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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Clínica Cirúrgica VII° Risco Anestésico Cirúrgico Uma avaliação pré-operatória sempre deve ter como base a avaliação de: 1. Um risco anestésico-seguro dentro da média para a cirurgia proposta; 2. Exames complementares necessários para estimar com precisão esse risco; 3. Concluir se a cirurgia deve ser adiada, modificada ou contraindicada; 4. Quais ações implementar para minimizar o risco. Os principais fatores que influenciam o risco anestésico-cirúrgico são: Duração >4 hrs; Perda sanguínea >1500 ml; Invasão de cavidades (peritoneal, pleural); Anestesia geral ou bloqueio neuraxial: Cirurgia de emergência; Idade >70 anos; Doença cardiovascular, pulmonar, metabólica, renal ou hepática; Baixa capacidade funcional; Instabilidade cardiovascular ou respiratória. A classificação de risco anestésico ASA ainda é considerado um bom determinante da mortalidade operatória. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Risco Cardiovascular As DCV contribuem muito para a mortalidade perioperatória. A estratificação de risco cardíaco para procedimentos não cardíacos, desenvolvida por Fleisher e cols, é bastante empregada na análise de um paciente cirúrgico - o Índice de Risco Cardíaco Revisado (IRCR), ou Índice de Lee, estima o risco cardiovascular com base no tipo de cirurgia e critérios clínicos. Estratificação de risco cardíaco para procedimentos não cardíacos: Alto risco (≥ 5%): 1. Cirurgia vascular de grande porte (aorta), cirurgia arterial periférica; 2. Grandes cirurgias de emergência e urgência; 3. Cirurgias prolongadas associadas a grande perda de sangue ou líquidos para terceiro espaço; Médio risco ou risco intermediário: 1. Cirurgias intraperitoneais ou intratorácicas; 2. Endarterectomia de carótida e correção endovascular de aneurisma de aorta abdominal; 3. Cirurgia ortopédica; 4. Cirurgia prostática; 5. Cirurgia de cabeça e pescoço; Baixo risco: 1. Procedimentos endoscópicos; 2. Procedimentos ambulatoriais; 3. Cirurgia oftalmológica; 4. Cirurgia plástica; 5. Cirurgia de mama; 6. Herniorrafias. Abaixo, segue o Índice de Risco Cardíaco Revisado (IRCR): 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! RISCO DE MORTE CARDÍACA, IAM NÃO FATAL e PARADA CARDÍACA NÃO FATAL: Nenhuma variável (risco de 0,4%) 1 variável (risco de 0,9%) 2 variáveis (risco de 6,6%) 3 ou mais variáveis (risco de 11%) Risco Pulmonar As complicações pulmonares perioperatórias ocorrem com frequência. Existem algumas recomendações a este respeito: Todo paciente a realizar cirurgia não cardíaca devem ser avaliados para a possibilidade de complicações pulmonares; Cirurgias de emergência ou prolongados (>3 horas), de reparo de aneurisma de aorta abdominal, torácica, neurocirurgia e cirurgia de cabeça e pescoço são TODOS procedimentos de risco para complicações pulmonares pós-operatórias; Pacientes em alto risco para complicações pulmonares devem receber assistência da fisioterapia. Recomenda-se o uso de catéter nasogástrico para o pós-operatório. Em pacientes com DPOC ou asma, realizar espirometria pré-operatória de rotina, assim como radiografia de tórax; Monitorização hemodinâmica invasiva e modalidades de suporte nutricional não devem ser indicados; Quando e Quais exames Solicitar no Pré-operatório Há muitas controvérsias sobre quais exames pré-operatórios solicitar. Não é indicado realizar uma “bateria” padrão de exames em todos os casos, mas selecionar aqueles que são pertinentes conforme o paciente e cirurgia em questão. Cirurgia vascular: ECG, hemograma e plaquetas, eletrólitos, creatinina, nitrogênio ureico (ou ureia) e glicemia; Cirurgia cardíaca ou torácica: todos os da cirurgia vascular + Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Tromboplastina Parcial (TTP) e Radiografia de Tórax (RXT); Cirurgias intraperitoneais: todos os da cirurgia vascular + provas de função hepática (opcional); Cirurgias com perda esperada >2 L: todos os da cirurgia vascular + TP e TTPa; Cirurgias intracranianas: todos os da cirurgia vascular + TP, PTT e tempo de sangramento (aconselhável); Cirurgia ortopédica (prótese): todos da cirurgia vascular (exceto ECG) + urinocultura e bacterioscopia pelo Gram da urina (aconselhável). Os principais a se pedir em cirurgias de baixo risco em pacientes sem comorbidades são: Idade <45 anos: nenhum exame; Idade entre 45-54 anos: ECG se sexo masculino; Idade entre 55-69 anos: ECG, hemograma e plaquetas; 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Idade >70 anos: ECG, hemograma e plaquetas, eletrólitos, creatinina, nitrogênio ureico (ou ureia) e glicemia; Tabagismo independente da faixa etária: ECG; Mulher em idade reprodutiva: beta-hCG urinário na manhã da cirurgia. Medicamentos Anticoagulantes: os cumarínicos devem ser suspensos cerca de 5 dias antes de operações eletivas. INR inferiores a 1,5 permitem intervenção cirúrgica. Se o procedimento cirúrgico não oferecer grande risco de sangramento, pode-se retornar ao uso um dia após o procedimento. Pacientes com grande risco trombótico devem ser anticoagulados até o momento mais próximo possível da cirurgia (suspende-se o cumarínico e inicia-se heparina não fracionada até 6h antes da cirurgia; retorna seu uso 12 a 24 horas no pós-operatório). E se o paciente já estiver em uso de Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM)? Suspendê-la 24h antes da cirurgia e retorna seu uso dentro de 12 a 24 horas após cirurgia; O que fazer em cirurgias emergenciais?!? Pode-se recorrer ao plasma fresco congelado (15 a 20 ml/kg), uma dose de vitamina K (10mg) ou sulfato de protamina (neutraliza a heparina – 1mg para cada 100 unidades de heparina); E quanto ao AAS? Este e outras drogas antiplaquetárias devem ser continuadas, se possível, em pacientes com: - Cirurgias cardíacas anteriores (stent, IAM recente, AVC recente); - Doença arterial periférica realizando cirurgia vascular; - Que utilizam o AAS como prevenção secundária (discutível); Aos pacientes que não se encaixam nas recomendações acima: SUSPENDER O AAS de 7 a 10 dias antes de um procedimento cirúrgico. +++ ANES devem ser suspensos por 1 a 3 dias no pré-operatório; +++ Clopidogrel deve ser suspenso cerca de cinco dias antes da operação e o AAS mantido em doses mais baixas durante todo o período perioperatório. Medicações anti-hipertensivas: recomenda-se a suspensão dos IECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina II na manhã da cirurgia. Os bloqueadores dos canais de cálcio, os betabloqueadores e os agonistas alfa-2 centrais devem ser mantidos até a manhã da cirurgia; Medicamentos para o tratamento do diabetes mellitus: antidiabéticos orais e drogas injetáveis não insulina, como os análogos do GLP-1 (liraglutida, exenatide), em geral, são suspensos no dia da cirurgia. Quanto aos pacientes em insulinoterapia, no geral, diminui-se as doses na noite anterior à cirurgia. Em alguns casos utiliza- se insulina SC de acordo com a glicemia capilar ou faz-se a infusão contínua junto de glicose com ajuste de administração (isso em cirurgias longas); ISRS: continuar estas medicações por todo o período perioperatório (a não ser em neurocirurgias ou uso de bloqueio duplo plaquetário); Estrógeno, Tamoxifeno e agentes Antiosteoporose: em cirurgias com alto risco de tromboembolismo, a recomendação é suspender a TRH por quatro a seis semanas no período pré- operatório. O mesmo para tamoxifeno e raloxifeno. Em cirurgias bucomaxilofaciais, recomenda-se a suspensão dos bifosfonatos cerca de três meses antes. 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Tricotomia e Preparo da Pele A tricotomia, retirada de pelos da área a ser operada, deve ser realizada imediatamente antes da cirurgia – idealmente com máquinas elétricas de cabeças descartáveis. Cateterismo A aspiração gástrica é recomendada em pacientes que apresentam: estenose pilórica, distensão por suboclusão ou oclusão intestinal e cirurgias de emergência – condições associadas à esvaziamento gástrico prejudicado. O cateterismo vesical é indicado quando: necessita-se monitorar a perfusão tecidual, em cirurgias pélvicas ou das vias urinárias. Antibioticoprofilaxia Os que se beneficiam da antibioticoprofilaxia são pacientes sujeitos a risco de infecção do sítio operatório ou aqueles que mesmo de baixo risco tem alta morbidez e mortalidade caso haja infecção. Algumas indicações do uso de antibioticoprofilaxia: Cirurgia limpa, mas com uso de material sintético; Reconstruções arteriais com próteses; Cirurgias que contém incisões de osso; Cirurgias cuja possível infecção do sítio traria prejuízos trágicos (cardíacas, neurocirurgias, vasculares). * Também conhecida como Potencialmente Contaminada. ** Embora seja um procedimento limpo-contaminado, a colecistectomia videolaparoscópica eletiva não necessita de antibioticoprofilaxia de infecção de sítio cirúrgico. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! As cirurgias classe II e classe III indubitavelmente se beneficiam de profilaxia antimicrobiana. Procedimentos gastroduodenais e hepatobiliares – Cefazolina! Intervenções em íleo terminal, cólon e reto (microorganismos Gram-negativos) – Cefoxitina (cefalosporina de 2° geração atípica)! Ou associações: fluoroquinolona e metronidazol, cefazolina e metronidazol ou o uso de ampicilina- sulbactam. Administrar a primeira dose no geral 30 minutos antes do início da cirurgia. Quando suspender a antibioticoprofilaxia? Ao término da cirurgia. Em casos a parte, são estendidas por até 24 horas depois. OBS.: em cirurgias infectadas (classe 4) não se faz profilaxia e sim antibioticoterapia! Avaliação Nutricional Pacientes sub ou desnutridos se beneficiam de nutrição parenteral total por um período de 9 dias antes da cirurgia. Valores de albumina abaixo de 2,5g/dl e perda ponderal maior que 10% do peso corpóreo definitivamente se beneficiam de nutrição parenteral por pelo menos 7 dias antes do procedimento cirúrgico. REALIZAMOS JEJUM PARA UM PROCEDIMENTO CIRÚRGICO?!? Sim! A ASA recomenda que os adultos suspendam a ingestão de sólidos por pelo menos 6 horas e de líquidos sem resíduos por 2 horas. Em pacientes com maior risco de regurgitamento alimentar (DRGE, obesidade, estenose pilórica, etc.) acrescentamos 2 horas de jejum. Avaliação Hematológica Uma das principais alterações encontradas é anemia, seja por perda aguda ou doença crônica. Importante saber, quando devemos recomendar transfusão pré-operatória? Níveis de Hb < 6g/dl (algumas literaturas falam em 7), Hb entre 6 e 10 g/dl na presença de doença isquêmica do miocárdio ou cerebrovascular e valores entre 6 e 10 g/dl em procedimentos com perda estimada >30% da volemia. Em casos de trombocitopenia: contagens abaixo de 100.000/mm3 impedem a realização de cirurgias oftalmológicas e neurocirurgias; Contagens abaixo de 50.000/mm3 impedem a realização de qualquer procedimento cirúrgico. Pesquisar a presença de distúrbios da coagulação!! Cada distúrbio tem uma conduta pré-operatória mais direcionada (trombofilias, doença de von Willebrand, deficiências de fatores de coagulação, etc.). ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ MEDCURSO. Cirurgia: preparo pré-operatório, complicações em cirurgia, princípios de anestesia, hérnias da parede abdominal. 2022.
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