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GINEAD SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL Unidade 1 - Previdência social no Brasil UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 2 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD > Analisar e identificar como foi criada a Previdência Social no mundo bem como a importância do reconhecimento desse direito à Seguridade Social, sua composição e origem para os cidadãos brasileiros. Todos os direitos reservados. Prezado(a) aluno(a), este material de estudo é para seu uso pessoal, sendo vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda, compartilhamento e distribuição. 3 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 1 PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL INTRODUÇÃO Esta unidade abordará de que forma ocorreu o início da preocupação estatal com a Previdência Social. No momento em que vivemos, a análise histórica da evolução social trazida pela introdução desse direito social nos permitirá entender melhor os motivos que preocupam tanto governantes quanto cida- dãos brasileiros e mundiais. Historicamente, a proteção aos direitos sociais é recente, tendo em vista que a Constituição Federal de 1988 abordou, em um capítulo único, esses direitos, denominados de segunda geração pela maioria dos doutrinadores. Isso de- monstra que a preocupação estatal em proteger seus cidadãos na velhice faz parte de uma grande evolução, concebida no século passado. Entretanto, é necessário atentar para o fato de que esse marco evolutivo origi- nou-se das grandes necessidades observadas no campo social e o crescente envelhecimento da população. A importância desse tema não está apenas no aspecto histórico, mas no co- nhecimento dos institutos vigentes na atualidade, partindo-se dos contextos e elementos históricos nos quais foram embasados, com a finalidade de acom- panhar o desenrolar dos acontecimentos bem como fazer proveito das experi- ências acertadas de projetos que resultaram em excelentes conquistas. Nesse contexto, podemos compreender a grande importância e o imprescin- dível dever de se descrever e analisar a marcha evolutiva da proteção social. Urge atentar-se para o fato de que os mecanismos de proteção social, nas sociedades pós-modernas, ganham qualidades de direitos e garantias funda- mentais dos indivíduos, sendo consagrados como direitos subjetivos. Assim, não se pode duvidar que esses direitos fundamentais no constitucionalismo moderno possuam força normativa de grau superior e, no nosso ordenamento pátrio, são considerados cláusulas imutáveis, dentro das quais pode se citar os direitos sociais que serão explanados nesta unidade. 4 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 1.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNDO A previdência social tornou-se um tema recorrente depois da votação da refor- ma previdenciária. Ademais, França, Espanha e Alemanha já realizaram suas reformas e aumentaram para 65 anos a idade mínima para aposentadoria. FIGURA 1 - PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNDO Fonte: Plataforma Deduca (2019). O desenvolvimento e o crescimento da população mundial contribuiu para um aumento da preocupação em torno da proteção dos indivíduos e das ne- cessidades sociais que poderiam acometê-lo. Dessa maneira, foram se desen- volvendo técnicas de proteção social que buscavam proteger os indivíduos na realidade socioeconômica em que eles viviam. Deve-se perceber que esse desenvolvimento trouxe preocupação com as con- tingências sociais que geraram necessidades sociais. Logo, no decorrer da his- tória mundial, nota-se um crescente desenvolvimento de técnicas que auxi- liam e resolvem os problemas de cada povo e suas necessidades sociais. Tal fato pode ser observado em cada sistema protetivo dos diferentes países que constituem o globo; oferecer proteção social é uma necessidade do sistema de governo. 5 SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD Uma curiosidade acerca do tema é a crescente necessidade humana, desde a pré-história, de formar grupos para compartilhar alimentos e explorar ambientes bem como se defender de infortúnios. Nesse contexto de proteção, a época pré-histórica deixa claro que a convivência e a preocupação com o grupo é inerente à raça humana. Viver da caça e da pesca, naquele momento, era a base da estrutura familiar, mas aprender a estocar alimentos representa uma preocupação com o futuro. Percebe-se, nesse panorama da pré-história, que as organizações se baseavam simplesmente no instinto de sobrevivência; contudo, as populações lutavam para buscar melhores condições de vida. Assim, o primeiro mecanismo de pro- teção surgiu dessa preocupação humana em se organizar para garantir o fu- turo, evoluindo para conseguir ampliar os mecanismos de proteção e redução dos riscos. FIGURA 2 - EVOLUÇÃO DA PRÉ-HISTÓRIA Fonte: Plataforma Deduca (2019). 6 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD Após esse período da história, pode se notar que na Idade Média ocorreram instituições de regras protecionistas para armadores de navio que passaram a formar fundos para proteção de seus membros; isso pode ser tratado como um embrião de futuros institutos de previdência. Assim, afirma Divino José da Silva (2017): A Seguridade Social não surgiu abruptamente, seja no mundo, seja no Brasil. Ela originou-se na necessidade social de se estabelecer métodos de proteção contra os variados riscos ao ser humano. Em verdade, a elaboração de medidas para reduzir os efeitos das adversidades da vida, como fome, doença, velhice, etc. pode ser considerada como parte da própria teoria evolutiva de Darwin, na parte em que refere à capacidade de adaptação da raça humana para sobreviver. (SILVA, 2017) À medida que a sociedade passou a se desenvolver, ocorreu um aumento da preocupação de proteger os indivíduos das necessidades sociais que pode- riam surgir, lembrando que Seguridade Social inclui previdência, assistência e saúde. Dessa maneira, pode se notar que, com o surgimento dos grupamentos humanos, e, consequentemente, com a sua evolução, os mecanismos de sal- vaguarda contra os riscos existentes também evoluíram. Logo, vamos abordar os primeiros mecanismos de proteção criados: Inglaterra Em 1601, surge, na Inglaterra, a primeira lei previdenciária denominada Poor Law Act, sancionada e emitida pela rainha Isabel I. Estabelecendo uma contribuição obrigatória, arrecadada da sociedade e administrada pela Igreja (por meio de suas paróquias), criou-se um pacote para combater a miséria no país, que teria como propósito a manutenção de um sistema protetivo em favor dos necessitados e das pessoas carentes, especialmente crianças, velhos, inválidos e desempregados. Nesse contexto, arrecadava-se dinheiro entre todos aqueles que pudessem contribuir e o destinava para viabilizar a aprendizagem das crianças, melhorando a empregabilidade delas, a especialização para pobres sem cursos, para o atendimento dos inválidos em geral. Tal lei marca o início da proteção social no mundo, posto que esta tem exatamente esse papel, ou seja, atender às pessoas necessitadas que não têm como providenciar o seu sustento. 7 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD França Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, e com uma questão estritamente social (considerada direito de todos), iniciando a universalização do sistema. Dispôs o Art. 21 que: [...] os auxílios públicos são uma dívida sagrada. A sociedade deve a subsistência aos cidadãos infelizes, quer seja procurando-lhes trabalho, quer seja assegurando os meios de existência àqueles que são impossibilitados de trabalhar. (BRASIL, 1793) Assim, verifica-se que a proteção assistencial passou, progressivamente, a ser institucionalizada. Alemanha Em 1883, o Estado alemão conferiu proteção social, criando o seguro- doença custeado por patrões e empregados. O objetivo primordial desse projeto era enfraquecer movimentos socialistas que tinham apoio popular. Após o Seguro-Doença, ocorreu também o Seguro Contra Acidentes deTrabalho (1884) e o Seguro de Invalidez e Velhice (1889). O financiamento desses seguros era tripartido, mediante prestações do empregado, do empregador e do Estado. Constata-se que, em vários lugares do mundo, foram surgindo normas jurí- dicas de proteção social. O objetivo dos seguros sociais de Bismarck era o de transformar o benefício previdenciário em direito subjetivo do trabalhador. As- sim, a Lei de Bismarck é considerada o marco inicial da previdência no mundo, dado que, nesse momento, ela contém as regras básicas do sistema previden- ciário no mundo que são compulsoriedade e filiação de natureza contributiva. No entanto, no Brasil, após seu descobrimento, em 1500, o povo e sua base estrutural foi se desenvolvendo ao longo dos tempos. 8 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD FIGURA 3 - SURGIMENTO DAS NORMAS BRASILEIRAS Fonte: Plataforma Deduca (2019). Dessa forma, em 1543, surgiram as primeiras manifestações acerca do tema Seguridade, resultando na criação da primeira Santa Casa de Misericórdia. O responsável pela criação da Santa Casa de Misericórdia foi Brás Cubas – fidalgo português –, criando a primeira Santa Casa na atual cidade de Santos, conside- rada a primeira instituição assistencial do nosso país. No entanto, surge, em 1808, o Montepio, com conceitos mais claros sobre apo- sentadoria, para a guarda de Dom João VI. De acordo com Romano (2017): As formas de montepios são as manifestações mais antigas de Previdência Social. Montepios são instituições em que, mediante o pagamento de cotas, cada membro adquire o direito de, por morte, deixar pensão pagável a alguém de sua escolha. O primeiro montepio surgiu em 22 de junho de 1835, o Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral), que funcionou através de mutualismo, ou seja, um grupo de pessoas associou-se e contribuiu, a fim de que fosse formado um fundo para a cobertura de determinados infortúnios. (ROMANO, 2013. p.30) Dessa forma, no Brasil, a ideia de Seguridade surgiu com os “socorros públi- cos”. Isso originou-se conforme previsto na Constituição de 1824. Tais ativida- des eram desenvolvidas pela iniciativa privada, com colaboração das Santas Casa de Misericórdia, como acontecia em Santos em 1553. 9 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD Na questão previdenciária, primeiramente, surgiu o Montepio Geral dos Ser- vidores do Estado instituído em 1853 de caráter privado e, posteriormente, a Constituição de 1891 estabeleceu expressamente a aposentadoria por invali- dez aos funcionários a serviço da nação. Com a Constituição brasileira de 1891, surgiram instrumentos normativos in- fraconstitucionais importantes, tais como o Decreto n. 9.284/1911, que criou a Caixa de Pensões dos Operários da Casa da Moeda, e o Decreto n. 3.274/1919, que regulou as obrigações resultantes dos acidentes no trabalho. A transição da simples beneficência para a assistência pública, no Brasil, demorou aproximadamente quase três séculos, pois a primeira norma sobre assistência social só veio imprimida na Constituição de 1824. A Constituição Imperial de 1824 foi a primeira manifestação legislativa brasileira que falou sobre assistência social, que previa no Art. 179, inciso XXXI: Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte: […] XXXI. A Constituição também garante os socorros públicos (BRASIL, 1824) A Constituição de 1891 traz o termo aposentadoria em norma constitucional que prevê a aposentadoria dada aos funcionários públicos em caso de invali- dez no serviço da Nação. Ocorre que, em 1919, inicia-se, no Brasil, a legislação que trata de acidentes do trabalho. Após isso, observa-se a criação do marco da Previdência Social no Brasil em 1923, a Lei Eloy Chaves é publicada – Decre- to Legislativo n. 4.682, de 24 de janeiro – e foi nomeada assim em referência ao nome do autor da proposta, o deputado Eloy Chaves. 10 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD FIGURA 4 - SURGIMENTO DA PREVIDÊNCIA Fonte: Plataforma Deduca (2019). Essa referida lei foi responsável pela criação da Caixas de Aposentadoria e Pen- sões (CAP) para os ferroviários, marcando fortemente o início da Previdência Social no Brasil. Tal fato contribuiu para que surgissem outras normas regula- mentando os demais setores da economia no país, como portuários, serviços, indústria, telégrafos etc., surgindo uma CAP para cada empresa que gerencia- va e controlava as participações de seus próprios empregados. Era, enfim, uma administração colegiada ou gestão compartilhada como existe ainda hoje. As- sim, a Lei Eloy Chaves criou e diversificou os institutos de previdência como Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), unificando às CAPs que era uma empresa em um instituto que abrangia toda a categoria profissional. Em 1933, surgiu o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM); na sequ- ência, tivemos os Comerciários, Bancários, Industriários, e assim por diante. Os Institutos eram autarquias públicas em âmbito nacional. Em 1934, foi promul- gada uma nova Constituição Federal, que criou a obrigatoriedade do Custeio Tripartite e a noção do “risco social” (doença, invalidez, velhice e morte). 11 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD 1.3 TRABALHO E RISCO SOCIAL Para a compreensão do que significa risco social no trabalho, devemos com- preender a sociedade atual sob enfoque nas políticas públicas. A sociedade contemporânea passou a se envolver mais diretamente com o risco após os variados avanços tecnológicos. As modificações ocorridas no nosso perfil de sociedade conseguiram resolver um tipo de risco, mas acabaram por criar ou- tros mais complexos. Tal fato ocasionou o que chamamos de sociedade de risco. Entretanto, esses riscos alcançam a todos de forma incisiva, cedo ou tarde, todos enfrentaram riscos sociais, ambientais, entre outros desse ramo. Nesse contexto, percebe-se que, com o envelhecimento da população, a Se- guridade Social necessita de novas adequações, de forma que as políticas pú- blicas reduzam os efeitos desses riscos sobre a sociedade. É, ao menos, o que deveria ocorrer com o planejamento e a execução das políticas públicas em matéria previdenciária, de saúde e de assistência social. Para isso, na área da saúde, por exemplo, políticas públicas voltadas aos idosos têm sido desenvol- vidas, com a regulamentação de seus direitos e o estabelecimento de progra- mas de prevenção e atenção a doenças. FIGURA 5 - RISCO SOCIAL Fonte: Plataforma Deduca (2019). 12 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD O risco social de não ter suas necessidades básicas atendidas, como alimenta- ção, vestuário e transporte, pode ser ilustrado nessa pirâmide. No Brasil, exis- tem pessoas as quais nem as necessidades básicas são atendidas como, por exemplo, no campo da assistência social, que vem atuando na identificação das pessoas em situações de vulnerabilidade social, cujo conceito passou por enorme modificação nos últimos anos em decorrência da alteração dos riscos existentes. Enquanto em décadas passadas, havia uma grande preocupação com pessoas de baixa renda, por estarem mais próximas do conceito de vul- nerabilidade social. Mais recentemente, a assistência social passou a dar gran- de importância para o atendimento a casos envolvendo o vício em drogas e álcool, esses diretamente relacionados também a políticas de saúde pública e previdência. O problema com as drogas, no Brasil, já é considerado uma ques- tão de saúde pública. Na Previdência Social, os riscos sociais foram expressamente previstos na Constitui- ção Federal de 1988. Após esta, foram criadas a Lei n. 8.212/91 e a Lei n. 8.213/91, que regulamentaram, respectivamente, questões de custeio e benefícios. Nesse contexto, pode se definir risco como um fato imprevisível e que ocorre-rá no futuro, em momento incerto, com condições de causar dano a alguém. Logo, a Previdência Social, por sua natureza de conceder benefícios ou servi- ços, deve mitigar esses riscos, dando respaldo financeiro ao segurado e seus dependentes caso corra algum fato que por ela deva ser amparado. A Consti- tuição Federal de 1988 afirma o seguinte em seu art. 201: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. (BRASIL, 1988) 13 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD Nesse artigo, a Constituição Federal menciona que os benefícios previdenciá- rios deveriam proteger os segurados em caso de doença, invalidez, morte avan- çada, maternidade e desemprego. Pela Emenda Constitucional 20/98, passou a ser previsto, também, em âmbito constitucional, o salário-família e auxílio- -reclusão para os dependentes de segurados de baixa renda. Para aprofundar o assunto, podemos ler um artigo sobre o risco social e o direito previdenciário em tempo de reforma. Veja no link: SILVA, C. A. F. O risco social e o direito previdenciário em tempo de reforma. Disponível em: https://www.migalhas. com.br/dePeso/16,MI265269,71043-O+risco+social+e +o+direito+previdenciario+em+tempo+de+reforma. Acesso em: 20 nov. 2019. 1.4 DA ASSISTÊNCIA AO DIREITO SUBJETIVO À PROTEÇÃO SOCIAL Alguns eventos, na vida de uma pessoa, como doença, idade avançada, prisão, maternidade, desemprego, invalidez, entre outros, refletem na capacidade la- borativa do indivíduo, alteram sua vida financeira, impedindo-o, de forma tem- porária ou definitiva, de buscar seu sustento, devendo o Estado prever a forma de amparo dele. É conhecida a afirmação segundo a qual o Brasil é um Estado Democrático de Direito. Isso significa afirmar que o Brasil respeita direitos hu- manos e garantias fundamentais. Em nossa atual conjuntura, percebemos um Estado que visa à proteção da população, ofertando serviços de saúde gratuita- mente, benefícios assistenciais para a população necessitada (como exemplo, o Bolsa-Família), pelo menos, o mínimo, garantindo a dignidade humana e as garantias fundamentais. Dessa forma, temos proteção social. https://www.migalhas.com.br/depeso/265269/o-risco-social-e-o-direito-previdenciario-em-tempo-de-reforma 14 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD FIGURA 6 - ASSISTÊNCIA Fonte: Plataforma Deduca (2019). Assim, a Seguridade Social é formada por um conjunto de ações integradas tanto da sociedade quanto em todos os poderes, com a finalidade de efetivar os direitos relativos à saúde, à assistência e à Previdência Social, formando o arcabouço de proteção social. Esse sistema é alicerçado por princípios e regras, com a finalidade única de dar suporte normativo e estruturado na Constitui- ção, caso resulte em uma ação por parte da sociedade e do Estado no caso de ocorrências contingenciais na sociedade, garantindo ao beneficiário dessa rede de proteção social a preservação dos direitos mínimos e básicos, para que ele sobreviva com dignidade. 15 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD Para aprofundar o assunto, podemos ler um artigo sobre o direito fundamental à segurança social e seu panorama na ordem constitucional brasileira. Basta acessar o link: CARVALHO, O. F. Direito fundamental à segurança social e seu panorama na ordem constitucional brasileira. 2015. Revista do Direito Público. UEL, Londrina, v. 10, n. 3, p. 213- 228 set. /dez. 2015. 1.5 EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL Após a Lei Eloy Chaves, foram criados diversos institutos de aposentadorias até chegar à criação do INSS, em 1993. Resumidamente, pode-se citar: • Década de 1930: Criação do IAP, unificando às CAPS. • Ano de 1933: Criação do Instituto de Previdência dos Marítimos (IAPM). • Ano de 1934: Promulgação de uma nova Constituição Federal, que criou o Custeio Tripartite, com Estado, empregador e trabalhadores contribuindo para o sistema previdenciário, até hoje vigente. • Ano de 1946: Nova Constituição e, nela, surge a expressão Previdência Social, cobrindo eventos morte, invalidez, velhice, doença e maternidade. • Ano de 1960: Publicação da Lei n. 3.807, de 26 de agosto, chamada de Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), unificando, de forma legislativa, as contribuições e os critérios de concessão dos benefícios por aqueles diversos IAPs (denominamos unificação legislativa). • Ano de 1966: Publicação do Decreto-Lei n. 72, de 21 de novembro, ocorrendo a unificação administrativa daqueles diversos Institutos – IAPs, dando origem ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que antecede ao atual Instituto Nacional do Seguro. • Ano de 1977: Surgimento do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), composto por seis órgãos: INAMPS (prestava assistência médica); IAPAS (administração previdenciária, tinha encargo de fiscalizar, cobrar contribuições previdenciárias); INPS (responsável pelos benefícios 16 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD previdenciários); LBA (Assistência Social); FUNABEM (assistência ao menor); e DATAPREV (processamento de dados). O objetivo do SINPAS era a integração das atividades da Previdência, Assistência Social e médica. • Ano de 1988: Promulgação da nossa atual Constituição Federal (CF), surgindo a Seguridade Social, prevista nos arts. 194 a 204, compreendendo um conjunto integrado de prestações de Saúde, de Previdência Social e de Assistência Social, passando as contribuições do Estado a custear essas três áreas. • Ano de 1990: Publicação da Lei n. 8.029, de 12 de abril, que determinou a criação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que resulta da fusão do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e do Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS). O INSS tinha, naquele momento, as atribuições administrativas relacionadas à arrecadação das contribuições sociais previdenciárias e de analisar e conceder os benefícios devidos. • Ano de 1991: São publicadas as leis que tratam da previdência, a Lei n. 8.212, de 24 de julho, que organiza a Seguridade Social e cria o seu Plano de Custeio, e a Lei n. 8.213, de 24 de julho, que criou o Plano de Benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). A Previdência Social, no Brasil, passou por várias mudanças e transformações, como se pode perceber pelos inúmeros acontecimentos demonstrados, resul- tando no sistema previdenciário que temos até hoje. 1.6 PREVIDÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL Após o período de ditadura militar, o Brasil promulgou a sua Constituição de 1988, ainda em vigor, a qual trouxe um capítulo todo que trata da Seguridade Social. Chamada de a “Constituição da Solidariedade e do Bem-Estar Social”, manteve a contribuição tripartite entre União, Estados e Municípios e entre trabalhadores e empregadores, além de dividir três áreas de atuação: Assistên- cia Social, Assistência à Saúde e Previdência Social. Quando de sua promulgação, a Constituição, inspirada pelo Welfare state (Es- tado de Bem-Estar Social), apresentou texto confuso quanto à contribuição da Previdência Social, sendo o texto corrigido poremendas e que ficou da seguinte forma: 17 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) (BRASIL, 1988 Assim, em 1990, a Previdência Social foi assumida pelo INSS, o atendimento médico passou a ser pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, em 1991, a Lei n. 8.213 dispôs sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. A reforma da Previdência Social, em 1998, apresentou emenda à Constituição, estabelecendo a aposentadoria por tempo de contribuição, e não mais por tempo de serviço, assim como os salário-família e auxílio-reclusão passaram a ser devidos apenas ao dependente segurado de baixa-renda. Emendas posteriores vieram para modificar a aposentadoria em relação aos funcionários públicos (Emenda Constitucional n. 41 e 47); e a Lei n. 10.710/03 retirou a obrigação do Estado e passou às empresas a responsabilidade pelo pagamento do salário-maternidade às gestantes durante todo o período de afastamento. Assim, a mudança relevante, na legislação brasileira, em relação à Previdência Social mais recente, até o momento, foi a de 2009, pelo Decreto n. 6.765, o qual instituiu o piso e o teto do benefício previdenciário. 18 GINEAD SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL GINEAD CONCLUSÃO Esta unidade teve como objetivo apresentar a Seguridade Social e sua evolu- ção ao longo do tempo bem como contribuir para uma reflexão sobre o en- velhecimento da população brasileira e a necessidade de se buscar normas e leis que considerem os riscos sociais aos quais nossa população está inserida.