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OITO DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARTE 1 E PARTE 2 1-. Enfatizar o sentido sociocultural dos conhecimentos O primeiro ponto é a ausência de uma perspectiva do contexto social e cultural e do sentido social dos conhecimentos aplicados a vida escolar, ao papel da escola. Não fica claro o papel da escola pra esses professores. É importante que o professor entenda que na sala de aula que ele tem, ele não tem pessoas homogêneas, há uma heterogeneidade. As pessoas vêm de famílias diferentes, com religiões diferentes, isso significa valores diferentes, comportamentos diferentes. Ele precisa adquirir algumas noções de antropologia cultural e situar-se ai, um pouco de sociologia, mas refletir não só sobre a teoria da sociologia, mas como isto se mostra na sociedade como um todo e nas escolas. 2- Definir um perfil profissional claro Essa consciência do ser professor, essa identidade de ser professor ela não está instalada. Essa identidade vai aparecer depois no exercício do magistério, mas não antes como uma proposta profissional. O futuro professor e o professor tem que ter um pouco de noção dessa instituição concreta onde ele vai entrar. Não é atoa que nós temos estudos muito interessantes sobre o professor iniciante, e olha, pode ser alfabetizador, pode ser vindo da matemática, da biologia, do que quer que seja, ele leva um susto quando ele entra na escola porque não se discute no seu currículo a questão da escola. Um aluno de medicina é apresentado ao hospital, ele vai ao hospital, agora um aluno da pedagogia, muitas vezes ele não vai a escola. Dar aula não é uma coisa tão natural assim, você tem que lidar com algumas coisas na realidade escolar. Primeiro claro, você tem que ter um domínio desse conteúdo, e até um pouco mais, pra ser um intelectual medianamente da área pra acompanhar os avanços mas você tem que ter uma boa formação pedagógica pra poder lidar com a sala de aula. 3- Formar formadores de professores Nós não sabemos nada desse pessoal que forma professor. Claro que se você tiver uma grande universidade você sabe que ele é doutor nisso, doutor naquilo, ele tem um currículo lattes. Mas nós não sabemos a formação que ele tem especifica pra trabalhar num curso que forma professor, de onde ele vem. Em geral é muito complicado isso porque mesmo o pessoal que não é de fundamentos, porque de fundamentos o pessoal pode vir de diferentes áreas, é até bom. Mas mesmo o pessoal que vem pras metodologias, para as práticas de ensino, muitos deles nunca entraram numa sala de aula. Eles fizeram o concurso de pedagogia, com mestrado em educação, doutorado em educação e fazem um discurso sobre as práticas. 4- Integrar as áreas de conteúdos Nós não temos dúvida, o pessoal da psicologia social da educação tem discutido isso, você tem uma fragmentação institucional de formação então você não tem assim, uma identificação prévia que te ponha como um ideal, um perfil de profissional. Todos nós é claro, como profissionais depois batemos com o nariz na porta, mas é menos eu acho, que os professores. A realidade é um pouco diferente da nossa formação na graduação. Para o professor isso acaba sendo dramático porque ele vai lidar diretamente com “cabecinhas”, “cabecinhas e corações” e ele fica um tanto quanto perdido nessa situação. Então é uma “ceara” um tanto quanto complicada que mereceria um debate um pouco mais denso, comissões em várias partes do país, pegando o pessoal que está na prática, porque a gente sempre ouve uma dissociação entre os sistemas educacionais e as universidades, elas conversam muito pouco. De um lado você tem o executivo, as secretarias de educação, as superintendências de ensino, as diretorias de ensino que vem de uma formação acadêmica mas tem que lidar com o fogo de cada dia e fazer acontecer e o pessoal acadêmico que tem um conhecimento cientifico, reflexivo mas que não junta a teoria com a prática e nós ficamos discutindo toda hora não precisa juntar a teoria com a pratica, mas eu acho que nós mesmos da universidade não sabemos juntar a teoria com a pratica. 5- Criar uma carreira atrativa Todo mundo fala mal da carreira de professor e é verdadeiro, em raros lugares a carreira é atraente. Ela é atraente aonde? No Distrito Federal ela é atraente, eles tem uma carreira muito boa, aqui em São Paulo já foi atraente, no município de São Paulo, em Roraima ela é muito atraente, porque a carreira é boa, progressão na carreira e o salário também é bom. Mas ela não é atrativa para a maioria dos segmentos sociais hoje, então é complicado porque o salário do professor é um salário que deixa muito a desejar. 6- Favorecer o módulo escolar Você tem um módulo, e eu estou falando uma ideia do “Ipé”, mas que vem sendo discutida a mais de quinze anos. Cada escola tem seu módulo de profissionais então você vai trabalhar naquela escola, esse negócio de você ficar indo de uma pra outra de outra pra uma, não. Você faz um módulo e fica naquela escola, você como um professor de inglês, você pode fazer atividades correlatas culturais, você pode fazer atividades com os alunos de aprendizagens de línguas diversas, porque o professor de inglês ele sempre tem a licenciatura em língua portuguesa, então ele poderia ser o professor da sala de leitura, de orientação de leitura. Então você poderia maximizar a função professor e fixar os professores numa escola ai você poderia pensar num salário mais decente porque você teria uma organização melhor do sistema, nós não temos uma organização melhor do sistema. Mas ai nós teríamos que vencer algumas resistências dos especialistas, porque eu sou especialista e no entanto o que acontece é o que você vê um professor de matemática dá aula também de física, porque também se ele não der não tem professor de física. Tem professor de biologia que da aula de química, ele tem que saber química não é, senão ele não é um bom biólogo também, aquela química pelo menos do ensino médio ele tem que dominar, ele não tem que ser um químico mas pra dominar aqueles assuntos ele domina. Então há uma certa interdisciplinaridade no próprio especialista, então ele poderia responder por uma ou duas disciplinas conforme a sua formação e a sua vocação, tem pessoal de biologia que gosta muito de matemática por causa da genética e também da estatística, poderia dar e assumir num módulo escolar, mas se nós pensássemos na escola como uma unidade de ensino e com seu módulo de profissionais docentes e funcionários. 7- Orientar o melhor currículo Também a escolha dos conteúdos curriculares, como nós não temos nada que diga respeito ao currículo mínimo de formação de professores, nós temos diretrizes curriculares, e foi uma opção que vamos chamar de democrática, democratizante, ter diretrizes gerais que nós tínhamos currículo mínimo até o começo da década de noventa ai se optou pra ter diretrizes gerais e deixar que as instituições escolhessem os seus caminhos. Todo mundo tem muito medo de cair num prol de disciplinas e isso depois vai virar uma camisa de força, porque você nomeia uma disciplina que amanhã não tem mais sentido, mas existe uma oportunidade intermediária você nomear, por exemplo, temas importantes, temas importantes de serem abordados e ai você define a disciplina em que aqueles temas podem ser abordados. Eu acho que essa é uma solução intermediária. 8- Planejar o fornecimento de insumos A última questão é justamente a precariedade dos insumos para o trabalho docente. Material para as escolas em geral ele é jogado nas escolas, talvez agora comece a mudar. Então você manda um laboratório pra escola se você for na escola procurar laboratório pode ser que você não ache, ele esta embaixo da escada empacotado. Primeiro porque o diretor não quer que quebre as coisas do laboratório, segundo porque o professor de ciências: “ah não vou dar aula de laboratório porque dá muito trabalho”, isso é verdadeiro enão tem tempo pra isso, precisa de um tempo. Enfim, a biblioteca, as escolas não tem bibliotecário tem as vezes um professor responsável então a biblioteca tá lá mal formada, mal estruturada, mal numerada. E outros materiais, as escolas recebem muito material pra planejamento de ensino, mas você não vê a utilização desse material. Também o professor ele não é repositório de todos os problemas da sociedade, então assim, vão lá o pessoal da sexualidade então material pra educação sexual, joga na cabeça do professor ai chega outro combate a aids, outro combate a dengue, o outro meio ambiente. Bom, o professor recebe uma avalanche de material o que que ele faz? O que qualquer um de nós faríamos: “pelo amor de Deus não aguento, deixo de lado e vou dar minha aula”, então a entrada de insumos para o trabalho docente deveria ser uma coisa que seria de politica educacional, bem dirigida, com parcerias porque o estado não aguenta tudo, o município não aguenta, sai com parcerias pra que tivesse um efeito e um tempo de apropriação. Então são oito questões ai tanto de um lado para a formação como de outro para formação continuada. http://www.youtube.com/watch?v=WH6kuIPXkvA http://www.youtube.com/watch?v=42MugNVgQHI
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