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7 DCBA D C B A :::: forma na expressa também= %100×= N mP 5 1 40 8 = 40 8 5 1 100 20%20 === UNIDADE II UNIDADES ESTATÍSTICAS E RAZÕES Para caracterizar ou descrever uma população são usados dados demográficos e as estatísticas vitais. Os dados demográficos incluem informações tais como o tamanho da população e sua composição por sexo, idade, raça, etc. As estatísticas vitais descrevem a vida da população, com informações sobre nascimentos, mortes, casamentos, divórcios, ocorrências de doenças, etc. Os pesquisadores e profissionais que atuam na área social, inclusive geógrafos, usam ambos os tipos de dados para descrever o status social de uma população, identificar tendências e fazer projeções para planejamento dos serviços necessários para a melhoria dessa população. 2.1 RAZÕES E PROPORÇÕES Algumas das variáveis (características) citadas são geralmente expressas por razões. A palavra razão vem do latim ratio e significa a divisão ou o quociente entre dois números ou duas grandezas A e B, denotada por: A/B. Se as grandezas são da mesma espécie, suas medidas devem ser expressas na mesma unidade. Neste caso, a razão é um número puro, adimensional. Os egípcios trabalhavam muito com certas razões e descobriram a razão entre o comprimento de uma circunferência e seu diâmetro. Este é um fato fundamental, pois esta razão é a mesma para toda circunferência. O nome desta razão é Pi (pi) e seu valor é aproximadamente: pi = 3,14159265358979323846264338327950... Quando o numerador (m) representa parte dos elementos que constituem o denominador (N), a razão pode ser expressa em porcentagem (P), forma melhor compreensível das unidades estatísticas a serem comparadas: Proporção é a igualdade entre duas razões. A palavra proporção vem do latim proportione e significa uma relação entre as partes de uma grandeza, ou seja, é uma igualdade entre duas razões. A proporção entre as razões A / B e C / D é a igualdade: Em ambas as formas lê-se: “A está para B assim como C está para D”. Como exemplo de proporção, tem-se: Se em uma cidade, durante o semestre passado ocorreram 40 acidentes de trânsito nos quais 8 pessoas vieram a óbito, pode-se afirmar que, nessa cidade, morreu um indivíduo a cada cinco acidentes ocorridos. Isto é: . Pode-se ainda afirmar que ocorre morte em 20% dos acidentes, pois: Outro exemplo de proporção seria a fração de pessoas com mais de 65 anos que votaram na última eleição em um determinado local. No numerador o número de idosos com mais de 65 anos de idade que votaram na última eleição no local considerado (ex.: 1.828); e no denominador o total de pessoas com mais de 65 anos residentes nesse local (ex.: 22.850). 8 ‰1000 º º inf ×= períodonovivosnascidosdeN períodonoidadedeanoumdemenorescriançasdeóbitosdeNCm %8 100 8 25 2 22850 1828 ===Assim: Ou seja: significa que dentre os idosos com mais de 65 anos, 8 em cada grupo de 100 votaram na última eleição. Conclui-se, portanto que, nas proporções, o numerador da razão é parte retirada do denominador e, por isso, podem ser expressas em porcentagem. 2.2 TAXAS OU COEFICIENTES Se as grandezas a serem relacionadas não são da mesma espécie, a razão é um número cuja unidade depende das grandezas a partir das quais se determina a razão. Nesses casos essa razão é denominada de taxa ou coeficiente. A velocidade é a razão entre a distância percorrida e o tempo gasto para percorrê-la; a densidade demográfica é a razão entre o número de habitantes e a área de uma região qualquer por eles habitada. Assim, velocidade e densidade demográfica são exemplos de taxas ou coeficientes. Outro exemplo é a Taxa de Morbidade por Difteria. No numerador o número de casos da doença declarados em um local durante um determinado ano; e no denominador a população dessa localidade estimada para 1º de julho do mesmo ano. Seja, por exemplo, uma taxa de morbidade por difteria de 25,6 por cem mil habitantes no Estado do Paraná, ano de 1960. A taxa é multiplicada por múltiplos de 10 apenas para tornar o resultado um valor significante, sendo geralmente utilizado: por mil, por dez mil; ou por cem mil, como no exemplo dado. Quando se trata de taxas ou coeficientes, são relacionados dois diferentes aspectos ou atributos ou características. No entanto, convém salientar que muitas vezes as observações (casos = numerador da razão) estão relacionadas com o tamanho da população da qual elas procedem (denominador), sendo comumente definidas como taxas ou coeficientes, quando seriam mais bem definidas como proporções, visto que o numerador da razão é parte retirada do denominador. São exemplos: Na saúde, o coeficiente ou taxa de mortalidade infantil é considerado uma das principais modalidades de indicadores. Este coeficiente é expresso por: É multiplicado por mil (e não por cem) para evitar números inferiores à unidade, obtendo-se um valor melhor compreensível. Ao invés de % é abreviado como ‰ (se lê: por mil). Na educação, a taxa de analfabetismo é muito utilizada como um indicador: %100 15º 15º ×= idadedeanosdeacimapessoasdetotalN idadedeanosdeacimasanalfabetapessoasdeN Tanalf São apresentados a seguir os conceitos de unidades estatísticas compostas, necessários ao entendimento dos conceitos de indicadores e índices. 2.3 UNIDADES ESTATÍSTICAS COMPOSTAS Atualmente, face à evolução das ferramentas computacionais, é possível caracterizar ou representar aspectos diversos através de um único valor. Esse valor é geralmente obtido pela comparação (razão): 9 a) entre dois aspectos, como por exemplo, a razão entre o número de óbitos ocorridos em um determinado período e o número de nascidos vivos registrados no mesmo período; b) entre um aspecto e o tamanho da população do qual foi retirado: razão entre o número de óbitos por uma determinada causa e o número total de óbitos por todas as causas; c) Pode ainda ser um somatório de diversas frações representando, cada uma, um determinado aspecto: caracterização do aspecto saneamento através de um único valor resultante da soma de frações representando as porcentagens de domicílios com abastecimento d'água adequado, com coleta de lixo adequada e com esgotamento sanitário adequado. Essa última situação é representativa de unidades estatísticas compostas ou multidimensionais, também chamadas de índices. Cada aspecto é denominado de indicador e as razões são denominadas de proporções, quando o numerador da razão é parte retirada do denominador; e de taxas ou coeficientes, quando relaciona dois diferentes aspectos, embora as razões sejam comumente denominadas de taxas ou coeficientes, mesmo quando se trata de proporções. 2.4 INDICADORES Indicador, diz o dicionário, é o que indica, ou seja, o que reflete uma particular característica. Em geral, o termo "indicador" é utilizado para representar ou medir aspectos não sujeitos à observação direta. Assim, um indicador na área da saúde tem a conotação de revelar a situação da saúde de um indivíduo ou de uma coletividade. Os "indicadores" passam a ser utilizados, na prática, quando se mostram relevantes, ou seja, quando são capazes de retratar com fidedignidade e praticidade os aspectos para quais foram propostos. O "indicador" inclui apenas um aspecto (unidimensional): por exemplo, mortalidade infantil, na saúde, população economicamente ativa (15 a 64 anos), na distribuição da população, crianças com idade escolar fora das escolas, na educação, renda per capita, na renda. 2.4.1 Validade No processo de seleção de um indicador a ser usado para refletir uma dada situação, a tarefa inicial é a delimitação do problema, condição, tema ou evento que necessita ser observado ou medido e para o qual se escolhe o indicador e se elabora a respectiva definição operacional. Alto grau de validade refere-se à adequação do indicador para medir ou representar, sinteticamente, o fenômeno considerado.O indicador deve ser capaz de discriminar corretamente um dado evento de outros, assim como detectar as mudanças ocorridas com o passar do tempo. 2.4.2 Confiabilidade Alto grau de confiabilidade significa a obtenção de resultados semelhantes, quando a mensuração é repetida. Um indicador de "baixa confiabilidade" não tem utilidade prática, enquanto um de "alta confiabilidade" só tem utilidade se for também de alta validade. Estas duas questões metodológicas, validade e confiabilidade, têm de ser adequadamente resolvidas, para que o indicador reflita, com propriedade, a característica objeto da mensuração. 10 2.5 ÍNDICES "Indicador" e "índice" são termos empregados, ora como sinônimos, o que era comum no passado, ora com significados distintos, o que é a tendência atual. O "índice" expressa situações mu1tidimensionais, pois incorpora em uma única medida diferentes aspectos ou diferentes indicadores. Adotando-se técnicas para ponderação dos valores, pode-se criar índices que sintetizem um conjunto de aspectos da realidade e representem conceitos mais abstratos e complexos como qualidade de vida, grau de desenvolvimento humano de uma comunidade, ou ainda, nível de desempenho de uma gestão. Um determinado índice elaborado para um município, por exemplo, para que possa ser comparado com outros municípios ou com outros períodos, é preciso que as informações que o compõem estejam disponíveis para outros municípios ou períodos. Sem possibilidade de comparação não há utilidade alguma para um índice. 2.6 METODOLOGIA PARA FORMULAÇÃO DE INDICADORES E ÍNDICES O método consiste em três etapas: na primeira, é calculado o percentual de cada indicador para o tema em estudo (taxas). Na segunda, os percentuais referentes a cada indicador são padronizados em valores que variam de 0 (zero) a 1 (um), de tal forma que valores mais elevados indiquem sempre as melhores condições a serem avaliadas por este indicador. Com base no valor observado para o indicador e nos limites estabelecidos para ele, será obtido o valor através da fórmula: ValorPiorValorMelhor ValorPiorObservadoValorInd − − = Esta expressão garante que o indicador permaneça sempre entre zero e um. Assim, quanto mais o valor observado se aproximar do valor delimitado como melhor, mais o indicador tenderá para o valor um (melhor valor). Na terceira e última etapa é construído o índice considerando pesos iguais ou mesmo diferentes para cada indicador: ∑ ∑ × = i ii p IndpÍndice )( Onde pi representa os pesos atribuídos a cada indicador Indi. 2.7 EXEMPLO PRÁTICO: O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH Desde 1990, o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – vem publicando periodicamente o Human Development Report – Índice de Desenvolvimento Humano, criado por um grupo de especialistas internacionais de alto nível para substituir as medidas puramente econômicas do bem estar dos povos. Em 1996, o escritório do PNUD no Brasil se associou ao IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, para a produção do primeiro Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil, onde foram divulgados, pela primeira vez, os IDH’s referentes às grandes regiões e aos estados brasileiros. Em 1998, a convite do PNUD, as equipes da Fundação João Pinheiro – FJP, e do IPEA produziram um estudo abrangendo desta vez todos os municípios brasileiros. Os resultados desse projeto – BRA/97/007 – reunidos no livro de Desenvolvimento Humano e Condições de Vida: Indicadores Brasileiros e no CD-ROM Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, colocaram o país na vanguarda mundial dos estudos sobre o 11 desenvolvimento humano, tornando-se o primeiro país a dispor desses índices desagregados ao nível local para todos os seus municípios, microrregiões, estados e grandes regiões. O IDH combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: • Índice longevidade, que também reflete, entre outras coisas, as condições de saúde da população; medida pelo indicador � esperança de vida ao nascer. • Índice educação; medida por uma combinação dos indicadores � taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino fundamental, médio e superior. • Índice renda; medida pelo poder de compra da população, baseado no PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC). Para o cálculo do IDH, as 3 dimensões (longevidade, educação e renda) são transformadas em índices que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e sua posterior agregação em um índice sintético. Quanto mais próximo de 1, maior é o nível de desenvolvimento humano. Os índices parciais são construídos pela fórmula seguinte, onde os valores observados enquadram-se dentro de limites pré-estabelecidos: ValorPiorValorMelhor ValorPiorObservadoValorÍndice − − = O texto apresentado a seguir expõe a metodologia para o cálculo do Índice Municipal de Desenvolvimento Humano - IDH-M, desenvolvido pelo IPEA e Fundação João Pinheiro, sendo uma adaptação do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (1990), em função deste ter sido concebido para ser aplicado no nível de países e grandes regiões. Alguns valores limites definidos para o cálculo do IDH-M, são mostrados na tabela seguinte: Indicador Pior valor Melhor valor Unidade Esperança de vida ao nascer 25 85 anos Taxa de analfabetismo 100 0 % Número médio de anos de estudo 0 15 anos Renda familiar per capita média ajustada 0,05 1,364 salários mínimos 12 Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil – 2003 O Índice de Desenvolvimento Humano foi criado originalmente para medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita). O índice varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado baixo; os países com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano; países com IDH maior que 0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto. Para aferir o nível de desenvolvimento humano de municípios as dimensões são as mesmas – educação, longevidade e renda -, mas alguns dos indicadores usados são diferentes. Embora meçam os mesmos fenômenos, os indicadores levados em conta no IDH municipal (IDHM) são mais adequados para avaliar as condições de núcleos sociais menores. Para a avaliação da dimensão educação, o cálculo do IDH municipal considera dois indicadores, com pesos diferentes: taxa de alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade (com peso dois) e a taxa bruta de freqüência à escola (com peso um). O primeiro indicador é o percentual de pessoas com mais de 15 anos capaz de ler e escrever um bilhete simples (ou seja, adultos alfabetizados). O calendário do Ministério da Educação indica que se a criança não se atrasar na escola ela completará esse ciclo aos 14 anos de idade, daí a medição do analfabetismo se dar a partir dos 15 anos. O segundo indicador é resultado de uma conta simples: o somatório de pessoas (independentemente da idade) que frequentam os cursos fundamental, secundário e superior é dividido pela população na faixa etária de 7 a 22 anos da localidade. Estão também incluídos na conta os alunos de cursos supletivos de primeiro e de segundo graus, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária. Apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo. Para a avaliação da dimensão longevidade, o IDH municipal considera o mesmo indicador do IDH de países: a esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra o número médio de anos que uma pessoa nascida naquelalocalidade no ano de referência (no caso, 2000) deve viver. O indicador de longevidade sintetiza as condições de saúde e salubridade daquele local, uma vez que quanto mais mortes houver nas faixas etárias mais precoces, menor será a expectativa de vida observada no local. Para a avaliação da dimensão renda, o critério usado é a renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente no município. Para se chegar a esse valor soma-se a renda de todos os residentes e divide-se o resultado pelo número de pessoas que moram no município (inclusive crianças ou pessoas com renda igual a zero). No caso brasileiro, o cálculo da renda municipal per capita é feito a partir das respostas ao questionário expandido do Censo – um questionário mais detalhado do que o universal e que é aplicado a uma amostra dos domicílios visitados pelos recenseadores. Os dados colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através dessa amostra do Censo são expandidos para o total da população municipal e, então, usados para o cálculo da dimensão renda do IDH-M. Uma vez escolhidos os indicadores, são calculados os índices específicos de cada uma das três dimensões analisadas: IDHM-E, para educação; IDHM-L, para saúde (ou longevidade); IDHM-R, para renda. Para tanto, são determinados os valores de referência mínimo e máximo de cada categoria, que serão equivalentes a 0 e 1, respectivamente, no cálculo do índice. Os sub- 13 índices de cada município serão valores proporcionais dentro dessa escala: quanto melhor o desempenho municipal naquela dimensão, mais próximo o seu índice estará de 1. O IDHM de cada município é fruto da média aritmética simples desses três sub-índices: somam-se os valores e divide-se o resultado por três (IDHM-E + IDHM-L + IDHM-R / 3). DIMENSÃO EDUCAÇÃO Para medir o acesso à educação da população de uma localidade, o IDH municipal considera dois indicadores: a porcentagem de pessoas alfabetizadas entre os moradores com mais de 15 anos de idade daquele lugar (com peso dois no cálculo final) e a taxa de freqüência bruta a salas de aula (peso um). Para medir o acesso à educação em grandes sociedades, como um país, a taxa de matrícula nos diversos níveis do sistema educacional é um indicador suficientemente preciso. Quando o foco está em núcleos sociais menores, como municípios, esse indicador é menos eficaz, pois os estudantes podem morar em uma cidade e estudar em outra, distorcendo as taxas de matrícula. Daí a opção pelo indicador de freqüência à sala de aula, que é baseado em dados censitários. O que se pretende aferir é a parcela da população daquela cidade que vai à escola em comparação à população municipal em idade escolar. Pelo calendário do Ministério da Educação, aos 7 anos uma criança deve iniciar o primeiro ciclo do ensino fundamental. Aos 15 anos, o jovem deve ingressar na primeira série do ensino médio, e, aos 22 anos, concluir o ensino superior. Esse calendário indica que a maioria da população deveria estar envolvida no processo de aprendizado entre as idades de 7 e 22 anos. Por isso, ao se avaliar o acesso das pessoas ao conhecimento, divide-se o total de alunos nos três níveis de ensino pela população total dessa faixa etária. A esse indicador se dá o nome de taxa bruta de freqüência escolar. O outro critério para a avaliação da educação de uma população é o percentual de alfabetizados maiores de 15 anos. Ele se baseia no direito constitucional de todos os brasileiros de terem acesso aos oito séries do ensino fundamental. Ao final desse período, que, pelo calendário normal se encerraria aos 14 anos de idade, espera-se que o indivíduo seja capaz de ler e escrever um bilhete simples. Daí a opção por se medir essa capacidade na população com 15 anos de idade ou mais. A taxa de alfabetização é obtida pela divisão do total de alfabetizados maiores de 15 anos pela população total de mais de 15 anos de idade do município pesquisado. Se considerarmos que as taxas de alfabetização e de freqüência já variam entre 0 e 1 (0% a 100%), torna-se desnecessário "convertê-las" em um índice, como nas dimensões saúde e renda. É preciso apenas aplicar os pesos de cada indicador para se chegar a uma média. Se o município em questão tem uma taxa bruta de freqüência à escola igual a 85% e uma taxa de alfabetização de 91%, o cálculo será assim: [0,85 + (2 x 0,91)] / 3 => (0,85 + 1,82) / 3 => 2,67 / 3 = 0,89. Logo, o IDHM-E do município será 0,89. DIMENSÃO LONGEVIDADE Para avaliar o desenvolvimento humano no que diz respeito à longevidade o IDH nacional e o IDH municipal usam a esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra qual a média de anos que a população nascida naquela localidade no ano de referência (2000) deve viver - desde que as condições de mortalidade existentes se mantenham constantes. Quanto menor for a mortalidade registrada em um município, maior será a esperança de vida ao nascer. O indicador é uma boa forma de avaliar as condições sociais, de saúde e de salubridade por considerar as taxas de mortalidade das diferentes faixas etárias daquela localidade. Todas as causas de morte são contempladas para chegar ao indicador, tanto as ocorridas em função de doenças quanto as provocadas por causas externas (violências e acidentes). 14 O Censo 2000 é a base de cálculo de todo o IDH municipal. Para se chegar ao número médio de anos que uma pessoa vive a partir de seu nascimento são utilizados os dados do questionário expandido do Censo. O resultado dessa amostra é expandido para o restante da população daquele município. O cálculo da esperança de vida ao nascer é complexo e envolve várias fases. No caso da esperança de vida por município, as estatísticas do registro civil são inadequadas. Por isso, para o cálculo do IDH municipal optou-se por técnicas indiretas para se chegar às estimativas de mortalidade. A base são as perguntas do Censo sobre o número de filhos nascidos vivos e o número de filhos ainda vivos na data em que o Censo foi feito. A partir daí são calculadas proporções de óbitos. Aplica-se, então, uma equação que transforma essas proporções em probabilidade de morte. A próxima etapa é transformar essas probabilidades em tábuas de vida, de onde é extraída a esperança de vida ao nascer. Para transformar esse número de anos em um índice, usa-se como parâmetro máximo de longevidade, 85 anos, e, como parâmetro mínimo, 25 anos. Assim, se o município em questão tem uma esperança de vida ao nascer de 70 anos, seu IDHM-L será: (70 - 25) / (85 - 25) => 45 / 60 => IDHM-L = 0,750. Logo, o IDHM-L do município será 0,750. DIMENSÃO RENDA O Produto Interno Bruto (PIB) de um país é o valor agregado na produção de todos os bens e serviços ao longo de um ano dentro de suas fronteiras. O PIB per capita é a divisão desse valor pela população do país. Trata-se de um indicador eficaz para a avaliação da renda de um universo amplo, como países e unidades da Federação. Esse é o critério usado pelo Pnud mundialmente para o cálculo do IDH-R dos países e dos Estados. Na avaliação da renda dos habitantes de um município, o uso do PIB per capita torna-se inadequado. Por exemplo: nem toda a renda produzida dentro da área do município é apropriada pela população residente. A alternativa adotada é o cálculo da renda municipal per capita. Ela permite, por exemplo, uma desagregação por cor ou gênero da população, o que seria inviável de outra maneira. A renda média municipal per capita indica a renda média dos indivíduos residentes no município expressa em reais, pela cotação do dia 1 agosto de 2000. Os valores são extraídos do questionário da amostra do Censo. A partir da pesquisa do IBGE soma-se todo tipo de renda obtida pelos moradores daquele município (inclusive salários, pensões, aposentadorias e transferências governamentais, entre outros). E a somatória é divida pelo número total de habitantes do município. O resultado é a renda municipal per capita.Para transformar a renda municipal per capita em um índice é feito uma série de cálculos. Primeiro convertem-se os valores anuais máximo e mínimo expressos em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), adotados nos relatórios internacionais do Pnud (US$ PPC 40.000,00 e US$ PPC 100,00, respectivamente), em valores mensais expressos em reais: R$ 1.560,17 e R$ 3,90. Em seguida, são calculados os logaritmos da renda média municipal per capita e dos limites máximo e mínimo de referência. O logaritmo é usado porque ele expressa melhor o fato de que um acréscimo de renda para os mais pobres é proporcionalmente mais relevante do que para os mais ricos. Ou seja: R$ 10,00 a mais por mês para quem ganha R$ 100,00 proporciona um maior retorno em bem-estar do que R$ 10,00 para quem ganha R$ 10.000,00. Finalmente, para se chegar ao índice de renda municipal (IDHM-R) aplica-se a fórmula a seguir: IDH-R = (log de renda média municipal per capita - log do valor de referência mínimo) / (log do valor de referência máximo - log do valor de referência mínimo). Para um município com renda municipal per capita de R$ 827,35, o cálculo ficaria assim: IDHM-R = (log R$ 827,35 - log R$ 3,90) / (log R$ 1.560,17 - log R$ 3,90) => IDHM-R = 0,894. 15 Exercício de aplicação A tabela 1 a seguir apresenta os dados que caracterizam ambientalmente os domicílios inclusos nas três Mesorregiões do Estado de Alagoas. Construa indicadores referentes ao abastecimento d’água, coleta de lixo e rede geral de esgoto. De posse dos indicadores, calcule o índice de saneamento ambiental considerando pesos iguais para os três indicadores e classifique as Mesorregiões de acordo com a tabela 2. Tabela 1 - Caracterização ambiental dos domicílios Mesorregião Total de domicílios Abastecimento d’água Lixo coletado Rede geral de esgoto Agreste Alagoano 133.711 69.329 74.024 4.988 Leste Alagoano 424.887 299.763 331.771 84.904 Sertão Alagoano 90.767 42.587 41.545 9.401 Tabela 2 – Classificação do índice de saneamento ambiental Intervalo de classe Legenda 0,00 a 0,30 Baixo 0,30 a 0,50 Médio Baixo 0,50 a 0,65 Médio 0,65 a 0,80 Médio Alto 0,80 a 1,00 Alto A tabela 3 a seguir, facilitará a solução do problema proposto: Tabela 3 - Índices de saneamento ambiental das Mesorregiões Alagoanas Mesorregião % ABST % LIXO % RESG IndABST IndLIXO IndRESG ÍNDICE Agreste Alagoano Leste Alagoano Sertão Alagoano
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