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METODOLOGIA 
DO ENSINO NA 
MATEMÁTICA
Tiago Loyo Silveira
Matemática para a educação 
infantil e os anos iniciais 
do ensino fundamental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: 
 Descrever os objetivos da educação matemática na educação infantil 
e nos anos iniciais do ensino fundamental.
 Identificar os conteúdos fundamentais para o ensino de matemática 
na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
 Reconhecer as principais orientações didáticas para o ensino de mate-
mática na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. 
Introdução
O ensino de matemática deve estar presente no cotidiano dos alunos da 
educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. O contato 
com a matemática é um dos direitos de aprendizagem fundamentais 
da infância e não depende necessariamente de métodos e técnicas 
predefinidas. 
O documento responsável por essas definições é a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017). Ela tem o objetivo de unificar 
o currículo nacional, promovendo uma educação básica de qualidade.
Além disso, a BNCC é importante para que todo aluno, da rede pú-
blica ou privada, tenha acesso ao mesmo currículo-base. Isso garante
os princípios de igualdade e equidade na educação básica, visando
à unificação do currículo nacional, resguardadas as particularidades
culturais, regionais e sociais.
Neste capítulo, você vai conhecer os objetivos da educação matemá-
tica na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, de 
acordo com a BNCC. Além disso, você vai ver os conteúdos fundamentais 
para esse público e as principais orientações didáticas aos professores.
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Objetivos do ensino de matemática na infância
A matemática tem grande potencial e suas aplicações não podem ser calcula-
das. Com isso em mente, é importante que você considere esta refl exão: se a 
matemática se conecta com diferentes áreas do conhecimento, limitá-la com 
padrões didáticos e métodos sem contexto é um dos maiores erros que um 
professor pode cometer.
A matemática está inserida na sociedade de tal forma que as crianças 
que chegam à escola já tiveram contato com números e operações intuitivas 
básicas, como a de contagem. Por isso, na educação infantil, a ideia é que a 
disciplina comece a se apresentar sob um aspecto formal para os alunos. Porém, 
o excesso de formalismo e métodos pode fazer com que o estudante associe 
a matemática a uma disciplina difícil e descontextualizada, se comparada ao 
conceito prévio que ele acumulou nos seus poucos anos de vida.
Portanto, é importante que a matemática na educação infantil seja lúdica 
e concreta. O aluno deve se sentir estimulado a aprender mais. Ao longo dos 
anos, o conteúdo pode ganhar profundidade, mas isso não deve criar um 
bloqueio psicológico com relação à disciplina.
Na educação infantil, diferentemente do que ocorre no ensino fundamental, 
os objetivos são agrupados por campos de experiência, não por disciplinas. 
O campo de experiência que agrupa os saberes relacionados à matemática é 
espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Os objetivos são 
separados por faixa etária, como você pode ver no Quadro 1.
Bebês (0 a 1 ano e 6 meses)
Explorar e descobrir as propriedades de objetos e materiais (odor, cor, sabor, 
temperatura).
Explorar relações de causa e efeito (transbordar, tingir, misturar, mover, remover 
etc.) na interação com o mundo físico.
Explorar o ambiente pela ação e pela observação, manipulando, experimen-
tando e fazendo descobertas.
Manipular, experimentar, arrumar e explorar o espaço por meio de experiências 
de deslocamentos de si e dos objetos.
Quadro 1. Objetivos do ensino de matemática por faixa etária
(Continua)
Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental38
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Bebês (0 a 1 ano e 6 meses)
Manipular materiais diversos e variados para comparar as diferenças e semelhan-
ças entre eles.
Vivenciar diferentes ritmos, velocidades e fluxos nas interações e brincadeiras 
(em danças, balanços, escorregadores etc.).
Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e proprie-
dades dos objetos (textura, massa, tamanho).
Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz 
solar, vento, chuva etc.).
Compartilhar, com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais 
nos espaços da instituição e fora dela.
Identificar relações espaciais (dentro e fora, em cima, embaixo, acima, abaixo, 
entre e do lado) e temporais (antes, durante e depois).
Classificar objetos, considerando determinado atributo (tamanho, peso, cor, 
forma etc.).
Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, antes, durante, depois, ontem, hoje, 
amanhã, lento, rápido, depressa, devagar).
Contar oralmente objetos, pessoas, livros, etc., em contextos diversos.
Registrar com números a quantidade de crianças (meninas e meninos, presentes e 
ausentes) e a quantidade de objetos da mesma natureza (bonecas, bolas, livros etc.).
Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
Estabelecer relações de comparação entre objetos, observando suas 
propriedades.
Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações 
sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais.
Identificar e selecionar fontes de informações para responder a questões sobre a 
natureza, os seus fenômenos, a sua conservação.
Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens 
(desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes.
Quadro 1. Objetivos do ensino de matemática por faixa etária
(Continuação)
(Continua)
39Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental
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Dessa forma, a educação infantil deve ser permeada de conceitos que 
servirão de alicerces para a introdução ao ensino fundamental. Como você 
sabe, essa fase é muito importante — não só pela formação do aluno enquanto 
pessoa, mas pela consequência de uma didática bem-sucedida, que se reflete 
na postura do estudante em relação à disciplina nos anos seguintes.
Veja como a BNCC define o papel da matemática no ensino fundamental:
A Matemática não se restringe apenas à quantificação de fenômenos determinís-
ticos — contagem, medição de objetos, grandezas — e das técnicas de cálculo 
com os números e com as grandezas, pois também estuda a incerteza proveniente 
de fenômenos de caráter aleatório. [...] No Ensino Fundamental, essa área, por 
meio da articulação de seus diversos campos — Aritmética, Álgebra, Geometria, 
Estatística e Probabilidade —, precisa garantir que os alunos relacionem obser-
vações empíricas do mundo real a representações (tabelas, figuras e esquemas) e 
associem essas representações a uma atividade matemática (conceitos e proprie-
dades), fazendo induções e conjecturas. Assim, espera-se que eles desenvolvam a 
capacidade de identificar oportunidades de utilização da matemática para resolver 
problemas, aplicando conceitos, procedimentos e resultados para obter soluções e 
interpretá-las segundo os contextos das situações. A dedução de algumas proprie-
dades e a verificação de conjecturas, a partir de outras, podem ser estimuladas, 
sobretudo ao final do Ensino Fundamental (BRASIL, 2017, documento on-line).
Como você pode notar, é recomendado trabalhar o potencial natural da 
matemática abordando os aspectos sociais nos quais o aluno está envolvido. 
Além disso, o professor precisa utilizar abordagens dinâmicas e interativas, 
buscando atrair a curiosidade do aluno. A ideia é inserir o estudante no pro-
(Continuação)
Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
Classificar objetose figuras de acordo com suas semelhanças e diferenças.
Relatar fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história 
dos seus familiares e da sua comunidade.
Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o antes, o 
depois e o entre em uma sequência.
Expressar medidas (peso, altura, etc.), construindo gráficos básicos.
Quadro 1. Objetivos do ensino de matemática por faixa etária
Fonte: Adaptado de Brasil (2017b, documento on-line).
Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental40
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cesso de construção do conhecimento, retomando a curiosidade e o espírito 
investigativo. Isso tudo é um desafio para todo professor, porém aqueles que 
trabalham na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental têm 
uma responsabilidade ainda maior.
Se a curiosidade e o interesse por descobertas forem despertados nos alunos desde os 
primeiros anos de escolarização, eles vão se tornar adolescentes e adultos mais críticos, 
preparados para enfrentar problemas e criar estratégias em busca das soluções ideais.
A importância da matemática na formação da criança ultrapassa as fronteiras das 
fórmulas e dos métodos. O pensamento matemático desperta capacidades intelectuais 
e de raciocínio lógico que possibilitam o melhor rendimento do aluno em qualquer 
área do conhecimento nos seus anos de vida escolar e profissional.
A BNCC também chama a atenção para o fato de a matemática ser parte 
importante da formação do cidadão. Além disso, o domínio das operações 
básicas insere o cidadão no mercado de trabalho (BRASIL, 2017). Essas 
operações possibilitam a manipulação de situações cotidianas, como juros e 
diferenças de preço em unidades de medidas diferentes. Portanto, o ensino de 
matemática é fundamental, “[...] seja por sua grande aplicação na sociedade 
contemporânea, seja pelas suas potencialidades na formação de cidadãos 
críticos, cientes de suas responsabilidades sociais [...]” (BRASIL, 2017, do-
cumento on-line).
Além disso, o professor ainda precisa estar atento ao fato de existem diferen-
tes grupos étnicos e sociais no Brasil. Isso pode afetar a forma como o aluno vê 
o mundo e se coloca diante dele. Assim, propor uma matemática desafiadora e 
adequada a cada necessidade é outro desafio para o professor. Por exemplo: na 
última década, com a expansão dos meios digitais, as crianças que têm contato 
com esses meios de informação carregam uma bagagem inicial considerada 
uma pré-alfabetização. Por outro lado, crianças menos abastadas, filhas de 
pais analfabetos, levam muito mais tempo para atingirem níveis mínimos de 
conhecimento a respeito da simbologia matemática ou da linguagem escrita.
Um importante norteador do trabalho dos professores é o fato de que os 
alunos dos anos iniciais devem aprender a aprender. Isso porque as novas 
competências do mundo contemporâneo exigem pessoas preparadas para as 
novas tecnologias. Estas, por sua vez, exigem processos contínuos de apren-
41Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental
Fundamentos e Metodologias de Matematica_BOOK.indb 41 21/08/2019 17:53:11
dizagem. Assim, o profissional deve estar sempre aprendendo e se renovando, 
assimilando as informações com rapidez e versatilidade.
A matemática é válida, nesse contexto, por exercitar o raciocínio lógico e 
os processos de associação mental. Um aluno com bases matemáticas fortes 
tem mais facilidade para fazer ligações cognitivas e construir novos conhe-
cimentos, bem como para deduzir conceitos lógicos. 
A BNCC define as competências específicas para o ensino de matemática 
no ensino fundamental, como você pode ver a seguir (BRASIL, 2017):
1. Reconhecer que a matemática é uma ciência humana, fruto das neces-
sidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos 
históricos, e é uma ciência viva, que contribui para solucionar problemas 
científicos e tecnológicos e para alicerçar descobertas e construções, 
inclusive com impactos no mundo do trabalho.
2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade 
de produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos 
matemáticos para compreender e atuar no mundo.
3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos diferentes 
campos da matemática (aritmética, álgebra, geometria, estatística e 
probabilidade) e de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança 
quanto à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos 
matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca 
de soluções.
4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitati-
vos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar, 
organizar, representar e comunicar informações relevantes, para 
interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumen-
tos convincentes.
5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias di-
gitais disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais 
e de outras áreas de conhecimento, validando estratégias e resultados.
6. Enfrentar situações-problema em múltiplos contextos, incluindo situa-
ções imaginadas, não diretamente relacionadas com o aspecto prático-
-utilitário; expressar suas respostas e sintetizar conclusões, utilizando 
diferentes registros e linguagens (gráficos, tabelas, esquemas, além 
de texto escrito na língua materna e outras linguagens para descrever 
algoritmos, como fluxogramas e dados).
7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de 
urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentá-
Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental42
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veis e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos 
e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.
8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coleti-
vamente no planejamento e no desenvolvimento de pesquisas para 
responder a questionamentos e na busca de soluções para problemas, 
de modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão de 
determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e 
aprendendo com eles.
Como você pode notar, as competências específicas para o ensino de 
matemática para os anos iniciais e para o ensino fundamental vão além de 
métodos ou fórmulas. Alfabetizar matematicamente o aluno é explorar a 
matemática da forma mais ampla possível, possibilitando o seu uso no dia a 
dia. Isso se dá tanto por meio do raciocínio lógico-matemático, com a leitura 
da simbologia matemática, quanto pela resolução de situação simples que 
envolvam contagem, medidas e códigos numéricos.
Conteúdos fundamentais
Os conteúdos para o ensino de matemática na educação infantil e nos anos iniciais 
do ensino fundamental devem contemplar as estruturas linguísticas básicas da 
matemática. É importante preparar o aluno não só para os próximos anos de sua 
vida acadêmica, mas também para o convívio básico com os números no trato 
diário em um mundo que usa largamente a linguagem matemática.
Na educação infantil, a BNCC assegura ao aluno a manutenção da infância 
associada com o conhecer lúdico e espontâneo. O estudante deve receber da 
escola o direcionamento e a didática necessários para potencializar a absorção 
dos conteúdos. Veja:
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das 
crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-
-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-
-se, a organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em 
cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos 
de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências constituem 
um arranjo curricular queacolhe as situações e as experiências concretas da 
vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos 
que fazem parte do patrimônio cultural (BRASIL, 2017, documento on-line).
43Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental
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Na educação infantil, o currículo está organizado em campos de experiência. 
Dessa forma, ao longo do ano, os objetivos são trabalhados de forma mais 
leve e gradual, sem a necessidade do desenvolvimento em uma carga horária 
fechada para cada disciplina. Além disso, a base é sempre a experiência e o 
crescimento do aluno enquanto cidadão.
Segundo a BNCC, o ensino fundamental tem o compromisso com o le-
tramento matemático:
O Ensino Fundamental deve ter compromisso com o desenvolvimento do 
letramento matemático, definido como as competências e habilidades de 
raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de modo 
a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de 
problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedi-
mentos, fatos e ferramentas matemáticas. É também o letramento matemático 
que assegura aos alunos reconhecer que os conhecimentos matemáticos são 
fundamentais para a compreensão e a atuação no mundo e perceber o caráter de 
jogo intelectual da matemática, como aspecto que favorece o desenvolvimento 
do raciocínio lógico e crítico, estimula a investigação e pode ser prazeroso 
(fruição) (BRASIL, 2017, documento on-line).
Porém, cada um desses campos é imensamente vasto e permeado de con-
teúdos entrelaçados. Dessa forma, é preciso cautela ao identificar e separar 
devidamente os conteúdos mínimos que são pré-requisitos aos demais. Tais 
conteúdos devem contribuir para o desenvolvimento do pensamento lógico-
-matemático. Também devem permitir soluções criativas e livres de métodos, 
trazendo o foco do aluno para os fenômenos envolvidos nos problemas e não 
para o método utilizado para resolvê-los.
Obviamente, ao determinar os componentes curriculares, é preciso levar 
em conta as necessidades da sociedade. Portanto, os conteúdos devem passar 
ao aluno as capacidades mínimas necessárias para lidar com informações 
matemáticas presentes ao seu redor, como dados estatísticos, tabelas e gráficos. 
Tais informações permitem que o aluno participe da sociedade como cidadão, 
fazendo a leitura básica do mundo à sua volta.
Contudo, muitas vezes o professor se encontra diante de um currículo que 
não prevê tais competências como objetivos a serem alcançados. Dessa forma, o 
professor deve utilizar as características regionais e sociais que cercam o aluno, 
ou seja, considerar o contexto mais próximo da sua realidade. A ideia é trabalhar 
conteúdos que estejam no foco, mas sempre adicionando um elemento novo. Por 
exemplo: um professor pode abordar as unidades básicas de medida por meio de 
Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental44
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anúncios de supermercados. Dessa maneira, além de trabalhar as unidades de 
massa e volume, também vai tratar do sistema monetário e da coleta de dados.
Abordar situações reais é uma maneira interessante de aplicar conteúdos. Assim, o 
aluno pode considerar a sua vivência diária, percebendo a matemática de modo menos 
abstrato e aproximando-a da sua vida.
Nos diversos conteúdos curriculares, a BNCC orienta a construção e a va-
lorização sociocultural. No item sobre probabilidade e estatística, por exemplo, 
o documento enfatiza a necessidade de o aluno:
Ler, interpretar e comparar dados apresentados em tabelas de dupla entrada, 
gráficos de barras ou de colunas, envolvendo resultados de pesquisas signi-
ficativas, utilizando termos como maior e menor frequência, apropriando-se 
desse tipo de linguagem para compreender aspectos da realidade sociocultural 
significativos (BRASIL, 2017, documento on-line).
Além disso, a BNCC propõe cinco unidades temáticas, correlacionadas, 
que orientam a formulação de habilidades a serem desenvolvidas no ensino 
fundamental. Cada uma delas pode receber ênfase diferente, dependendo do 
ano de escolarização. Entre as unidades temáticas destacadas pela BNCC 
para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental, estão 
(BRASIL, 2017, documento on-line):
  números e operações;
  álgebra;
  geometria;
  grandezas e medidas;
  probabilidade e estatística.
Para cada uma dessas unidades temáticas, que são equivalentes a grandes 
áreas, os objetivos são descritos nos anos correspondentes. Ao trabalhar os 
conteúdos listados, o professor deve sempre prezar pelo pensamento em detri-
45Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental
Fundamentos e Metodologias de Matematica_BOOK.indb 45 21/08/2019 17:53:11
mento do método. O aluno precisa participar e elaborar soluções em um processo 
crítico construtivo. Dessa maneira, o aprendizado será profundo e significativo. 
Abordar esses conteúdos de forma dinâmica e relacionada com elemen-
tos do cotidiano do aluno é o principal desafio do professor. Ele deve estar 
atento aos diferentes processos mentais dos estudantes, que muitas vezes não 
estarão necessariamente errados e talvez precisem apenas ser modelados ou 
redirecionados. O docente também pode criar situações em que elementos não 
presentes no currículo são adicionados. Por fim, ele deve ter em mente que 
cada um dos tópicos não encerra em si todo o conhecimento matemático, mas 
na verdade é a base para a construção de novos saberes nos anos seguintes.
Orientações didáticas
O conjunto de orientações didáticas para o professor da educação infantil e 
dos anos iniciais do ensino fundamental constitui uma gama de ferramentas. 
O professor pode apropriar-se dessas ferramentas em sala de aula, bem como 
adicionar outras livremente. O essencial é que procure sempre atingir os 
objetivos propostos no currículo e que leve o aluno para o centro do processo 
de construção do saber matemático.
Para a educação infantil, a BNCC traz como principal orientação a valoriza-
ção da infância. Assim, o docente precisa dar ao aluno condições de explorar 
e conhecer conceitos matemáticos presentes no seu cotidiano. Nas turmas de 
crianças de 0 a 5 anos de idade, isso se dá por meio de brinquedos e brincadeiras 
que proporcionam aprendizagens diversas. Veja:
Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o desenvolvimento 
das crianças, a prática do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades 
entre a instituição de Educação Infantil e a família são essenciais. Além 
disso, a instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais, 
dialogando com a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade 
(BRASIL, 2017, documento on-line).
Com respeito às orientações didáticas para os anos iniciais do ensino 
fundamental, considere estes exemplos de abordagem de conteúdos:
  números naturais e sistema de numeração decimal — organização de 
contagens em coleções e comparações;
  números racionais — desenvolvimento do conceito de partes de um 
inteiro;
Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental46
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  operações com números naturais — na adição e na subtração, ativi-
dades com cédulas de réplica monetária, uso de ábaco e calculadora; 
na multiplicação e na divisão, desenvolvimento do cálculo mental e 
técnicas de critério de divisibilidade;
  ampliação dos procedimentos de cálculo — cartazes com os algoritmos 
das operações básicas e exemplos resolvidos;
  cálculo mental — técnicas que facilitam o cálculo mental, como 
agrupamento;
  aproximações e estimativas — uso de calculadora para truncar números 
decimais;
  operações com números racionais — dominó de frações para compa-
ração e equivalência; 
  cálculocom números racionais — cartazes exemplificando o uso das 
frações e as operações que surgem entre os números racionais; 
  espaço e forma — localização e orientação no espaço por meio de 
atividades externas;
  grandezas e medidas — atividades que usem régua, balança e recipientes 
de medida de volume exato; 
  tratamento da informação — relações iniciais construindo tabelas e 
gráficos.
A matemática pode ser explorada nos anos iniciais do ensino fundamental 
por meio da resolução de problemas. O objetivo disso é mostrar ao aluno a 
forma como a matemática se apresentará a ele na sociedade em que ele está 
inserido. Assim:
Sobre a utilização da resolução de problemas na Educação Infantil e no pri-
meiro ano do Ensino Fundamental, Smole, Diniz e Cândido (2000) afirmam 
que tal trabalho cria “um espaço para comunicar ideias pelo fazer colocações, 
investigar relações, adquirir confiança em suas capacidades de aprendizagem. 
É um momento para desenvolver noções, procedimentos e atitudes frente ao 
conhecimento matemático” (TORTORA, 2016, p. 19).
Trabalhar a resolução de problemas nos anos iniciais permite à criança 
expandir o seu modo de pensar, de forma que não precise estar apoiada em 
métodos e conceitos, e sim na ideia do problema. Portanto, “A criança não 
apenas aplica conhecimentos deliberadamente nas atividades, mas aprende 
a pensar a respeito da solução, elabora estratégias e coloca-as em prática, 
tornando-se ativa na construção do seu próprio conhecimento [...]” (EDITORA 
DO BRASIL, 2018, documento on-line).
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Porém, essa não é a única abordagem didática a ser trabalhada nesse 
ciclo. A participação do lúdico na construção cognitiva dos anos iniciais 
tem sido tema de muitos fóruns e pesquisas. O lúdico proporciona à criança 
uma amostra menos estressante da vida real, propondo problemas e o trato 
com outras crianças. Assim, os conteúdos podem ser abordados na forma 
de brincadeiras, misturando real e abstrato. Olivério (2014) afirma que o 
jogo é importante para o desenvolvimento infantil, porque propicia a des-
contração, a aquisição de regras, a expressão do imaginário e a apropriação 
do conhecimento. 
Os jogos, além de serem interessantes para atividades de abstração, ajudam 
os alunos a desenvolver a habilidade de trabalhar em equipe. Eles auxiliam na 
assimilação de regras e nas diferentes maneiras de manipular cada situação-
-problema. O jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira 
para gastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, 
afetivo, social e moral (OLIVÉRIO, 2014).
Existem diferentes jogos matemáticos e, embora o professor não precise 
se limitar somente a eles, esses recursos têm especial importância nas aulas. 
Afinal, permitem assimilar conteúdos de forma prazerosa e saudável. Quando 
trabalham com jogos, os alunos enfrentam desafios diferenciados, para os 
quais precisam encontrar soluções. As estratégias para alcançar tais objetivos 
auxiliam no desenvolvimento socioafetivo dos estudantes e na interação entre 
professor e aluno. Portanto, como você pode notar:
A educação lúdica é uma ação essencial para a criança. A utilização das 
brincadeiras refletirá em todos os segmentos da vida, por exemplo: 
Uma criança que brinca com bolinha de gude ou de boneca com seu colega 
não está simplesmente brincando ou se divertindo, está desenvolvendo inú-
meras funções cognitivas e sociais (OLIVÉRIO, 2014, documento on-line).
Existem ainda muitas outras orientações didáticas para serem exploradas na 
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Cabe ao professor 
adequar cada conteúdo à realidade dos seus alunos, buscando construir um 
aprendizado significativo e interessante. O papel do docente é possibilitar a 
interação e a crítica, permitindo que os alunos participem de forma ativa da 
construção do conhecimento.
Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental48
Fundamentos e Metodologias de Matematica_BOOK.indb 48 21/08/2019 17:53:12
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Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 16 set. 2018.
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ponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-objetivos-de-
-aprendizagem-e-desenvolvimento-para-a-educacao-infantil>. Acesso em: 16 set. 2018.
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OLIVÉRIO, J. B. O ensino da matemática através do lúdico na educação infantil. 2014. 
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49Matemática para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental
Fundamentos e Metodologias de Matematica_BOOK.indb 49 21/08/2019 17:53:12

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