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Fatores que contribuem para o sofrimento mental entre estudantes de medicina brasileiros revisão integrativa

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Santos IF, Santos MEF, Olivera QHA, Souza RV, Luz TS 
1 
ARTIGO DE REVISÃO DOI: 
 
Fatores que contribuem para o sofrimento mental entre estudantes de 
medicina brasileiros: revisão integrativa 
 
Factors that caused mental distress among brazilian medical students: integrative review 
 
Isnia Ferraz dos Santos1, Marcos Eduardo Ferreira dos Santos1, Queren Hapuque Albuquerque de Oliveira1, Raíssa 
Vieira de Souza1, Thiago Souza Luz1 
1 Universidade Federal do Pará, Faculdade de Medicina, Belém, PA, Brasil.
 
RESUMO 
 
Objetivo: Discutir os fatores que causam sofrimento mental entre estudantes de medicina brasileiros. Método: Revisão 
integrativa utilizando PubMed, MEDLINE, LILACS, SciELO e Psicops, como bases de dados, selecionando artigos 
entre 2006 e 2022. Resultados: Foram selecionados 39 artigos publicados, a maioria entre 2006 e 2022, com produção 
significativa no Brasil. Estudantes de medicina são mais vulneráveis ao sofrimento mental quando jovens, por estarem 
sendo expostos de forma precoce à competição, à extensa carga horária, à sobrecarga de conhecimento, ao excesso de 
responsabilidade, ao alto estresse e à privação de lazer associado a um sentimento de perda de identidade. O risco de 
suicídio se correlaciona com a presença de sintomas de depressão, altos níveis de exaustão emocional, sentimento de 
despersonalização e de baixa realização pessoal. Conclusão: O alto índice de sofrimento mental entre estudantes brasi-
leiros de medicina está associado a sintomas de depressão e à piora nas questões afetivas, somáticas e cognitivas, as 
quais podem afetar o desempenho universitário. Portanto, fica evidente a necessidade de traçar estratégias para gerar 
melhorias na qualidade de vida desses estudantes. 
 
PALAVRAS-CHAVE 
Fatores; Estudantes de Medicina; Brasileiros; Sofrimento Mental; Revisão. 
 
ABSTRACT 
 
Objective: To discuss the factors that cause mental distress among Brazilian medical students. Method: Integrative 
review using PubMed, MEDLINE, LILACS, SciELO, and Psicops as databases, selecting articles between 2006 and 
2022. Results: A total of 39 published articles were selected, most of them between 2006 and 2022, with significant 
production in Brazil. Medical students are more vulnerable to mental suffering when young, for being exposed early on 
to competition, extensive workload, knowledge overload, excessive responsibility, high stress and leisure deprivation 
associated with a feeling of loss of identity. The risk of suicide correlates with the presence of symptoms of depression, 
high levels of emotional exhaustion, feelings of depersonalization, and low personal accomplishment. Conclusion: High 
rates of mental distress among Brazilian medical students are associated with symptoms of depression and with worse-
ning affective, somatic, and cognitive issues, which may affect university performance. Therefore, it is evident the need 
to design strategies to generate improvements in the quality of life of these students. 
 
KEYWORDS 
Factors; Medical Students; Brazilian; Mental Distress; Review.
 
 
Autor Correspondente: 
Isnia Ferraz dos Santos 
Universidade Federal do Pará, 
Instituto de Ciências da Saúde, 
Faculdade de Medicina 
R. Bernal do Couto, Umarizal, 766. 
CEP 66055-080 - Belém, PA, Brasil 
isnia.ferraz@ics.ufpa.br
Fatores que contribuem para o sofrimento mental entre estudantes de medicina brasileiros 
 
2 
INTRODUÇÃO 
 
A forma como o ser humano lida com suas 
emoções, como resolve os problemas que os cercam, 
como se relaciona com os outros, a imagem que tem de 
si mesmo, o jeito como administra o que pensa, sente e 
age, tudo isso possui relação direta com a saúde mental. 
Ainda que tenham consciência das dificuldades, as 
pessoas nem sempre conseguem resolvê-las sozinhas(1). 
 
São comuns situações críticas de vida nas quais 
ocorre a manifestação de emoções negativas como 
medo, tristeza, raiva, solidão, ansiedade ou estresse. 
Mas convém diferenciar a presença de tais emoções e 
sentimentos doídos do efetivo sofrimento mental 
causado pela ansiedade, pelo estresse ou mesmo pela 
depressão(1). 
 
Ingressar no campo universitário leva o estudante a 
vivenciar mudanças que se mostram relevantes e 
profundas à forma como passa a pensar nas mais 
diversas áreas da sua vida, levando-o ao 
desenvolvimento intelectual e pessoal(2), visto que esta 
é uma fase complexa e multidimensional, em que 
necessita de o universitário lidar com questões pessoais 
e acadêmicas(3),(4). 
 
Entre essas questões, estão a necessidade de se 
adaptar à rotina de estudo, o distanciamento do convívio 
familiar e novos contatos sociais, a transição que há da 
adolescência para a vida adulta, como também para 
outros, a volta aos estudos após um período longe do 
ambiente educacional. Outras mudanças que devem ser 
citadas são a adequação às normas e metodologias de 
ensino, grupos e pessoas desconhecidas, problemas 
financeiros, os quais são fatores que podem gerar 
ansiedade, expectativas, aflições e enfrentamentos(3),(5). 
 
A construção social da profissão médica como 
sendo uma atividade nobre que salva vidas, de uma 
escolha de doação, de uma carreira de sucesso e bem-
sucedida geram pressões e expectativas muitas vezes 
contraditórias e distantes da realidade, causando 
frustrações. Existe uma toxicidade na cultura médica 
provocada por um estresse cronificado no exercício da 
profissão ao exigir uma excelência nas práticas e uma 
adoção de conhecimentos infalíveis. Por conta disso, 
estudantes de medicina têm apresentado taxas mais 
elevadas de sofrimento mental, esgotamento, doença 
mental diagnosticada, ideação suicida e tentativa de 
suicídio em relação à população em geral(6). 
 
Os índices entre os estudantes de medicina são 
maiores do que a população em geral, e configura-se 
uma questão sobre os estudantes de Medicina que 
comumente não reconhecem seus próprios 
adoecimentos, principalmente psíquicos(7). Outras 
preocupações referentes aos prejuízos no campo 
cognitivo(8) e funcional, e não apenas no âmbito 
acadêmico, tem motivado a ampliação de estudos acerca 
da saúde mental dos acadêmicos de medicina, uma vez 
que observa-se uma relação entre o baixo rendimento no 
curso e a condição mental dessa população. 
 
Neste cenário, a presente revisão buscou conhecer 
a produção de conhecimentos sobre o fenômeno do 
sofrimento mental entre estudantes de medicina das 
faculdades do Brasil por intermédio da pergunta 
norteadora: Quais fatores contribuem para o sofrimento 
mental entre estudantes de medicina brasileiros? 
 
MÉTODO 
 
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da 
literatura científica, na qual se agrupou resultados de 
pesquisas realizadas em bases de dados online, 
desenvolvida nas seguintes etapas: desenvolvimento da 
questão norteadora, levantamento dos estudos 
disponíveis, análise e interpretação dos dados 
encontrados e apresentação dos fatores que se refetem à 
temática abordada. 
 
Em se tratando do profissional da medicina, em 
especial, a revisão integrativa permite angariar 
conhecimentos que servirão de base para tomadas de 
decisões e melhorias da prática clínica, além de fornecer 
sínteses de determinados assuntos, como uma forma de 
apontar possíveis preenchimentos de lacunas presentes 
na literatura estudada. 
 
Para a busca dos artigos, ocorrida no dia 28 de 
novembro de 2022, utilizou-se a Biblioteca Virtual em 
Saúde Brasil (BVS), que apresentou resultados nas 
bases de dados da Literatura Latino-Americana e do 
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical 
Literature Analysis and Retrieval System on-line 
(MEDLINE), Portal de Periódicos Eletrônicos em 
Psicologia (PePSIC) e Coleciona SUS. Além disso, 
foram feitas pesquisas adicionais nas bases de dados 
National Library of Medicine, EUA (Pub- Med), e 
Scientific Electronic Library Online (SciELO). Estas 
plataformas possuem grandedestaque na busca por 
literatura científica significante publicada em território 
nacional e internacionalmente. 
 
As estratégias para a busca foram definidas da 
seguinte forma: utilizaram-se os descritores dos termos 
"transtornos mentais", “estudantes de medicina”, 
“Brasil”, com a combinação do booleano “AND”, de 
acordo com a necessidade de cada plataforma, em duas 
Santos IF, Santos MEF, Olivera QHA, Souza RV, Luz TS 
3 
etapas complementares. Inicialmente, realizou-se a 
busca pelos descritores “estudantes de medicina” AND 
“sofrimento mental”, e, após, os descritores “estudantes 
de medicina” AND “sofrimento mental” AND “Brasil”. 
 
Dentre as literaturas disponíveis eletronicamente, 
foi determinado que seriam analisados os trabalhos 
publicados durante o intervalo de janeiro de 2006 a 
novembro de 2022, de forma a abranger 
significativamente o tema. Além disso, foram definidos 
critérios adicionais para a elegibilidade dos artigos que 
foram incluídos nesta revisão integrativa: artigos que 
retratassem a temática proposta, disponíveis na versão 
on-line, de forma gratuita, e que apresentassem versões 
em português. Por fim, foram excluídos trabalhos como 
teses, dissertações, monografias, artigos repetidos e 
aqueles que fugissem da abordagem requerida. 
 
Após definidos os critérios, foi realizada uma 
seleção dentre os artigos identificados por meio das 
pesquisas nas bases de dados (n = 112). Primeiramente, 
foram selecionados os estudos que apresentavam título 
que indicasse coerência com a proposta de revisão, isto 
é, um total de 39 artigos. Porteriormente, a seleção 
ocorreu a partir da leitura dos resumos, restando 25 
elegíveis, que tinham relação com o objetivo deste 
estudo, atendiam aos critérios de inclusão determinados 
anteriormente, e respondiam à pergunta norteadora. 
Finalmente, ao realizar a leitura completa dos artigos 
elegidos, foram selecionados 16 autores para serem 
incluídos nesta revisão. As publicações repetidas em 
mais de uma base de dados totalizaram 22 artigos, os 
quais foram contabilizados uma única vez, e os que se 
repetiam excluídos, conforme esquematizado no 
fluxograma apresentado na Figura 1. 
 
Os estudos selecionados foram fichados, com o 
intuito de melhorar a observação das ideias de cada 
autor, e, ainda, otimizar as consultas realizadas ao 
decorrer do desenvolvimento desta pesquisa. Seguindo, 
foi realizada uma coleta de informações para a 
elaboração de uma tabela, com o fito de identificação de 
fatores que se assemelham, se complementam ou 
divergem. Resultante a isso, foi utilizada a tabela 
sinóptica, Tabela 2, contendo as variáveis de interesse 
presentes nos estudos incluídos nesta revisão integrativa 
(n = 16). Os tópicos de interesse foram: 
identificação/instituição sede do estudo, amostra 
contendo a quantidade de estudantes de medicina 
pesquisados ou números de artigos, características 
metodológicas dos estudos, fatores contribuintes para o 
sofrimento mental, e as recomendações dos autores.
 
Figura 1 - Fluxograma do processo de seleção dos estudos primários – Belém, PA, Brasil, 2022. 
 
Fatores que contribuem para o sofrimento mental entre estudantes de medicina brasileiros 
 
4 
 
Lilacs/Sc
iELO 
RESULTADOS 
 
Com a realização da leitura completa dos artigos de 
interesse, buscou-se agrupar os resultados extraídos dos 
próprios estudos fichados, para uma melhor 
interpretação das diversidades de ideias relacionadas 
aos fatores que contribuem para o sofrimento mental 
entre estudantes de medicina brasileiros. 
 
O país de realização dos artigos que integram a 
Tabela 2 é majoritariamente o Brasil, na figura de 
faculdades e pesquisadores residentes em território 
nacional. Por conseguinte, todos os estudos foram 
divulgados no idioma português (PT-BR) e seis 
possuem versões em inglês (EN). 
 
Publicados entre janeiro de 2006 e novembro de 
2022, prevalecem estudos realizados nos últimos dez 
anos (13 artigos publicados na última década), 
consoante quantitativo correspondente ao ano de 
publicação do estudo, apresentado na Tabela 1, 
revelando um aumento considerável na publicação de 
estudos relacionados à problemática em questão. 
 
Tabela 1 - Distribuição da amostra por ano de publicação – Belém, 
PA, Brasil, 2022. 
Ano de publicação Nº de estudos 
2006 1 
2008 1 
2010 1 
2014 1 
2016 3 
2019 4 
2020 1 
2021 2 
2022 2 
Total 16 
 
O Tabela 2 consiste em uma síntese dos estudos 
que compõem essa revisão integrativa, com destaque 
para a identificação (título, base de dados, autor, país, 
ano de publicação), instituição sede do estudo, amostra, 
características metodológicas, fatores e recomendações 
que visam à reversão do quadro atual. 
 
Tabela 2 - Síntese dos estudos e seus desfechos - Belém, PA, Brasil, 2022. 
IDENTIFICAÇÃO / 
INSTITUIÇÃO 
SEDE DO ESTUDO 
AMOSTRA 
CARACTERÍSTI-
CAS METODO-
LÓGICAS 
FATORES RECOMENDAÇÕES 
Saúde mental dos 
estudantes de medicina 
brasileiros: um revisão 
sistemática da 
literatura. 
 
PUBMed, SciELO e 
MedLine. 
CONCEIÇÃO, L.S. et 
al., Brasil, 2019. 
Universidade Federal 
de São João del Rei 
(UFSJ), São João del 
Rei, MG. 
47 artigos analisa-
dos. 
Revisão sistemática 
da Literatura de ca-
ráter descritivo-
analítico 
Sobrecarga de conhecimento, dificuldade na administração do 
tempo, grande número de afazeres e pouco tempo para atividades 
de lazer, responsabilidade e expectativas sociais no papel do mé-
dico, momento instável de transição para a vida acadêmica ao in-
gressar no ambiente universitário, o contraste entre a euforia de 
êxito no vestibular seguida de frustração causada pela mudança de 
hábitos do cotidiano, podem acionar a dissociação ou isolamento 
afetivo. O contato com a morte e o sofrimento, a competitividade 
e a exigência pela excelência em avaliações, o pouco tempo para 
outras atividades devido à sobrecarga, a falta de “incentivo” dos 
professores a respeito da saúde mental dos estudantes, a dificul-
dade em fazer amigos, a baixa auto avaliação de desempenho aca-
dêmico, transtornos de sono e viver longe da família. Alta fre-
quência de burnout ao ajustar o conceito para os estudantes consi-
derando então o esgotamento emocional, o cinismo e o baixo de-
sempenho acadêmico, além da diminuição das horas de sono(9). 
A valorização dos relaci-
onamentos interpessoais 
e de fenômenos do cotidi-
ano, a organização do 
tempo, os cuidados com a 
saúde como alimentação 
e sono, interesses religio-
sos, bem como trabalhar 
a própria personalidade 
para lidar com situações 
adversas e a procura pela 
assistência psicológica, 
realização de atividades 
de esporte e lazer, rede de 
apoio para os casos de so-
frimento mental(9). 
A saúde mental dos 
estudantes de 
medicina: uma revisão 
de literatura. 
 
Pepsic. OTTERO, 
C.L.S. et al., Brasil, 
2019. Universidade de 
Vassouras, RJ. 
Estudo bibliográ-
fico a fim de anali-
sar a saúde mental 
dos estudantes de 
medicina 
Revisão bibliográ-
fica. 
Ausência de tempo para atividades sociais e prática de atividades 
físicas, perda da liberdade pessoal, diminuição da autoestima, sen-
timento de inutilidade, problemas em gerir o tempo de estudos e 
de lazer, expectativas sociais da pratica médica, medo de cometer 
erros, morar longe da família e o individualismo(10). 
Criação de serviços de 
apoio psicopedagógico 
aos alunos(10). 
É muita pressão! 
Percepções sobre o 
desgaste mental entre 
estudantes de 
medicina. 
 
Pepsic. DÂMASO. 
J.G.B. et al., Brasil., 
2019. Universidade 
Federal de São, MG. 
Realizada através 
dos grupos focais, 
um com oito e ou-
tro com nove parti-
cipantes. 
Pesquisa qualita-
tiva. 
Sentimento de culpa e insegurança, aliado a pressões sociais para 
um alto desempenho escolar e profissional(11). 
Realização de atividades 
recreativas, o apoio de 
colegas e familiares(11). 
Santos IF, Santos MEF, OliveraQHA, Souza RV, Luz TS 
5 
Prevalência e fatores 
de risco para 
transtornos mentais 
comuns entre 
estudantes de 
medicina. 
 
SciELO. LIMA, 
M.C.P. et al., Brasil, 
2006. Universidade 
Estadual Paulista, 
Botucatu, SP. 
551 universitários 
de um curso de me-
dicina de Botucatu, 
SP. 
Estudo transversal. 
Percepção de uma rede de apoio ausente ou insuficiente por parte 
do aluno e autoavaliação ruim do desempenho escolar, individua-
lismo e competitividade, próprios do sistema capitalista, exigên-
cias de mercado e expectativas sociais depositadas sobre o papel 
médico podem funcionar como potentes estressores ainda durante 
a formação profissional(12). 
Sugere-se que institui-
ções formadoras intervi-
nham, acolhendo e cui-
dando do sofrimento dos 
estudantes(12). 
A angústia na 
formação do estudante 
de medicina. 
 
SciELO. 
QUINTANA, A.M. et 
al., Brasil, 2008. 
Universidade Federal 
de Santa Maria, RS. 
11 entrevistas: sete 
estudantes do sexo 
feminino e quatro 
do sexo masculino, 
de diversos semes-
tres do curso. 
Abordagem qualita-
tiva, empregando-
se a pesquisa etno-
gráfica. 
Estrutura densa do ciclo básico, contato com paciente, conflitos 
internos e frustrações devido ao sentimento de impotência diante 
de pacientes terminais(13). 
Criação de espaços de 
discussão nos quais as 
emoções decorrentes da 
formação possam ser 
compartilhadas(13). 
Transtornos mentais 
comuns entre os 
estudantes do curso de 
medicina: prevalência 
e fatores associados. 
 
SciELO. FIOROTTI, 
K.P. et al., Brasil., 
2010. Universidade 
Federal do Espírito 
Santo, ES. 
229 alunos do 
curso de medicina 
da UFES. 
Estudo transversal. 
Frustração causada pela mudança de hábitos do cotidiano, dificul-
dade na administração do tempo entre uma excessiva carga de es-
tudos e pouco tempo para atividades de lazer. Sentir-se sobrecar-
regado, presença de situações especiais durante a infância e ado-
lescência que indiquem sofrimento mental preexistente, alterações 
no padrão de sono, avaliação ruim sobre desempenho escolar, di-
ficuldade para fazer amigos, pensar em abandonar o curso e não 
receber o apoio emocional de que necessita(14). 
Auxiliar o estudante a en-
frentar as dificuldades do 
cotidiano. Espaço para 
reflexão sobre sentimen-
tos e emoções, mediante 
debate aberto e franco so-
bre as vulnerabilidades, 
limitações e patologias 
dos estudantes(14). 
Suicídio entre Médicos 
e Estudantes de 
Medicina: Revisão de 
Literatura. 
 
SciELO. 
CANTILINO, 
N.D.S.A., Brasil, 
2016. Universidade 
Federal de 
Pernambuco, Recife, 
PE. 
Foram seleciona-
dos 14 artigos ori-
ginais (Pubmed) e 
3 artigos de revisão 
(1 Lilacs e 2 Sci-
ELO). 
Revisão de Litera-
tura 
A patologia é frequentemente associada ao fenômeno do suicídio. 
Os principais fatores de risco para esse transtorno encontrados 
nesta população são grande carga de trabalho, privação do sono, 
dificuldade com pacientes, ambientes insalubres, preocupações fi-
nanceiras e sobrecarga de informações(15). 
Identificar o problema e a 
diferença comportamen-
tal das pessoas para poder 
intervir(15). 
Trancamentos de 
Matrícula no Curso de 
Medicina da UFMG: 
Sintomas de 
Sofrimento Psíquico. 
 
SciELO. RIBEIRO, 
M.G.S. et al, Brasil, 
2016. Universidade 
Federal de Minas 
Gerais, Belo 
Horizonte, MG. 
Análise das justifi-
cativas fornecidas 
pelos alunos para 
os trancamentos 
semestrais de ma-
trícula. 
Estudo retrospec-
tivo e transversal, 
qualitativo e quanti-
tativo. 
Quantidade de conteúdos a estudar e a competitividade existente 
nessa formação. Entre os 84 trancamentos justificados pelo sofri-
mento psíquico. Ciclo básico se concentrou a maior parte do tran-
camento das matrículas, 78 (55,3%), dos quais 49 pedidos 
(62,8%) foram por sofrimento psíquico. É um momento de angús-
tia, que pode estar sendo experimentado em meio a conflitos nas 
relações familiares e pessoais, e que se evidencia muito nos pedi-
dos de trancamento(16). 
Maior atenção institucio-
nal prioritariamente a 
alunos do ciclo básico. 
Falta de tratamento e de 
apoio familiar. Investi-
mento da instituição nos 
serviços de cuidado e 
atenção com seu 
aluno(16). 
Saúde mental e quali-
dade de vida de estu-
dantes brasileiros de 
medicina: incidência, 
prevalência e fatores 
associados em dois 
anos de seguimento. 
 
Medline. MOUTI-
NHO, I.L.D. et al., 
Brasil, 2019. Universi-
dade Federal de Juiz de 
Fora, MG. 
312 estudantes de 
medicina. 
Estudo observacio-
nal longitudinal 
Fatores basais como depressão, ansiedade, estresse, baixa renda, 
ser do sexo feminino, estar em estágio inicial de formação médica 
e não ser branco foram associados a pior saúde mental e qualidade 
de vida no seguimento(17). 
Sem recomendações. 
Fluxo do esgotamento: 
interrogando o pro-
cesso de produção do 
tempo/cansaço no in-
ternato médico. 
 
PubMed. OLIVEIRA, 
S.M.D. et al., Brasil, 
2021. Universidade 
22 estudantes de 
Medicina: sete 
do nono período, 
dez do 11° e cinco 
do 12°. 
Pesquisa qualitativa 
do tipo estudo de 
caso 
Percepções dos estudantes sobre como suas atribuições durante o 
ciclo profissionalizante produzem um sujeito, ora médico, ora es-
tudante, resultando em incertezas, inseguranças e sentimentos de 
exploração. A banalização de queixas ou sintomas que podem in-
tegrar o burnout. Aprendizado baseado no sofrimento é causa e 
resultado da sua naturalização(18). 
O processo de ensino-
aprendizagem adotado no 
estágio supervisionado 
necessita ser reavaliado 
pelos envolvidos(18). 
Fatores que contribuem para o sofrimento mental entre estudantes de medicina brasileiros 
 
6 
Federal de Uberlândia, 
MG. 
Prevalência e fatores 
associados à depressão 
em estudantes de me-
dicina. 
 
Pepsic. DE PAULA, 
J.A. et al., Brasil, 
2022. Faculdade Fe-
deral de Medicina do 
ABC, Santo André, 
SP. 
1024 estudantes de 
medicina, sendo 
356 alunos da Uni-
versidade Federal 
do Cariri (UFCa) e 
668 alunos da Fa-
culdade de Medi-
cina Estácio de Ju-
azeiro do Norte - 
Estácio/FMJ. 
Estudo qualitativo 
Mudança da rotina dos estudantes que ingressam no curso médico 
e que passam a receber uma grande quantidade de informações, 
aumento da carga horária exigida de estudos e mudança abrupta 
no método de estudo. Verificou-se um aumento significativo de 
sintomas depressivos em estudantes que cursavam oitavo semes-
tre (quarto ano) do curso médico, tal fato foi associado ao início 
do internato. Internato: fatores como contato com a doença e a 
morte, agressividade inerente a muitas intervenções, dificuldades 
em comunicar más notícias, além da necessidade de uma especia-
lização ao final do curso seriam responsáveis pela sintomatolo-
gia(19). 
Repensar o papel da ins-
tituição e do currículo 
médico no desencadea-
mento, manutenção e 
prevenção dos sintomas 
detectados poderia ser 
uma solução com a fina-
lidade de minimizar os 
efeitos sobre a saúde 
mental dos estudantes de 
medicina(19). 
Prevalência e fatores 
associados à depressão 
em estudantes de me-
dicina. 
 
SciELO. OLIVEIRA, 
S.M.D. et al., Brasil, 
2014. Faculdade de 
Medicina do ABC, 
Santo André, SP, Bra-
sil Faculdade de Medi-
cina de Juazeiro do 
Norte – Estácio, CE. 
1024 estudantes do 
primeiro ao dé-
cimo segundo perí-
odos. 
Estudo observacio-
nal do tipo transver-
sal. 
Incerteza em relação ao futuro profissional, desejo de mudar de 
curso, dificuldades de relacionamento, participação de atividades 
sociais ou de lazer podem também ser interpretadas como resul-
tantes do estado depressivo em função de sintomas como pessi-
mismo, baixa autoestima, prejuízo da capacidade de decisão, iso-
lamento, desanimo correspondendo talvez ao momento da depres-
são(20). 
Desenvolvimento de es-
tratégias de ensino cen-
tradas no aluno capazes 
de estimularem uma par-
ticipação mais ativa e de 
propiciarem maior intera-
ção entre os estudan-tes(20). 
Saúde mental de Estu-
dantes de Escolas Mé-
dicas com diferentes 
Modelos de Ensino. 
 
SciELO. TENÓRIO, 
P.L. et al., Brasil, 
2016. Universidade 
Federal de Sergipe, 
Aracaju, SE. 
38 alunos do curso 
tradicional e 40 
alunos do modelo 
Aprendizado Base-
ado em Problemas 
(ABP) 
Estudo qualitativo e 
transversal 
Falta de tempo para lazer, diminutas horas de sono, conteúdo ex-
tenso, notas baixas, escolha da especialidade, ritmo dos plantões, 
conteúdo extenso para as provas, contato diário com o sofrimento 
e timidez para os acadêmicos em geral. Em relação aos adeptos do 
método tradicional: falta de prática no início do curso, distancia-
mento das aulas teóricas em relação a aplicação prática e o não 
estímulo a uma busca ativa do conhecimento. Para os ligados ao 
(ABP): insegurança quanto ao método(21). 
Criação de serviços de 
apoio psicopedagógico 
ao estudante de Medi-
cina(21). 
O estudante de medi-
cina e seu percurso 
acadêmico: uma aná-
lise de postagens sobre 
sofrimentos. 
 
SciELO. SANTOS, 
F.S.A. et al., Brasil, 
2021. Universidade 
Federal do Delta do 
Parnaíba, PI. 
Postagens no modo 
público da rede so-
cial on-line Insta-
gram de outubro de 
2018 a abril de 
2019. 
Pesquisa documen-
tal 
Indisponibilidade de tempo, falta de sono, mudança na imunidade, 
sentimento de insegurança, carga horária exaustiva, cobrança por 
desempenho, enfrentamento da morte, situações que trazem 
medo, insegurança, raiva, tristeza, sentimento de necessidade do 
saber total, desorganização pessoal, precária assistência da facul-
dade, ambiente competitivo, novo ritmo de vida, distância da fa-
mília, privação de lazer, medo de não ser um bom médico, vontade 
de desistir do curso(22). 
Continuidade das obser-
vações, indagações e pes-
quisas sobre os muitos 
caminhos possíveis de 
produção e partilha das 
afetações entre os estu-
dantes, a fim de tecer es-
tratégias de prevenção e 
intervenção(22). 
Qualidade de Vida e 
Graduação em Medi-
cina. 
 
SciELO. MIRANDA, 
I.M.M. et al., Brasil, 
2020. Universidade de 
Rio Verde, Aparecida 
de Goiânia, GO. 
419 estudantes do 
segundo ao oitavo 
período. 
Estudo transversal 
Carga horária extensa, impedimento de conciliação entre vida aca-
dêmica pessoal, exposição a situações de dor e sofrimento, tempo 
mínimo para lazer, ambiente de competitividade, ausência de rea-
lização pessoal e uso de substâncias psicoestimulantes(23). 
Criação de ações volta-
das para o bem-estar dos 
estudantes como estraté-
gias que previnam o es-
tresse(23). 
Uso de psicotrópicos 
prescritos entre estu-
dantes de medicina e 
fatores associados: um 
estudo transversal. 
 
SciELO; MEDLINE. 
FASANELLA, N.A. et 
al., Brasil, 2022. Fa-
culdade de Ciências 
Médicas e da Saúde da 
Pontifícia Universi-
dade Católica de São 
Paulo, Sorocaba, SP. 
263 estudantes de 
medicina. 
Estudo transversal 
analítico observaci-
onal 
Insônia, ausência de atividade física regular e avanço do curso(24). 
Atividade física regular e 
bom padrão de sono(24). 
 
 
DISCUSSÃO 
 
Ao analisar e classificar os artigos que estão 
Santos IF, Santos MEF, Olivera QHA, Souza RV, Luz TS 
7 
relacionados aos fatores que contribuem para o 
sofrimento mental entre os estudantes de medicina no 
Brasil, evidenciou-se que os estudos selecionados que 
totalizaram os critérios de classificação, foram 
divulgados entre os anos de 2006 e 2022, em diferentes 
estados e regiões do país em instituições públicas e 
privadas nas áreas biomédicas e da saúde, sobretudo, na 
última década, sugerindo que os pesquisadores 
apresentam interesse em compreender as implicações 
no contexto da saúde mental dos estudantes em pauta. 
 
O mundo acadêmico do curso de medicina é 
suscetível ao sofrimento mental pelo fato de lidar com a 
administração de uma carga horária extensa que permite 
pouco tempo livre para lazer, alta cobrança interna e 
externa e a competitividade oriunda desde o período 
pré-vestibular(9,10,11,15,16,17,18,20,21,24) entre outros fatores. 
A depressão é uma das doenças que mais atinge esses 
discentes e produz danos ao desempenho e à vida 
pessoal(9,14,17). 
 
A realização de um Estudo na Universidade 
Federal de Sergipe promoveu uma comparação entre 
diferentes metodologias de ensino, o Tradicional e o 
Aprendizado Baseado em Problemas (ABP), realizadas 
dentro da presente Universidade. Nesse estudo, os 
resultados da pesquisa apontaram semelhança com os 
estudos da literatura sobre o tema ao apontarem a falta 
de tempo para lazer, diminutas horas de sono ,conteúdo 
extenso e notas baixas. Os discentes ligados ao modelo 
ABP relataram aos pesquisadores que o fato de serem a 
primeira turma de medicina a realizarem o ABP na 
faculdade, associado à insegurança quanto a eficácia do 
método, consideravelmente novo, são fatores geradores 
de grande estresse. Em contrapartida, os discentes 
relacionados ao método tradicional manifestaram 
queixas como a falta de prática no início do curso, 
distanciamento das aulas teóricas em relação a aplicação 
prática e o não estímulo a uma busca ativa do 
conhecimento, tendo em vista o modelo passivo de aula. 
Sendo assim, a partir do estudo foi possível identificar 
que o aprendizado da medicina é permeado por 
sofrimentos comuns entre os estudantes ,assim como é 
perpassado por estressores típicos , a depender da 
metodologia desenvolvida(21). 
 
Na Tabela 3 foram sintetizados os fatores com 
maior prevalência entre os estudos selecionados. Estes 
fatores mostram-se fortemente associados ao 
sofrimento mental entre estudantes de medicina 
brasileiros, visto que são mencionados na maior parte 
dos estudos tomados como base para a realização desta 
revisão integrativa, os quais discutem a realidade de 
estudantes de medicina de variadas partes do Brasil. 
 
Tabela 3 - Principais fatores - Belém, PA, Brasil, 2022. 
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O 
SOFRIMENTO MENTAL 
Competição e exigência do excelente 
Sobrecarga de conhecimento 
Responsabilidade médica 
Contato com morte, dor e sofrimento 
Banalização e estigmatização do sofrimento 
Ausência ou ineficiência de assistência psicológica 
Sedentarismo, ausência de hábitos saudáveis e 
privação de lazer 
 
A produção de artigos referente à pergunta 
norteadora apresentou uma quantidade considerável de 
resultados, e as publicações identificadas evidenciaram 
fatores presentes em boa parte dos estudantes de 
medicina do Brasil (Tabela 3), e, dessa forma, devem 
ser enfatizados na continuidade desta discussão. 
 
Competição e exigência do excelente 
 
Durante a formação médica, a exigência por altos 
níveis de desempenho ocorre com frequência, o que 
agrava a competição entre os discentes. O capitalismo 
exige comportamento alinhado com o imperativo atual 
de autonomia e gestão de si de uma sociedade que tanto 
constrói quanto se submete a moldes performativos. A 
quantificação do bem-estar é acompanhada da sensação 
de insuficiência constante e da competição: é preciso ser 
mais e melhor (22). Desse modo, a relação professor-
aluno, em muitos casos, baseia-se em relações 
conflituosas que concernem na comparação constante 
entre os discentes, fazendo com que o estudante meça o 
seu desempenho baseado na vida do outro, aumentando 
a pressão emocional e, consequentemente, demais 
sintomas característicos de sofrimento mental. 
 
Sobrecarga de conhecimento e cansaço extremo 
 
É fato que a carreira médica exige uma grande 
quantidade de conhecimentos a serem adquiridos ao 
longo dos anos de formação para que haja a 
profissionalização. Entretanto, a atual grade curricular 
dos cursos de medicina e a forma como se organizam 
são fatores que culminam na exaustão mental, física e 
psicológica dos discentes. As pesquisas revelam que os 
alunos com exaustão, que estão submetidos à 
sobrecarga devido às demandas acadêmicas, costumam 
utilizar mecanismosde enfrentamento impróprios, 
como a privação do sono, a fim de aumentar o tempo de 
estudo. A qualidade do sono é um fator importante da 
qualidade de vida e distúrbios deste estão associados a 
ansiedade, depressão e não comparecimento às aulas(9). 
 
Responsabilidade profissional 
 
Fatores que contribuem para o sofrimento mental entre estudantes de medicina brasileiros 
 
8 
Exigências de mercado e expectativas sociais 
depositadas sobre o papel médico podem funcionar 
como potentes estressores ainda durante a formação 
profissional(12). O sofrimento como parte do processo de 
tornar-se médico é um discurso reafirmado 
constantemente pela escola médica e pela sociedade que 
contribui para a naturalização do adoecimento psíquico 
dos acadêmicos. Esse sofrimento naturalizado é 
percebido entre estudantes de medicina que tendem a 
desenvolver estratégias individuais como a negação, o 
isolamento, a culpa, a racionalização e o silêncio sobre 
o acometimento, proporcionando um ciclo que fomenta 
ainda mais o processo de depreciação psíquica do 
indivíduo e dificulta rupturas, cuidados e mudanças na 
produção deste(9). 
 
Contato com morte, dor e sofrimento 
 
Os estudos revelaram que um preditivo para 
sofrimento mental é o contato com a morte, dor e 
sofrimento dos pacientes, sobretudo nos últimos anos do 
curso (9,13,15,19). A prevalência de ansiedade e depressão 
não é diretamente proporcional à progressão na 
formação acadêmica. Os autores afirmam que, nos dois 
últimos anos da graduação, a possibilidade de 
sofrimento se intensifica, pois o curso de Medicina 
proporciona aos estudantes o seu nível de maior 
intimidade com serviços – e, consequentemente, com 
pacientes –, experiência mais próxima do universo dos 
trabalhadores de saúde(18). 
 
Banalização do sofrimento 
 
Outro fator que indicou contribuição para o 
adoecimento mental diz respeito à normalização e 
estigmatização do sofrimento durante a formação 
acadêmica. Os estudantes trazem questões referentes à 
desvalorização do sofrimento e trata-se de fenômeno 
notadamente percebido no cenário social que também 
repercute nas atitudes dos profissionais de saúde e 
contribui, implicitamente, para consolidar um 
imaginário de banalização de queixas ou sintomas que 
podem integrar o burnout. Dessa maneira há uma 
invisibilização do sofrimento. A síndrome é marcada 
como uma (não) possibilidade, interditada como algo 
que não deve ser desvelado – inclusive para o estudante 
de Medicina. Consequentemente, esse suposto 
silenciamento se estende para a vida profissional do 
médico(18). 
 
Ausência ou ineficiência de assistência psicológica 
 
Estudo mostrou que a depressão nos estudantes de 
medicina também foi associada a ausência ou 
ineficiência em assistência psicológica seja pela 
faculdade, instituições públicas ou apoio familiar. A 
pesquisa demonstrou que “não receber o apoio 
emocional necessário” foi um fator de risco para os 
casos suspeitos de transtornos mentais comuns, assim 
como relatar “dificuldade para tirar dúvidas em sala de 
aula, por timidez” durante a infância ou adolescência(14). 
 
Afastamento de atividades físicas, hábitos saudáveis 
e hobbies 
 
Vale ressaltar que como consequência da carga 
horária integral, atividades que faziam parte do 
cotidiano deixam de ser frequentes, o que impacta na 
qualidade de vida dos estudantes. Nesta revisão, os 
estudos mostraram que é comum observar nos 
estudantes com o processo de depreciação psíquica, a 
piora nas questões afetivas, somática e cognitiva, bem 
como redução da participação em atividades sociais(10). 
Esse processo implica, de forma significativa, a falta de 
tempo para o lazer e para contato com os amigos, 
família e parceiros(as) amorosos(as), grande número de 
perdas durante o curso, desconstrução da idealização da 
onipotência médica, crescente consciência dos 
problemas existentes na profissão. Todos esses fatores 
podem influenciar negativamente a saúde mental do 
educando(15). 
 
CONCLUSÃO 
 
Os estudos relacionados a respeito dessa temática 
evidenciaram os fatores que contribuem para o 
sofrimento mental em estudantes de medicina 
brasileiros, tais como uma extensa carga horária de 
estudos - que contribui para o tempo de lazer reduzido - 
a ausência de atividade física na vida da maioria dos 
discentes, o contato com a morte e com a dor de muitos 
pacientes e a falta de assistência psicológica fornecida 
pelas Faculdades de Medicina. 
Essas causas, correlacionadas com o 
distanciamento familiar (em casos em que as pessoas 
precisam mudar de cidade para estudar), com a 
competição e a exigência do excelente e com a 
autocobrança, em se tratando da responsabilidade do 
estudante, colaboram para o aumento da angústia, do 
estresse e da ansiedade na vida pessoal e acadêmica 
dessas pessoas. 
De todo modo, o fenômeno do sofrimento mental 
entre estudantes de medicina aponta disparadores, 
manifestações e formas de enfrentamentos similares 
entre componentes deste mesmo grupo social – ainda 
que de diferentes universidades, o que evidencia que os 
casos de sofrimento não são isolados. 
Dessa maneira, cabe às instituições de Ensino 
Superior refletirem criticamente sobre esse contexto, 
conhecerem as particularidades de seus alunos e os 
processos de formação, articulando estratégias para 
auxiliar os estudantes a enfrentar as dificuldades do 
Santos IF, Santos MEF, Olivera QHA, Souza RV, Luz TS 
9 
cotidiano, por meio do aprimoramento da assistência 
psicológica para os discentes, tendo como consequência 
a melhoria da saúde mental dos alunos e, com isso, os 
estigmas relacionados à vida pessoal e profissional 
dessas pessoas em pauta serão solucionados. 
Ademais, cabe também às instituições de ensino 
superior modificarem o cronograma de ensino, com a 
ampliação das áreas verdes destinadas aos discentes de 
medicina, tendo a redução da carga horária e o aumento 
do tempo destinado ao lazer e às atividades físicas como 
alguns de seus efeitos, visando a melhoria da qualidade 
de vida e a redução de sofrimento psíquico presente 
nessa população. 
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