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CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA Objetivo: Visa otimizar a condição clínica e funcional do candidato à cirurgia, para reduzir a morbimortalidade pós- operatória. CONCEITOS: Tipos de cirurgia: • Eletiva o Cirurgias programadas, há tempo adequado para um bom preparo pré-operatório. o Ex.: cirurgia estética. • Urgência o Temos até 24h. para intervir. o Ex.: apendicite aguda, colecistite aguda. • Emergência o Risco iminente de óbito. Intervenção imediata. o Ex.: choque hemorrágico, FAF, sepse abdominal. Porte cirúrgico: • Pequeno porte • Médio porte • Grande porte (todos os exames complementares) Risco de infecção: • Cirugia limpa o Não há contato de tratao GI, respiratório, ginecológico ou urinário. o Ex.: hérnia inguinal, cirurgias estéticas. o Utilização de ATB profilático em casos de uso de próteses. Ex.: prótese de mama. • Cirurgia potencialmente contaminada o Há exposição dos tratos GI, respiratório, ginecológico ou urinário, porém sem a violação e contaminação. o Ex.: colecistectomia, histerectomia, gastrectomia, cistectomia. o Nesses casos usa-se antibioticoprofilaxia. • Cirurgia contaminada o Há contaminação da cavidade por bactérias no período inferior há 6 horas. o Ex.: FAB com abertura do intestino e vazamento de fezes por 4 horas. o Se indica ATB profilático e dependendo do grau de extensão, faz-se necessário ATB terapêutico. • Cirurgia infectada o Pus, necrose e tecidos desvitalizados na cavidade. o Exposição de bactérias por mais de 6 horas. o Ex.: apendicite aguda com peritonite generalizada. o Usa-se ATB terapêutico e não profilático. AVALIAÇÃO: Etapas da avaliação pré-operatória: 1. História clínica minuciosa 2. Exame físico pormenorizado 3. Se necessário: exames complementares, orientados pelos dados clínicos ATB profilático - até 24h após cirurgia • Cirurgias limpas com prótese. • Cirurgias potencialmente contaminadas. • Cirurgias contaminadas. ATB terapêutico - > 24h. após cirurgia. • Cirurgias infectadas. Escore ASA Classification of Physical Health • Sistema de graduação amplamente utilizado para avaliar a saúde pré-operatória dos pacientes cirúrgicos. Classe I: Ausência de alterações sistêmicas (funcionais, bioquímicas e psiquiátricas) Classe II: Alteração sistêmica leve Classe III: Alteração sistêmica grave Classe IV: Alteração sistêmica grave, com insuficiência funcional instalada Classe V: Doente moribundo Classe VI: Doador de órgãos CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A Anamnese da consulta pré-operaória: • História da doença atual e de seu tratamento. • Tolerância ao exercício. • Última visita ao clínico. • Medicações em uso e história de alergia. • História social (incluindo drogas ilícitas, álcool e tabaco – uso e cessação). • Qualquer condição de doença crônica, particularmente os aspectos cardiovasculares, pulmonares, hepáticos, renais, endócrinos e neurológicos. • Antecedentes anestésicos e cirúrgicos (importando: complicações, dor, náuseas e vômitos, sangramentos, transfusão, febre, reações adversas, tempo de internação, terapia intensiva). • Sangramentos e cicatrização. • Via aérea – Condições de intubação. • História anestésica familiar – complicações. • Acesso venoso, pulsos, local das punções. • Exames complementares. • Necessidade de consultoria. Questionário pré-operatório: • Você alguma vez já sentiu dor ou desconforto no peito? • Você alguma vez já teve dor intensa no peito que tenha durado mais de trinta minutos? • Você frequentemente apresenta inchaço nos pés ou tornozelos? • Você tem dificuldades respiratórias quando: Sobe uma rampa ou escadas? Dorme à noite? • Você costuma ter dor na panturrilha quando caminha? • Você tem chiado no peito? • Você frequentemente tem resfriado, bronquite ou outra infecção respiratória? • Você apresentou um resfriado, bronquite ou outra infecção respiratória nas últimas duas semanas? • Você costuma tossir frequentemente? • Você ou alguém da sua família apresenta problema grave de sangramento tal como sangramento que demora a parar após cirurgia ou ferimentos? • Você fez uso de aspirina/AAS (ou produtos contendo aspirina) nas duas últimas semanas? • Você tem problema de anemia ou toma medicação contendo ferro (sulfato ferroso)? • Você alguma vez apresentou sangramento anormal, como, por exemplo, fezes pretas, ou com sangue, vômito com sangue e/ou sangramento vaginal anormal? • Você ou algum dos seus parentes teve problemas com anestesia? Qual? • Há alguma chance de você estar grávida? Quando você ficou menstruada pela última vez? • Você tem alguma alergia? Quais? • Você é fumante? Quantos cigarros por dia? Há quanto tempo? • Você usa álcool ou outras drogas? • Quais os medicamentos de uso regular? Efeitos da avaliação pré-operatória ambulatorial: • Redução da permanência hospitalar e do período de internação pré-operatório. • Aumento do número de operações ambulatoriais. • Redução em 30% das operações suspensas. • Aumento das internações no mesmo dia do procedimento. EXAMES DE ROTINA PRÉ-OPERATÓRIA: • São realizados com a finalidade de identificar doença não detectada pelo exame clínico, em pacientes assintomáticos e aparentemente saudáveis. • Não há necessidade de exames complementares em todos os pacientes que serão submetidos a cirurgia. • Na hora da solicitação deve ser levado em conta: idade, sexo, comorbidades, alterações detectadas na anamnese e exame físico, cirurgias de grande porte. • ECG: o Para homens > 40 anos. o Para mulheres >= 50 anos. o HAS. o Obesidade. o Ausculta cardíaca sugestiva ou sintoma na anamnese. • RX de tórax: o Para > 60 anos. o Tabagista. CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A o DPOC. o Asma. o Cirurgia torácica/abdome superior. • Hemograma: o Para cirurgias de grande porte. o >= 60 anos. o Cirurgias vasculares e neurológicas. o Sinais de anemia. • Coagulograma (TP, KTTP, plaquetas) o Cirurgias de grande porte. o Cirurgias vasculares, neurológicas e oftalmológicas. o Perda de sangue estimada em mais de 2UI (+-880ml) o História de sangramentos • Creatinina/Glicose o > 70 anos. o IRC o HAS o DM - HbA1c • Glicemia de Jejum o >= 40 anos o DM - hemoglobina glicosilada • Paciente com doenças de base: o Espirometria. o Ecocardiograma. o Cintilografia. o Avaliação com especialista. Exames relevantes para procedimento proposto: • Na maioria das vezes são exames já solicitados para a indicação cirúrgica e definição do procedimento a ser realizado. • Provas hepáticas para colecistectomia. • pH metria e manometria para fundoplicatura. • Estadiamento de neoplasias. Validade dos exames complementares: • Exames radiológicos: 6 meses. • ECG e laboratoriais: 3 meses. CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A MEDICAÇÕES EM USO: • Manter o uso até o dia do procedimento: anti-hipertensivos, insulina e anticonvulsivantes. • Suspender o uso antes do procedimento: o Antiagregantes plaquetários (AAS) - 7-10 dias antes o Gingkobiloba - 7-10 dias antes o Anticoagulantes orais o Antidiabéticos orais (tabela) FATORES DE RISCO DE COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS Pulmonares: • Ligados ao paciente: o Idade avançada (acima 60 anos) o Doença pulmonar obstrutiva crônica o Estado físico (condiçõesclínicas: classificação ASA) o Hábito de fumar o Morbidade cardíaca. ICC o Hipoalbuminemia < 3,5g/dL o Dependência funcional o Hipercapnia: PCO2 > 45 mmHg • Ligados ao procedimento: o Local da cirurgia: especialmente abdominal superior, torácica , neurocirurgia, cabeça e pescoço, vascular e emergência o Técnica anestésica: Anestesia geral, uso de relaxante muscular de longa duração o Duração da cirurgia: acima de 3 a 4 horas • Classificação ASA: o ASAI - 1,2% o ASAII - 5,4% o ASAIII - 11,4% o ASAIV - 10,9% o ASAV - não se aplica CONCLUSÕES: • A execução de procedimentos cirúrgicos implica em riscos relativamente altos de complicações. • A judiciosa avaliação pré-operatória, com ênfase nos dados clínicos, pode minimizar os riscos. • O anestesiologista deve fazer parte da equipe de avaliação pré-operatória. • A avaliação apropriada reduz os custos do tratamento, a taxa de permanência hospitalar e o número de operações suspensas. • A avaliação aumenta a opção pela execução ambulatorial dos procedimentos.
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