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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE MEDICINA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE I PRIMEIRO CONTATO COM A RELAÇÃO ENTRE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA E COMUNIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA Marcos Eduardo Ferreira dos Santos; Maria Eduarda Nunes Avelar do Carmo; Quéren-Hapuque Albuquerque de Oliveira; Raíssa Viera de Souza; Rodrigo Araújo Vidal Lima; Thiago Souza Luz. Palavras-Chave: Atenção Primária à Saúde; Estratégia de Saúde da Família; Determinantes Sociais de Saúde; Doenças; Atenção à Saúde. 1. INTRODUÇÃO A atenção primária é responsável pela organização do fluxo dos serviços das redes em saúde, dos níveis mais simples aos mais complexos. Consultas, exames, vacinas, radiografias e outros procedimentos são disponibilizados aos usuários nas UBSs, além do programa “Melhor em Casa”, de atendimento domiciliar, ressaltando a necessidade do trabalho dos agentes comunitários de saúde. Por meio do primeiro contato com o cadastro domiciliar, o estudante inicia sua colaboração de responsabilidade social no que tange às visitas domiciliares que permitem avaliar a qualidade de vida das famílias atendidas de maneira geral, levando à tona aspectos como saneamento básico, prática de exercícios físicos, condições socioeconômicas e outros, ratificando o conceito ampliado de saúde. 2. OBJETIVOS Este relato de experiência objetiva o desenvolvimento da competência técnica, crítica e humanística para a compreensão prática do conceito ampliado de saúde, a partir da reflexão acerca do vínculo entre ESF e a família selecionada, e como as Determinantes Sociais da Saúde, hábitos de vida, contexto socioeconômico e demais relações em comunidade influenciam na qualidade de vida dessas pessoas. 3. RELATO DE EXPERIÊNCIA No dia 07 de novembro, ocorreu a atividade de Cadastramento individual e domiciliar, sendo direcionada pela professora Lanna Lacerda na ESF da Radional. Inicialmente foi explicado para a turma a dinâmica do dia, ou seja, cada grupo deveria ficar com uma família e ser responsável por conhecê-la, visto que para realizar o cadastramento, o diálogo e o interesse pela história daquele ciclo familiar devem ser essenciais. Após esse momento inicial, todos os grupos, acompanhados da ACS Marlene e da professora Lanna, seguiram para as casas de suas respectivas famílias. Nesse sentido, tivemos o privilégio de conhecer a Maria Luiza dos Santos Cruz, mais conhecida na comunidade como Dona lelê. Nosso diálogo com a respectiva senhora foi guiado pela professora Lanna, e nos foi evidenciado, inicialmente a quantidade de pessoas que moravam na casa, sendo assim nos foi relato a presença de 7 pessoas na residência sendo elas: Maria Luiza, Albertino, Lílian, Gleicilene, Isadora, Ana Luiza e Cauã, esses indivíduos eram, respectivamente, marido, 2 filhas e os 3 netos de Dona Maria. Posteriormente, diversos setores da vida de dona lelê foram sendo explorados, como por exemplo seus AVC's, que a deixaram com pouca movimentação do lado direto do corpo e como consequência a colocaram em uma cadeira de rodas, tornando-a muito dependente de sua filha Lílian. Além disso, nos foi relato as intensas coceiras que ela sentia nas costas as quais não a deixavam dormir a noite, por fim dona Maria explanou seu histórico de diabetes e hipertensão, e como está reagindo ao tratamento dessas doenças. Por conseguinte, no diálogo que foi travado descobrimos que Dona Maria tem um relacionamento conflituoso com o seu marido, Albertino, pois eles sofrem muitos desentendimentos e passam por constantes momentos de estresse, descobrimos que eles têm 4 filhas e 1 filho. O homem, Gerson, é de um relacionamento antigo de dona lelê, mas Albertino o criou como se fosse pai da criança. Ao prosseguirmos o Cadastramento perguntamos mais a respeito das filhas e filho do casal descobrimos aspectos interessantes, dentre eles observamos que todos tem hipertensão e alguns apresentam quadro de diabetes. Entretanto, apenas a filha Gleicilene desenvolveu a denominada diabete gestacional, após esse período essa doença não voltou a acometê-la, apenas a hipertensão que se faz presente no seu diagnóstico e tratamento atual. Além disso, Albertino ao nos confessar sobre os hábitos da família admitiu que eles são muito sedentários e não consideravam a nutrição diária muito saudável. Outrossim, ratificou que o ciclo familiar analisado não tinha muitas atividades de lazer, mas gostavam muito de realizar aniversários e reunir todos os parentes, sejam próximos ou distantes. Por fim, ao finalizarmos nosso diálogo com a família escolhida perguntamos a respeito da relação deles com a ESF e as respostas se basearam na perspectiva de excelência, ou seja, eles acreditam que a Unidade é essencial para eles, pois oferece uma saúde pública de qualidade e uma relação boa a qual se molda desde os ACS, equipe de enfermagem, serviços de odontologia até os médicos. Dona lelé confidenciou que ela e sua família moram lá há mais de 20 anos e a chegada da ESF foi um marco importante para a comunidade. 4. REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA Essa experiência proporcionou, ao grupo, a reflexão sobre a importância da comunicação médico-paciente de maneira humanizada, visto que, em poucos minutos de conversa, por exemplo, a professora Lanna Lacerda ofertou o consolo e a esperança de solução para uma insistente coceira apresentada por M.L., nunca antes solucionada. Além disso, trouxe uma reflexão muito interessante acerca dos hábitos de vida saudáveis e de como a ausência deles afeta tanto a cultura familiar quanto a saúde de todas as pessoas da família em questão, pois a alimentação desregrada e com alto índice calórico aliada à completa ausência de exercícios físicos, principalmente em indivíduos com predisposição genética, são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas como o diabetes e a hipertensão, presente em quase todos os membros deste grupo familiar. Finalmente, a participação ativa das agentes de saúde foi outro ponto crucial na análise, porque, observando isso, pôde-se perceber a relevância das funções de cada integrante de uma rede de atenção à saúde e como a execução plena de seus respectivos papéis é capaz de manter o bom funcionamento de uma comunidade. Certamente, levaremos esses aprendizados tanto para nossa vida acadêmica quanto para nossa prática médica. 5. CONCLUSÕES Portanto, a partir da visita à Estratégia de Saúde da Família e à família observada, foi possível entender de que maneira os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica impactam a saúde das pessoas individual e coletivamente. Uma vez que a ESF visa promover a ampliação e a resolutividade da atenção primária de forma integrada e planejada, é de suma importância entender como é formado o elo de ligação entre os pacientes e as unidades de saúde e suas respectivas equipes médicas, tendo em vista que uma estratégia que olha para cada indivíduo e o meio em que se insere, visando principalmente a prevenção, faz total diferença na qualidade de vida dessas pessoas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Estratégia Saúde da Família. Disponível em: <https://aps.saude.gov.br/ape/esf/>. Acesso em: 04 dez 2022. Portal Regional da BVS: Informação e Conhecimento para a Saúde. Disponível em: <https://bvsalud.org/> Acesso em: 06 dez 2022.
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