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MIELOENCEFALITE PROTOZOÁRIA EQUINA ❖ É uma enfermidade parasitaria não contagiosa, progressiva e debilitante, multifocal e neurológica ❖ Acomete principalmente os equinos, sendo eles considerados HI, causando lesões no SNC (cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula) ETIOLOGIA ➢ Causada pelo protozoário Sarcocystis neurona, porem há alguns relatos na literatura que Neospora caninum e Neospora hugheri também pode ser causadores dessa enfermidade, entretanto ainda não estão completamente incluídos no diagnóstico de EPM PATOGENIA CICLO DE VIDA DO SARCOCYSTIS NEURONA → O principal hospedeiro é o gamba, responsável pela manutenção e perpetuação desse protozoário no ambiente → O gambá passa para alguns HI como os carnívoros (tatu, guaxinim e gamba dos EUA) → O cavalo entra nesse ciclo como uma vítima/hospedeiro acidental, pois ingere os esporocistos das fezes do gamba através da água e alimentação contaminada e então há desenvolvimento, principalmente no SNC, de sintomatologia nervosa → Uma vez ingeridos, os esporocistos são transportados pelo sistema GI (atravessa o estomago e chega no ID) e são “absorvidos” (encistam nas células - enterócitos), rompem-se e liberam os esporozoítos que penetram na mucosa intestinal e caem na corrente sanguínea → Os esporozoítos, uma vez na corrente sanguínea, atravessam a barreira hematoencefálica através da penetração direta (forma ativa) ou através do transporte pelas células de defesa, principalmente os leucócitos, até a região do líquor (forma passiva) → O período de incubação é de 3 semanas (varia de 3-4 semanas, ou seja, é um período longo) → Ao chegarem no SNC os esporozoítos se transformam em merozoítos e estes multiplicam-se dentro dos neurônios e leucócitos levando a morte celular dos leucócitos e neurônios e, como resultado há inflamação não purulenta e edema (tumefação), com redução do fluxo de O2 para as células adjacentes, com acumulo de neutrófilos, linfócitos e eosinófilos no tecido nervoso e alteração da função neurológica normal EPIDEMIOLOGIA ➢ Há maior incidência no hemisfério ocidental ➢ A prevalência é de 45% dos equinos da costa oeste e meio leste dos EUA, na Argentina de 35,6% e no Brasil de 35,5% ➢ Tem incidência clinica inferior a 1% (significa que os sinais clínicos são relativamente “pequenos”) ➢ Ocorre principalmente (60%) em cavalos com até 4 anos de idade ➢ Animais clinicamente acometidos possuem aproximadamente 8 anos de idade ➢ Não há predileção por raça ou sexo ➢ Fatores de risco: área geográfica de ocorrência no hospedeiro definitivo (gambá), fatores sazonais (mantém viabilidade dos esporocistos no ambiente), estresse, intensidade de exercício e uso de corticosteroides SINAIS CLÍNICOS ➢ Evolução clinica aguda ou crônica, normalmente de forma gradual ➢ Parâmetros fisiológicos são geralmente normais, sendo menos frequente a depressão e a perda de peso ➢ Sinais focais ou multifocais no cérebro, tronco encefálico e medula espinhal ➢ Infecta aleatoriamente o SNC → Quando há predisposição pela substância cinzenta: atrofia muscular focal e fraqueza muscular → Quando há predisposição pela substância branca: ataxia e paresia ➢ Cérebro e tronco encefálico: dificuldade de deglutição, paralisia facial, desvio de cabeça e depressão → Nervos cranianos: assimetria das pálpebras, orelhas, narinas e lábios, filme lacrimal e perda de reflexo palpebral (VII – facial); ataxia vestibular, desvio da cabeça e balançar compulsivo da cabeça (VIII – vestibulococlear); perda da sensibilidade na córnea, atrofia de masseter (V – trigêmeo); disfagia, atrofia e/ou paralisia de língua (IX – glossofaríngeo/ XII – hipoglosso) ➢ Medula espinhal: alteração de marcha ➢ É comum ocorre ataxia assimétrica, paresia e espasticidade em áreas de hiporreflexia (diminuição dos reflexos), hipoalgesia (diminuição da percepção de dor) ou completa perda de sensibilidade ➢ Respiratório: hemiplegia laringeana e pneumonia secundaria à disfagia ➢ Oftálmico: cegueira e perda dos reflexos oculares ➢ Renal: incontinência urinaria (característico de lesão na região sacral) PATOLOGIA ➢ Lesões na medula, cérebro e tronco encefálico, locais onde há transformação dos esporozoítos para merozoítos ➢ Acomete principalmente a substância branca da medula ➢ Lesões focais e multifocais de áreas de amolecimento e alteração de cor (vermelha ou marrom-acinzentada) em virtude de necrose e hemorragia ➢ Histopatologia: malacia (necrose), inflamação não supurativa (mielite ou mieloencefalite), linfócitos, eosinófilos, neutrófilos e macrófagos espumosos, esquizontes em neurônios, leucócitos, substancia branca e cinzenta da medula (mais de 50%) DIAGNÓSTICO ➢ Histórico + sinais clínicos + tratamento ➢ Patologia clínica: hemograma (diminuição de linfócitos) e bioquímica sérica (aumento de fibrinogênio, bilirrubina e ureia) ➢ Liquido cefalorraquidiano (LCR): coleta atlanto-occipital ou lombossacral, aumento de proteínas (mais de 80- 100mg/dL), pleocitose mononuclear (aumento de leucócitos dentro do liquor - mais de 8 células/microL), aumento da creatina fosfoquinase (CPK – mais de 10U/L) ➢ Western immunoblot: com especificidade e sensibilidade de 90% (não apresenta reação cruzada com outros protozoários), detecta anticorpos específicos (IgG) no soro ou liquor e não apresenta reação cruzada com outros tipos de protozoários → Falso positivo: animais soropositivos por contaminação com sangue (coletar sangue da forma mais asséptica possível e se perfurar algum capilar deve retirar e coletar novamente) → Falso negativo: durante o período de incubação de 3 semanas, ou quando os animais são tratados previamente com corticosteroides por conta da imunossupressão que causa ➢ Quociente de albumina (AQ): não há presença de albumina no liquor, mas sim no sangue e, caso esteja nesse liquor significa que atravessou a barreira hematoencefálica, portanto serve então para avaliar a integridade dela → Uma relação elevada de albumina liquor:soro significa uma maior permeabilidade da barreira hematoencefálica ou contaminação sanguínea da amostra ➢ Imuno-histoquímica (IHQ): identificação do S. neurona ➢ Reação em cadeia de polimerase (PCR): especifica para o DNA do S. neurona, possuindo baixa sensibilidade, ou seja, o DNA do parasita pode ser destruído pela ação das enzimas presentes no LCR ou pode haver escassez de DNA o LCR DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL → Mieloencefalopatia degenerativa equina → Mieloencefalopatia por HVE-1 → Mielopatia estenótica cervical → Traumatismo → Somente déficit de nervos cranianos como nas doenças de bolsas guturais, otite media e interna ou traumatismo craniano → Sinais cerebrais, déficit dos nervos cranianos e/ou ataxia como em encefalites virais ou bacterianas, leucoencefalomalacia, traumatismo craniano ou encefalopatia hepática TERAPÊUTICA ➢ Inibidores da diidrofolato redutase (enzima que metaboliza o ácido fólico) → Pirimetamina 1mg/kg VO, SID → Sulfadiazina 20mg/kg VO, BID → Tratamento com duração de 120 dias – 6 meses → Alguns animais ficavam soropositivos e alguns apresentavam sinais clínicos → Efeitos colaterais: diarreia, anemia e leucopenia ➢ Inibidores da liberação dos aminoácidos excitatórios, impedindo a divisão celular (coccidiostático) → Diclazuril 5,6mg/kg VO, SID → Toltrazuril 10mg/kg VO, SID → O tratamento é feito por no mínimo 28 dias → Elimina os estágios primários do S. neurona → Pode ser utilizado como profilaxia ➢ AINEs (utilizados como tratamento de suporte): → Fenilbutazona 2,2mg/kg IV, BID → Fluxinin meglumine 1,1mg/kg IV, BID → DMSO 1g/kg solução 10% SID → Administrados por 3-7 dias ➢ Corticosteroides → Dexametasona 0,05mg/kg IM ou IV, SID ou BID → Administrados por 1-3 dias → Utilizados em casos de rápida progressão dos sinais clínicos ➢ Vitamina E 10-20UI/kg VO, SID e Tiamina(vit. B12) para melhorar a recomposição da membrana de mielinização do sistema nervoso e a condução dos impulsos nervosos ➢ Fisioterapia e acupuntura: diminui o grau de incoordenação, recupera a propriocepção e a função motora normal e fortalece os músculos atrofiados CONTROLE E PROFILAXIA ➢ Evitar o acesso dos gambás às cocheiras e estábulos ➢ Medidas de higiene em depósitos de rações, cochos e bebedouros ➢ Não há vacina no Brasil
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