Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Clínica Cirúrgica, VII° Balanço Hídrico Seja por choque, infecção generalizada, queimadura, perda patológica de líquidos corpóreos ou o pós-operatório em si, o equilíbrio hídrico do paciente se perde. Se a agressão for grande os mecanismos compensatórios não conseguem reestabelecer o equilíbrio corpóreo. Em resposta à agressão, o líquido sai das células para o meio extracelular e sai do interstício para os vasos sanguíneos a fim de manter a volemia. Os cristaloides são os fluidos mais empregados no pós-operatório. A manutenção para um paciente de 70 kg é de 100 mL/h de soro glicosado a 5% com associação de soluções contendo eletrólitos como sódio e potássio; isso pode ser obtido com a administração de: 1000 mL de soro a 5% + 10 mL de NaCl a 20% + 10 mL de KCl a 19,1% a cada 8 horas. OBS.: a expansão volêmica (assim como demais cuidados pós-operatórios) é baseada no procedimento realizado; em paciente com obstrução intestinal, isquemia intestinal ou perfuração de víscera por exemplo, realiza- se cerca de 7 a 10 L de fluidos nas primeiras 24h. Hipovolemia Decréscimo no volume intravascular. A monitorização da volemia inclui análise dos sinais vitais, estado mental e débito urinário – se o paciente está com sonda vesical, o decréscimo da diurese pode ser detectado isoladamente. A monitorização invasiva se torna um instrumento de grande valia: realiza medidas do compartimento intravascular. O cateter central Swan-Ganz realiza a medida da pressão na artéria pulmonar. Seu uso junto de um cateter central para medida da pressão venosa central permite calcular o débito cardíaco e pressão de enchimento ventricular esquerdo. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! A correção de distúrbios da volemia deve ser iniciada sempre com expansão volêmica seriada e avaliação clínica. NÃO utilizar diuréticos por regra, reservar a pacientes com IR e/ou IC. Sódio urinário, ecocardiograma e níveis séricos de lactato são outras técnicas úteis de volemia. Hiponatremia Na maioria das vezes é dilucional, pelo excesso de água livre no espaço intravascular. É possível que o paciente seja normo, hipo ou hipervolêmico na presença de hiponatremia. No pós-operatório geralmente o excesso de água livre, utilizando fluidos hipotônicos; os níveis de ADH não caem pelo estresse cirúrgico/lesional. Como não são eliminados pelo rim, há a hemodiluição do plasma. NÃO ADMINISTRAR FLUIDOS HIPOTÔNICOS: soro 0,9% diluído em água destilada ou soro glicosado!!! Pacientes com hiponatremia euvolêmica e assintomáticos: apenas restrição hídrica; Pacientes com perdas crônicas: tratar lentamente com soluções salinas convencionais (ringer lactato ou soro fisiológico a 0,9%); Hipernatremia Há duas causas de hipernatremia. A primeira é a sobrecarga excessiva de sal (reposição com soluções hipertônicas), e a segunda é a perda de quantidades excessivas de água ou de líquido hipotônico (perdas pela pele no grande queimado, perda renal aumentada no dano renal ou diabetes insipidus). Hipernatremia causada por perda aumentada de água: tratar com a reposição do déficit de água; Líquido extracelular e volume plasmáticos normais ou aumentados + sobrecarga de sódio: remoção do sódio com diuréticos e reposição com fluidos hipotônicos. OBS.: lembrar de diminuir o sódio plasmático numa velocidade menor que 2 mEq/h (3 segundo algumas literaturas). PARA MAIS DETALHES SOBRE CORREÇÃO ELETROLÍTICA: consultar resumo MARC 7 – “Distúrbios Ácido Básicos & Hidroeletrolíticos” 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Importante lembrar que: hiper e hiponatremia NÃO SÃO DISTÚRBIOS DO SÓDIO, mas distúrbios da água!!! Dieta Gira em torno de 25 kcal/kg de peso corpóreo em média – pode ser maior em crianças e menor em idosos. Em Politrauma a necessidade calórica sobe: 30 a 35 kcal/kg e, em queimados com comprometimento acima de 50% da área corpórea, para 40 kcal/kg. As necessidades de proteínas basais variam de 0,65 a 1 g/kg em adolescentes e 2 g/kg em crianças. A dieta varia muito conforme a cirurgia realizada. Cirurgias abdominais e pélvicas: inicialmente em dieta zero; ingestão oral primeiro de líquidos iniciada quando há ruídos intestinais e eliminação de gases. Se líquidos forem tolerados, progredimos para dieta pastosa até a sólida. Se dieta oral não for possível, iniciar suporte nutricional por via enteral ou parenteral. SEMPRE priorizar a alimentação por via oral, se não for possível priorizar por via enteral e por fim parenteral se necessário. Nutrição enteral. Nutrição enteral. Nutrição parenteral. O apoio nutricional, por meio da terapia parenteral, está indicado nas condições desfavoráveis do tubo digestivo, como grandes ressecções intestinais, fístulas entéricas e pancreatites graves, entre outras. Quando for realizar o desmame da alimentação parenteral, manter solução glicosada de 10% para adaptação gradual do organismo e diminuir hiperinsulinemia. Lembrar de cuidar da glicemia do paciente, mantendo-a abaixo de 110 mg/dL sempre (ou <140 segundo alguns estudos). No pós-operatório pode- se utilizar hipoglicemiante oral se necessário e antes disso realizamos o controle com insulina subcutânea conforme a glicemia capilar. Controle da Dor no Pós-Operatório Nos casos de anestesia epidural, podemos utilizar um cateter para proporcionar o bloqueio da dor por vários dias após a operação. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! As medicações sistêmicas utilizadas para a dor no pós-operatório incluem os opioides, os anti-inflamatórios não esteroides e outras drogas narcóticas. Escala Analgésica da Dor - OMS https://multisaude.com.br/artigos/manejo-da-dor-com- cateter-peridural-ou-epidural/ Sugestões: Analgésicos não-opioides: Paracetamol 500-1.000 mg, VO, 6/6 h e/ou Dipirona 500-1.000 mg, VO/IV, 6/6 h e/ou AINEs Antes do uso de AINEs, sempre levar em consideração o perfil hematológico, gastrointestinal e renal do paciente. Cetorolaco - Pacientes 10-30 mg, IV, 6/6 h, até um máximo de 90 mg/d, por não mais de 5 dias. Pacientes >65 anos ou com doença renal crônica (DRC): 10-15 mg, IV, 6/6 h, até dose máxima diária de 60 mg, por não mais de 5 dias e/ou; Cetoprofeno - 100 mg, VO/IV, 8/8 h e/ou; Diclofenaco - 50 mg, VO, 8/8 h e/ou Ibuprofeno - 600 mg, VO, 8/8 h e/ou; Indometacina 50-200 mg/d - Em pacientes com dor noturna persistente e/ou rigidez matinal, pode ser útil a dose de até 100 mg ao deitar-se para proporcionar alívio e/ou; Tenoxicam 20 mg, VO, 1x/d. Na dor pós- operatória, a dose recomendada é de 40 mg, uma vez ao dia, durante 5 (cinco) dias e, nas crises agudas de gota, a dose recomendada é de 40 mg uma vez ao dia, durante 2 (dois) dias e, em seguida, 20 mg diários durante os próximos 5(cinco) dias; Meloxicam - Em caso de artrite reumatoide (AR), 15 mg 1x/d. De acordo com a resposta terapêutica, a dose pode ser ajustada para 7,5 mg, 1x/d. Para osteoartrites, a dose deve ser de 7,5 mg 1x/d. Se necessário, a dose pode ser ajustada para 15 mg, uma vez ao dia. Para pacientes com DRC, a dose diária não deve ultrapassar 7,5 mg. Opioides fracos Codeína - 15-60 mg, VO, 6/6h e/ou Tramadol - 50-100 mg, VO/IV, 6/6 h. A dose máxima diária recomendada, independentementeda via de administração, situa-se em 400 mg/d. Opioides fortes Morfina - 1-2 mg, IV, com intervalo de 10-15 min entre as doses até obter o controle da dor. Por via SC, 3-5 mg, com início de ação mais lento, porém com duração mais prolongada. Para uso em intervalo fixo, recomendamos 2-3 mg, IV, até 4/4 h ou 10-30 mg, VO (cada 1 mL da solução contém 10 mg de sulfato de morfina que corresponde a 32 gotas), 4/4 h; Fentanil - Em pacientes virgens de opioide, a dose mais baixa de fentanil transdérmico, de 25 mcg/h (adesivos de 10 cm², via TD, 1x/d), deve ser usada como dose inicial. A avaliação inicial do efeito analgésico máximo do fentanil transdérmico não pode ser feita antes de 24 h de uso do adesivo. Se a analgesia é insuficiente após a aplicação inicial, a dose pode ser aumentada após 3 dias. A titulação das doses deve ser feita normalmente com aumentos de 25 mcg/h. Profilaxia de Trombose Venosa Profunda Lembrar da tríade de Virchow: lesão endotelial, estase sanguínea e hipercoagulabilidade. https://multisaude.com.br/artigos/manejo-da-dor-com-cateter-peridural-ou-epidural/ https://multisaude.com.br/artigos/manejo-da-dor-com-cateter-peridural-ou-epidural/ 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Primeiro definimos o risco do paciente desenvolver TVP no pós-operatório para definir as medidas de prevenção. Lembrar dos escores de Pádua (para pacientes clínicos) e de Caprini (para pacientes cirúrgicos). Escore de predição de Pádua Risco alto: >ou= 4 0-4: baixo risco; 5-8: risco moderado; >ou= 9: alto risco. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! As medidas profiláticas não farmacológicas são: meias elásticas de compressão, dispositivos pneumáticos de compressão e a deambulação precoce. As medicações mais comuns utilizadas são: heparinas não fracionadas e de baixo peso molecular. 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Cuidados com Drenos, Sondas e Tubos Sonda Nasogástrica É indicada para remover líquido e gases do estômago ou conteúdos que possam impedir a passagem de ar para os intestinos. Tomar cuidado com as possíveis complicações: ulceração e necrose de asa nasal, respiração oral, interferência na ventilação, esofagite distal e complicações infecciosas. Presença de conteúdo fecal na SNG?!? Avaliar possível oclusão intestinal!!! A retirada da sonda dependerá da função para a qual foi decidida sua colocação. Se o objetivo era descomprimir conteúdo gastrintestinal, retira-se quando não for mais necessária: reestabelecimento do trânsito gastrintestinal (presença de flatos e fezes, abdome não distendido, ausência de dor abdominal, fezes “limpas”). Drenos Abdominais Os drenos são colocados para impedir o acúmulo de fluidos. Terapeuticamente são utilizados para escoamento de líquidos acumulados. As secreções são direcionadas para os reservatórios, e é possível avaliar a coloração e o aspecto delas. Por serem um corpo estranho podem provocar resposta tecidual. Além disso permite o acesso de bactérias - curativos cuidadosos, trocas frequentes e remoção do dreno, sempre que possível, reduzem a possibilidade de infecção significativa. NÃO SE COLOCA O DRENO PELA INCISÃO CIRÚRGICA. Se um dreno foi posto profilaticamente, para evitar possível ascite e afins, o retiramos assim que não há mais drenagem significativa. Se for terapêutico, são mantidos no local enquanto drenam quantidade significativa de secreção. Quando a drenagem cessa ou o seu débito está diminuindo, tracionam-se alguns centímetros, progressivamente, todos os dias. Isso faz com que o local do dreno cicatrize de dentro para fora progressivamente. Os drenos intraperitoneais, chamados de profiláticos, após anastomoses gastrintestinais, devem ser posicionados adjacentes a anastomose a ser monitorizada. No caso de deiscência de sutura, esses drenos têm função tanto diagnóstica quanto terapêutica: diagnóstica por propiciar extravasamento de secreções gastrintestinais e terapêutico por que todo efluente ganha o meio externo sem contaminação da cavidade. Quanto retirá-los?!? - Se não houver deiscência: 5 a 7 dias; - Se houve deiscência e/ou fístula enterocutânea: após 15 dias de cirurgia. Dreno de Via Biliar - Kehr Sua colocação é indicada no colédoco para descompressão e drenagem biliar. Indicado após a exploração do colédoco, coledocolitotomia (abertura cirúrgica do colédoco) ou casos de colangite. Drenos Torácicos Tubos de drenagem intrapleural são colocados em casos de traumatismo torácico e após qualquer cirurgia intratorácica de magnitude. Removem fluidos, sangue e ar extrapleural. O calibre do dreno e a quantidade dependem do tipo de cirurgia. Deve ser mantido conectado em sistema fechado “em selo d’água” para drenagem valvular. Os drenos são removidos quando está aparente que o pulmão está bem expandido, que não existe escoamento de ar da ferida ou do pulmão e quando se aspiram menos de 2.000 mL de líquido em um período de 24 horas. Os drenos são removidos com a inspiração mantida, e, para tanto, deve-se solicitar ao paciente que inspire profundamente e prenda a 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! respiração — Valsalva. Um curativo local é feito imediatamente sobre a ferida, já preparado anteriormente, logo que o tubo é removido, e permanece no local por 48 horas. Índices de Gravidade O APACHE 2 é um sistema de classificação que determina os índices de gravidade de um paciente internado em uma UTI. Recomendado pelo Ministério da Saúde, o índice é calculado a partir da soma de 12 critérios clínicos, fisiológicos e laboratoriais que determinam a criticidade do quadro e o risco de óbito nas suas primeiras 24 horas de UTI. https://www.msdmanuals.com/medical- calculators/ApacheScore-pt.htm; link calculadora escore Apache 2! O sistema prognóstico SAPS 3 foi recentemente desenvolvido em coorte mundial e é composto de 20 diferentes variáveis facilmente mensuráveis na admissão do paciente à UTI. Lembrar de estar sempre realizando a pesquisa de sepse no pós-operatório! O escore para tal é o SOFA (revisar resumo MARC 6 para mais detalhes). Complicações Respiratórias Atelectasia É a mais comum das complicações pulmonares pós-operatórias. Aparece mais frequentemente nas primeiras 48 horas após a cirurgia – geralmente é autolimitado, mas após 72 horas podem provocar pneumonia. A atelectasia costuma se manifestar por febre, taquipneia e taquicardia, além de tosse produtiva e com rolhas associadas à diminuição de murmúrios pulmonares. Atelectasia no lobo inferior esquerdo (próximo à silhueta cardíaca). Aspiração Pulmonar A aspiração de conteúdos da boca e do estômago é mais comum em pacientes sedados ou com outras causas de rebaixamento do nível de consciência. Sondas nasogástrica endotraqueais e drogas que deprimem o SNC predispõem à aspiração – DRGE, alimento no estômago ou posição do paciente fazem esses riscos aumentarem. A taxa de mortalidade para aspiração maciça pulmonar e subsequente pneumonia é de aproximadamente 50%. Síndrome de Medelson: lesão pulmonar produzida pela aspiração do fluido gástrico. Aspiração de material sólido resulta em obstrução aérea; aspiração de líquidos com ph <2,5 resultam imediatamente em pneumonite química. A aspiração pode ser evitada com medidas preventivas,como jejum adequado na véspera da cirurgia, posicionamento adequado do paciente na mesa cirúrgica e no leito e cuidados durante a intubação endotraqueal. Antibióticos devem ser empregados nas situações de aspiração de grande volume. TEP Qualquer indivíduo com gasometria arterial que apresente paO2 inferior a 70 cmH2O é https://www.msdmanuals.com/medical-calculators/ApacheScore-pt.htm https://www.msdmanuals.com/medical-calculators/ApacheScore-pt.htm 9 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! suspeito quanto a tromboembolismo. Alterações eletrocardiográficas associadas à embolia pulmonar não são diagnósticas e incluem as inversões de onda T e alterações inespecíficas do segmento ST. Corcova de Hampton: colabamento alveolar que segue à interrupção do fluxo pelas artérias pulmonares causando um defeito em forma de cunha na base da pleura. https://pt.slideshare.net/flaviasmatos/aula-tep-slideshare. Ocasionalmente, quando êmbolos muito grandes obstruem ramos da artéria pulmonar principal, pode haver interrupção abrupta dos ramos vasculares pulmonares no lado afetado, formando uma imagem de vazio, em cunha, conhecida como oligoemia focal de Westermark. O D-dímero, ainda que possa estar aumentado em várias situações, praticamente exclui embolia pulmonar quando normal, chegando a 100% de valor preditivo negativo. Qual exame padrão-ouro na TEP? Angiografia! Os pacientes com embolia pulmonar necessitam de máscara facial de pressão para auxiliá-los na oferta basal de oxigênio ou, em casos mais graves, intubação orotraqueal. Estar atento à possibilidade de embolia gordurosa (cuidado com nutrição parenteral e transfusão) e edema pulmonar. Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo Desenvolve-se após trauma ou sepse. Fatores de ativação da coagulação e agentes inflamatórios são liberados na presença de lesões teciduais extensas ou em tecidos corpóreos infectados. Tais fatores determinam resposta inflamatória local e generalizada intensa devido à disseminação dos seus elementos pela microcirculação e circulação geral. Esses elementos bioquímicos lesam a parede do endotélio, e o plasma extravasa dentro do interstício; no caso do pulmão, dentro do alvéolo. O edema pulmonar resultante impede a ventilação e a oxigenação. Se o processo for tratado prontamente desde o início da resposta inflamatória, há total regressão das alterações teciduais. Derrame Pleural e Pneumotórax Pequenos derrames pleurais são comuns após a cirurgia – no geral são autolimitados. Mas em grande quantidade ou no pós-operatório deve alertar para possíveis abscessos intracavitários ou pancreatite. O tratamento consiste em tratar a condição de base que levou à formação do derrame e na toracocentese aliviadora. As principais causas de pneumotórax no pós-operatório são barotrauma (especialmente nos pacientes em ventilação mecânica sob pressão) e punção iatrogênica durante acesso venoso central. https://pt.slideshare.net/flaviasmatos/aula-tep-slideshare 10 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Quando não há DP associado, o tratamento pode ser feito com drenagem pelo sistema de válvula de Heimlich. https://enfermagemilustrada.com/valvula-de-heimlich/. Complicações da Ferida Operatória Hematoma É uma coleção de sangue dentro da ferida fechada. Tosse persistente ou crises de hipertensão no pós-operatório podem contribuir. Os hematomas determinam a elevação com coloração da ferida, afastamento de suas bordas, desconforto e secreção local. O tratamento consiste em evacuação dos coágulos em condições estéreis, ligadura dos vasos e fechamento primário da ferida. Seroma Resulta do acúmulo de gordura e linfa liquefeitas. Aqueles localizados abaixo da pele podem ser evacuados por aspiração com agulha em condições estéreis. Se ocorrer o vazamento contínuo de fluidos na ferida, será necessária a ligadura dos vasos linfáticos para o controle local. Deiscência da Sutura Pode ser total ou parcial de qualquer camada. A ruptura de todas as camadas da parede abdominal e a extrusão de vísceras abdominais são chamadas de evisceração. Os três fatores de risco mais importantes são: técnica cirúrgica inadequada, aumento da pressão intra-abdominal e deficiência na cicatrização. As principais causas de aumento da pressão intra-abdominal são obesidade, distensão de alças por íleo paralítico, ascite ou tosse e síndrome compartimental abdominal. Uma medida preventiva é o fechamento de uma das camadas com sutura contínua e das demais camadas. Houve evisceração?!? Cobrir imediatamente as alças com compressas úmidas e mornas, iniciando-se cobertura antibiótica imediata, seguida de transferência para o centro cirúrgico e, sob anestesia geral, inventário de toda a cavidade abdominal, lavagem exaustiva com fluidos aquecidos, debridamento de tecidos desvitalizados, drenagem de eventuais abscessos e preparação de nova sutura com fios inabsorvíveis e de espessura maior. https://enfermagemilustrada.com/valvula-de-heimlich/ 11 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Infecção de Ferida Febre que aparece após o quarto dia de pós-operatório é comumente causada por infecção de ferida, devido aos germes entéricos ou estafilococos. O paciente pode apresentar taquicardia, calafrios, mal-estar e leucocitose. A inspeção cuidadosa da ferida revela sensibilidade acentuada e celulite peri-incisional. Nas infecções estafilocócicas, há vermelhidão mais evidente, edema, temperatura cutânea elevada, e, frequentemente, podem ser palpadas áreas de flutuação. O primeiro passo para o tratamento das infecções de feridas é a drenagem adequada, a qual requer abertura ampla da ferida infectada. Antibióticos sistêmicos são utilizados quando há piora progressiva local + sintomas clínicos gerais. Deiscências Anastomóticas A deiscência de uma anastomose entre dois órgãos ocos é uma das complicações mais sérias que um cirurgião pode encontrar. O extravasamento de líquidos carregados de bactérias leva à formação de abscessos locais e fístulas, ruptura da anastomose, deiscência da parede abdominal, sepse e até mesmo morte. Como evitar?!? O órgão a ser tratado deve ter suprimento sanguíneo adequado até a borda da anastomose, e a sutura, ser livre de tensão e com técnica adequada. A largura dos lumens dos órgãos a serem conectados deve ser igual e obtida por meio de uma variedade de técnicas. Os pacientes geralmente desenvolvem febre, dor abdominal, mal-estar, íleo paralítico, recusa alimentar ou vômitos pós-prandiais e uma incapacidade geral de se recuperar. O diagnóstico deve ser considerado na presença de grandes coleções de líquido, níveis hidroaéreos em uma cavidade com abscesso, grande quantidade de líquido livre na cavidade peritoneal ou grande quantidade de ar livre (pneumoperitônio). Anastomose gastrintestinal: pode ser passível de tratamento clínico, desde que obedecidos alguns critérios: não haver contaminação da cavidade (como peritonite ou abscessos); não ter continuidade da mucosa gastrintestinal com a pele; não haver obstrução distal à anastomose; não ser de alto débito (maior que 500 mL em 24 horas); e ter constituído um trajeto cutâneo com saída de todo efluente ao meio externo; Deiscência anastomótica nos cólons: realiza-se uma colostomia e cria-se uma fístula mucosa em uma zona antes da ostomia — trata-se de uma segunda abertura do coto distal do intestino após realização de colostomia temporária: enquantoo estoma do intestino a montante elimina fezes, a abertura do intestino a jusante apenas apresenta exteriorização de muco. Nas situações em que a deiscência é pequena, com uma fístula controlada, não havendo obstrução a jusante, sem contaminação da cavidade e sem continuidade da mucosa com a pele, pode ser utilizado o tratamento conservador até que cesse a drenagem do líquido. Se o paciente não estiver séptico, deve-se mantê- lo em jejum e instituir nutrição parenteral. Complicações Urinárias Infecção Pós-Operatória do Trato Urinário Os portadores de obstrução urinária e que apresentam dilatação do sistema pielocalicial devem ser submetidos à passagem de cateter uretral para alívio do regime de hipertensão (cateter duplo J). Nas infecções urinárias no pós-operatório, os germes mais comuns envolvidos são as bactérias entéricas Gram negativas. O local de infecção é, geralmente, a bexiga (cistite). 12 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Os sintomas incluem disúria, calafrios, aumento da frequência da micção e dor que se localiza sobre a área de infecção. Complicações Intracavitárias Hemoperitônio O hemoperitônio pós-operatório, condição aguda e de rápida evolução. O hemoperitônio, geralmente, torna-se aparente dentro de 24 horas após a cirurgia. Manifesta-se por taquicardia, queda de pressão arterial, queda do débito urinário e vasoconstrição periférica. Se o sangramento persiste, podem surgir febre e dor abdominal mais intensa. Mudanças no hematócrito não são geralmente evidentes nas 4 a 6 horas iniciais do quadro. Expansão volêmica deve ser administrada tão logo seja possível enquanto se inicia a investigação diagnóstica. Se a hipotensão ou outros sinais de hipovolemia persistirem, deve ser feita reoperação. Síndrome Compartimental Abdominal É definida pela elevação persistente da PIA acima de 20 mmHg, associada à falência orgânica não presente previamente. Valores entre 12 e 20 mmHg: permitem reavaliação volêmica e otimização hemodinâmica; Valores entre 21 e 25 mmHg: se associados à repercussão sistêmica grave há indicação de laparotomia descompressiva; Valores acima de 25 mmHg: indicação de laparotomia descompressiva. Complicações Gastrintestinais Distúrbios da Motilidade Na maioria dos casos o peristaltismo retorna 24 horas após cirurgias que não invadem a cavidade abdominal. Após a laparotomia, o peristaltismo gástrico retorna em 48 horas. Medicações, inflamações, pancreatite, peritonite ou dor podem piorar o íleo pós- operatório. Como reconhecer um íleo adinâmico?!? Há distensão abdominal e ausência de sons intestinais! O que fazer nesses casos? Descompressão gástrica por sonda nasogástrica e hidratação venosa. O retorno fisiológico do peristaltismo manifesta-se com cólicas abdominais, eliminação de flatos e retorno do apetite. Existem ainda algumas outras complicações abdominais pós-operatórias: pancreatite, disfunção hepática, colecistite, colite infecciosa por Clostridium difficile, úlcera de estresse e abscessos hepáticos. Rabdomiólise A elevação da creatinoquinase, que se deposita nos glomérulos, pode causar insuficiência renal, com oligúria, coloração acastanhada e grumos. A proteção renal envolve a diurese forçada com hiper-hidratação, alcalinização da urina com infusão de bicarbonato e estímulo diurético com furosemida e manitol. Se a rabdomiólise for causada pela síndrome compartimental, proceder com FASCIOTOMIAS DESCOMPRESSIVAS o mais rápido possível!!! ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ TOGNINI, João Ricardo; BERTOLLI, Eduardo. Capítulo de livro. Complicações Pós- Operatórias. TOGNINI, João Ricardo; Eduardo. Capítulo de livro. Cuidados Pós-Operatórios.
Compartilhar