Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Atuação do microbiologista na segurança alimentar Quando falamos em microbiologia aplicada, nos referimos a todas as possibilidades de atuação de um microbiologista. Este pode atuar em três principais áreas: na microbiologia clínica, no controle de qualidade e na microbiologia industrial. A microbiologia clínica atua no diagnóstico de doenças infecciosas humanas e o laboratório de microbiologia está inserido dentro do laboratório de análises clínicas. O laboratório de microbiologia pode também realizar controle de qualidade. Quando falamos em controle de qualidade microbiológica engloba várias áreas como: análise de alimentos, da água, do ambiente e de insumos. E por fim, uma outra área de atuação do microbiologista é a microbiologia industrial, que usa o potencial dos microrganismos (ou de substâncias produzidas por eles) na produção de insumos e serviços para a comunidade, como por exemplo o uso de leveduras para a produção de vacinas e o uso de bactéria para produção de insulina recombinante. Em relação à microbiologia de alimentos, nos remetemos à segurança alimentar, que é determinada por uma série de resoluções federais e normas técnicas. As mais citadas são: a RDC nº12/2001 e a norma técnica ABNT ISO 7218:2019 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019; BRASIL, 2001). Quando falamos sobre segurança alimentar temos que levar em consideração que, alguns alimentos são comercializados livres de microrganismos, os produtos comercialmente estéreis, a chamada “Esterilidade comercial”. São aqueles submetidos a tratamento térmico e acondicionados em embalagens herméticas como por exemplo: latas, vidros (conservas), pouches e cartonadas. E há ainda os produtos não-estéreis, que são os perecíveis, que contém carga microbiana aceitável, determinada pela ANVISA (BRASIL, 2001). Nessa resolução é disposto uma tabela com os limites aceitáveis, sendo: n = número de unidades a serem colhidas aleatoriamente; c = número máximo aceitável de unidades de amostras com contagens entre os limites de m e M; m = separa o lote aceitável da qualidade intermediária do lote e o M = É o limite do lote. Valores acima de M são inaceitáveis (BRASIL, 2001). As Unidades de Alimentação e Nutrição (UANs) refere-se a qualquer estabelecimento que desempenha atividades de fornecimento de refeições, que deve fornecer ao comensal (consumidores na alimentação coletiva) além de equilíbrio nutricional, um bom nível de sanidade (condições higiênicas) para garantir a segurança alimentar. As UANs devem seguir rigorosos critérios de controle a fim de evitar qualquer contaminação biológica, física ou química (BRASIL, 2008). Essas contaminações causam as chamadas Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs), que são manifestações sindrômicas relacionadas à ingestão de alimentos ou de água contaminados por microrganismos (bactérias, vírus ou parasitas), toxinas, agrotóxicos, substâncias químicas nocivas à saúde ou metais pesados (OLIVEIRA et al., 2019). A maioria dos surtos de DTAs é causada por bactérias: Escherichia coli, o Staphylococcus aureus, o Bacillus cereus, o Clostridum botulinum, Listeria monocytogenes, a Salmonella spp., a Shigella spp. etc. Sendo que grande parte das infecções e intoxicações alimentares são causadas por enterobactérias, uma vez que as mesmas estão presentes na microbiota intestinal e a falta de higienização adequada aumenta os riscos de contaminação. Porém 60% de todas as DTAs são causadas por técnicas inadequadas de processamento, por isso é necessário realizar periodicamente a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) nas cozinhas industriais. Essa análise inclui avaliação de itens como: qualidade dos fornecedores, recebimento dos alimentos, armazenamento, pré-preparo, preparo e distribuição dos alimentos (BRASIL, 2008; OLIVEIRA et al., 2019). No que diz respeito à coleta, transporte e armazenamento de amostras, há protocolos rígidos a serem respeitados. Os tipos de amostras são amostras de lote e de unidade. Primeiramente, o lote é uma quantidade de alimento produzida numa mesma batelada, sob as mesmas condições, produzida num mesmo intervalo de tempo em uma linha de produção, sem interrupção. Para se avaliar as características de todo o lote é necessário coletar n unidades de amostra, de acordo com o plano de amostragem estatístico. A análise de uma única unidade de amostra não pode ser tomada como representativo do lote. Portanto, as amostras de lote, é uma fração do total produzido, retirada ao acaso, para avaliar as condições do lote. Já as amostras de unidade podem tanto ser alíquotas como todo o conteúdo da embalagem individual. A coleta de amostras, seja da embalagem individual ou de alíquotas, deve seguir rigorosos protocolos de segurança microbiológica a fim de evitar contaminação cruzada. Todos os materiais e utensílios usados na coleta devem ser previamente esterilizados, todos os procedimentos, preferencialmente, devem ser realizados em cabines de segurança biológica. Os analistas devem higienizar as mãos sistematicamente antes de manusear as embalagens e os alimentos.
Compartilhar