopatias (por exemplo: síndrome de Cushing, acromega-
lia), 
 diabetes quimicamente induzido ou induzido por drogas (por exem-
plo: glicocorticóides), 
 infecções, formas incomuns de diabetes imunomediado e outras 
síndromes genéticas, algumas vezes, associadas ao diabetes (SBD, 2016). 
 
 
 
24 
O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é identificado no começo da 
gravidez ou no decorrer dela. Pode ocorrer em 1% a 14% das gestações e 
tende a aumentar com o avanço da obesidade em mulheres com gravidez 
tardia com riscos de 10% a 63% de desenvolver DM2. 
O DMG é definido como uma intolerância no metabolismo dos car-
boidratos, resultando em hiperglicemia diagnosticada na gestação, advindo 
da diminuição da sensibilidade à insulina, parcialmente explicada pela pre-
sença de hormônios diabetogênicos, tais como a progesterona, o cortisol, 
a prolactina e o hormônio lactogênico placentário (BRASIL, 2014; SBD, 
2016; PENA, 2017). 
O diagnóstico e tratamento dos tipos de DM ainda se encontram em 
fase de fortalecimento, uma vez que grande parte da população, em torno 
de 50%, é portadora da doença e desconhece esta condição. 
Os fatores indicativos de maior risco, segundo o Ministério da Saúde 
são: 
• Idade > 45 anos. 
• Sobrepeso (Índice de Massa Corporal IMC >25). 
• Obesidade central (cintura abdominal >102 cm para homens e >88 
cm, para mulheres, medida na altura das cristas ilíacas). 
• Antecedente familiar (mãe ou pai) de diabetes. 
• Hipertensão arterial (> 140/90 mmHg). 
• Colesterol HDL =35 mg/dL e/ou triglicerídeos =150 mg/dL. 
• História de macrossomia ou diabetes gestacional. 
• Diagnóstico prévio de síndrome de ovários policísticos. 
• Doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica de-
finida.” (BRASIL, 2014a). 
O DM atinge uma grande parte da população em todas as idades, 
em ambos os sexos e traz consigo diversas complicações agudas e crôni-
cas. As complicações do DM são as principais causas de morte na grande 
maioria dos países (BRASIL, 2013, 2014a,b). 
No DM, vários sistemas corporais podem ser afetados. Olhos, termi-
nações nervosas periféricas, sistema vascular e coração são os mais sus-
cetíveis. As complicações agudas do DM são consideradas emergências 
clínicas, e devem receber tratamento imediato (BRASIL, 2013, 2014a,b). 
 
 
 
25 
A condição de hiperglicemia no DM apresenta-se com elevação do 
nível glicêmico maior que 250mg/dl, o qual pode evoluir para situações 
complicadas, como Cetoacidose Diabética e Síndrome Hiperosmolar Hiper-
glicêmica não Cetótica, enquanto que a hipoglicemia é evidenciada pela 
diminuição do nível glicêmico para valores abaixo de 70mg/dl e apresenta 
sintomas como fraqueza, dor de cabeça, fome, confusão mental, taquicar-
dia, apreensão, sudorese tremor, convulsão, e ao seu extremo pode levar 
ao coma (BRASIL, 2013, 2014a,b). 
As complicações crônicas das condições do DM classificam-se em 
macrovasculares, microvasculares e neuropáticas. 
As complicações macrovasculares relacionam-se ao acidente vas-
cular encefálico, cardiopatia isquêmica e doença vascular periférica. As mi-
crovasculares se manifestam em retinopatia e nefropatia diabética. A neu-
ropatia favorece as úlceras dos pés (pé diabético) e podem avançar para a 
condição de amputação de extremidades ganhando destaque entre as 
complicações de maiores gravidades e relevância (BRASIL, 2013, 2014a,b; 
MELO, 2017;PENA, 2017). 
O pé diabético é definido pelo International Working Group on the 
Diabetic Foot (IWGDF) como “infecção, ulceração e/ou destruição de teci-
dos moles associadas a alterações neurológicas e vários graus de doença 
arterial periférica (DAP) nos membros inferiores” (BAKKER et al apud SBD, 
2016, p.137). Carlesso, Gonçalves e Moreschi Júnior (2017; p 114) apon-
taram que: “O diabetes é uma condição de alta morbidade que afeta mais 
de 220 milhões de pessoas no mundo, sendo estimado 336 milhões para 
2030, e está associado a um alto risco de desenvolvimento de complica-
ções agudas e crônicas. 
Entre essas morbidades, o pé diabético é a que mais se destaca na 
área da cirurgia vascular, por possuir aspecto mutilador, levando frequen-
temente à amputação, em especial quando a osteomielite e a infecção da 
ferida estão presentes”. 
Segundo a SBD, os dados epidemiológicos acerca do pé diabético 
são variados e denotam a diversidade regional dos desfechos desse agra-
vamento em países desenvolvidos, sendo a DAP o fator complicador mais 
 
 
 
26 
frequente. Já nos países em desenvolvimento a infecção é ainda, uma com-
plicação comum das úlceras dos pés em pacientes diabéticos (UPD), re-
sultando em grande parteem procedimentos de amputações. 
A frequência e gravidade também se devem a diferenças socioeco-
nômicas, tipo de calçados usados e cuidados, que não são padronizados 
em escala nacional nesses países (SBD, 2016). O DM e seu agravamento 
é a causa mais comum de internações prolongadas. 
O pé diabético compreende 25% das admissões hospitalares nos 
Estados Unidos e implica custos elevados: 28 mil dólares por admissão por 
ulceração, enquanto na Suécia 18 mil dólares (sem amputação) e 34 mil 
dólares (com amputação). No Brasil é estimada uma população de 7,12 
milhões de pessoas com DM2, 484.500 úlceras, 169.600 admissões hospi-
talares e 80.900 amputações, das quais para 21.700 o desfecho seria a 
morte (SBD, 2016). 
A Neuropatia Diabética (ND) afeta as pessoas em seu processo de 
viver. Pode estar presente antes da detecção da perda da sensibilidade 
protetora, resultando em maior vulnerabilidade a traumas, além de acarre-
tar um risco de ulceração aumentado. 
Na prática clínica, as alterações nos pés do paciente diabético refle-
tem dois tipos de neuropatia: a neuropatia sensitivo-motora e a neuropatia 
autonômica (BORBA et al., 2012; SCHULZ et al., 2016). 
A neuropatia sensitivo-motora acarreta perda gradual da sensibili-
dade tátil e dolorosa, denominada “perda da sensação protetora”, e a neu-
ropatia autonômica (lesão do sistema nervoso autônomo, em particular dos 
nervos simpáticos) causa a perda do tônus vascular, levando à vasodilata-
ção com o aumento da abertura de comunicações arteriovenosas e, con-
sequentemente, passagem direta de fluxo sanguíneo da rede arterial para 
a venosa, reduzindo a nutrição aos tecidos. 
Com isso, pode-se dizer que pessoas com DM enfrentam um risco 
de amputação vinte e cinco vezes maior do que em pessoas sem DM 
(SCHULZ et al., 2016). 
Nesse sentido, trata-se de uma evidência que poderia ser minimi-
zada ou mesmo evitada, se considerar a relevância da assistência multi-
 
 
 
27 
profissional às pessoas com DM para a prevenção das internações e dimi-
nuição dos riscos de amputação. A atenção básica orientada e capacitada 
se faz eficaz na vigilância e controle da doença (BRASIL, 2014; SBD, 
2016). 
 
Aspectos gerais do cuidado 
 
A Sociedade Brasileira de Diabetes, por meio de suas diretrizes, 
aponta as principais estratégias de tratamento e cuidado com o pé diabé-
tico. Também, destaca a importância na prevenção e a necessidade de in-
tensificar estratégias para o tratamento, potencializando o incentivo e ori-
entação às intervenções acerca do autocuidado (BRASIL, 2014; SBD, 
2016). 
Os cuidados com o pé diabético contribuem para a redução de mor-
bidade e a mortalidade. 
Os profissionais que se dedicam a este cuidado devem realizar a 
investigação dos pés sempre na primeira consulta como estratégia de re-
conhecimento preventivo e orientação para que a pessoa faça o mesmo 
diariamente. Caso não tenha essa possibilidade, um familiar ou cuidador 
deverá fazê-lo ou auxiliá-lo. 
A assistência regular de um podólogo poderá evitar maiores compli-
cações, por meio do uso de técnicas mais adequadas e orientações quanto 
ao autocuidado dos pés (NETTO, 2011; SBD, 2016). 
O trabalho preventivo junto ao cuidado e orientação ao portador de 
pé diabético é primordial. 
O conhecimento das experiências prévias quanto ao comportamento 
que os diabéticos apresentam em relação aos cuidados, e de como desen-
volver uma postura proativa em relação ao seu autocuidado se faz neces-
sário. Esses caminhos são promissores ao auxílio, ao trabalho preventivo 
e de educação à saúde (BRASIL, 2014a,b, 2016; CARLESSO; GONCAL-
VES; MORESCHI JUNIOR, 2017). 
 
 
 
28 
Como salienta Caldas e Lindolpho (2017, p. 2845) “o cuidado primá-
rio em saúde é basicamente o autocuidado”. Neste sentido, as ações na 
atenção primária se caracterizam primordiais e essenciais. 
O Ministério da Saúde (MS), em 2014, redefine a rede de atenção à 
saúde das pessoas com doenças crônicas no âmbito do Sistema Único de 
Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas 
de cuidado, por meio da Portaria nº 483/2014. 
Discorre em seu Art. 4º os objetivos da Rede de Atenção à Saúde 
das Pessoas com Doenças Crônicas: 
“I - realizar a atenção integral à saúde das pessoas com doenças 
crônicas, em todos os pontos de atenção, através da realização de ações 
e serviços de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diag-
nóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da sa-
úde; e 
II - fomentar a mudança no modelo de atenção à saúde, por meio da 
qualificação da atenção integral às pessoas com doenças crônicas e da 
ampliação das estratégias para promoção da saúde da população e para 
prevenção do desenvolvimento das doenças crônicas e suas complica-
ções” (BRASIL, 2014, p.1). 
A rede de atenção é estruturada com o envolvimento de diferentes 
componentes, nos diferentes níveis e equipamentos de atenção ao cui-
dado, dentre eles, a atenção básica. 
O cuidado na atenção básica é um dos principais meios para esta-
belecer a articulação e comunicação entre as outras esferas de atenção. 
Os equipamentos que compõe a rede de atenção básica têm papel funda-
mental para prevenir, diagnosticar e tratar precocemente o DM e outras 
doenças crônicas e seus possíveis agravamentos (BRASIL, 2014). 
A Unidade Básica de Saúde (UBS) se insere no referido contexto e 
destaca-se no trabalho de uma abordagem terapêutica dos casos detecta-
dos em DM, o monitoramento e o controle da glicemia, bem como ampliar 
e fortalecer medidas de educação em saúde, que são fundamentais para a 
prevenção de complicações. 
 
 
 
29 
Também contribui para a manutenção da qualidade de vida das pes-
soas que são usuárias dessas Unidades e o trabalho em equipe potencia-
liza as ações atribuídas para as mesmas (BRASIL, 2013, 2014a,b). 
Toda a equipe de saúde deve estar inserida no planejamento de in-
tervenções básicas, promover atividades educativas para o autocuidado e 
manutenção de um bom controle metabólico, evitando assim futuras com-
plicações. 
Tanto as pessoas idosas com DM, quanto seus familiares devem ser 
instruídos acerca das medidas de tratamento, formas de supervisionar a 
doença e do tratamento, identificar sinais e sintomas de alarme de possí-
veis complicações, em particular os relacionados à hipoglicemia e desidra-
tação (ANDRADE et al., 2010; BRASIL, 2013, 2014 a,b, 2016). 
As intervenções precoces de educação em saúde e medidas de pre-
venção somam-se enquanto elementos que potencializam evitar a propor-
ção de amputações do pé diabético. 
Destacam-se também possibilidades de resultados mais satisfató-
rios quando o trabalho é acompanhado pela equipe interdisciplinar. 
Em vista destes riscos é importante que as pessoas com diabetes 
examinem seus pés regularmente (ANDRADE et al., 2010; IDF, 2016). 
Embora a composição da equipe das UBS não contenha o profissi-
onal podólogo como membro mínimo da mesma, observa-se em pesquisas 
empíricas que a presença deste profissional, com as especificidades de 
seu trabalho, amplia as possibilidades de integração de cuidados diferen-
ciados à população com pés diabéticos (FERREIRA et al., 2014). 
A participação do podólogo junto a uma equipe nas UBS pode forta-
lecer estratégias educativas e de prevenção, por meio de conhecimento 
das afecções podálicas. 
Também pode estimular o autocuidado com os pés e identificar pos-
síveis fatores de risco para o desenvolvimento das úlceras nos pés; bem 
como potencializar ações preventivas com as pessoas com DM e seus fa-
miliares ou cuidadores (FERREIRA et al., 2014). 
O podólogo é o profissional da área da saúde, que dentre suas ha-
bilidades e competências, compreende o funcionamento do corpo humano 
e suas necessidades biopsicossociais. 
 
 
 
30 
Atua no campo da prevenção e da promoção da saúde, com ênfase 
nos membros inferiores, contribuindopara o tratamento em si ou para ori-
entações preventivas (BEGA, 2006; EVEN, 2016). 
A avaliação, correção e ajustes no tratamento podológico são peças 
chaves a cada consulta. 
A educação terapêutica em saúde visa proporcionar autonomia para 
o paciente realizar o autocuidado e manter a integridade de seus pés, 
acompanham o desenvolvimento e habilidade destes pacientes (EVEN, 
2016). 
Para o autocuidado do diabético, existem algumas medidas que de-
vem ocorrer diariamente como a análise dos pés para a detecção precoce 
de lesões, observá-los quanto à presença de micoses principalmente entre 
espaços interdigitais e as unhas, secá-los sempre que necessário, manter 
constante hidratados os pés, e efetuar o corte das unhas em formato reto. 
Usar um calçado apropriado e confortável contribui para a saúde, 
tendo o cuidado de observar antes de calçá-lo, e sempre verificar a pre-
sença de objeto dentro dos calçados que possa agredir a região dos pés 
(BRASIL, 2016). 
A discussão sobre o autocuidado data desde 1959, e discorre sobre 
o autocuidado enquanto “a prática de atividades que os indivíduos iniciam 
e desempenham pessoalmente em favor de si mesmo, na manutenção da 
vida, saúde e bem-estar, que estão diretamente relacionados com habilida-
des, limitações, valores e regras culturais e científicas do próprio indivíduo 
ou a seus agentes”. 
A OMS apud Caldas e Lindolpho (2017, p.2845) define o autocui-
dado “como o conjunto de atividades que os indivíduos, familiares e comu-
nidades realizam para promover sua saúde, prevenir doenças, limitar o 
adoecimento e restaurar a saúde. 
O autocuidado inclui a busca por informação relacionada com a sa-
úde, atividade física, hábitos saudáveis de alimentação e o acompanha-
mento em serviços de saúde.” 
O autocuidado permite, de maneira autônoma, que as pessoas pos-
sam desempenhar atividades visando à preservação da vida e da saúde, 
desenvolvendo o bem-estar. 
 
 
 
31 
A concepção do autocuidado envolve sua compreensão e estabele-
cimento das necessidades fundamentais de cada pessoa a partir dessa 
compreensão. 
O autocuidado integra elementos acerca do conhecimento, das ha-
bilidades, do tempo da doença instalada, da autoestima, da complexidade 
do tratamento, dos fatores psicológicos, de aspectos ambientais e interpes-
soais (por exemplo, as condições de vida, de moradia, do nível sócio eco-
nômico). 
No entanto, o destaque com o envolvimento da pessoa doente com 
sua família, por meio da gestão do autocuidado, é elemento essencial para 
o sucesso do tratamento iniciado sempre com uma avaliação das condi-
ções da doença (COELHO, 2013). 
A utilização de instrumento que avalia o conhecimento de pessoas 
com DM tem-se constituído enquanto recurso importante nas ações edu-
cativas, por meio do entendimento do autocuidado e do uso de recursos 
disponíveis para a ação. 
Essa forma de compreender o fazer, e orientar como fazer, pode 
contribuir para conhecer as necessidades de aprendizagem e redirecionar 
as estratégias de forma a atender e alcançar o cuidado apropriado (BRA-
SIL, 2014). As práticas do autocuidado adotadas pelas pessoas são funda-
mentais no tratamento e controle da doença. 
É necessário à realização de ações educativas para o controle das 
taxas glicêmicas, prevenção de complicações do DM que considera mu-
danças no comportamento tais como: monitorização glicêmica, dieta ali-
mentar adequada, uso de medicamentos, prática de exercícios físicos e 
cuidados com os pés (COELHO, 2013; ADA, 2017). 
A ação educativa em saúde é uma ferramenta que contribui com as 
mudanças paulatinamente e se constitui em uma das funções essenciais 
da equipe interdisciplinar em toda a rede de cuidados progressivos à saúde 
(ADA, 2017). 
A criação de recursos tecnológicos didáticos faz-se necessária para 
reforçar o autocuidado, em especial para pessoas idosas com baixa esco-
laridade, assim como, com comprometimentos advindos de doenças crôni-
cas cujos fatores podem dificultar o uso de certas tecnologias. 
 
 
 
32 
Faz-se necessário conhecer com maior profundidade como essas 
pessoas idosas fazem seu autocuidado e o que utilizam, no sentido de in-
dicar alternativas que alcancem melhores resultados. 
Desse modo, tecnologias educativas desenvolvidas cientificamente, 
que possam favorecer o conhecimento, assimilação e incorporação dos 
cuidados adequados para prevenção de complicações relacionadas aos 
pés de pessoas com DM, são necessárias, levando-se em conta a adequa-
ção dos mesmos frente ao contexto cultural e social de aplicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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