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LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO ATIVIDADE DE ESTÁGIO ALTERNATIVA: AVALIAÇÃO CRÍTICA DE PALESTRA ON-LINE Patrícia Tatiane Amazonas RA:1815919 UNIP ARAÇATUBA 2020 Avaliação crítica da palestra do Professor António Nóvoa, professor universitário português, Doutor em Ciências da Educação e História Moderna e Contemporânea com o tema: Desafios do trabalho e formação docentes no século XXI. A palestra do professor António Nóvoa teve como foco o processo de profissionalização dos professores, mostrar como essa profissão se desenvolveu, apesar de muitos avanços, o quanto houve desprofissionalização, desmoralização, desgaste social e psicológico, dificuldades e a perda de sua importância. De fato, como ele mesmo disse: "As políticas públicas erradas vem acontecendo em muitos países." Como por exemplo os EUA que tem conduzido ao recrutamento de pessoas sem formação adequada com a teoria de que não há a necessidade de formação acadêmica. Isso com certeza corrompe a alma da profissão que mais deveria ser valorizada no mundo. Outro ponto que o professor destaca é a revolução em que vivemos hoje, sendo três revoluções: a primeira foi quando inventaram a escrita, a segunda quando a humanidade inventou o livro e a terceira é o mundo em que vivemos hoje, o mundo digital. Passou-se a utilizar o cérebro de forma diferente. Antes e depois da escrita, antes e depois do livro e antes e depois da tecnologia. Com isso passaram a aprender de maneira diferente. Estamos no momento em que nossas crianças não aprendem nem utilizam o cérebro ou se relacionam com a aprendizagem da mesma maneira. O grande desafio é mudar a estrutura da sala de aula, porque enquanto não mudar não conseguiremos fazer aquilo que é importante. Estamos num momento de virada em que o tema da aprendizagem é central para repensar os desafios do trabalho docente e ao mesmo tempo a questão do conhecimento. Não há educação sem conhecimento, pois a escola educa e forma pessoas. Precisamos sermos capazes de mudar este ambiente, porque se ficarmos fechados nele, dificilmente conseguiremos evoluir em relação ao que foi até agora. E são coisas muito simples que precisamos mudar e não as coisas extraordinárias com tendência futurista, mas sim coisas banais como algumas escolas se organizaram de uma maneira que conseguiram colocar as crianças para trabalhar uma com as outras, que conseguiram prover que algumas crianças trabalhassem sozinhas como projeto da autonomia, conseguiram uma construção do processo de aprendizagem e não aquela coisa de dar uma aula, mais uma aula e começa outra aula. São outras maneiras de trabalhar, outro tipo de ambiente. Nosso grande desafio é mudar os nossos ambientes educativos e ao fazer isso nós vamos mudar substancialmente a forma de trabalhar dos professores. Dentro da escola o professor vai ser sobretudo, acima de tudo, um organizador do trabalho dos alunos. Vai ter que criar condições para que eles estudem, pesquisem, desenvolvam projetos, resolvam problemas e não propriamente uma função de relator de dar aulas. Com isso vai deixar de haver, inevitavelmente, um professor sozinho. E para isso, é preciso coragem de arriscar, de fazer diferente, é preciso dar o primeiro passo, o primeiro movimento. É preciso formar um professor e conduzi-lo a construir a sua posição como profissional docente e não se faz isso sem a colaboração dos outros profissionais. Ninguém se forma professor sem a colaboração dos outros professores. E esta ausência, este vazio que muitas vezes existem nas nossas políticas de formação do professor, tem que ser preenchido com a presença dos professores e desenvolver uma disposição social, construir uma intensa posição profissional e promover uma composição pedagógica. O professor Nóvoa dá quatro conselhos aos que gostariam de se formarem professores. O primeiro conselho é que nunca esqueças que há uma ligação forte entre o eu pessoal e o eu profissional, entre aquilo que és e a maneira como ensinas. Se tens vontade de abraçar essa profissão, se prepare devidamente, construa disposição pessoal. Pois, ninguém nasce professor, tornamo-nos professores, nos fazemos professores, e para isso precisamos de espaço e de tempo que permita um trabalho de autoconhecimento, de autoconstrução e até de densidade pessoal e cultural. Não podemos ensinar ninguém a ler se não tivermos lido muitos livros, não se ensina ninguém a ler se nós próprios não fomos leitores das melhores literaturas. Não se ensina ninguém a escrever se nós próprios não somos escritores e escrevemos diariamente, não se ensina ninguém a fazer alguma coisa se nós próprios não fazemos. A densidade cultural e pessoal é isso, uma estrutura própria. Ser professor é trabalhar sobre nós mesmo, sobre a nossa cultura, sobre o nosso trabalho, leitura sobre aquilo que vemos, sobre onde frequentamos, a música que ouvimos, sobre o conhecimento que temos. É esse permanente trabalho que nos habilita a sermos professores. Imaginar alguém que não lê, poder fomentar o gosto pela leitura é um absurdo! Imaginar alguém que não gosta de literatura nem a poesia poder fomentar o gosto pela literatura e pela poesia é um absurdo! O segundo conselho é que ninguém é professor sozinho, tem a profissão completamente sozinho dentro de si. Hoje, ser professor, implica um trabalho coletivo que tem que começar durante a formação. Terceiro conselho é que não há dois professores iguais, cada professor tem que encontrar sua maneira própria de ser professor, a sua composição pedagógica. A profissão do professor é feita entre um conhecimento científico e cultural, saber matemática, física, história, que é de uma enorme importância. E do outro lado, o conhecimento pedagógico e didático como filosofia da educação, teorias do currículo, dos métodos do ensino e didáticos. Esses dois tipos de conhecimento são extraordinariamente importantes para formar um professor, mas não são suficientes. O professor precisa se valorizar. Ou se valoriza ou ninguém valoriza. Ou toma a voz, ou ninguém vai tomar a vós. O quarto e último conselho é que nunca esqueças da dimensão pública do seu trabalho. Ser professor é trabalhar dentro e fora da escola. Não se pode ser professor sem uma exposição pública sem uma abertura às grandes questões da sociedade. A responsabilidade pública da profissão, nunca acaba dentro do espaço profissional, ela continua pelo espaço público, pela vida pública, pela construção do comum. Isso tem a ver com a ética e compromisso. Enfim, o professor termina sua palestra com um pedido: "Faça do destino um livro aberto. Esta é a melhor glória de um professor, é o compromisso principal, sermos capazes de abrir novos livros as crianças, de abrir novas histórias, permiti-los chegar onde nunca chegariam sem a nossa intervenção e trabalho. Não há nada que honre mais o trabalho de um professor do que abrir um novo destino para cada criança. O nosso trabalho não é fechar as crianças num mundo onde nasceram. Nosso trabalho é abrir novos mundos onde elas quiserem percorrer e dar novos destinos. É para isso que serve a educação, é por isso que serve o conhecimento. Num tempo de profunda incertezas é preciso enfrentar com coragem e estes tempos de dúvidas e incertezas em que vivemos é um tempo histórico e único. Não desperdice a sua geração. A vossa geração é geração da profunda mudança onde está acontecendo a terceira revolução da humanidade. Esse tempo em que estamos vivendo na escola, não é comparável ao que viveram nossos pais, avós, bisavós, tetravós e pentavós. Essas outras gerações todas viveram um tempo de estabilidade na escola. Sempre houve crise na educação, mas não havia uma mudança estrutural. Essa mudança está acontecendo hoje, no vosso tempo. Quer queiram ou não, vai acontecer, e que vocês sejam capazes de acompanharessa mudança." Concluindo a palestra do professor António Nóvoa, realmente a educação está passando por uma grande mudança estrutural, da qual os professores devem reverter o quadro de desmoralização, desgaste social e psicológico da profissão. Dar mais valor a si mesmos buscando melhor preparo para acompanhar o avanço tecnológico e interno das crianças dessa geração, onde a tecnologia invade a maneira de educar.
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