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Realização Coautores (Equipe Hitt) Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente Taubaté Autor Hitt - Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté Altair Emboava Joana Ramos Ribeiro 1ª Proposta - Roadmap Técnológico Nei Grando - Strategius Patrícia Ortiz Monteiro HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 2 Sumário 1. Introdução .......................................................................................................................................................... 4 2. Cidades Inteligentes ............................................................................................................................................ 6 Cidade Inteligente e sustentável ......................................................................................................................... 6 Desenvolvimento Sustentável e Transformação Digital ...................................................................................... 8 Princípios balizadores para Cidades Inteligentes ............................................................................................ 9 Diretrizes norteadoras para Cidades Inteligentes ......................................................................................... 10 Cidades Inteligentes ideais ................................................................................................................................ 10 Seis características de destaque em Cidades Inteligentes ................................................................................ 13 Quatro fases de evolução de uma cidade ......................................................................................................... 17 Introdução aos objetivos estratégicos para Cidades Inteligentes ..................................................................... 18 Startups brasileiras dedicadas a Cidades Inteligentes ....................................................................................... 21 Alguns casos brasileiros de Cidade Inteligente ................................................................................................. 22 Centros de pesquisa em Cidades Inteligentes no Brasil .................................................................................... 23 3. Índices, Rankings e Taubaté .............................................................................................................................. 24 Índice de Cidades Empreendedoras .................................................................................................................. 24 Taubaté no Índice de Cidades Empreendedoras de 2020 ............................................................................. 25 Tabelas com as posições de Taubaté nos pilares, grupos e indicadores ....................................................... 25 Ranking Connected Smart Cities (CSC) .............................................................................................................. 28 Taubate no Ranking Connected Smart Cities de 2020 ................................................................................... 29 4. Tecnologias para Cidades Inteligentes .............................................................................................................. 30 Internet das Coisas ............................................................................................................................................ 30 Internet das Coisas nas cidades conectadas ................................................................................................. 33 Alguns casos de Soluções IoT em Cidades Brasileiras ................................................................................... 35 A tecnologia 5G e as cidades inteligentes ..................................................................................................... 38 Inteligência Artificial ......................................................................................................................................... 40 Blockchain ......................................................................................................................................................... 41 Contratos Inteligentes................................................................................................................................... 41 O valor do Blockchain em uma Cidade Inteligente ....................................................................................... 41 5. Roteiros para o desenvolvimento de uma cidade inteligente ........................................................................... 45 5.1 Caminho até a Cidade Inteligente ............................................................................................................... 45 5.2 Roteiro de Planejamento Tecnológico para o desenvolvimento de cidade inteligente .............................. 45 1. Fase de planejamento ............................................................................................................................... 48 2. Identificação de demanda ......................................................................................................................... 49 3. Identificação de serviço ............................................................................................................................ 50 4. Identificação dos dispositivos ................................................................................................................... 53 5. Identificação de tecnologia ....................................................................................................................... 55 HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 3 6. Elaboração do Roteiro ............................................................................................................................... 57 7. Ajuste do roteiro ....................................................................................................................................... 62 8. Estágio de Acompanhamento ................................................................................................................... 63 Bibliografia Recomendada .................................................................................................................................... 64 ANEXO I – Dados estatísticos e Informações sobre Taubaté................................................................................. 77 I.1 Dados Panorâmicos do Município ................................................................................................................ 77 I.1.1 Dados básicos ........................................................................................................................................ 77 I.1.2 História .................................................................................................................................................. 77 I.1.3 Economia .............................................................................................................................................. 77 I.1.4 Educação ............................................................................................................................................... 78 I.1.5 População ............................................................................................................................................. 78 I.1.6 Trabalho e Rendimento ......................................................................................................................... 78 I.1.7 Saúde .................................................................................................................................................... 79 I.1.8 Território e Ambiente ...........................................................................................................................79 I.2 Informações Gerais sobre o Município de Taubaté ..................................................................................... 79 I.2.1 História .................................................................................................................................................. 80 I.2.2 Geografia............................................................................................................................................... 81 I.2.3 Demografia ........................................................................................................................................... 82 I.2.4 Administração ....................................................................................................................................... 83 I.2.5 Cidades-irmãs ........................................................................................................................................ 83 I.2.6 Subdivisão ............................................................................................................................................. 84 I.2.7 Símbolos ................................................................................................................................................ 84 I.2.8 Economia .............................................................................................................................................. 84 I.2.9 Infraestrutura ........................................................................................................................................ 85 I.2.10 Cultura ................................................................................................................................................ 89 ANEXO II - Indicadores de cidades empreendedoras e suas fontes de dados ....................................................... 91 Explicando os determinantes (pilares) .............................................................................................................. 91 Ambiente Regulatório ................................................................................................................................... 91 Infraestrutura ................................................................................................................................................ 93 Mercado ........................................................................................................................................................ 95 Acesso a Capital ............................................................................................................................................ 96 Inovação........................................................................................................................................................ 97 Capital Humano ............................................................................................................................................ 98 Cultura Empreendedora................................................................................................................................ 99 ANEXO III - Ranking Connected Smart Cities (CSC).............................................................................................. 101 HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 4 1. Introdução O Brasil possui 5.570 municípios, dos quais cerca de 70% têm até 20 mil habitantes e menos de 1% tem população superior a 500 mil habitantes, podendo ser classificados como grandes cidades. Entre os extremos, há um grupo que cidades com tamanhos variados de população que representam menos de 3% do total de municípios. Tais cidades têm um papel parecido nas diferentes regiões urbanas: são referência e fonte de oportunidades, bens e serviços para cidades menos estruturadas ao seu redor. Por causa desse papel, são chamadas de “cidades intermediárias”. (Dados do IBGE, CENSO 2010). Taubaté é um município brasileiro no interior do estado de São Paulo, localizado na região do Vale do Paraíba, a 130 km da capital do estado, São Paulo, e segundo estimativa do IBGE a sua população em 1.º de julho de 2020, era de 317.915 habitantes. Figura 1.1 – Cidade de Taubaté Fonte: Youtube - Interior de SP, o gigante do comércio brasileiro – Taubaté Figura 1.2 - Bandeira da Cidade de Taubaté Assim, Taubaté é uma cidade intermediária brasileira, que em 2021, no dia 5 de dezembro, completa 376 anos, desde sua fundação em 1645, e nada mais gratificante que presenteá- la e o seu município com um roteiro de planejamento tecnológico, para transformá-la em uma Cidade Inteligente, o que beneficiará seu município e todos os interessados do ecossistema de negócios e inovação da região do Vale do Paraíba. Vide detalhes sobre Taubaté no Anexo I – “Dados estatísticos e Informações sobre Taubaté”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bandeirataubate.png HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 5 O Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté (HITT), patrocinador deste relatório, é um programa impulsionado pela Prefeitura Municipal de Taubaté que visa contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico, social e econômico do município e da região, por meio de ações de apoio à criação e ao fortalecimento de empresas de base tecnológica, bem como de estímulo à realização de P&D&I em organizações educacionais, institutos de pesquisa e empresas, orientando profissionais para aos desafios da inovação tecnológica e do empreendedorismo. O HITT espera que este Roadmap de Planejamento tecnológico para a cidade de Taubaté, tenha a continuidade num futuro próximo, para que sua execução possa levar Taubaté na direção de uma cidade cada vez mais humana, sustentável e inteligente. Buscando uma jornada de aprendizagem dividimos este documento em cinco seções, onde a primeira seção consiste apenas desta breve introdução; a segunda seção apresenta os conceitos de “cidade Inteligente”, “desenvolvimento sustentável” e “transformação digital” seguidos dos princípios balizadores, diretrizes norteadoras e principais características de uma Cidade Inteligente, bem como as fases de sua evolução e um resumo dos objetivos estratatégicos recomendados; a terceira seção apresenta o “Índice de Cidades Empreendedoras”, onde é detalhado a posição de Taubaté, e o “Ranking Connected Smart Cities”, com o posicionamento de Taubaté – o objetivo da seção é fornecer uma visão panorâmica sobre a situação atual antes de buscar uma visão das amplas possibilidades de transição para uma cidade inteligente; a quarta seção apresenta as principais tecnologias relacionadas com Cidades Inteligentes; e por fim, na quinta seção, são apresentados um infográfico genérico com o caminho para uma cidade inteligente seguido de um roteiro de planejamento tecnológico para a cidade de taubaté, que considera os serviços, tecnologias e dispositivos. Vale aqui enfatizar que este documento provê apenas uma base para um processo contínuo de transformação que precisará contar com a participação de todos os envolvidos, desde a prefeitura e suas secretarias, universidades, institutos de ciência e tecnologia, associações de classe, empresários, profissionais liberais, enfim todos os que desejam ver uma Taubaté melhor em todos os aspectos, seja econômico, social, educacional, tecnológico, industrial, comercial, serviços e agronegócios. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 6 2. Cidades Inteligentes Para começar, segue algumas definições e conceitos que nortearão o entendimento deste documento: ‘Uma Cidade Inteligente fornece a seus cidadãos serviços via infraestrutura baseada em tecnologias da informação e comunicação.” (Lee et al. 2013) “Uma Cidade Humana, Inteligente, Criativae Sustentável (CHICS) é aquela que faz uma gestão integrada, integral, sistêmica e transversal de suas cinco camadas: as pessoas; o subsolo; o solo; a infraestrutura tecnológica; e as plataformas: Internet das coisas, Inteligência Artificial e Blockchain, construindo uma cidade boa para viver, para estudar, para trabalhar, para investir e para visitar, de forma sustentável, criativa e com alta qualidade de vida.” (IBCIHS, 2018 em CHICS, 2020) “Uma Cidade Inteligente é aquela que coloca as pessoas no centro do desenvolvimento, incorpora tecnologias da informação e comunicação na gestão urbana e utiliza esses elementos como ferramentas que estimulam a formação de um governo eficiente, que engloba o planejamento colaborativo e a participação cidadã.” (Bouskela et al. 2016) Cidades inteligentes favorecem o desenvolvimento integrado e sustentável tornando-se mais inovadoras, competitivas, atrativas e resilientes, melhorando vidas. Cidade Inteligente e sustentável “Compartilhamos uma visão de cidades para todos e todas, aludindo ao uso e ao gozo igualitários de cidades e assentamentos humanos, com vistas a promover a inclusão e a assegurar que todos os habitantes, das gerações presentes e futuras, sem discriminação de qualquer ordem, possam habitar e produzir cidades e assentamentos humanos justos, seguros, saudáveis, acessíveis física e economicamente, resilientes e sustentáveis para fomentar a prosperidade e a qualidade de vida para todos e todas. Registramos os esforços empenhados por alguns governos nacionais e locais no sentido de integrar esta visão, conhecida como “direito à cidade”, em suas legislações, declarações políticas e estatutos.” - Nova Agenda Urbana, ONU-HABITAT Segundo o BID, o fenômeno de urbanização se acelerou na segunda metade do século XX, pois em 1950 apenas 42% da população da região vivia em centros urbanos, mas atualmente no Brasil já temos cerca de 80% da população brasileira vivendo em cidades. Com essa concentração da população, transformar “cidades tradicionais” em Smart Cities, ou Cidades Inteligentes, é uma demanda cada vez maior, bem como uma oportunidade para governos e cidadãos. Porém, o surgimento da tecnologia digital, da Internet das Coisas, da Inteligência Artificial e das Tecnologias Móveis, torna essa transformação mais viável a cada dia. Uma Cidade Inteligente e sustentável é uma cidade inovadora que utiliza as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e outros meios para melhorar a qualidade de vida, a eficiência das operações e serviços urbanos e sua competitividade, enquanto garante o atendimento das necessidades das gerações atuais e futuras com relação aos aspectos econômicos, sociais e ambientais. Além disso, ela é atrativa para os cidadãos, empreendedores e trabalhadores, e gera um espaço mais seguro, com HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 7 melhores serviços e com um ambiente de inovação que estimula soluções criativas, gerando empregos e reduzindo as desigualdades. Com isso, ela promove um ciclo virtuoso que produz não apenas bem- estar econômico e social, mas também garante um uso sustentável de seus recursos de maneira a garantir a qualidade de vida no longo prazo. As Cidades Inteligentes usam conectividade, sensores distribuídos pelo ambiente e sistemas computadorizados de gestão inteligente para solucionar problemas imediatos, organizar cenários urbanos complexos, e criar respostas inovadoras e alinhadas às necessidades de seus cidadãos. Para garantir essa gestão eficiente e sustentável, as tecnologias Smart Cities integram e analisam uma quantidade gigantesca de dados gerados, capturados de diversas fontes, para antecipar, mitigar e até prevenir crises. Esses mecanismos permitem fornecer, de forma proativa, serviços, alertas e informações aos cidadãos. Porém, mesmo com a sua importância, a tecnologia é apenas uma ferramenta que deve se aliar ao processo de planejamento e de gestão. O uso das TICs deve gerar mudanças nos processos, retroalimentar o planejamento, modificar dinâmicas nas prestações de serviços públicos, transformar problemas em soluções criativas, agregar valor à infraestrutura instalada, e gerar melhoria em indicadores de desempenho. Ou seja, o processo de fazer uma cidade mais inteligente traz resultados efetivos e mensuráveis, que podem ser acompanhados pelos moradores e visitantes. Contudo, cidades tornam-se inteligentes apenas quando conseguem tratar de seus complexos desafios de maneira integral. Nesse sentido, devem ir além da tecnologia, e se valer dos ativos e informações em nível local para elaborar uma estratégia de desenvolvimento que contemple aspectos ambientais, urbanos, sociais e econômicos. A transformação e modernização da gestão da cidade gera uma série de resultados concretos e positivos, com ganhos de eficiência por meio da integração de diferentes áreas de atuação, como mobilidade, tráfego, segurança, vigilância, água, energia, gestão de riscos etc. Atuando de forma colaborativa, os gestores compartilham informações de qualidade para a prestação de melhores serviços para a população. Em síntese uma Cidade Inteligente: • Gera integração que abastece a administração pública com as informações necessárias e transparentes para uma melhor tomada de decisão e gerenciamento orçamentário; • Permite melhor atendimento de usuários de serviços e melhora a imagem dos órgãos públicos, elevando, assim, o grau de satisfação dos habitantes; • Otimiza a alocação de recursos e ajuda a reduzir gastos desnecessários; • Gera procedimentos comuns que aumentam a eficiência do governo; • Produz indicadores de desempenho que auxiliam na medição, comparação e melhoria das políticas públicas; • Permite maior envolvimento da sociedade civil organizada e dos cidadãos na administração por meio do uso de ferramentas tecnológicas que ajudam a monitorar os serviços públicos, apontando problemas, informando e interagindo com a administração municipal para resolver problemas. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 8 Desenvolvimento Sustentável e Transformação Digital “O Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que atende as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.” - ONU/Comissão Brundtland, Relatório “Nosso Futuro Comum”. Em 2015 a Assembleia Geral da Nações Unidas (ONU) aprovou a Agenda 2030, que é estruturada em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre eles, está o Objetivo 11 – “Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”. Além da Agenda 2030, a Nova Agenda Urbana (NAU) – Declaração de Quito sobre Cidades e Assentamentos Urbanos para Todos que foi aprovada em 2016 na Conferência das Nações Unidas para Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), incorpora outros acordos internacionais, tais como: Acordo de Paris no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) e Agenda de Ação de Adis Abeba da Terceira Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento. O Brasil, assim como os demais países que assinam acordos se comprometem a implementar as decisões, respeitando as realidades nacionais. Ao assinar a NAU, o Brasil prometeu que adotaria uma abordagem de cidade inteligente. Na era digital, o direito a cidades sustentáveis também está condicionado ao direito de acesso à internet (Marco Civil da Internet no Brasil), porém, muitos fatores prejudicam o pleno direito à conectividade digital, como a distribuição da infraestrutura para inclusão digital, custos, diferentes capacidades de acesso e interação com dispositivos digitais e diferentes capacidades para compreender como a internet funciona. Esses fatores impactam cada vez mais as desigualdades socioeconômicase espaciais. Para a Agenda Brasileira para Cidades Inteligentes, o conceito brasileiro de “Cidades Inteligentes” pode ser complementado pelos conceitos auxiliares de “Transformação Digital Sustentável” e “Desenvolvimento Urbano Sustentável” e apresenta os conceitos, como segue: “Cidades Inteligentes são cidades comprometidas com o desenvolvimento urbano e a transformação digital sustentáveis, em seus aspectos econômico, ambiental e sociocultural, que atuam de forma planejada, inovadora, inclusiva e em rede, promovem o letramento digital, a governança e a gestão colaborativas e utilizam tecnologias para solucionar problemas concretos, criar oportunidades, oferecer serviços com eficiência, reduzir desigualdades, aumentar a resiliência e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas, garantindo o uso seguro e responsável de dados e das tecnologias da informação e comunicação.” “Transformação Digital Sustentável é o processo de adoção responsável de tecnologias da informação e comunicação, baseado na ética digital e orientado para o bem comum, compreendendo a segurança cibernética e a transparência na utilização de dados, informações, algoritmos e dispositivos, a disponibilização de dados e códigos abertos, acessíveis a todas as pessoas, a proteção geral de dados pessoais, o letramento e a inclusão digitais, de forma adequada e respeitosa em relação às características socioculturais, econômicas, urbanas, ambientais e político-institucionais específicas de cada território, à conservação dos recursos naturais e das condições de saúde das pessoas.” “Desenvolvimento Urbano Sustentável é o processo de ocupação urbana orientada para o bem comum e para a redução de desigualdades, que equilibra as necessidades sociais, dinamiza a cultura, valoriza e fortalece identidades, utiliza de forma responsável os recursos naturais, tecnológicos, HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 9 urbanos e financeiros, e promove o desenvolvimento econômico local, impulsionando a criação de oportunidades na diversidade e a inclusão social, produtiva e espacial de todas as pessoas, da presente e das futuras gerações, por meio da distribuição equitativa de infraestrutura, espaços públicos, bens e serviços urbanos e do adequado ordenamento do uso e da ocupação do solo em diferentes contextos e escalas territoriais, com respeito a pactos sociopolíticos estabelecidos em arenas democráticas de governança colaborativa.” Essas ações de transformação digital e desenvolvimento urbano devem ser realizadas de forma adequada e com respeito às características socioculturais, econômicas, urbanas, ambientais e político- institucionais específicas de cada território. E devem conservar os recursos naturais além de preservar as condições de saúde das pessoas. A Transformação Digital é um fenômeno histórico de mudança cultural provocada pelo uso disseminado das tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas práticas sociais, ambientais, políticas e econômicas. Esta transformação provoca uma grande mudança cultural, inédita, rápida e difícil de entender na sua totalidade. Afeta mentalidades e comportamentos nas organizações, governos, empresas e na sociedade de forma geral. “Tecnologias da Informação e Comunicação é o conjunto de ferramentas e recursos tecnológicos (hardware, software, rede) que permite às pessoas acessar, armazenar, transmitir e manipular informações.” - (Baseado no conceito da Unesco). A transformação digital pode gerar impactos positivos ou desafios, dependendo do contexto. A realidade de cada lugar também influencia no potencial de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). É preciso, portanto, considerar a ampla diversidade e as profundas desigualdades históricas que marcam nosso território ao agir e refletir sobre a transformação digital. Princípios balizadores para Cidades Inteligentes • Respeito à Diversidade Territorial Brasileira, em seus aspectos Culturais, Sociais, Econômicos e Ambientais - O processo de transformação digital precisa ser adequado às realidades locais. Essa adequação deve levar em conta as áreas remotas e as diferenças entre áreas rurais e urbanas dos municípios. Deve seguir as tipologias da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU). • Visão Sistêmica da Cidade e da Transformação Digital - A transformação digital também é uma transformação urbana. A cidade é um sistema complexo, dinâmico e vivo, que reflete, reage e materializa questões culturais, sociais, ambientais e econômicas. • Integração dos Campos Urbano e Digital - A articulação entre setores e disciplinas científicas combina tecnologias digitais e sociais, inclusive de forma experimental. O objetivo é desenvolver novos processos para melhorar a qualidade de vida nas cidades. • Conservação do Meio Ambiente - Inclui: uso sustentável dos recursos naturais; combate e reversão de práticas de degradação do meio ambiente; reconhecimento e adoção de soluções baseadas natureza, e; reconhecimento e adoção de outras abordagens ambientais inovadoras nas matrizes de desenvolvimento. • Interesse Público acima de tudo - As ações de cidades inteligentes devem respeitar os princípios que a Constituição Federal define para a Administração Pública e para a política urbana. No caso da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. No caso da política urbana: a cidade e a propriedade devem atender ao bem coletivo e cumprir sua função social. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 10 Diretrizes norteadoras para Cidades Inteligentes • Promover o Desenvolvimento Urbano Sustentável - Agir conforme a perspectiva de desenvolvimento urbano sustentável que está na legislação, nas políticas brasileiras e em acordos internacionais. • Construir Respostas para os Problemas Locais - Avaliar e promover ações levando em conta o potencial que elas têm de responder aos desafios locais, adequando-as ao estágio tecnológico do município. • Promover Educação e Inclusão Digital - Impulsionar e promover ações que estimulem a formação cidadã e o letramento digital, de forma contínua. As ações devem atender pessoas de todas as idades, gêneros, raças e classes sociais, fortalecendo a sua autonomia. • Estimular o Protagonismo Comunitário - Estimular e garantir o envolvimento de pessoas de todas as idades, gêneros, raças e classes sociais e dos coletivos locais, inclusive povos e comunidades tradicionais. • Colaborar e Estabelecer Parcerias - Realizar ações de cooperação entre setores público, privado, organizações da sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa. • Decidir com Base em Evidências - Usar dados e sistemas de forma responsável, transparente e compartilhada. Cidades Inteligentes ideais A Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, declara que as “cidades inteligentes” ideais são: Diversas e Justas • Reconhecem os conflitos territoriais e buscam soluções, respeitando a diversidade e atuando para reduzir os vários aspectos das desigualdades socioespaciais. Vivas, e para as Pessoas • Colocam as pessoas no centro do desenvolvimento e proporcionam (melhoria da) qualidade de vida a todas e a todos. • São agradáveis para viver e facilitam o convívio entre as pessoas. Respeitam a autonomia e as escolhas individuais, ao mesmo tempo que respeitam o interesse público, os direitos coletivos e difusos (aqueles que se referem à coletividade, a várias pessoas ao mesmo tempo). • Equilibram natureza, ambiente construído e ambiente digital. Para isso, usam a tecnologia de forma ética, a serviço do bem comum e das pessoas, respeitando a dignidade humana e a privacidade. Conectadas e Inovadoras • Buscam várias formas de aumentar a eficiência das ações feitas no seu território. • Usam TICs (tecnologias de comunicação e informação) e soluções inovadoras integradas, com uma visãoampla. Ou seja, por um lado, percebem que a tecnologia deve ser usada para oferecer governo e serviços públicos eficientes, respeitando costumes e tradições. Mas ao mesmo tempo, entendem que há outras formas de conectar e inovar além da tecnologia digital, especialmente nas áreas urbanas pouco densas. • HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 11 Inclusivas e Acolhedoras • Possuem governança ampla, aberta e transparente. Com isso, estimulam o engajamento das pessoas e geram inclusão digital e inovação social, por meio de processos participativos e colaborativos. • Sua sociedade é organizada, autônoma e justa e participa amplamente na decisão de seu próprio futuro, por meio de coletivos representativos. • Acolhem e são acessíveis a todas as pessoas, respeitando as diversidades. Seguras, Resilientes e Autorregenerativas • Usam tecnologias que levem em conta a sua realidade e que atendam à solução de conflitos e problemas urbanos, ambientais e sociais concretos. • Planejam, preparam-se e respondem prontamente a desafios climáticos, demográficos, sanitários, políticos e econômicos. Isso é feito com garantia da segurança social, ambiental e urbana e com garantia do acesso aos serviços essenciais em todas as circunstâncias. Economicamente Férteis • Promovem o desenvolvimento econômico e social de forma sustentável, de acordo com o seu estágio tecnológico. • Impulsionam a economia local, promovem a conservação e o uso sustentável da biodiversidade (variedade e variabilidade da vida existente no planeta, inclui a diversidade dentro de espécies, a diversidade entre espécies e a diversidade de ecossistemas). • Garantem alternativas de geração de renda para as comunidades, estruturam e fortalecem os mercados para os produtos da sociobiodiversidade (relação entre a diversidade biológica e a diversidade de sistemas sociais, culturais e econômicos de populações rurais e povos tradicionais) local. • Fortalecem a organização social e participam da dinamização de regiões no seu entorno. Incentivam a economia criativa, circular e compartilhada. • Usam a tecnologia para melhorar o bem-estar da sociedade, sem exceções. • Ampliam o acesso às oportunidades econômicas com equilíbrio e respeito às relações de pessoas de todas as idades, classes sociais, gêneros e raça com o meio ambiente. • Possibilitam o aumento da consciência e do interesse por manter a biodiversidade (Variedade e variabilidade da vida existente no planeta. Inclui a diversidade genética dentro de espécies, a diversidade entre espécies e a diversidade de ecossistemas) e os serviços ecossistêmicos (benefícios que as pessoas obtêm da natureza). • Compreendem “biodiversidade” e “serviços ecossistêmicos” como um meio de reduzir os riscos econômicos pois garantem o fornecimento continuado de recursos essenciais, principalmente para as cidades. Ambientalmente Responsáveis • Praticam padrões sustentáveis de produção e consumo. • Têm consciência dos serviços providos pelos ecossistemas (complexo dinâmico de comunidades de vegetais, animais e microorganismos e seu ambiente não vivo, interagindo como uma unidade funcional) locais. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 12 • Fazem uso eficiente dos recursos naturais, visando a conservação ambiental, a saúde e o bem- estar das pessoas. • Planejam ações em seu território integrando a abordagem de serviços ecossistêmicos (benefícios que a natureza traz para o bem-estar das pessoas e para as atividades econômicas). • Encorajam soluções que sejam adequadas às características locais e o uso de soluções baseadas na natureza – SbN (soluções ou instalações inspiradas em processos naturais para melhorar o bem-estar humano e a economia socialmente inclusiva). • Buscam ampliar a resistência e a resiliência (capacidade de resistir e de se recuperar de uma situação difícil) dos sistemas socioecológicos (interação entre ecossistemas e pessoas, em que os ecossistemas e as pessoas dependem um do outro, se apoiam e evoluem juntos) em relação à mudança climática (alterações do clima em todo o planeta) e a eventos extremos (exemplos: deslizamentos, inundações, secas, erosões etc.), usando soluções e tecnologias adequadas ao seu contexto. • Antecipam, monitoram e avaliam os impactos ambientais das inovações tecnológicas para equilibrar a relação entre meio ambiente, tecnologia e sociedade. Articuladoras de Diferentes Noções de Tempo • Entendem e levam em conta o ritmo da transformação digital que seja mais adequado para cada pessoa, realidade e localidade. • Transformam-se, adequam-se e evoluem, preservando e promovendo seu patrimônio histórico e cultural, material e imaterial, bem como considerando as necessidades das gerações atuais e futuras. Inovam mantendo-se vinculadas às identidades, às raízes e às conexões existentes entre as diferentes gerações que formam a cultura. • Respeitam o tempo para o ócio e a aprendizagem lúdica. • Promovem o encontro e os convívios social e comunitário. Articuladoras de Diferentes Noções de Espaço • Compreendem seu território, são integradas localmente e, ao mesmo tempo, são multiescalares (conectam-se em diferentes níveis: com cada área interna à cidade, com outras cidades, com outras regiões e com outros países). • Suas estratégias consideram o urbano, o intraurbano (dentro da mancha urbana), o rural, o natural e o regional. • Consideram também as várias relações existentes entre cada um desses territórios. • Usam conhecimento local. Aprendem com sua população, independentemente da idade, classe social, gênero e raça, mas também educam e se abrem para o conhecimento externo. • Promovem o desenvolvimento local integrado e usam dados digitais adequados à sua realidade e ao seu estágio tecnológico para novas formas de cooperação e coordenação. • Reconhecem o seu papel como parte de um sistema complexo e dinâmico, que atua em rede com outras cidades. Conscientes, atuam com Reflexão e são Independentes no Uso de Tecnologias • Conscientes, atuam com reflexão e são independentes no uso de tecnologias. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 13 • Planejam, organizam-se e agem com uso responsável e integrado de dados e informações produzidos e geridos conforme o contexto e as capacidades locais, pelas pessoas e para as pessoas. • Garantem a independência de tecnologias proprietárias e criam mecanismos de desarticulação da concentração de poder gerada pelo domínio da tecnologia. • Constroem indicadores, pesquisas, diagnósticos, capacitação, monitoramento e avaliação baseados em evidências. • Essas ações incluem os aspectos sociocultural, urbano-ambiental, econômico-financeiro e político-institucional. Atentas e Responsáveis com seus Princípios • Entendem que a inteligência também se manifesta na forma como se faz a gestão do desenvolvimento urbano e ambiental. • Instituem processos dinâmicos de gestão e de governança da cidade. Usam circuitos colaborativos de experimentação. Exemplos: abordagens de avaliação e aprendizagem; promoção de mudanças organizacionais. Seis características de destaque em Cidades Inteligentes Segundo Nam & Pardo (2011), o discurso inicial sobre Cidades Inteligentes foi centralizado em temas relacionados à tecnologia da informação e comunicação, mas evoluiu para novos conceitos que tendem progressivamente a uma visão holística, considerando três fatores principais: tecnologia (infraestrutura de hardware e software), pessoas (criatividade, diversidade, educação) e instituições (política e governança). Tabela 2.1 - Fatores-chave e componentes de uma Cidade Inteligente Fatores Tecnológicos Fatores Humanos Fatores Institucionais Conceitos próximos: Digital city; Intelligent city; Ubiquitous city; Wired city; Hybridcity; Information city Conceitos próximos: Creative city; Learning city; Humane city; Knowledge city Conceitos próximos: Smart community; Smart growth Componentes-chave: ▪ Infraestrutura física ▪ Tecnologias inteligentes ▪ Tecnologias móveis ▪ Tecnologias virtuais ▪ Redes digitais Componentes-chave: ▪ Infraestrutura humana ▪ Capital social Componentes-chave: ▪ Governança ▪ Política ▪ Regulações e Diretivas Direção estratégica: Integração dos fatores tecnológicos em uma rede de serviços integrados Direção estratégica: Educação e aprendizado social como base para desenvolver o capital humano Direção estratégica: Governança dos fatores institucionais, o que compreende colaboração, cooperação, parceria, engajamento do cidadão e participação Fonte: Nam & Pardo (2011) Conforme Giffinger et al. (2007) e Cunha (2016) a União Europeia decompõe visão de Cidade Inteligente em seis áreas ou características principais: Economia Inteligente, Mobilidade Inteligente, Ambiente HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 14 Inteligente, Modo de Vida Inteligente, Pessoas Inteligentes (educação), Governança Inteligente, conforme a Figura 2.1. Figura 2.1 - Seis características de destaque em Cidades Inteligentes Fonte: traduzido e adaptado de Giffinger et al. (2007) Economia Inteligente Reúne inovação e produtividade para adaptar mercado e trabalhadores e desenvolve novos modelos de negócios para cooperar e competir (coopetir) local e globalmente. Nesse item incluem-se e-business e e-commerce em escala urbana, mas também novas formas de produção e entrega de serviços, em que as TICs desempenham papel-chave, assim como os novos modelos de negócio necessários para sua implementação. Além disso, incluem-se o incentivo e a criação de clusters urbanos e ecossistemas empresariais em torno de negócios digitais e empreendedorismo, baseados na interconexão local e global com os fluxos de bens, serviços e conhecimentos globais. Como oportunidades para uma economia inteligente os espaços (cartazes e painéis) digitais, que oferecem informação de interesse ao cidadão e ao visitante; as ofertas comerciais nas proximidades em tempo real; os serviços de apoio para que empreendedores e empresas locais maximizem as possibilidades quando vendem pela Internet; a disponibilização de acesso a Internet proporcionados por comércios que ao mesmo tempo são ferramentas de marketing ao conectarem esses negócios com as mídias sociais; as aplicações que permitem fazer ofertas comerciais personalizadas online ou por telefones celulares; e as informações sobre fluxo de tráfego de cidadãos na cidade com o fim de adaptar os serviços urbanos às suas necessidades, tomar decisões com base nos hábitos e costumes da cidadania, assim como promover o comércio da cidade. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 15 Pode-se acrescentar ainda, os serviços de informação turística, as reservas online, as recomendações, o gerenciamento de incidentes, as sugestões, queixas, reclamações etc. e as redes de dados seguras e de alta capacidade e confiabilidade para empresas e serviços municipais com muita demanda por segurança. Mobilidade Inteligente Recursos tecnológicos podem fornecer informações aos usuários e planejadores, facilitando a reformulação dos padrões de mobilidade urbana e aprimorando a multimodalidade através da integração de diferentes meios de transporte. Aqui, a tecnologia coloca-se a serviço de um sistema logístico e de transporte integrado para a cidade, eficaz e de baixo impacto ambiental. Mobilidade inteligente consiste em sistemas de transporte sustentáveis, seguros e interconectados que integram ônibus, bondes, trens, metrôs, bicicletas e pedestres, permitindo aos cidadãos mudar facilmente de modalidade de transporte e priorizando as opções limpas e não motorizadas. É preciso proporcionar informação útil e em tempo real aos usuários para que possam economizar tempo, fazer as conexões mais rapidamente e reduzir a emissão de carbono. Incluem-se também as infraestruturas urbanas correspondentes à exploração e ao funcionamento desses sistemas de transporte, assim como um conjunto de serviços urbanos como estacionamentos, estações de serviço e dispositivos de carga de carros elétricos, entre outros. Os gestores desses sistemas usam a tecnologia para proporcionar um melhor serviço e receber o retorno de informações dos cidadãos que alimentam o sistema com informações em tempo real, o que permite, por sua vez, um melhor planejamento dos serviços. Ambiente Inteligente Utiliza a coleta de dados de diversos serviços oferecidos na cidade, a fim de estabelecer as principais áreas de ação em planejamento e infraestrutura urbana. Nesse item, constitui-se como objetivo a sustentabilidade ambiental das cidades, grandes geradoras de impactos tanto pelo seu consumo de água, energia e matérias primas como pela geração de resíduos e contaminação. Incluem-se em ambiente inteligente as possibilidades das energias renováveis, os sistemas de medição inteligente de consumos de energia e água (smart metering), as redes inteligentes de gestão de fornecimento de utilities (smart grids), monitoramento e controle da poluição, renovação de edifícios e equipamentos urbanos, edificação e planejamento urbano sustentável assim como a eficiência, reutilização e reciclagem de recursos. Além disso, pode-se incluir a prestação inteligente dos serviços de iluminação pública, a gestão de resíduos sólidos urbanos e a gestão integral do ciclo da água. Modo de Vida Inteligente (Segurança e Saúde) Compreende vários aspectos da qualidade de vida como cultura, saúde, segurança, habitação entre outros, além de gerenciamento inteligente de instalações, espaços públicos e serviços usando tecnologias de TIC. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 16 Aqui, inclui-se aspectos relativos à forma como as TICs afetam o modo de vida, consumo e comportamento nas cidades, assim como essas produzem um estilo de vida saudável e seguro. As cidades inteligentes devem gerar espaços seguros, proteger de ameaças as infraestruturas e zonas sensíveis, e devem ser capazes de reagir com eficácia e rapidez em caso de emergência. Acrescenta-se ainda a preocupação com a segurança social, dos cidadãos, contra violências de toda ordem, embora essa seja uma responsabilidade do governo estadual. O qualidade de vida incorpora serviços de vigilância por vídeo - sistemas de segurança baseados em uso de câmeras -, cibersegurança frente a ataques a serviços públicos essenciais, segurança em transporte, centros de comando e controle para gestão de emergências, alertas públicos de desaparecidos, sistemas tecnológicos de localização mediante GPS e soluções de videovigilância aplicados à proteção do patrimônio e das infraestruturas. Os serviços de saúde tratam das campanhas de prevenção, gestão de emergências de saúde, assistência a idosos, doentes crônicos e a outros grupos vulneráveis. A tecnologia abre oportunidade para uma gestão inteligente da demanda assistencial (informação e gestão de tempos máximos de espera, oferta de centros assistenciais, consulta de agendamento cirúrgico, gerenciamento de incidentes, sugestões, queixas e reclamações), podendo oferecer serviços de tele assistência, programas de saúde e autoatendimento para doentes crônicos, prevenção e alertas de saúde e acesso online a registros, histórico e informes clínicos, com disponibilidade em todo o sistema de saúde. Pessoas Inteligentes (Educação) Este item incentiva o cidadão a participar de iniciativas. Nesse sentido, a educação é um condutor importante dessa dimensão, assim como providências para reter perfis criativos. As cidades, em cooperação com outras esferas governamentais, são atores importantesna educação dos cidadãos. Além da educação infantil e do ensino fundamental, há em diversos municípios a oferta de escolas ou cursos de música, dança ou teatro, informática, língua estrangeira, cursos para empreendedores etc. Educação inteligente inclui a formação em habilidades digitais e sobre a educação para o desenvolvimento de criatividade e inovação urbana: uso de ferramentas digitais para a educação em centros de educação infantil mediante a utilização de tablets e computadores, plataformas digitais para oferecer formação e educação por meio de cursos online massivos e abertos (Massive Open Online Courses - MOOCS) em plataformas educativas. Governo Inteligente Um governo inteligente envolve a utilização de tecnologia para potencializar a participação política, serviços aos cidadãos e o funcionamento da administração. A gestão das cidades está mudando e os cidadãos exigem mais informações em tempo real, pois querem participar da gestão de sua cidade e querem que os processos e serviços sejam prestados da maneira HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 17 mais rápida e cômoda possível. Demanda-se uma maior transparência e os dados que os municípios possuem devem ser acessíveis a todos. Para isso é necessário um governo inteligente e integrado que possa oferecer os serviços que a cidade necessita, interagindo com todos os agentes públicos e privados. Nesse sentido, é necessário que haja uso de tecnologia (infraestruturas, hardware e software) no contexto de processos inteligentes, com dados e interoperabilidade. Uma cidade inteligente assim se faz porque é um nó da rede urbana global. Um governo inteligente implica em colaboração entre governos, colaboração público-privada e ainda colaboração com todos os diferentes atores locais na busca de objetivos compartilhados. São necessários ainda transparência e dados abertos, mediante o uso das tecnologias digitais e do e- government em processos participativos para “cocriar” serviços digitais por meio, por exemplo, de apps. Nesse sentido, é transversal, à medida que pode orquestrar e integrar várias áreas (ou todas, idealmente), das seis aqui destacadas. Para alcançar tal governo inteligente, as cidades contam com diferentes sistemas e aplicações tecnológicas, entre os quais, a gestão digital para a conservação e valorização do patrimônio histórico e cultural e a implementação de formatos abertos e interoperáveis para a comunicação municipal com o objetivo de fomentar a transparência da gestão e a comunicação mais direta com os cidadãos. Isso inclui o uso de plataformas integradoras de todos os produtos e serviços para seu monitoramento e gestão. Tabela 2.2 - Seis características de destaque em Cidades Inteligentes Economia Inteligente Mobilidade Inteligente Ambiente Inteligente ● Espírito inovador ● Empreendedorismo ● Imagem econômica e marcas registradas ● Produtividade ● Flexibilidade do mercado de trabalho ● Incorporação internacional ● Capacidade de transformar ● Acessibilidade local ● Acessibilidade (internacional) ● Disponibilidade de infraestrutura de TIC ● Sustentável, inovador e com sistemas de transporte seguro ● Atratividade das condições naturais ● Controle da Poluição ● Proteção ambiental ● Gestão sustentável de recursos Modo de Vida Inteligente Pessoas Inteligentes Governo Inteligente ● Instalações culturais ● Condições de saúde ● Segurança individual ● Qualidade da habitação ● Instalações de educação ● Atratividade turística ● Coesão social ● Nível de qualificação ● Afinidade com a aprendizagem ao longo da vida ● Pluralidade social e étnica ● Flexibilidade ● Criatividade ● Cosmopolitismo / mente aberta ● Participação na vida pública ● Participação na tomada de decisões ● Serviços públicos e sociais ● Governança transparente ● Estratégias políticas e perspectivas Fonte: traduzido e adaptado de Giffinger et al. (2007) Quatro fases de evolução de uma cidade Cada cidade tem necessidades específicas, o que torna a forma de implementação da Cidades Inteligente igualmente específica, de acordo com as características do município. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 18 Para os especialistas, existem quatro etapas essenciais para que qualquer cidade alcance o estágio de inteligente. A primeira fase é a vertical, em que as soluções tecnológicas são aplicadas aos serviços urbanos. O objetivo maior é melhorar a gestão e o atendimento à população. Na segunda etapa, a horizontal, a coordenação dos serviços acontecem de forma intersetorial, e, para isso, é preciso que se desenvolva uma plataforma inteligente de integração transversal. A terceira fase é a conectada, em que se estabelece uma interconexão entre os serviços urbanos já digitalizados, os cidadãos, universidades e redes urbanas, com o uso da informação compartilhada. Na quarta e última etapa, a efetivamente inteligente, forma-se um ecossistema de inovação, com bases em dados estatísticos. Para alcançar esse estágio, é preciso implementar uma tecnologia avançada em escala em toda a cidade. Nessa fase, a inteligência compartilhada será fundamental a todos os envolvidos no processo de evolução, facilitando o desenvolvimento de novos negócios e de soluções colaborativas. Vide figura 4. Figura 2.2 - Níveis de maturidade de uma cidade inteligente Fonte: Adaptado de Cunha (2016) Introdução aos objetivos estratégicos para Cidades Inteligentes A Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, de leitura recomendável a líderes, gestores e demais interessados no tema, nos apresenta oito objetivos estratégicos para cidades inteligentes, resumidos no segue: 1: Integrar a transformação digital nas políticas, programas e ações de desenvolvimento urbano sustentável, respeitando as diversidades e considerando as desigualdades presentes nas cidades brasileiras Contexto › Para reduzir desigualdades socioespaciais, é preciso considerar o desenvolvimento territorial a partir de uma visão ampla. Essa visão deve levar em conta vários aspectos, especialmente a localização, a disponibilização e o acesso a recursos, infraestruturas, bens e serviços essenciais, educação, cultura e informação. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 19 A transformação digital traz oportunidades para compreender melhor e enfrentar os problemas urbanos brasileiros, que são históricos. Mas ações de tecnologia sem direcionamento podem até aumentar desigualdades antigas, como a falta ou deficiência no acesso a serviços urbanos básicos. Governos e sociedade precisam agir para que a tecnologia atenda às necessidades reais das cidades. Iniciativas e soluções digitais devem estar alinhadas com uma visão estratégica de desenvolvimento urbano sustentável e de qualidade de vida. Além disso devem estar sintonizadas com a grande diversidade brasileira. Esse processo requer que a sociedade e as instituições locais se fortaleçam para assumir o protagonismo na adaptação da transformação digital às suas realidades. Para isso, elas devem adequar políticas, programas e ações de desenvolvimento urbano ao novo contexto da transformação digital. Devem aperfeiçoar infraestruturas, ferramentas e sistemas digitais para a prestação de serviços públicos de qualidade. 2: Prover acesso equitativo à internet de qualidade para todas as pessoas Integrar o urbano e o digital nas políticas públicas e nos instrumentos de ordenamento territorial é importante, mas essa ação deve vir acompanhada de conectividade. O desenvolvimento sustentável depende de todas as pessoas acessarem internet e ferramentas digitais de qualidade. Uma boa conectividade digital determina a inclusão social e produtiva e a justa distribuição de oportunidades. Em função disso, governos e iniciativa privada devem conhecer os territóriosonde o acesso é precário e corrigir essa distorção. 3: Estabelecer sistemas de governança de dados e de tecnologias, com transparência, segurança e privacidade Políticas públicas e conectividade são elementos básicos, mas insuficientes para equidade (distribuição justa, capaz de atender necessidades diferentes de todas as pessoas) de oportunidades no contexto da transformação digital. É preciso estruturar sistemas de governança de dados e de TICs (tecnologias de informação e comunicação) adequados a cada realidade. Somente a partir desses sistemas será possível integrar infraestrutura, sistemas, ferramentas e soluções digitais no desenvolvimento urbano de todas as cidades. Diferentes governos e setores da sociedade devem cooperar para os sistemas funcionarem de forma integrada, responsável e inovadora. Com segurança cibernética e garantia de privacidade pessoal. Devem cooperar para oferecer um ambiente de ética digital que assegure dados compartilhados e abertos, sempre que possível, e que garanta proteção jurídica às pessoas. 4: Adotar modelos inovadores e inclusivos de governança urbana e fortalecer o papel do poder público como gestor de impactos da transformação digital nas cidades A governança de informação tratada no objetivo anterior faz parte de uma governança urbana mais ampla, que estimula a colaboração e cria inteligência territorial (baseada em sistemas e informações que orientam decisões estratégicas baseadas em evidências para planejar, executar, gerenciar e monitorar ações no território). Pessoas e instituições precisam conversar, discutir os problemas e construir soluções que atendam à coletividade. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 20 Nesse sentido, a transformação digital pode melhorar os tradicionais modelos de participação, tornando-os mais inovadores e inclusivos. Pode-se criar ambientes que aproximem e reconfigurem a relação entre Estado, setores da sociedade. Ou que aproximem e reconfigurem a relação entre setores urbanos (como habitação, saneamento e mobilidade) e entre os entes da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Uma governança inovadora e inclusiva estimula a colaboração, pois esta é uma forma de identificar problemas urbanos reais com base em evidências e desenvolver soluções. O poder público municipal é protagonista da execução da política urbana, um dos guardiões do interesse coletivo. Daí o seu papel estratégico para promover e facilitar as ações de governança urbana. E deve coordenar os processos que decidem sobre promoção, regulamentação ou desestímulo de instrumentos surgidos com a transformação digital, tais como dados, sistemas de informação e modelos de negócios. 5: Fomentar o desenvolvimento econômico local no contexto da transformação digital Uma governança bem estruturada, colaborativa e inclusiva torna as cidades mais habitáveis e fortalece a economia local. O mesmo ocorre quando as decisões são tomadas com base em dados e evidências científicas. Atransformação digital pode gerar valor, emprego e renda para as pessoas das cidades. A economia do compartilhamento, a economia criativa e a economia circular podem potencializar essas oportunidades. Mas é indispensável que diferentes setores e pessoas se articulem para evitar que uma transformação digital mal conduzida cause mais desigualdade social. 6: Estimular modelos e instrumentos de financiamento do desenvolvimento urbano sustentável no contexto da transformação digital Recursos financeiros viabilizam, aceleram e potencializam os processos de desenvolvimento econômico e urbano sustentáveis. Os recursos são necessários para implementar ambientes de estímulo à inovação, à pesquisa e à implantação de infraestruturas. Estado e sociedade devem trabalhar juntos, seguindo na mesma direção. A ação conjunta deve incluir bancos públicos, investidores privados, instituições financeiras e de fomento, agências de apoio à pesquisa e inovação. O trabalho em colaboração irá identificar, sistematizar, criar e disponibilizar instrumentos, linhas diversificadas de financiamento e soluções de autofinanciamento da transformação digital. Todas as ações devem estar associadas ao desenvolvimento urbano sustentável. 7: Fomentar um movimento massivo e inovador de educação e comunicação públicas para maior engajamento da sociedade no processo de transformação digital e de desenvolvimento urbano sustentáveis Pessoas, coletivos e organizações devem fazer a transição de usuários passivos para agentes da transformação. Devem ser agentes conscientes e criadores das próprias realidades. Isso requer novas capacidades, habilidades e atitudes. Trata-se de uma tarefa coletiva e desafiadora. Logo, ela deve ser apoiada por um movimento educativo massivo sobre a transformação digital nas cidades. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 21 Essa tarefa também requer um processo de comunicação qualificado para engajar, sincronizar, coordenar e articular distintos agentes públicos e privados em torno dos objetivos da Carta. Entre os agentes, devem constar organizações da sociedade civil, veículos de comunicação, instituições de ensino e pesquisa. 8: Construir meios para compreender e avaliar, de forma contínua e sistêmica, os impactos da transformação digital nas cidades Finalmente, precisamos assimilar e aprender com as transformações enquanto elas acontecem, pois são fatos novos, dinâmicos, inéditos e ainda pouco estudados. É necessário compreender e avaliar os impactos sistêmicos (impactos no nosso sistema social, ambiental, econômico, político) que o processo de transformação digital causa nas cidades. Isso deve ser feito de forma contínua e estruturada, a partir de uma abordagem complexa e sistêmica. A avaliação dos impactos é uma tarefa essencial para identificar novos desafios e corrigir os rumos desta agenda ao longo da sua implementação. Tamanha tarefa só será possível com a união de diferentes pessoas e com a valorização dos saberes locais e comunitários. Recomendação: os interessados no detalhamento destas estratégias podem obtê-los na “Carta Brasileira para Cidades Inteligentes”, acessando o documento indicado na Bibliografia Recomendada. Startups brasileiras dedicadas a Cidades Inteligentes O Relatório Distrito (2020), apresenta um estudo de 166 Startups brasileiras envolvidas com o tema Cidades Inteligentes, 66,7% surgiram nos últimos cinco anos. Elas empregam mais de 4 mil pessoas e estão classificadas em oito categorias: Mobilidade, Infraestrutura Urbana, Soluções Ecológicas, Planejamento e Gestão, Gestão de Resíduos, Operações Municipais, Segurança, e Qualidade de Vida. A Tabela 2.3 e a Figura 2.3, apresentam um resumo. Tabela 2.3 – Soluções das Startups por categoria de Cidade Inteligente Categoria Soluções % do total Mobilidade 54 32,5% Infraestrutura Urbana 20 12,0% Soluções Ecológicas 18 10,8% Planejamento e Gestão 16 16 9,6% Gestão de Resíduos 16 16 9,6% Operações Municipais 16 16 9,6% Segurança 14 8,4% Qualidade de Vida 12 7,2% Fonte: Distrito (2020) HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 22 Figura 2.3 – Startups brasileiras por categoria de Cidade Inteligente Fonte: Distrito (2020) Alguns casos brasileiros de Cidade Inteligente Conforme relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Bouskela (2016) nos apresenta vários casos de cidades do mundo todo, onde desta-se aqui apenas alguns exemplos brasileiros. NITERÓI, BRASIL Destaque: Alertas para as forças de segurança por meio do uso de botões de pânico Mesmo considerando que no Brasil a segurança pública é atribuição dos governos estaduais, alguns governos municipais entendem que precisam colaborar. Por isso, em maio de 2015, Niterói, cidade que faz parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro,inaugurou o seu Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), que integra todas as forças de segurança estaduais, federais e municipais, além do Corpo de Bombeiros, Departamento de Trânsito (NitTrans) e Defesa Civil. O CISP recebe dados de 600 câmeras de monitoramento, 50 delas com alcance de 360 graus e de botões de pânico móveis e fixos (80 deles, instalados em locais de grande concentração como terminais rodoviários, escolas públicas, conjuntos habitacionais do programa federal Minha Casa Minha Vida, universidades etc.). Esses botões de pânico fixos são atrelados a dispositivos de vídeo. Ao serem acionados por um agente treinado, enviam o sinal para o sistema que soa um alerta georreferenciado dentro do CISP, apontando o local exato da ocorrência, já com imagens disponíveis do local. Os botões móveis são aplicativos instalados nos smartphones dos agentes. Após descobrir um fato de relevância, o policial pode enviar um pedido de socorro pressionando um botão. Em quatro segundos um alarme dispara no CISP, que também começa a receber imagens, em tempo real, gravadas pela câmera do smartphone e com isso aciona o despacho de uma viatura ao local. As imagens captadas são armazenadas em um banco de dados e podem ser requisitadas pelas polícias Civil e Federal para facilitar as investigações. O uso de smartphones com georreferenciamento aumenta significativamente a produtividade nos dois extremos: para recolher informações tanto preventivas quanto de ocorrências, e como instrumento de apoio à decisão. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 23 RIO DE JANEIRO, BRASIL - Destaque: Sistema integrado de gestão de riscos Eventos extremos ocorridos nos últimos cinco anos geraram recordes de impactos negativos sobre a população do Rio de Janeiro, desabrigando milhares e levando centenas de pessoas a óbito. A cidade poderá registrar um aumento de até 3,4 graus Celsius em sua temperatura média nos próximos 65 anos, e em 2080, o nível do mar pode aumentar entre 37 e 82 centímetros. Preparar a cidade para enfrentar esses desafios não é uma tarefa simples, mas algumas ações já foram colocadas em prática. A prefeitura está atenta às cinco prioridades definidas no Protocolo de Kyoto (fazer da redução de desastres uma prioridade; conhecer o risco e tomar ações; construir entendimento e consciência; reduzir o risco; e estar preparado e pronto para agir), e tem promovido ações que atendem a esses requisitos, como o investimento em um radar meteorológico e em uma rede de pluviômetros instalados em torres de telefonia móvel, que auxiliam a Defesa Civil no monitoramento das chuvas. A Defesa Civil é um dos órgãos que integra o Centro de Operações do Rio de Janeiro (COR-Rio), que também conta com um sistema de prevenção de deslizamentos de terra alimentado com dados coletados por sensores instalados nas encostas de áreas de risco mapeadas pela Geo-Rio. O COR-Rio é capaz de alertar, com altíssima precisão e antecipação, sobre os riscos de temporais, inundações e deslizamentos. Por contar com sistema de câmeras de monitoramento, também coordena a ação dos órgãos competentes em casos de alagamentos e obstrução de ruas. Um dos principais vetores desse sistema integrado de resposta a emergências é a interatividade com a sociedade. Por SMS, Web, ou por meio das redes sociais (em especial o Twitter @operacoesrio) a administração pública mantém a população informada nos momentos de crise. Além disso, um sistema de alarme por sirenes foi instalado em comunidades com residências em áreas de alto risco. ITU, BRASIL - Destaque: Sistema de coleta seletiva Itu, no interior de São Paulo, recorreu a uma parceria público/privada com vigência até 2041 para implantar um sistema de coleta seletiva usando 3.300 contêineres distribuídos por toda a cidade. Em vez de a prefeitura fazer a coleta porta a porta, é a população que leva os resíduos para os contêineres, devidamente separados entre resíduos úmidos e recicláveis. Essa estratégia reforça o efeito educativo dos programas de sensibilização da Secretaria de Meio Ambiente para que a população saiba separar corretamente o que pode ser reciclado. Itu já recolhe 10 toneladas de lixo reciclável por dia. E a meta da administração pública é converter 70% das 3,6 mil toneladas/mês de resíduos úmidos em energia elétrica ou gases. A localização dos contêineres de resíduos orgânicos, recicláveis ou subterrâneos (com sensores que avisam quando está chegando ao seu limite) é definida após estudos que levam em conta a existência de estabelecimentos geradores de resíduos. Cada um deles está conectado a um sistema de monitoramento capaz de indicar a necessidade de reparos ou substituição por meio de um software desenvolvido especificamente com esta finalidade. A roteirização da coleta, de acordo com a carga de cada contêiner, diminui o número de ruas onde o caminhão precisa passar, assim como o tempo de coleta e os gastos com combustível. Além disso, como a coleta é mecanizada, reduz o número de acidentes de trabalho. A questão sanitária também foi levada em conta. A contenção evita que o lixo fique na rua, exposto à chuva e aos animais, correndo o risco de espalhar, entupir bueiros e atrair vetores. Centros de pesquisa em Cidades Inteligentes no Brasil • Living Labs (Natal): Projeto Smart City promovido pela IEEE e BID. • Porto Digital (Recife): Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.Co). • Tecnopuc (Porto Alegre): Centro de referência em Smart City, da PUCRS. • Facens (Sorocaba): Smart Campus de cidades inteligentes. HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 24 3. Índices, Rankings e Taubaté Esta seção apresenta o “Índice de Cidades Empreendedoras”, onde é detalhado a posição de Taubaté, e o “Ranking Connected Smart Cities”, com o posicionamento de Taubaté – o objetivo da seção é fornecer uma visão panorâmica sobre a situação atual antes de buscar uma visão das amplas possibilidades de transição para uma cidade inteligente. Índice de Cidades Empreendedoras O Índice de Cidades Empreendedoras de 2020 abrange as 100 cidades mais populosas do país. Foi obtido como resultado de pesquisas sobre a situação dos ecossistemas empreendedores em nível municipal. Todos os estados foram representados, ao menos por suas capitais, e o estado mais representativo na amostra é São Paulo, com 28 cidades. Seu desenvolvimento foi feito em parceria entre a Endeavor, uma organização global sem fins lucrativos com a missão de apoiar empreendedores que aceleram o crescimento do país, e a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Tal índice indica quais as cidades que têm um ambiente mais adequado para o desenvolvimento do ecossistema empreendedor. A pesquisa se baseou em sete pilares, ou determinantes e classificou as cidades investigadas permitindo entender pontos fortes e pontos fracos de cada ecossistema empreendedor. Suas informações e análise são muito uteis para os formuladores de políticas públicas de empreendedorismo, pois aponta os pilares que demandam atenção e esforços de melhorias. Os empreendedores, por sua vez, podem usar tais informações para identificar oportunidades de desenvolver seus negócios em ecossistemas empreendedores mais favoráveis. Estrutura utilizada, seus determinantes e temas Para a construção da quinta edição do índice, os especialistas da Endeavor e da Enap elaboraram uma estrutura (framework) adequada à realidade do país e em sintonia com as ferramentas utilizadas por organizações internacionais, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e consultorias especializadas. A seleção dos critérios considerou o universo de empresas como um todo, sem se restringir a análise a nenhum setor ou porte específico. Portanto, é um índice que se propõe a analisar os determinantes gerais do empreendedorismo. Tal framework está estruturado a partir desete pilares, ou determinantes, que formam os rankings temáticos do relatório e são a base do índice final de cidades. Figura 3.1 – Pilares ou determinantes de uma Cidade Empreendedora Fonte: ICE (2020) HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 25 Como pilares ou determinantes utilizados na pesquisa temos: Ambiente Regulatório, Infraestrutura, Mercado, Acesso à Capital, inovação, Capital Humano e Cultura Empreendedora. Taubaté no Índice de Cidades Empreendedoras de 2020 No índice geral, Taubaté se posiciona na posição 42 entre as 100 maiores empresas brasileiras analisadas, com pontuação de 6,222765. Veja a Tabela 3.1 com a posição de Taubaté nos sete determinantes apresentados no resultado desta pesquisa. Tabela 3.1 - Posição de Taubaté-SP nos pilares determinantes Pilar ou Determinante Posição Pontuação Ambiente Regulatório 62 5,7726 Infraestrutura 45 5,9736 Mercado 33 6,4595 Acesso a Capital 53 5,6926 Inovação 42 5,9665 Capital Humano 29 6,6058 Cultura Empreendedora 72 5,5082 Fonte: ICE (2020) Conforme comentado anteriormente, este relatório tem como principal objetivo traçar um roteiro tecnológico para a cidade de Taubaté, considerando os conceitos e práticas de uma cidade inteligente. Assim, buscando identificar melhor a situação atual da cidade, não poderíamos deixar de considerar este índice de comparação com outras cidades brasileiras de destaque, principalmente porque os pilares utilizados na pesquisa de cidades empreendedoras têm uma relação quase direta com parte do que se busca para uma cidade inteligente. Por essa razão, considerou-se não apenas a posição geral de Taubaté no índice, mas também a posição em cada um dos pilares conforme conta na Tabela 3.2, e nos subtotais apresentados nos grupos e nos valores dos indicadores destes pilares, conforme apresentados nas tabelas 3.3 a 3.8. Tabelas com as posições de Taubaté nos pilares, grupos e indicadores Tabela 3.2 - Informações sobre o Ambiente Regulatório de Taubaté-SP Grupo / Pontuação TEMPO DE PROCESSOS 5,3871 TRIBUTAÇÃO 6,5222 COMPLEXIDADE BUROCRÁTICA 5,7291 Indicador Indicador Tempo de Viabilidade de Localização Tempo de Registro, Cadastro e Viabilidade de Nome Taxa de Congestion amento em Tribunais Alíquota Interna do ICMS Alíquota Interna do IPTU Alíquota Interna do ISS Qualidade da Gestão Fiscal Simplicidad e Tributária CNDs Municipais Atualização de Zoneamento Fonte REDESIM REDESIM CNJ Siconfi e IBGE Siconfi e IBGE Siconfi e IBGE Firjan Siconfi Sítios das prefeituras IBGE Métrica Horas Horas % processos % alíquota % alíquota % alíquota sem und. (índice) sem und. (índice) sem und. (binária) anos Ano 2019 2019 2019 2018 e 2017 2018 e 2017 2018 e 2017 2018 2018 2020 2018 Valor 12,73 75,71 81,28% 6,56% 0,56% 0,62% 0,53 0,03 1 0 Fonte: Concebido pelo autor com base em ICE (2020) HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 26 Tabela 3.3 - Informações sobre a Infraestrutura de Taubaté-SP Grupo / Pontuação TRANSPORTE INTERURBANO 5,3692 CONDIÇÕES URBANAS 6,5925 Indicador Conectividade via Rodovias Número de Decolagens por Ano Distância ao Porto Mais Próximo Acesso à Internet Rápida Preço Médio do m2 Custo da Energia Elétrica Taxa de Homicídios Fonte Google Maps ANAC e Google Maps Receita Federal e Google Maps Anatel e IBGE ZapImóveis Aneel DATASUS Métrica rodovias decolagens km acessos /hab. R$/m2 R$/kwh ocorrências /100 mil hab. Ano 2020 2019 2020 2019 2020 2020 208 e 2020 Valor 4 469 142,0 1,80 R$ 3.604,75 R$ 0,53 13,65 Fonte: Concebido pelo autor com base em ICE (2020) Tabela 3.4 - Informações sobre o Mercado em Taubaté-SP Grupo / Pontuação DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 6,6341 CLIENTES POTENCIAIS 6,1066 Indicador Indicador Índice de Desenvolvimento Humano Crescimento Médio Real do PIB Número de Empresas Exportadoras com Sede na Cidade PIB per capita Proporção entre Grandes/Médias e Médias/Pequena s Empresas Compras Públicas Fonte Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil IBGE Ministério da Economia / Ministério do Trabalho IBGE Ministério do Trabalho Tesouro Nacional Métrica sem und. (índice) % cresc. % empresas R$ % empresas R$/empresas Ano 2010 2014 a 2017 2018 2017 2018 2018 Valor 0,800 -2,60% 0,99% R$ 54.552,88 73,44% R$ 631.153,10 Fonte: Concebido pelo autor com base em ICE (2020) Tabela 3.5 - Informações sobre o Acesso ao Capital em Taubaté-SP Grupo / Pontuação CAPITAL DISPONÍVEL 5,6926 Indicador Operações de Crédito por Município Proporção Relativa de Capital de Risco Capital Poupado Fonte BACEN Crunchbase BACEN Métrica % crédito % crédito R$/hab. Ano 2019 mar/19 - mar/20 2019 Valor 15,30% 0,0000% R$ 9.780,85 Fonte: Concebido pelo autor com base em ICE (2020) Tabela 3.6 - Informações sobre a Inovação em Taubaté-SP Grupo / Pontuação INPUTS 6,2100 Indicador Indicador Proporção de Mestres e Doutores em C&T Proporção de Funcionários em C&T Média de Investimentos do BNDES e da FINEP Infraestrutura Tecnológica Contratos de Concessão Fonte CAPES RAIS/MT BNDES, FINEP MCTIC INPI Métrica titulados /mil empresas % funcionários valor investimento / empresa sem und. (binária) contratos / mil empresas Ano 2018 2018 2018/2019 2018 2016/2017 Valor 7,06 13,96% 0 0 126,93 HITT - Roadmap de Planejamento Tecnológico para Cidade Inteligente de Taubaté 27 Grupo / Pontuação OUTPUTS 5,7293 Indicador Patentes Tamanho da Indústria Inovadora Tamanho da Economia Criativa Tamanho das Empresas TIC Fonte INPI RAIS RAIS RAIS Métrica patentes /mil empresas % empresas % empresas % empresas Ano 2016/2017 2018 2018 2018 Valor 5,43 1,22% 1,66% 1,20% Fonte: Concebido pelo autor com base em ICE (2020) Tabela 3.7 - Informações sobre o Capital Humano de Taubaté-SP Grupo / Pontuação ACESSO E QUALIDADE DA MÃO DE OBRA BÁSICA 7,2736 Indicador Nota do Ideb Proporção de Adultos com Pelo Menos o Ensino Médio Completo Taxa Líquida de Matrícula no Ensino Médio Nota Média no Enem Proporção de Matriculados no Ensino Técnico e Profissionalizante Fonte INEP INEP INEP INEP INEP Métrica sem und. (índice) % pessoas % jovens sem und.(score) % jovens Ano 2017 2018 2019 2018 2019 Valor 5,3 68,39% 57,24% 556,44 1,57% Grupo / Pontuação ACESSO E QUALIDADE DA MÃO DE OBRA QUALIFICADA 5,7535 Indicador Proporção de Adultos com Pelo Menos o Ensino Superior Completo Proporção de Alunos Concluintes em Cursos de Alta Qualidade Custo Médio de Salários de Dirigentes Fonte INEP INEP RAIS Métrica % pessoas % alunos R$ Ano 2018 2016 a 2018 2018 Valor 25,28% 12,59% R$ 6.324,60 Fonte: Concebido pelo autor com base em ICE (2020) Tabela 3.8 - Informações sobre a Cultura Empreendedora de Taubaté-SP Grupo / Pontuação IMAGEM DO EMPREENDEDORISMO 5,5082 Indicador Satisfação em Empreender Apoio Familiar ao Empreende dorismo Probabilidade de Abertura de Negócios dados Oportunidade e Recursos Facilidade Pessoal para Abertura e Manutenção de Negócios Conheciment o sobre Processos de Abertura de Negócios Conhecimento de Riscos na Abertura de Novos Negócios Grau de Esforço para se Tornar Empreended or Pesquisas sobre Empreendedori smo Fonte Mind Miners Mind Miners Mind Miners Mind Miners Mind Miners Mind Miners Mind Miners Google Trends Métrica % pessoas % pessoas % pessoas % pessoas % pessoas % pessoas % pessoas pesquisas /100 mil hab. Ano 2019 2019 2019 2018 e 2017 2018 e 2017 2018 e 2017 2018 2018 Valor 75,82% 85,41% 83,11% 41,27% 54,89% 29,37% 46,64% 0,00 Fonte:
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