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1 Reforma social ou revolução? – o alcance e os limites da democracia política burguesa em Rosa Luxemburgo1 Aislan Bertolucci2 Resumo: O objetivo do presente artigo é apreender a crítica realizada por Rosa Luxemburgo ao revisionismo reformista de Eduard Bernstein em “Reforma Social ou Revolução?”, bem como aos limites da democracia sob a vertente liberal. Acreditamos que é nesse primoroso texto de 1899, de combate ao revisionismo clássico, que surgem os primeiros contornos da crítica da autora sobre o alcance e, principalmente, os limites da democracia burguesa para a movimentação da classe proletária na fase imperialista do capitalismo. Palavras-chave: Reforma; Revolução; Democracia Abstract: The purpose of this article is to understand the criticism made by Rosa Luxemburgo to the reformist revisionism of Eduard Bernstein in “Social Reformation or Revolution?”, as well as the limits of liberal democracy. We believe that it is in this exquisite text of 1899, to combat classical revisionism, that arise the first contours of the criticism of the Marxist author on scope and, mainly, the limits of bourgeois democracy to the movement of the proletarian class in the imperialist phase of capitalism. Key-words: Reform; Revolution; Democracy Introdução Rosa Luxemburgo ao destacar os elementos que fundamentariam a sua concepção de socialismo – isto é, enquanto processo revolucionário de ruptura e superação da legalidade institucional burguesa –, acabaria também por destacar a importante distinção entre a forma e, sobretudo, o conteúdo da democracia sob a perspectiva socialista daquela da perspectiva liberal3. Tal distinção é importante, pois, caracteriza no pensamento da autora a relação entre democracia e socialismo. 1 O presente artigo é parte integrante da discussão presente na dissertação de mestrado que estamos desenvolvendo sob a orientação do prof. Dr. Geraldo Magella Neres, intitulada: O conceito de democracia no pensamento de Rosa Luxemburgo. 2 Mestrando do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. 3 Rosa Luxemburgo nasceu em 1871 na cidade de Zamosc na Polônia que, na época, estava sob a dominação da Rússia tzarista. Para fugir das perseguições políticas devido sua ativa participação no movimento operário polonês, em 1888, Rosa é obrigada a refugiar-se na Suíça. Em 1893 colabora na fundação do partido social- democrata polonês. Em Zurique frequenta a universidade defendendo, em 1897, sua tese de doutorado com o título “O desenvolvimento industrial na Polônia”. Em 1898 obtém a cidadania alemã por meio de um casamento de fachada com Gustav Lübeck, ingressando assim, no partido social-democrata alemão. (LOUREIRO, 2005). 2 Destarte, diferentemente da sociedade burguesa, na qual o espaço democrático e a movimentação das massas proletárias estão condicionadas à disciplina e determinações da relação antagônica entre capital e trabalho, no socialismo a concepção de democracia desenvolvida por Rosa Luxemburgo está condicionalmente atrelada à sua concepção de espaço público proletário, no qual se efetivaria – por meio da práxis política revolucionária – o exercício cotidiano de construção da autodeterminação de classe das massas subalternas na busca pela superação da sociabilidade capitalista e na criação de um renovado protagonismo proletário4. Dito isso, o objetivo do presente artigo é apreender um capítulo importante da história do marxismo no âmbito do processo de crítica e refundação do materialismo dialético de Marx e Engels (DEL ROIO, 2005) realizado por Rosa Luxemburgo. A marxista polonesa ao se dirigir criticamente ao revisionismo reformista de Eduard Bernstein e, consequentemente, aos próprios limites da democracia sob a vertente liberal, acabaria por resgatar categorias centrais do pensamento de Marx e Engels que, no intento revisionista de Bernstein, haviam sido descartados5. Portanto, para os objetivos do presente artigo, nos debruçaremos, principalmente, sobre o texto de 1899 da autora, qual seja Reforma social ou Revolução?, publicado pela primeira vez pelo órgão de imprensa social-democrata Leipziger Volkszeitung. É nesse primoroso texto de combate ao revisionismo clássico que, consequentemente, surgem os primeiros contornos da crítica da autora marxista ao alcance e, principalmente, aos limites da democracia burguesa conformados na crítica sobre a oposição entre reforma social e a revolução estabelecida por Eduard Bernstein no interior do movimento social-democrata alemão. Como veremos nas linhas que seguem, a marxista polonesa não só assinalaria os limites e constrangimentos da democracia sob as rédeas do liberalismo para o avanço do movimento socialista, como também (re)afirmaria as premissas revolucionárias do pensamento de Marx e Engels e, portanto, do próprio movimento proletário alemão e internacional diante do 4 Os fundamentos do espaço público proletário também são desenvolvidos por Oskar Negt. Cf nossa bibliografia. 5 A importância do texto inaugural de Rosa Luxemburgo no interior da social-democracia alemã, no que tange à sua incidência no debate sobre as diretrizes do movimento operário e socialista internacional, tomaria as proporções do movimento de refundação comunista do século XX conforme sugere Marcos Del Roio (2005, p.19). Segundo ainda o autor, Rosa Luxemburgo expressaria, juntamente com Lenin, a primeira fase de refundação comunista ao resgatar o materialismo dialético de Marx na crítica ao imperialismo e suas consequências para a luta socialista. Já a segunda fase da refundação comunista estaria presente em Gramsci e Lukács. 3 reformismo proposto pelo revisionismo do teórico e dirigente social-democrata alemão, Eduard Bernstein. 1. Bernstein-debatte – a crítica ao revisionismo e a democracia liberal em Rosa Luxemburgo Já no primeiro momento de seu ingresso no partido social-democrata alemão (SPD), Rosa Luxemburgo se envolve num intenso e importante debate que traria importantes consequências teóricas e práticas para o movimento operário e socialista. Eduard Bernstein, um importante dirigente teórico da social-democracia alemã, publicara entre os anos de 1896-1898 uma coletânea de artigos na Die Neue Zeit (revista teórica do partido alemão) intitulados “Problemas do Socialismo” e, que mais tarde, seriam desenvolvidos e condensados em seu livro “As premissas do socialismo e as tarefas da social- democracia”6. Amigo íntimo de Engels, Bernstein acabaria por propor – logo após a morte do primeiro – uma rígida revisão na teoria marxista, pois, acreditava que algumas das categorias conceituais da teoria dos fundadores do socialismo científico estavam em descompasso com a realidade social vivida. Com isso, o social-democrata esperava atualizar o pensamento de Marx e Engels, tese, como veremos, desacreditada por Rosa Luxemburgo7. Os resultados dessa empreitada revisionista, levada a termo por Bernstein, seria apontado por Rosa Luxemburgo como desastrosos e desviantes dos pressupostos básicos do socialismo científico, um projeto pequeno-burguês de esvaziamento dos objetivos e da lógica processual do movimento operário e socialista ligados à teoria de Marx e Engels e, tal como o anarquismo, deveria ser combatido. Bernstein, por outro lado, estava convencido em suas observações de que o avanço e o desenvolvimento da sociedade capitalista confirmariam sua tese na capacidade cada vez maior de regeneração e adaptação conjuntural do sistema do capital frente às suas próprias crises. (BERNSTEIN, 1997). Em uma palavra: Bernstein negaria o postulado do colapso do capitalismo, ou mesmo a necessidade deseu definhamento para a conformação de uma 6 Este texto fora traduzido para o português com o título de Socialismo evolucionário. Cf. nossa bibliografia. 7 Bernstein e a ala reformista do partido haviam realizado um exercício de leitura e edição fragmentária do “Prefácio” de 1895 de Engels ao texto de Marx, “As Lutas de classe na França de 1848 a 1850”. Tal leitura censurava Engels no que se referia à sua defesa da luta revolucionária, identificando apenas a sua abordagem sobre a importância, naquele momento, da luta parlamentar. O curioso fica por conta da insistência de Bernstein em apoiar sua tese revisionista sobre a leitura deturpada do texto de Engels, não obstante os protestos do próprio Engels com tal exposição fragmentária de seu texto de 1895. Posteriormente, o texto de Engels é publicado na íntegra por Kautsky. 4 sociedade humana emancipada, uma sociedade sem classes, livre das determinações das relações sociais de mercado. Tal assertiva, segundo Rosa Luxemburgo, traria consequências estranhas ao próprio movimento de construção do socialismo, visto que “sem a derrocada do capitalismo, a expropriação do capitalismo é impossível”, ou seja, as relações sociais de produção capitalista só serão superadas com o próprio desmoronamento do sistema capitalista8. (LUXEMBURGO, 1986, p.111.) Entretanto, para o teórico social-democrata alemão, as crises cíclicas apontadas por Marx – e, endossadas por Rosa Luxemburgo – como premissas da deterioração sistêmica do capital seriam cada vez menos presentes na realidade social concreta. Portanto, Bernstein não acreditava na derrocada do sistema capitalista devido suas contradições internas, pelo contrário, sua aposta era na revitalização do mesmo, não vendo aí, nenhuma contradição para o avanço do socialismo9. Se, por um lado, em sua visão desenvolvimentista, Bernstein (1997), apostava na flexibilidade e poder de adaptação do capitalismo através, por exemplo, do sistema de crédito e fusão de empresas capitalistas como conditio sine qua non para a superação de possíveis crises que, segundo o autor, cada vez mais se tornariam minguadas, por outro lado, e, contrariando tal premissa bernsteiniana, Rosa Luxemburgo afirmaria que o sistema de crédito e a fusão de empresas capitalistas (monopólios) longe estariam de eliminar (mesmo que gradualmente) as contradições do sistema. Suas contradições anárquicas se aguçariam sendo refletidas nas 8 A perspectiva do colapso do capitalismo em Rosa Luxemburgo, está presente tanto em seu texto “Reforma social ou Revolução?”, quanto em outros textos posteriores, tais como: “Acumulação do capital” de 1913. Entretanto, embora Rosa Luxemburgo apontasse no sentido da inevitabilidade histórica do socialismo, não militava na ala que ficou conhecida como economicismo vulgar marxista. Rosa aposta na relação dialética entre fatores objetivos e subjetivos na conformação da possibilidade revolucionária, e não em sua relação mecânica. Textos como “Greve de massas, partidos e sindicatos” (1906), sinalizariam para o aspecto subjetivo do processo revolucionário. Mesmo no texto “Reforma social ou Revolução?”, é possível evidenciar essa mesma relação dialética entre momento objetivo e subjetivo, como fica evidente na passagem sobre a importante tarefa teórica e prática da social-democracia: “É evidente que a tática social-democrata não consiste em esperar o ponto extremo das contradições capitalistas para que se produza uma mutação revolucionária da situação. Pelo contrário, a essência da tática revolucionaria consiste em reconhecer a tendência do desenvolvimento e daí transpor as suas consequências ultimas para a luta política.” (LUXEMBURGO, 1986, p. 67). Posteriormente, com a adesão da social-democracia e das massas populares aos imperativos da 1º guerra imperialista, Rosa expressaria na noção “socialismo ou barbárie” desenvolvida na brochura Junius de 1915, que o socialismo passa a ser uma possibilidade real e não um fatalismo histórico-linear. 9 Segundo Loureiro (2005, p. 15) “O crescimento relativamente pacífico do capitalismo alemão e a conquista de maiores liberdades democráticas propiciaram um avanço eleitoral sem precedentes para a social- democracia”. Esse crescimento destacado por Loureiro iria influenciar a fundamentação da perspectiva reformista de Bernstein. 5 crises de superprodução e todas as consequências daí advindas no que se refere a relação já antagônica entre capital e trabalho. (LUXEMBURGO, 1986) Dessa forma, Bernstein atribuía como tarefa da social-democracia, a implementação de políticas que consolidassem a adaptação e a democratização do sistema do capital num processo que elevaria, segundo em seu entendimento, a condição sócio-econômica do trabalhador comum. Com isso, Bernstein apontava para o processo decrescente de proletarização com consequências importantes, segundo ainda o autor, tanto na configuração social como no processo de luta de classes que, gradualmente, seria atenuada. Loureiro (2005, p. 15) exemplifica de forma clara as premissas revisionistas do teórico da social-democracia alemã: Bernstein apregoava que o desenvolvimento do capitalismo não levaria à monopolização crescente da economia, mas à sua democratização, com o aumento do número de proprietários via introdução das sociedades por ações. Essa tendência produziria um fortalecimento das classes médias, eliminando as previsões ‘catastróficas’ de Marx sobre o choque inevitável entre burgueses e proletários. Por isso Bernstein decidiu ‘revisar’ as teorias de Marx. (Grifos do original) Numa palavra: a sentença de Bernstein não somente colocava em xeque a tese marxista do acirramento dos antagonismos de classe presente, por exemplo, no Manifesto do partido comunista de 1848 de Marx e Engels, como também fundamentava o caráter social-reformista e não revolucionário da prática sindical e social-democrata. É contra essa desvirtuação e esvaziamento da teoria e prática do socialismo científico, levada a termo por Bernstein e pelo campo majoritário do partido socail-democrata alemão, que contava com grande influência na Segunda Internacional Socialista, que insurge Rosa Luxemburgo10. Demonstrando preocupação e urgência em combater tal desvio teórico pequeno-burguês no interior do movimento social-democrata, Rosa Luxemburgo, a 2 de julho de 1898, redige uma carta a Leo Jogiches11. O conteúdo da carta é expressivo de sua inquietação e da importância imensurável que atribuía a tal empreendimento, como fica evidenciado em seu plano de trabalho: Agora o mais importante – Bernstein. Consegui ter uma ideia boa a respeito do conjunto do artigo, porém nem por isso está melhor, porque vejo enormes dificuldades. Tenho já um plano excelente. Há dois problemas difíceis: 1) escrever sobre a crise; 2) demonstrar de modo inequívoco que o capitalismo fracassará. É indispensável prová- 10 Era o partido social-democrata alemão quem na verdade ditava as políticas e ações da Segunda Internacional para seus associados devido ao seu prestígio e influência sobre a organização. Era o principal partido dirigente. 11 Rosa Luxemburgo conhece Leo Jogiches em 1890 quando de sua estada na Suíça. Segundo Loureiro (2005) o revolucionário lituânio teve grande influência sobre o pensamento político de Luxemburgo. Além de parceiros de militância política, a afeição entre os dois militantes se dava também no âmbito privado, já que foram parceiros amorosos: Segundo Loureiro, “O relacionamento amoroso dura 15 anos, mas o relacionamento político vai até o fim da vida” (LOUREIRO, 2005, p.40) 6 lo, mas isto significa escrever concisamente um novo argumento para o socialismo cientifico. Ajuda-me pelo amor de Deus, ajuda-me. A rapidezé essencial porque 1) se alguém se adianta a nós, perde-se todo o trabalho; 2) porque o acabamento toma muito tempo. Começamos bem. As notas que escrevi em Zurique são a massa (contudo só meio assada) de que precisamos – se soubesse o que escrever, a forma aí então se delinearia, sinto-o em meus ossos. Acho-o tão importante, daria metade de minha vida por esse artigo (LUXEMBURGO, 1983, p.81) Eduard Bernstein na sua pretensão de “revisar algumas” das teses de Marx e Engels que, como vimos linhas acima, o autor terminantemente julgava por demais abstratas e, em descompasso com a realidade social em profunda transformação, evolução e prosperidade, acabaria por endossar teoricamente a prática que há muito vinha dominando o partido social- democrata alemão, ou seja, se no plano das intenções e do discurso o partido social-democrata alemão (SPD) se apresentava fiel à teoria do socialismo revolucionário, por outro lado, em sua prática cotidiana, cada vez mais se rendia à legalidade burguesa. (GERAS, 1978). Sobre tal aspecto a própria Rosa Luxemburgo é incisiva ao comentar que: se considerarmos algumas manifestações esporádicas que aparecem à luz do dia (...) as tendências oportunistas no interior do nosso movimento vêm de longe. Mas somente em 1890 se esboçou uma tendência declarada e única nessa via” (LUXEMBURGO, 1986, p. 117) Na acepção de Bernstein, para que a classe trabalhadora desfrutasse de melhores condições de vida advindas do desenvolvimento capitalista, isto é, de prosperidade social e econômica, os movimentos social-democrata e sindical, deveriam implementar planos de reformas graduais dentro da legalidade institucional burguesa com o objetivo de garantir não só as ações políticas e econômicas de assistência ao trabalhador, como também a democratização do próprio sistema capitalista12. Mas, se por um lado, Bernstein acabava por “privilegiar a luta parlamentar e sindical” que serviriam, em sua compreensão, de “instrumento privilegiado para conduzir a sociedade capitalista através de reformas econômicas [e políticas], ao socialismo” (LOUREIRO, 2005, p.15-16), por outro, Rosa Luxemburgo não deixava de extrair maiores consequências do argumento de Bernstein. Sobre o movimento sindical, por exemplo, embora a autora buscasse demarcar a importância potencial que o seu papel político-pedagógico poderia desenvolver junto a classe na perspectiva do avanço do processo socialista, reconhecia, por sua vez, a dificuldade de sua atuação no interior da ordem capitalista apontando com isso os limites 12 Importante destacar que Bernstein via no movimento sindical e cooperativo a roda propulsora da passagem gradual do capitalismo para o socialismo. O autor acreditava que o controle social da classe trabalhadora se daria pelo movimento democratizante dos sindicatos e cooperativas. O papel da social-democracia seria de criar mecanismos para tal avanço. 7 precisos do regime democrático burguês. Neste sentido os sindicatos estariam reduzidos a mero mecanismos de regulação e extensão do programa reformista a serviço do capital. A atividade dos sindicatos reduz-se, essencialmente, à luta para o aumento dos salários e para a redução do tempo de trabalho, procura unicamente ter uma influência reguladora sobre a exploração capitalista, segundo as flutuações do mercado; toda a intervenção no processo de produção é-lhe, pela própria natureza das coisas, interdita. (LUXEMBURGO, 1986, p.48) Sobre o partido social-democrata, embora Luxemburgo não descartasse a sua participação na via parlamentar burguesa, de outra parte, demonstrava a preocupação em demarcar claramente o objetivo que nortearia a prática parlamentar do partido, sugerindo ainda, que a reforma social e a revolução se constituiriam como elementos “indissolúveis” na prática social-democrata e não como antagônicas como apostava Bernstein. Todavia, Rosa Luxemburgo afirma que haveria uma mediação importante, visto que: Para a social-democracia lutar dia a dia, no interior do próprio sistema existente, pelas reformas, pela melhoria da situação dos trabalhadores, pelas instituições democráticas, é o único processo de iniciar a luta da classe proletária e de se orientar para o seu objetivo final, quer dizer: trabalhar para conquistar o poder político e abolir o sistema salarial. Entre a reforma social e revolução, a social-democracia vê um elo indissolúvel: a luta pela reforma social é meio, a revolução social o fim. (LUXEMBURGO, 1986, p. 23) Eis, portanto, as consequências que Rosa Luxemburgo destacaria já em suas primeiras linhas ao criticar o revisionismo bernsteiniano, a saber: ao atribuir como prioridade e objetivo final da social-democracia a prerrogativa da implantação de reformas graduais no interior da legalidade institucional burguesa, Bernstein, não só renunciaria ao processo da luta revolucionaria da classe proletária, como renunciaria a elevação da própria classe proletária ao poder político vias de fato, renunciando assim, ao próprio socialismo, visto que, o postulado das tais reformas bernsteinianas não ameaçariam as relações de produção capitalista 13. A teoria de Bernstein ao se direcionar ao “abandono do objetivo último da social- democracia, a revolução social e, inversamente, fazer da reforma social, simples meio de luta de classes, o seu fim ultimo” acabaria por eliminar o “ único elemento decisivo na distinção do movimento socialista da democracia burguesa e do radicalismo burguês.” (LUXEMBURGO, 1986, p.23-24). 13 Conforme Rosa, “Marx e Engels nunca puseram em dúvida a necessidade da conquista do poder político pelo proletariado. Estava reservado para Bernstein considerar o pântano do parlamentarismo burguês como o instrumento chamado a realizar a transformação social mais formidável da história, quer dizer, a transformação das estruturas capitalistas em estruturas socialistas. ” (LUXEMBURGO, 1986, p. 106) 8 Cabe destacar ainda, que em relação a antinomia apresentada por Bernstein entre a reforma legal e a revolução social, Rosa Luxemburgo (1986, p. 100) adverte que, longe de se apresentarem como “métodos diferentes do progresso histórico” a reforma social e a revolução são na verdade “fatores diferentes da evolução da sociedade classista, que se condicionam e completam reciprocamente, excluindo-se, como, por exemplo, o polo norte e o polo sul, a burguesia e o proletariado”. Na visão da autora, o que interessa ao proletário, é o aspecto qualitativo da transformação revolucionária da sociedade, e não sua reforma quantitativa circunscrita aos ditames do sistema vigente que o explora. Aos olhos críticos de Rosa Luxemburgo (1986), Bernstein, ao esvaziar a dialética enquanto método de abordagem social e, ao mesmo tempo, ao renunciar o objetivo revolucionário da transformação socialista em prol do reformismo pequeno-burguês, não estaria apenas revisando a teoria marxista, mas igualmente renunciando – no todo – aos princípios centrais do pensamento de Marx e Engels. Quando Bernstein descarta a dialética, a luta de classes e a revolução, acaba por se posicionar na contramão do movimento proletário, haja visto que o método do materialismo histórico dialético seria: o instrumento que deve ajudar o proletariado a sair das suas travas onde mergulha seu futuro histórico, a arma que permite ao proletariado, ainda sob o jugo material da burguesia, triunfar convencê-la de que está condenada a morrer. (LUXEMBURGO,1986, p.115) Segundo Lowy (1978, p. 95-96) “a complementariedade perfeita entre Comte e Kant aparece brilhantemente no pensamento de E. Bernstein [onde] a ciência deve ser empírica, neutra, fundamentada em ‘fatos’ bem delimitados, numa palavra ‘positiva’”, ou seja, diametralmente oposta à “unidade dialética que Marxforjou, unidade conceitualizada no termo socialismo científico”. Nas palavras de Rosa Luxemburgo (1986, p. 114): ... Bernstein não quer ouvir falar numa ‘ciência de partido’, ou, mais precisamente, de uma ciência de classe, de um liberalismo de classe ou de uma moral de classe. Julga representar uma ciência abstrata, universal, humana, um liberalismo abstrato, uma moral abstrata. O que Bernstein julga ser a sua ciência, a sua democracia, a sua moral universal, tão impregnada de humanismo, é simplesmente a moral da classe dominante, quer dizer, a ciência, a democracia e a moral burguesas. O socialismo para Bernstein se configuraria, portanto, sob os princípios éticos ao espírito liberal kantiano, não passando de um “prolongamento do liberalismo” sem maiores rupturas. (GERAS,1978, p.180). O revisionismo bernsteiniano ao negar a luta de classes, o método dialético marxista, e a conquista do poder político pelo proletariado postulava que as contradições sociais deveriam 9 ser atenuadas pelo acúmulo de reformas, buscando-se assim, a relação harmônica entre democracia e capitalismo, proletariado e burguesia, norteada pelo princípio da ética e justiça. Em outras palavras, Bernstein descartava o princípio da conquista política do Estado via revolução social proletária. Sua preocupação, era em propiciar fundamentos para a reforma democrática do Estado, e não em alimentar um processo que, em sua visão, era pernicioso, traumático e desnecessário. Bernstein via na revolução e na ditadura do proletariado a personificação da violência blanquista. (LUXEMBURGO, 1986). Deste modo, a justiça e a ética, sob os parâmetros legais burgueses, seriam o elo transformador do capitalismo em socialismo, o princípio da reforma e democratização do Estado. Com isso, o revisionismo apontava no sentido da própria descaracterização classista do Estado. Tal argumento não passaria despercebido por Rosa Luxemburgo. A revolucionária polonesa empreenderia – sob a perspectiva da mais rica tradição marxista – uma categórica abordagem sobre a natureza do Estado e suas instituições trazendo as claras os limites do Estado democrático de direito burguês. Vimos que Bernstein apostava todas as suas fichas no movimento sindical e parlamentar sob as determinações da institucionalidade legal burguesa como caminho de transformação gradual do capitalismo em socialismo pela via reformista. Para Bernstein era o princípio da justiça e da ética, conformadas nas reformas no interior da institucionalidade capitalista, que engendraria a transformação socialista. Na perspectiva de Bernstein o movimento era mais importante que o próprio objetivo. Neste sentido, Rosa Luxemburgo advertiria criticamente sobre os limites e as contradições estruturais das instituições do Estado democrático de direito burguês, refutando, portanto, os argumentos reformistas admitidos por Bernstein: É evidente que formalmente o parlamentarismo serve para exprimir na organização do Estado os interesses do conjunto da sociedade. Mas, por outro lado, o que o parlamentarismo representa aqui, é unicamente a sociedade capitalista, quer dizer, uma sociedade onde predominam os interesses capitalistas. Por consequência, nessa sociedade, as instituições formalmente democráticas reduzem-se, no seu conteúdo, a instrumentos dos interesses da classe dominante. Existem provas concretas: desde que a democracia tem a tendência para negar seu caráter de classe e para transformar-se num instrumento dos autênticos interesses do povo, as formas democráticas são sacrificadas pela burguesia e pela sua representação do Estado. Também a ideia da conquista por uma maioria parlamentar aparece como um cálculo errado: preocupando-se unicamente, à semelhança do liberalismo burguês, com o aspecto formal da democracia, descuida-se totalmente do outro aspecto, o do seu conteúdo real. E o parlamentarismo no seu todo não aparece de modo algum, como o acredita Bernstein, como um instrumento específico do estado da classe, um meio de fazer amadurecer e desenvolver as contradições capitalistas (LUXEMNURGO, 1986, p. 59- 60) 10 As conclusões que podemos extrair, é que a revolucionária socialista destaca de modo muito preciso a caracterização classista do Estado, do parlamento e do regime político sob a legalidade institucional capitalista ao afirmar que, embora o parlamento, os atos políticos institucionais e as reformas sociais se apresentem como representante dos anseios e interesses da sociedade em geral, na verdade seriam na essência, instrumentos da classe proprietária, haja visto que, a partir do momento em que a movimentação política das massas – ainda que respaldadas pelos direitos democrático/liberais – colocasse em perigo o status quo e o poder da classe proprietária, esta última não hesitaria em atropelar como um rolo compressor essas mesmas garantias democrático/liberais, isto é, utilizando o aparato repressor estatal contra a insurgência do proletariado. Ou seja, a partir do momento em que democracia propiciasse uma maior participação e controle popular, a burguesia resistiria de todas as formas para minar as pretensões da classe dos subalternos. Em outra passagem de seu clássico texto de 1899, mais uma vez a socialista polonesa é enfática ao realçar o caráter de classe burguês do Estado, ao mesmo tempo em que extrai as duras consequências que esses limites formais e as contradições inerentes à democracia política liberal exerceria sobre a relação capital-trabalho: O atual Estado não é uma ‘sociedade’ no sentido de ‘classe obreira ascendente’, mas o representante da sociedade capitalista, quer dizer, um Estado classista. Eis porque a reforma por ele proposta não constitui aplicação do ‘controle social’, isto é, do controle da sociedade de trabalhadores livres sobre o seu próprio processo de trabalho, mas um controle da organização da classe do capital sobre os processos de produção do capital. Aliás, as reformas chocam-se com os limites dos interesses do capital. (LUXEMBURGO, 1986, p.50) Ou seja, sob a regência do capitalismo as reformas na esfera política, tanto quanto na esfera econômica representam os anseios da classe proprietária dos meios de produção, da extração da mais-valia, não passando de mecanismos de controle sob o jugo desta classe, que exercem mudanças (sem grandes transformações na lógica de exploração e dominação) dentro dos limites estabelecidos e aceitos por esta classe dominante, isto é, sem que seus privilégios sejam tocados. Quando Loureiro (1997, p.52) argumenta, por exemplo, que a democracia substantiva pensada por Rosa Luxemburgo era incompatível com o capitalismo e, ao mesmo tempo, não se confundia com o parlamento burguês, seu argumento estaria assentado em intervenções de Rosa que, no mais, resgata a máxima do Manifesto do partido comunista de Marx e Engels, visto que: O Estado atual é antes de mais nada uma organização da classe capitalista dominante. Sem dúvida que assume funções de interesse geral no desenvolvimento do social; mas somente na medida em que o interesse geral e o desenvolvimento social coincidam 11 com os interesses da classe dominante. A legislação da proteção operária, por exemplo, serve igualmente o interesse imediato da classe capitalista e os das sociedades em geral (LUXEMBURGO, 1986, p.56) Rosa Luxemburgo, contrariando o revisionista Bernstein, estava ciente de que as reformas sociais consubstanciadas sob as determinações do capital seriam por demais limitadas para alavancar coerentemente as transformações rumo ao socialismo. No mais, no que tange ao conteúdo dessas reformas sociais capitalistas, elas não passariam de paliativos ilusórios frente as contradições e antagonismo de classe. Em outras palavras, a grande questão abordada por Rosa Luxemburgo seria: se o Estado e o parlamento burguês são instrumentos de dominação burguesa,instrumentos de defesa dos interesses do capital – mesmo se apresentado na defesa do interesse geral da sociedade –, logo, as reformas e as políticas sociais adotadas sob as diretrizes do capitalismo apresentariam limites muito precisos para o avanço do movimento de ruptura socialista ou, de uma passagem gradual ao socialismo como apontava Bernstein. Portanto, as reformas sociais – mesmo as progressistas – por si só não conseguiriam criar mecanismos de expropriação do capital, mesmo porque a burguesia imporia resistência. Por isso a revolução proletária se torna necessária para a conquista do poder político contra a burguesia. Evidentemente, isso não quer dizer que Rosa Luxemburgo negasse totalmente os institutos da democracia política liberal, pelo contrário. Entretanto, apontava de forma muito precisa o seu alcance. Não obstante os esforços da classe dominante em se apresentar como defensora da democracia, Luxemburgo, enxergava os direitos e as garantias das liberdades democráticas como expressão da luta e pressão histórica do movimento proletário contra a classe burguesa. O processo histórico de democratização é fruto das investidas e pressões da classe proletária. Por outro lado, o esvaziamento do conteúdo democrático até o ponto dos limites formais/abstratos da democracia política moderna é fruto da reação burguesa, é imperativo burguês. Logo, Rosa Luxemburgo (1986, p.97) resumia numa expressão a questão: “não é sorte do movimento socialista que está ligada à democracia burguesa, mas pelo contrário, é a democracia que se encontra ligada ao movimento socialista”, ou seja, a verdadeira democracia substantiva, seu conteúdo emancipador não estaria no interior da legalidade jurídico-político do Estado democrático burguês, mas fora dele ou, para além dele. Para Rosa Luxemburgo era preciso quebrar a disciplina burguesa. Segundo Negt (1984, p. 31-32), a marxista empreende a distinção entre a disciplina em sua vertente burguesa – 12 reproduzida na família, no Estado, na fábrica etc. – e a necessidade de se desenvolver uma disciplina assentada em outras bases que não o da moral burguesa, ou seja, “Assim como o Estado burguês não pode ser simplesmente assumido pela classe operária, nem usado no seu interesse, do mesmo modo não é suficiente transformar em sentido socialista a disciplina imposta ao proletariado na sociedade burguesa”. Trata-se, portanto, de uma disciplina que não se forja nos limites da política reformista burguesa – mesmo a tendo como referência – , mas para além desses limites ou, como expresso pela própria Luxemburgo em seu texto de 1904, “Questões de organização da social-democracia russa”: é precisamente “pela quebra, pelo extirpamento desse espírito da disciplina servil [burguesa] que o proletariado pode ser educado para a nova disciplina, a autodisciplina voluntaria da social-democracia”14 (LUXEMBURGO, 2011a, p. 159-160). Considerações Finais Na contenda contra o revisionismo reformista pequeno-burguês de Bernstein e seus apologistas, insurgia, como vimos, a jovem militante e marxista polonesa Rosa Luxemburgo. Diferente de Bernstein, para Rosa Luxemburgo a democracia não era um valor universal. Cabe lembrar que, ao mesmo tempo em que aprovava as reformas sociais como instrumentos necessários para a melhoria das condições da classe proletária – desde que tais reformas estivessem sob a perspectiva do avanço socialista –, por outro lado, Rosa Luxemburgo, como vimos, apontava para o caráter limitado e esvaziado das reformas sociais implantadas sob o Estado capitalista: ... as relações políticas constroem entre a sociedade capitalista e a sociedade socialista um muro cada vez mais alto. Nesse muro, nem as reformas sociais nem a democracia [burguesa] abrirão brechas, contribuirão, pelo contrário, para o segurar e consolidar [da ordem burguesa estabelecida]. (LUXEMNURGO, 1986, p. 61) As reformas (a aplicação de políticas sociais de cunho burguês) e o modo como está estruturado o Estado democrático/liberal representativo acaba por afastar as massas do controle do poder político decisório, além de “acalmar” (muitas vezes pela força repressora) as possíveis revoltas da classe dos subalternos, haja visto que estas colocariam em risco a dominação burguesa. Suas críticas contundentes sobre a tentativa de confundirem o movimento revolucionário socialista como simples expressão de reformas sociais no interior da institucionalidade burguesa, 14 Nota-se que Rosa Luxemburgo, ainda neste momento, acreditava no perfil revolucionário da sócia- democracia. Tal perfil seria, a partir, principalmente, da eclosão da 1º guerra imperialista descartado por Rosa quando, em 1915, redige o texto A Crise da Social-Democracia. 13 a levaram a resgatar de forma crítica e original, o que se apresentava de mais precioso e revolucionário no pensamento de Marx e Engels, ou seja, o método dialético, o conceito de luta de classes e de revolução socialista. De forma rigorosa e, sob a perspectiva do método dialético marxiano, Rosa Luxemburgo conseguiu apreender o espaço reservado à democracia no regime burguês, bem como apontar para a caracterização do espaço democrático proletário como condição essencial de sua auto- emancipação. Se, por um lado, a institucionalidade jurídico-político burguesa oferecia ainda uma certa possibilidade de movimentação política às massas subalternas por conta das garantias democrático/liberais, essas mesmas garantias, conforme apontou, poderiam ser anuladas pela classe proprietária capitalista devido ao caráter do conteúdo da democracia liberal, tal como demonstramos nas linhas acima: seu conteúdo formal/abstrato, esvaziado sob o ponto de vista da classe trabalhadora explorada. Rosa Luxemburgo ao empreender a crítica ao revisionismo de Bernstein, acabaria por empreender, do mesmo modo, a crítica ao alcance e aos precisos limites da democracia burguesa, visto que, o postulado bernsteiniano não só legitimava o regime capitalista como também anulava qualquer possibilidade de sua superação substantiva. Em nenhum momento de sua vida, Rosa Luxemburgo, titubeou sobre o objetivo socialista: a superação da sociabilidade capitalista. As reformas seriam apenas meios, a revolução o fim, tendo em vista que “apenas um golpe revolucionário, isto é, a conquista do poder político pelo proletariado” poderia salvá-lo dos constrangimentos do capital. Esse seria o processo que elevaria o proletariado à emancipação. Este foi o filão da refundação comunista do início do século XX no pensamento de Rosa Luxemburgo e, acreditamos, que também o é (ou deveria ser!) deste início de século XXI, isto é, resgatarmos de forma crítica e criativa o pensamento de Marx e Engels, desmistificarmos junto a classe trabalhadora a essência da democracia representativa liberal apontando seus limites e a necessidade de sua superação por um novo protagonismo revolucionário da classe. Eis a atualidade do pensamento desta criativa e arguta revolucionaria marxista, Rosa Luxemburgo. Referências bibliográficas BERNSTEIN, Eduard. Socialismo evolucionário. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. 14 DEL ROIO, Marcos. Os primas de Gramsci: a fórmula política da frente única (1919-1926). São Paulo: Xamã, 2005. GERAS, Norman. A actualidade de Rosa Luxemburgo. Lisboa: Edições Antídoto, 1978. LUXEMBURGO, Rosa. Reforma Social ou Revolução?. São Paulo: Global editora, 1986. ___________. Camarada e amante: cartas de Rosa Luxemburgo a Leo Jogiches. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. __________. Questões de organização da social-democracia russa. In: LOUREIRO, Isabel M. (org.) Rosa Luxemburgo: textos escolhidos. São Paulo: ed. Expressão Popular, 2011. v.1. LOUREIRO, Isabel M. Rosa Luxemburgo: vida e obra. São Paulo: Expressão popular, 2005. __________. Democracia e Socialismo em RosaLuxemburgo. Crítica Marxista, São Paulo, Xamã, v.1, n.4, p. 45-57, 1997. Disponível em: https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo23Artigo2.pdf Acesso em: 20 de julho de 2017. LOWY. Michael. Método dialético e teoria política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. NEGT, Oskar. 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