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1.
0
FUNÇÕES COGNITIVAS NO 
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
2
Tamires Araujo Zanão Mariano
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
 FUNÇÕES COGNITIVAS NO PROCESSO DE 
APRENDIZAGEM
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Giani Vendramel de Oliveira
Revisor
Michele Aparecida Cerqueira Rodrigues
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Sobrenome, Nome do Autor
Funções cognitivas no processo de aprendizagem / 
Tamires Araujo Zanão Mariano. – São Paulo: Platos Soluções 
Educacionais S.A., 2022.
32 p.
ISBN 978-65-5356-250-9
1. Processos. 2. Organização. 3. Transtornos. I. Título.
CDD 370.1523
_____________________________________________________________________________ 
 Evelyn Moraes – CRB: 010289/O
M333f 
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina ___________________________________ 05
Introdução às funções cognitivas e Unidades de Luria _______ 06
Percepção, atenção, linguagem, memória e funções 
executivas ___________________________________________________ 16
Transtornos relacionados às funções cognitivas _____________ 26
Transtornos de aprendizagem _______________________________ 36
FUNÇÕES COGNITIVAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
5
Apresentação da disciplina
Nos conectamos com o mundo ao nosso redor, primeiramente, por 
meio dos nossos órgãos dos sentidos, seja vendo, ouvindo, sentindo 
texturas (por meio do tato), cheiros (olfato) ou degustando sabores. No 
entanto, todas essas informações, que chegam até nós, precisam ser 
processadas adequadamente pelo nosso cérebro para fazerem sentido 
e ocorrer a aprendizagem.
Na presente disciplina, você estudará os processos cognitivos 
envolvidos no planejamento, organização, regulação, controle e 
execução de tarefas, por meio do estudo da atenção, percepção, 
memória, linguagem e funções executivas. Serão estabelecidas 
relações entre essas funções e capacidades, de modo a ajudar você 
a compreender melhor o complexo, mas fascinante, processo da 
aprendizagem e processamento das informações.
Além do funcionamento normal dessas funções, você também 
estudará os transtornos de aprendizagem, síndromes disexecutivas 
relacionadas à aprendizagem e possíveis causas para suas ocorrências, 
incluindo algumas lesões cerebrais. Também serão apresentadas as 
Unidades Funcionais de Luria, um neuropsicólogo soviético muito 
importante tanto para a neuropsicologia propriamente dita como para 
compreensão do funcional cerebral, no que tange à aprendizagem.
Veremos que as neurociências e a aprendizagem estão muito 
entrelaçadas e você poderá compreender que os processos cognitivos 
podem ser de grande ajuda para pensar em práticas pedagógicas que 
busquem promover o máximo de aproveitamento dos alunos.
6
Introdução às funções cognitivas 
e Unidades de Luria
Autoria: Tamires Araujo Zanao Mariano
Leitura crítica: Michele Aparecida Cerqueira Rodrigues
Objetivos
• Introduzir os processos e funções cognitivas e 
executivas.
• Apresentar as Unidades Funcionais de Luria.
• Introduzir conceitos de processamento e seleção da 
informação.
• Exemplificar e demonstrar flexibilidade cognitiva e 
comportamental (funções executivas).
7
1. Introdução às funções cognitivas e 
executivas
Desde o momento em que nascemos, utilizamos e desenvolvemos nossas 
funções cognitivas para compreender e aprender sobre o mundo à nossa 
volta e como devemos nos relacionar com ele. Tais funções incluem a 
percepção, a memória, a linguagem, a atenção e as funções executivas, 
que nos permitem habilidades mentais como o raciocínio, a aquisição e a 
manutenção de conhecimentos que constituem o nosso intelecto.
As funções cognitivas envolvem partes distintas do cérebro e são 
processos complexos que precisam da integração de diversas 
áreas. Para melhor compreensão desta parte de funcionamento 
cerebral, introduziremos as Unidades Funcionais de Luria, propostas 
por Alexander Luria, um importante psicólogo que se dedicou à 
neuropsicologia do desenvolvimento. Entre seus principais trabalhos 
está a obra Fundamentos de neuropsicologia, em que ele apresenta as 
três unidades funcionais das quais nos referimos anteriormente e que 
você poderá estudar de modo introdutório no presente texto.
Você verá que nossos órgãos dos sentidos são muito importantes para 
que a nossa compreensão e comunicação com o meio aconteça, mas, 
que nem sempre os mesmos estímulos serão prioritários em detrimento 
de outros. Já parou para pensar como é possível que, dependendo 
da situação, vemos, ou melhor, focamos nossa atenção em estímulos 
diferentes? Por exemplo, ao viajar de ônibus como passageiro podemos 
observar a estrada, olhar para as nuvens e imaginar formas, observar 
a paisagem longe da pista, e deixar o pensamento solto, mas o mesmo 
não pode ocorrer se você for o motorista do ônibus.
Nesse caso, muitos desses estímulos serão ignorados e dificilmente você 
se atentará em formato de nuvens ou saberá dizer qual a paisagem ao 
longe se questionado, uma vez que sua atenção estará nas placas de 
8
trânsito, pedestres e veículos que possam atravessar seu caminho. Aqui, 
temos apenas um exemplo de processamento e seleção de informação, 
conteúdo que será apresentado em mais detalhes a seguir.
2. Principais funções cognitivas
As principais funções cognitivas incluem:
1. Percepção:
Relacionada com os sentidos como visão, audição e tato, possibilita 
que percebamos o mundo ao nosso redor, nos tornando capazes de 
reconhecer, organizar, dar significado e sentido aos objetos e seres que 
nos cercam.
2. Atenção:
Consiste na capacidade de concentração que pode ser focada em 
determinado estímulo/ informação ou dividida para mais de um 
elemento. Nas atividades do dia a dia, muitas vezes, precisamos fazer 
várias tarefas ao mesmo tempo. Como vimos no início do texto, quando 
dirigimos, temos que prestar atenção no carro que está à frente e na 
sinalização das ruas, no limite de velocidade, nos pedestres e em vários 
outros elementos. A atenção ainda pode ocorrer de modo subliminar, 
como perceber elementos de outdoors e propagandas, por exemplo, 
mesmo sem perceber que isto está ocorrendo.
3. Memória:
É uma das funções cognitivas mais estudadas devido sua grande 
importância para o aprendizado. Trata-se do processo de guardar 
informações e experiências para possível recuperação no futuro 
quando necessário. Permite que informações adquiridas sobre o 
mundo e sobre nós mesmos sejam usadas para lidar com situações 
9
futuras baseadas em experiências passadas. Embora outras funções 
cognitivas também estejam envolvidas, os processos de pensar e 
solucionar problemas estão intensamente atrelados à memória. Não é 
mais fácil solucionar um problema quando lembramos da solução de 
algo similar que já nos ocorreu? Sem memória também não é possível 
adquirimos linguagem, como veremos a seguir. A memória é uma 
função complexa e possuisubdivisões, consistindo na verdade em 
memórias, no plural. Uma divisão possível leva em conta sua natureza, 
como em declarativa/ explícita, envolvida com conhecimento de fatos 
ou eventos autobiográficos e não declarativa/ implícita, envolvida com 
a memorização de habilidades e hábitos, geralmente, envolvidas com 
aspectos motores, como saber andar de bicicleta, por exemplo. Outras 
maneiras de classificar a memória também existem, como pelo tempo 
de duração, por exemplo, em memórias imediatas, recentes e remotas.
4. Linguagem:
A habilidade para a linguagem possui interconexões com outras 
capacidades cognitivas, como a memória, e trata também de uma 
habilidade relativamente autônoma. Muitos dos conhecimentos sobre 
o funcionamento da linguagem vieram de estudos de distúrbios de 
linguagem ocasionados por lesões cerebrais, realizadas, entre outros, 
por Broca e Wernicke. A linguagem simbólica é uma das características 
tipicamente humanas e a que diferencia o homem das demais 
espécies, nos capacitando para atribuir significados abstratos para 
comunicar sentimentos, emoções ou realizar cálculos matemáticos de 
cabeça. A linguagem é uma das habilidades que permitiu ao homem 
passar conhecimentos de uma geração para outra, possibilitando que 
os conhecimentos adquiridos não fossem perdidos, seja por meio da 
fala ou da escrita.
5. Funções executivas:
Estão relacionadas, principalmente, ao lobo frontal. Envolvem 
habilidades de planejamento, execução e resolução de tarefas, 
englobando tomada de decisões, raciocínio, estratégias e lógica. 
Também incluem o autocontrole, impedindo que sejam realizados 
10
impulsos e vontades que podem não ser adequados para determinadas 
situações, além de estarem relacionadas com a flexibilidade cognitiva, 
possibilitando pensar em soluções criativas para problemas, adaptando-
se a situações novas.
3. As Unidades Funcionais de Luria
Alexander Luria, em seu trabalho intitulado Fundamentos de 
neuropsicologia foi capaz de aprimorar e reunir os modelos, 
anteriormente vigentes, para explicar o que hoje entendemos 
como funções cognitivas. O localizacionismo estreito de Gall (e seu 
mapa frenológico), Wernicke e Broca buscavam localizar funções 
complexas em regiões restritas do cérebro. Enquanto o unitarismo de 
Hughlings Jackson e Flourens propunham que as funções cerebrais 
são desempenhadas pelo cérebro como um todo, sendo dividido 
por hierarquia funcional, ou seja, cada componente do encéfalo 
(medula, gânglios basais, córtex cerebral) corresponderia a um nível 
evolutivamente superior de atividade cognitiva, enquanto as funções 
mentais superiores, como a linguagem, seriam desempenhadas por 
todo o cérebro. Luria, no entanto, formulou um novo modelo: nem o 
localizacionismo, nem o unitarismo (KRUSZIELSKI, 2009).
Luria entende que a função cerebral não se dá em uma área única, assim 
como a respiração não depende apenas do pulmão, mas de vários órgãos, 
a função cerebral também é resultado de um sistema complexo que não 
pode ser limitado a uma pequena área definida (FUENTES et al., 2008).
Luria, portanto, pensou no Sistema Nervoso Central como organizado 
de forma hierárquica e vertical, ou seja, estruturas inferiores deveriam 
funcionar adequadamente para que estruturas superiores pudessem 
trabalhar adequadamente (LURIA, 1981). A seguir, você verá um resumo 
das três principais unidades funcionais de Luria.
11
Figura 1 – As Unidades Funcionais (UF) de Luria
Fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301895/mod_resource/content/1/Teoria_
do_Sistema_Funcional_texto_LEANDRO%5B1%5D.pdf. Acesso em: 25 jul. 2022.
Primeira unidade funcional (vigília/ tônus muscular): está 
relacionada ao tronco encefálico, que fica localizado na base da 
cabeça, entre a medula e o cérebro. Esta região possui uma importante 
particularidade, diferentemente da maioria dos neurônios que obedece 
a lei do tudo ou nada, parte dos neurônios do tronco encefálico 
respondem com intensidades diferentes, ou seja, podem ser mais fracos 
ou mais fortes. Esta região é importante para regular o estado de vigília/ 
sono, por meio da regulação do tônus cortical, que ocorre de modo 
gradual (não dormimos ou acordamos de uma vez, mas apresentamos 
níveis intermediários de sonolência), devido à estimulação ou ausência 
de estimulação do tronco encefálico. Consiste na regulação do tônus 
muscular, adequando o tônus cortical às funções que executa.
Segunda unidade funcional: está relacionada ao recebimento, 
processamento e armazenamento das informações e está associada à 
parte posterior do córtex cerebral (região delimitada pelo sulco central), 
incluindo lobos occipital, parietal e temporal. Como as áreas envolvidas 
na segunda unidade funcional indicam, entre as funções englobadas 
estão a visão, percepção, tato, audição e orientação espacial, além de 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301895/mod_resource/content/1/Teoria_do_Sistema_Funcional
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301895/mod_resource/content/1/Teoria_do_Sistema_Funcional
12
relações com a linguagem e memória. As funções dessa unidade incluem 
o recebimento e análise de informações do mundo por meio dos órgãos 
sensoriais. Luria também propôs uma divisão de acordo com os tipos de 
neurônios encontrados, com áreas primárias e secundárias. As primárias 
(ou de projeção) possuem capacidades muito específicas, responsáveis 
apenas pelas sensações (exemplo: algumas áreas primárias visuais são 
responsáveis apenas pela identificação de cores). As áreas secundárias já 
são responsáveis pela percepção, gerando imagens propriamente ditas.
Terceira unidade funcional: possui as funções de programar, regular 
e verificar a atividade mental e engloba regiões do lobo frontal, ou 
seja, porções anteriores do cérebro, mais à frente e, portanto, incluem 
funções motoras, de planejamento e execução de ações (funções 
executivas) e linguagem. As áreas terciárias também são caracterizadas 
pela superposição e integração uma vez que relacionam as informações, 
agrupando-as e possibilitando um nível maior de abstração, 
estabelecendo relações entre a linguagem e as demais informações. É na 
área terciária que ocorre a cognição.
4. Processamento e seleção da informação
O processamento cognitivo consiste no modo como as informações 
do mundo externo fazem sentido e são compreendidas por nós. 
Inicialmente, são os órgãos dos sentidos os responsáveis pelo 
recebimento das informações do mundo externo e é por meio da 
percepção que essas informações começam a fazer sentido. Após a 
percepção, a informação poderá passar para o estágio de aprendizado 
e armazenamento na memória. Para uso posterior dessas informações, 
é necessário que sejam recuperadas. Por meio da recuperação de 
memórias também é possível que ocorra o pensamento e a reflexão, 
como por meio da lembrança de experiências prévias para solucionar 
problemas atuais. Este modelo de como as informações chegam e são 
processadas é muito simplificado. De fato, a cognição consiste em um 
fluxo contínuo de informações desde a entrada da informação até sua 
13
saída (estágio final), passando por diferentes formas de processamento 
ao longo deste caminho (GROOME et al., 2008).
Diferentes abordagens estudam os processos mentais e da informação 
(GROOME et al., 2008), entre elas, a Neurociência Cognitiva e 
Neuropsicologia Cognitiva relacionam funções cerebrais com cognição, 
por meio do uso de imagens e do estudo de indivíduos que sofreram 
traumas ou lesões cerebrais. É importante lembrar que os lobos cerebrais 
estão extensivamente interconectados e, principalmente, em tarefas mais 
complexas, pode haver o envolvimento de diversas áreas corticais. O 
cérebro opera como um sistema de processamento de informações, tanto 
para processar como para armazenar tais informações.
5. Flexibilidade Cognitiva e Comportamental – 
as funções executivas
As funções executivas consistem, de modo abrangente, na capacidade 
de organizar ações em sequência, de modotal que estas possam atingir 
determinado objetivo ou finalidades pré-definidos, contribuindo para 
nos comportarmos de maneira adequada, tendo em vista o que se 
quer cumprir. Para chegar ao trabalho, por exemplo, uma pessoa deve 
planejar o trajeto que percorrerá, qual o meio de transporte utilizado e 
os materiais que precisará para realizar tudo isso (algumas das questões 
implícitas para a escolha dos comportamentos poderia ser: qual o 
meio de transporte utilizado? Se for de carro, este está abastecido e 
em condições de uso? Se for de transporte público, qual o local que o 
ônibus/ trem passa? Entre outros exemplos).
As funções executivas também estão envolvidas na flexibilidade das 
decisões e comportamentos. Por exemplo, suponha que a pessoa em 
questão quer ir ao trabalho pela manhã, acorde e veja no telejornal que, 
em seu caminho habitual, há partes alagadas devido à chuva intensa. Na 
noite anterior, pode ter planejado ir ao trabalho na manhã seguinte de 
carro, mas, agora, se dá conta de que esta não é mais uma boa opção. Para 
14
manter o cumprimento do objetivo inicial (chegar ao trabalho) algumas 
decisões e ações terão que ser modificadas e outras realizadas. Ela pode, 
por exemplo, procurar uma rota alternativa em que não haja pontos de 
alagamento ou decidir utilizar o transporte público, sempre analisando 
a viabilidade de novas alternativas. Se manter fixa ao seu planejamento 
original, provavelmente, faria o objetivo de chegar ao trabalho não ser 
realizado com eficiência. A flexibilidade das ações, de acordo com os 
acontecimentos, é uma capacidade importante para atingir metas.
Com o exemplo, pode-se perceber que a flexibilidade e o planejamento 
das ações ajudam na seleção de comportamentos (ações auto-
organizadas) que levem até uma meta. Pela definição apresentada, sabe-
se, então, que isso tudo está relacionado às funções executivas. Falta, 
entretanto, um detalhe importante: como selecionamos as informações 
que são relevantes para as tomadas de decisões? São muitas as 
informações e estímulos que chegam até nós e nem todas são relevantes.
A seleção de informações está intrinsicamente relacionada com a 
atenção. Ainda pensando no exemplo da personagem que quer ir ao 
trabalho, podemos supor que enquanto ela assistia ao telejornal também 
conversava com seu marido e preparava seu pão com manteiga. Neste 
caso, vários elementos competiam por sua atenção e ela poderia ter 
prestado atenção, ou não, à informação sobre o alagamento na cidade. 
É provável que mesmo com a competição de informações, ela prestasse 
atenção à informação que afetaria diretamente (no caso, sobre a 
enchente que dificultaria seu caminho até o trabalho).
Existem diferentes modelos que explicam como a seleção de informações 
ocorre, sendo que alguns consideram que a seleção se dá logo no início 
da exposição à informação, excluindo imediatamente informações não 
relevantes para o indivíduo, enquanto outros consideram que a seleção 
de informações se dá de modo tardio, ou seja, todos os estímulos 
são processados e, só em um momento posterior, ocorre a exclusão 
dos estímulos inúteis ou irrelevantes para a pessoa e a situação em 
questão. Ambos os modelos apresentam falhas e podem ser facilmente 
questionados. Assim, o modelo mais aceito é o proposto por Treisman 
(1964), que considera aspectos físicos, da natureza, do estímulo em 
15
relação à linguagem e com o significado que este estímulo possui 
(processamento de nível semântico). Para este modelo, as informações 
não atendidas não seriam completamente descartadas, mas atenuadas, 
como uma música que pode ter o volume aumentado ou diminuído.
Lembremos mais uma vez do nosso exemplo: a mulher obteve informações 
da conversa que tinha com o marido, das notícias apresentadas na 
televisão e do seu pão com manteiga, cada qual passando por cada um dos 
três estágios mencionados acima (características físicas do estímulo, se o 
estímulo faz parte da linguagem e qual significado que possui). Evidências 
científicas têm favorecido a explicação oferecida por este modelo mais 
complexo no que tange à seleção de informações.
Referências
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L. F.; CAMARGO, C. H. P. (orgs.). Neuropsicologia: 
teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GROOME, D.; BRACE, N.; DEWART, H. et al.An introduction to cognitive psychology: 
processes and disorders. British Library Cataloging in Publication Data. 2. ed., p. 
1-235, [s. l.], 2008.
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M. Fundamentos da neurociência e do 
comportamento. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1995.
KRUSZIELSKI, L. Resenha: “O homem com um mundo estilhaçado”. PsicoDOM, n. 
4, p. 69-70. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.dombosco.sebsa.com.br/
faculdade/revista_4ed/arquivos/pdf/set2009_resenha.pdf. Acesso em: 25 jul. 2022.
LIMA, R. F. Compreendendo os mecanismos funcionais. Ciências e cognição, v. 6, p. 
113-122. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v6n1/
v6a13.pdf. Acesso em: 25 jul. 2022.
LURIA, A. R. Fundamentos de neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e 
Científicos; São Paulo: EDUSP, 1981.
MOURÃO JUNIOR, C. A.; MELO, L. B. R. Integração de três conceitos: função 
executiva, memória de trabalho e aprendizado. Psicologia: teoria e pesquisa. v. 27, 
n. 3, p. 309-314, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v27n3/06.pdf. 
Acesso em: 25 jul. 2022.
TREISMAN, A. M. Verbal cues, language and meaning in selective attention. 
American Journal of Psyvhology, n. 77, p. 206-219. Chicago: University of Illinois 
Press, 1964.
16
Percepção, atenção, linguagem, 
memória e funções executivas
Autoria: Tamires Araujo Zanao Mariano
Leitura crítica: Michele Aparecida Cerqueira Rodrigues
Objetivos
• Introduzir conceitos anatômicos e funcionais do 
córtex cerebral.
• Apresentar a definição de percepção, atenção, 
linguagem e memória.
• Apresentar a definição de planejamento, 
organização e execução de tarefas.
• Estabelecer relações entre essas funções, 
desenvolver pensamento crítico para identificação 
das mesmas.
• Exemplificar a ocorrência das funções cognitivas.
17
1. As funções cognitivas e a conexão com o 
mundo
Nós, os seres humanos, assim como outros animais, precisamos 
nos comunicar com o ambiente para nos prevenirmos de potenciais 
perigos e buscarmos por situações que sejam benéficas. Para que essa 
comunicação ocorra, contamos com um aparato incrível dos órgãos dos 
sentidos e sistema nervoso. É por meio de sons, cores e texturas que 
podemos identificar o que há ao nosso redor, mas não para por aí!
Somos dotados da capacidade de nos relacionarmos e comunicarmos 
com outros indivíduos semelhantes a nós. Além de vivenciarmos 
essas experiências, guardamos na memória e podemos acessá-las 
de diversos modos quando necessário, aumentando as chances 
de sermos bem-sucedidos em situações semelhantes e permitindo 
imaginar situações hipotéticas.
Dessa forma, conseguimos nos prevenir a elas, sem que tenhamos que 
aprender pelo erro, apenas imaginando as consequências. Tudo isso é 
extraordinário e não é difícil imaginar como seria bom apenas viver para 
desfrutar de todas essas nossas habilidades, mas nem tudo pode ser 
como queremos e as obrigações se fazem necessárias.
Por meio do autocontrole e da inibição de impulsos, você está aqui, 
estudando, ao invés de fazer algo que possa ser mais prazeroso 
momentaneamente, como passear ou assistir a um filme. Afinal, você 
consegue perceber que, a longo prazo, seu estudo trará mais benefícios 
do que estes prazeres momentâneos, não é mesmo?
Neste tema, falaremos sobre vários desses importantes aspectos 
abordados nesta introdução e como são essenciais para a constituição 
das nossas capacidades. São eles: percepção, atenção, inibição, 
autocontrole, linguagem e memória.
Bons estudos!
18
2. Córtex cerebral – o que é e para que serve?
Agora que pudemos refletir sobre como a natureza humana é fascinante 
e cheia de possibilidades, é naturalque nos perguntarmos quais são os 
aparatos biológicos ou condições que permitem toda essa vasta gama 
de atividades, comportamentos e habilidades.
Embora muitos elementos sejam importantes para que a percepção, 
atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória ocorram, nada 
disso é possível na ausência do funcionamento do córtex cerebral. O 
córtex consiste em uma camada enrugada que recobre os hemisférios 
direito e esquerdo do cérebro, formando dobras, permitindo maior 
volume em um espaço limitado por uma estrutura óssea, o crânio.
O córtex é dividido em quatro lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. 
Além destes, ainda temos a ínsula, conhecida como o quinto lobo e esta 
não pode ser observada por fora, pois fica localizada na fissura silviana, 
em um ponto de confluência dos lobos temporal, frontal e parietal. Cada 
um deles possui características próprias e especificidades.
O lobo frontal está mais relacionado ao planejamento de ações futuras, 
controle dos movimentos, fala, escrita e linguagem articulada, sendo o 
lobo com maior relevância cognitiva, embora todos sejam importantes! O 
lobo parietal é fundamental para imagem corporal e sensações; já o lobo 
temporal está ligado à audição, memória, emoções e o lobo occipital, a 
visão. A ínsula associa-se ao processamento de sensações e sentimentos.
Embora nosso córtex seja organizado dessa forma, funções complexas 
requerem que áreas distintas sejam coordenadas e apenas tal 
coordenação permite o funcionamento adequado e o cumprimento de 
suas tarefas. Lembre-se disso! As funções que veremos a seguir são 
consideradas superiores, de alta complexidade e ocorrem devido à 
integração de várias áreas corticais e cerebrais, muitas vezes.
19
3. Percepção, atenção, memória e linguagem
Agora que vimos sobre a importância do córtex e de seu papel no 
processamento e coordenação das informações, veja alguns detalhes 
importantes de cada uma dessas funções e tente encontrar exemplos 
de eventos do seu dia a dia que essas estão presentes. Algumas 
funções são mais claras, enquanto outras podem precisar de um maior 
esforço para serem identificadas. Caso tenha dificuldade em fazer essa 
associação, não desanime, abaixo teremos alguns exemplos para ajudar.
3.1 Percepção
A percepção está relacionada com a capacidade de percebermos as 
coisas à nossa volta, ligada diretamente com os cinco sentidos: visão, 
audição, tato, olfato e paladar. Os estímulos chegam até nós, por meio 
dos sentidos e, então, podemos interpretá-los, identificando-os e 
atribuindo significado para o que nossos órgãos captaram.
É comum que a percepção caia em armadilhas do nosso cérebro, buscando 
padrões (como rostos) mesmo onde não exista. Já aconteceu com você de 
ver rostos em locais aleatórios, como em uma tomada ou na espuma do 
café? A Gestalt é uma teoria psicológica que pode explicar esse fenômeno 
de tendermos a encontrar padrões conhecidos em locais onde não estão 
presentes. A título de curiosidade, esta teoria considera que para perceber 
as partes constituintes de determinado elemento, é antes necessário 
perceber o todo, ou seja, o todo é diferente do que a somatória das partes. 
A Gestalt considera quatro princípios para a percepção de objetos:
• Fechamento: nosso cérebro tende a unir elementos de modo que 
fechem.
• Proximidade: agrupamos, sem perceber, elementos que estão 
próximos um dos outros.
20
• Segregação: elementos diferentes são separados na nossa mente. 
Ao ler um texto com diferentes tamanhos de letras, por exemplo, 
você percebe que se trata de partes diferentes do texto (título, 
subtítulo, corpo do texto).
• Semelhança: o oposto ao exemplo acima. Elementos similares são 
facilmente agrupados por nosso cérebro.
Olhe a figura abaixo: o que você vê?
Figura 1 – Exemplo de imagem analisada pela Gestalt
Fonte: Shutterstock.com.
Caso você tenha visto um rosto, saiba que, em branco, há uma taça (ou 
vaso). Você viu um vaso? Saiba que há também dois rostos em cinza. 
Apesar de podermos ver as duas opções (rosto ou taça), não é possível 
vermos as duas ao mesmo tempo e isso se deve a forma como a 
percepção das imagens se dá no nosso cérebro.
21
3.2 Atenção
Consiste na capacidade de concentração de alguns elementos em 
detrimento de outros, devido a quantidade de estímulos, perceptos, 
imagens, sons que chegam até nós por meio da percepção e dos 
sentidos. Imagine se processássemos e nos ocupássemos de tudo que 
chega até nós! Lembre-se de que nem tudo tem a mesma importância.
A atenção faz justamente essa seleção, impedindo que percamos tempo 
com elementos sem relevância. Podemos separar a atenção focada, 
quando nos dedicamos a apenas uma tarefa da atenção dividida, 
quando mais de uma tarefa ocorre em conjunto.
Naturalmente, a maioria de nossas atividades diárias requerem atenção 
dividida, mas, apesar de ser possível dividir a atenção, isso traz prejuízos 
para as tarefas. Já aconteceu com você de demorar mais ou cometer 
erros por estar fazendo ações simultâneas? É exatamente por este 
motivo que nunca se deve dirigir e mexer no celular, por exemplo.
Comprovadamente, há muito mais chances de acidentes quando não 
focamos nossa atenção só em dirigir, que, por ser uma tarefa complexa, 
já exige atenção dividida entre vários estímulos (pedestres, sinais de 
trânsito e outros carros).
3.3 Memória
A memória possibilita guardar vivências, podendo ser acessadas 
posteriormente. É de fundamental importância, pois, sem ela, o 
aprendizado não seria possível. Com frequência, no aprendizado 
de conteúdos complexos, precisamos construir o conhecimento, 
começando pelas informações mais básicas e, aos poucos, atingindo os 
níveis mais abstratos.
22
Por exemplo, para resolver uma equação matemática complexa, 
é necessário antes saber operações básicas: soma, subtração, 
multiplicação e divisão. É importante salientar que existem diferentes 
tipos de memória e é possível que haja comprometimento em um 
subtipo e não em outro.
Embora sejam relacionadas, a memória não verbal, para elementos 
visuoespaciais, é relativamente independente da memória verbal, 
relacionada à linguagem e vice-versa. Entre as várias classificações 
possíveis, a memória pode ser dividida em:
• Declarativas ou explícitas: que estão relacionadas a eventos 
autobiográficos, próprios, únicos e particulares de cada pessoa e 
conhecimentos de fatos do mundo.
• Não declarativas ou implícitas: que ocorrem por meio da repetição 
e do hábito, não podendo ser passadas a outras pessoas através 
de palavras, como saber nadar ou andar de bicicleta.
3.4 Linguagem
Essa função é de fundamental importância para nós, seres humanos. 
Muitos dos conhecimentos que temos, hoje, é devido ao acúmulo de 
centenas de anos de vivências diversas e isso só foi possível por meio da 
transferência de conhecimentos por meio da linguagem.
Apenas humanos possuem a capacidade de atribuir significados e 
símbolos para sons, na extensão e complexidade como fazemos, o que 
nos permite transmitir os conhecimentos acumulados de geração para 
geração. São várias as regiões envolvidas na linguagem, como a área de 
Broca, no lobo frontal, e a área de Wernicke, no lobo temporal.
No que se refere à comunicação, alterações de linguagem foram 
fundamentais para a compreensão do funcionamento cerebral no 
23
princípio das neurociências, trazendo uma importância histórica para o 
tema. Um curioso fato é que para a maioria das pessoas, as funções de 
linguagem se encontram no hemisfério esquerdo do cérebro, embora, 
em algumas pessoas, esta função possa estar localizada no hemisfério 
direito, o que ocorre, principalmente, em canhotos.
4. Inibição e autocontrole
Para que as funções cognitivas, anteriormente descritas, estejam de 
acordo com as regras sociais, é fundamental que filtremos nossas ações 
ao dizer ou fazer algo. Uma criança poderá chorar e reclamar de fome, 
mas um adulto deve ser capaz de aguentar essa mesma sensação 
incômoda com maior resistência quando algum evento externoo impede 
de se alimentar momentaneamente. Isso se dá porque a criança ainda 
não possui o córtex pré-frontal plenamente desenvolvido e esta região é a 
principal responsável pelo autocontrole e inibição de impulsos.
Esse aprendizado do que se pode ou não dizer e fazer em determinado 
contexto e ambiente se dá aos poucos, ao longo da vida. Crianças 
costumam ser mais espontâneas, mas à medida que crescem, espera-se 
que aprendam a inibir seus impulsos e se autocontrolarem.
É interessante notar que inibição e autocontrole esbarram em aspectos 
éticos e culturais. Sociedades distintas podem possuir regras igualmente 
divergentes do que é de bom tom, esperado ou proibido. Para algumas 
culturas, comportamentos como o arroto, por exemplo, pode não 
ser malvisto após uma refeição, enquanto, para outras, esse ato seria 
extremamente ofensivo.
Assim, a inibição e o autocontrole dela pode ser bem-vinda ou não, 
dependendo da sociedade em questão. Embora componentes sociais 
sejam fundamentais para a determinação do que deve ser inibido 
24
e autocontrolado, existem componentes e aparatos biológicos que 
possibilitam tal discriminação e controle.
Você consegue se lembrar de algo que gostaria muito de ter feito, 
mas não fez ou adiou por considerar que outra tarefa era prioridade? 
É fácil compreender quando pensamos neste exemplo: estudar para 
uma prova em uma tarde de sol pode ser bem pouco convidativo 
e, certamente, um convite para um banho de piscina poderia ser 
facilmente aceito pela maioria das pessoas, não fosse a inibição e 
o autocontrole. Podemos nos autocontrolar graças ao lobo frontal, 
responsável por essa ponderação e racionalização, possibilitando que, 
mesmo contra todas as suas vontades, você opte por estudar ao invés 
de ir para a piscina se refrescar.
As funções associadas ao lobo frontal são de fundamental importância. 
Estruturas do lobo frontal, como o córtex pré-frontal e o córtex cingulado 
anterior, estão relacionadas com o autocontrole, inibição, análise de 
consequências, possibilitando a supressão de vontades, levando em conta 
não apenas os aspectos do que se quer, mas também as consequências, o 
que poderá acontecer se aquela vontade for realizada.
O córtex pré-frontal pode ser ainda subdividido em três regiões, que 
são: lateral, medial e ventral. A região ventral faz conexões com diversas 
partes do cérebro e está mais diretamente relacionada com o controle 
de impulsos. As lesões na região medial podem estar associadas a afeto 
inapropriado, baixa tolerância a frustração, comportamento social 
inadequado, inflexibilidade e pobreza de julgamento.
Dessa forma, os comportamentos se modificam e podem alterar a 
maneira como os indivíduos se portam perante os demais, levando 
familiares e amigos à sensação de estranhamento e não reconhecimento.
Interessante notar como há relações entre as funções cognitivas 
apresentadas, e como a inibição e o autocontrole nos auxilia em 
25
comportamentos complexos e típicos dos seres humanos, como tomada 
de decisões que podem adiar prazeres imediatos e que são importantes 
a médio ou longo prazo.
Nosso aparato biológico permite percebermos o mundo ao 
nosso redor, selecionar, por meio da atenção, o que é de maior 
importância, memorizar esses acontecimentos para uso posterior e 
nos comunicarmos por meio da linguagem, possibilitando que este 
conhecimento seja passado adiante, para outros indivíduos.
Essa comunicação é fundamental para que saibamos, de acordo com a 
cultura e sociedade em que estamos inseridos, quais comportamentos 
devemos inibir e em quais situações o autocontrole pode ser necessário.
Referências
BARBOZA, L. M. S. Psicopedagogia e aprendizagem: Coletânea de Reflexões. 
Curitiba, 2002.
BUTMAN, J; ALLEGRI, R F. A cognição social e o córtex cerebral. Psicol. Reflex. Crit., 
v. 14, n. 2, p. 275-279. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 
2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722001000200003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 25 jul. 2022.
LURIA, A. R. Fundamentos da Nuropsicologia. São Paulo: Rd da USP, 1981.
MOGRABI, G. J. C. Vontade, inibição, razão e autocontrole: a atualidade de 
uma tese de Willian James. Veritas, v. 54, n. 1, p. 46-68. Porto Alegre: Pontifícia 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2009. Disponível em: http://
revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/veritas/article/view/5066.\\Acesso em: 25 
jul. 2022.
SIMÕES, P. M. U. Análise de estudos sobre atenção publicados em periódicos 
brasileiros. Psicol. Esc. Educ., v. 18, n. 2, p. 321-330. Maringá: Associação Brasileira 
de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), 2014. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572014000200321&lng=en&nr
m=iso. Acesso em: 25 jul. 2022.
XAVIER, G. F. A modularidade da memória e o sistema nervoso. Psicol. USP, v. 4, n. 
1-2, p. 61-115. São Paulo: USP, 1993. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
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em: 25 jul. 2022.
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Transtornos relacionados às 
funções cognitivas
Autoria: Tamires Araujo Zanao Mariano
Leitura crítica: Michele Aparecida Cerqueira Rodriguesa
Objetivos
• Apresentar os principais transtornos relacionados à 
percepção e atenção.
• Apresentar os principais transtornos relacionados à 
inibição e autocontrole.
• Apresentar os principais transtornos relacionados à 
linguagem e memória.
27
1. O ser humano e o mundo à sua volta
Para percebermos o meio em que estamos inseridos, necessitamos 
utilizar nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar), que nos 
permitem experimentar as informações recebidas do mundo exterior, 
e são muitas que chegam até nós! Não daríamos conta de processar 
de modo completo e perfeito todos os estímulos que chegam até nós 
pelos diversos órgãos dos sentidos. Mais do que isso, não seria nada 
econômico. Gastaríamos muita energia em algo que não nos seria útil.
A atenção possibilita que selecionemos o que deve ser importante no 
contexto em que estamos inseridos e a inibição e o autocontrole nos 
permite agir de modo adequado em sociedade, suprimindo vontades em 
momentos que atendê-las pode ser inoportuno ou pouco vantajoso para 
nós. Como o cérebro está envolvido em todas essas funções apresentadas, 
é fácil perceber que injúrias, traumas e lesões podem afetá-las gravemente.
Neste tema, você verá alguns transtornos relacionados à percepção, 
atenção, inibição/ autocontrole, memória e linguagem. Na história 
das neurociências, o estudo do mau funcionamento é importante não 
apenas para buscar tratamentos a esses indivíduos, mas também auxilia 
a compreender o que ocorre no cérebro saudável, trazendo maiores 
informações acerca dos componentes que integram o encéfalo de modo 
que a percepção, atenção, inibição e autocontrole, memória e linguagem 
sejam possíveis, levando à compreensão de como esses processos se 
dão e não (só) exatamente onde ocorrem.
Bons estudos!
2. Conceitos de percepção, atenção, inibição, 
autocontrole, linguagem e memória
Brevemente, a definição de percepção consiste na capacidade de 
percebermos as coisas à nossa volta, estando diretamenteenvolvida 
28
com os sentidos. Os estímulos chegam até nós, por meio dos sentidos, e, 
então, podemos interpretá-los, identificando-os e atribuindo significado a 
essas informações. Como são muitos os estímulos, temos a atenção para 
selecionar aqueles aos quais devemos direcionar nossa consciência.
Percebemos o mundo e atribuímos significados, nos atentando ao 
que se faz importante em determinados contextos, mas também é 
importante que utilizemos da inibição e do autocontrole para que 
não tenhamos ações de modo inadequado, seguindo regras sociais e 
priorizando os comportamentos adequados para cada situação.
A linguagem é o que permite nos comunicarmos com os outros 
da nossa espécie, transmitir nossas ideias e planos, auxiliando os 
conhecimentos serem passados de uma pessoa a outra. No entanto, 
sem a memória, o aprendizado não seria possível, já que vamos 
adicionando camadas de conhecimento ao longo do tempo (imagine 
como seria possível aprender a ler sílabas se não fossemos capazes de 
memorizar as vogais e as consoantes?).
Agora que já vimos um pouco sobre o que são essas funções, veremos, 
por meio de exemplos, o que ocorre quando algo não vai bem no 
funcionamento delas.
3. Transtornos e distúrbios de percepção e 
atenção
3.1. Sinestesia
Você sabe dizer que cor é o número 5? A pergunta é exatamente essa: 
qual a cor do número 5? E do número 23? Pode parecer estranho, mas, 
para pessoas com sinestesia, números podem ter cores associadas a 
eles. E não para por aí! Outros sentidos podem se somar, como sons e 
sabores, por exemplo. Em resumo, indivíduos sinestésicos são pessoas 
que quando expostas a uma modalidade sensorial experimentam de 
29
modo automático e consistente outra sensação, de uma modalidade 
diferente. A forma mais comum de sinestesia consiste em enxergar 
cores em letras e palavras do alfabeto.
Alguns sinestésicos consideram que se trata de um presente, algo 
bom e, por isso, termos como desordens ou transtornos podem ser 
ofensivos. A prevalência ainda não é totalmente definida, mas alguns 
autores consideram que pode ser da magnitude de 1, em cada 20 
pessoas da população.
3.2. Blindsight
Blindsight é um termo em inglês que poderia ser traduzido para 
algo como visão cega. Trata-se da capacidade parcial de indivíduos 
que possuem lesão do córtex estriado, uma região essencial para a 
percepção visual, de responderem a alguns estímulos visuais que estão 
presentes em seus pontos cegos.
Resumindo, esses pacientes conseguem responder a estímulos que 
não são capazes de ver. Podem detectar presença de objetos, distinguir 
algumas formas (como a letra O, da letra X), apontar para determinada 
direção, indicando a localização de determinado objeto, por exemplo, 
mesmo quando estes aparecem em regiões correspondentes a áreas do 
córtex estriado lesionadas, sem ter consciência do que estão vendo.
A hipótese mais aceita para a ocorrência do blindsight consiste na 
existência de dois sistemas visuais distintos: um primitivo, independente 
da área estriatal e outro mais complexo e avançado. O sistema primitivo 
pode ser sensível a algumas características, como movimentos e 
velocidade, sem que ocorra a consciência dessa percepção.
3.3. Negligência espacial unilateral
Diferentemente dos pacientes com blindsight, que respondem a objetos 
que não podem ver, no indivíduo com negligência espacial unilateral 
ocorre algo oposto: eles podem ver, mas falham em responder a esses 
30
estímulos vistos. Possuem acuidade visual normal, mas negligenciam o 
que ocorre em um determinado lado do campo de visão.
Lembrando que o hemisfério direito controla o lado esquerdo do 
corpo e o hemisfério esquerdo controla o lado direito. Quando uma 
lesão ocorre do lado direito, por exemplo, a negligência se dá do 
lado esquerdo do corpo e vice-versa. É como se o que ocorre do lado 
negligenciado não existisse: esses pacientes não comerão a comida que 
estiver do lado negligenciado do prato, não perceberão os números do 
relógio no lado negligenciado e assim por diante.
3.4. Agnosia
O termo agnosia significa não conhecimento. Pacientes com agnosia 
visual possuem memória, linguagem, inteligência e, inclusive, acuidade 
visual em bom funcionamento, mas são incapazes de reconhecer 
objetos de uso comum e diário. Podem perceber os objetos, não 
esbarrar neles, manuseá-los, mas não os reconhecem.
Esta condição pode ser definida como um prejuízo de processamento 
visual superior, que é necessário para o reconhecimento de objetos, 
com preservação relativa das outras capacidades visuais. Existem outros 
tipos de agnosia, como a tátil, em que o indivíduo não reconhece o 
objeto por meio do toque e na agnosia auditiva, o paciente é incapaz de 
reconhecer os objetos pelo som.
3.5. Prosopagnosia
O reconhecimento de faces é uma tarefa complexa: não basta 
identificar elementos comuns, como olhos, boca e nariz, pelo contrário, 
esses elementos estão presentes em todos os indivíduos. Além disso, 
as expressões faciais que utilizamos a todo momento modificam 
nossos rostos frequentemente.
Algumas injúrias cerebrais podem prejudicar a habilidade de 
reconhecimento facial. Trata-se da prosopagnosia, uma desordem 
31
de processamento e reconhecimento de faces. Indivíduos com 
prosopagnosia podem ser incapazes de reconhecer faces mesmo 
de familiares próximos e, em alguns casos, seus próprios rostos. A 
inabilidade de reconhecimento se refere unicamente às faces, havendo 
o reconhecimento por meio das vozes, por exemplo.
4. Transtornos e distúrbios de inibição e 
autocontrole
O lobo frontal é de fundamental importância para diversas 
características humanas, como habilidades motoras, funções cognitivas 
e executivas, que envolvam planejamento de tarefas, análise de 
consequências, inibição de impulsos e autocontrole.
Podemos facilmente supor que injúrias, neste lobo, podem causar uma 
variedade de prejuízos. A maioria das mudanças de comportamento 
estão relacionadas com lesões no córtex pré-frontal, resultando em uma 
ampla gama de alterações comportamentais.
Em outros casos de injúrias de lobo frontal, foram retratados ausência 
de preocupações e apatia ou mesmo ausência de distração anormal, 
embora a inteligência geral permaneça não afetada.
5. Transtornos relacionados à linguagem
A linguagem é tão fascinante que diferentes profissionais se dedicam ao 
seu estudo, como linguistas, fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas, 
pedagogos, entre outros, contudo as abordagens podem ser diferentes. 
Aqui, apresentaremos, principalmente, os componentes biológicos da 
linguagem e suas implicações.
O processamento da linguagem é complexo e diverso, incluindo 
identificação de sons e atribuição aos seus significados, resolução de 
32
problemas, encadeamento de pensamento, além do mais óbvio que é a 
comunicação com outras pessoas.
Doenças neurológicas ou traumas cerebrais podem acarretar distúrbios 
diversos. A seguir, você conhecerá as principais características das 
principais alterações da linguagem, mas, antes disso, é importante 
compreender o termo afasia.
Afasia consiste na perda da memória depois que esta já foi adquirida 
pelo indivíduo, devido a algum trauma ou doença que atinja áreas 
cerebrais relacionadas à linguagem (GROOME, 2008).
Figura 1 – Afasia
Fonte: Shutterstock.com.
33
5.1. Afasia de Broca
Esta afasia ocorre quando a porção posterior do lobo frontal esquerdo 
(área de Broca) é atingida. Os sintomas incluem dificuldades de produzir 
palavras e incapacidade de utilizar flexões e conectivos. Embora o 
planejamento e a produção da fala sejam deficientes, a compreensão está 
praticamente intacta. Indivíduos com afasia de Broca apresentam, portanto, 
a compreensão preservada, mas a fala prejudicada e as poucas palavras 
que conseguem dizer costumam ser dotadas de significado.
5.2. Afasia de Wernicke
É a afasia oposta à de Broca, ou seja, o discurso da fala é fluente, com 
flexões de verbos e uso de conjunções e conectivos, mas pobre em 
significado. O indivíduoconsegue produzir a fala, mas o discurso não 
faz sentido. Isso ocorre quando a metade posterior do córtex temporal 
(área de Wernicke) é atingida.
5.3. Afasia de condução
Para compreender este tipo de afasia é necessário, antes, compreender 
as afasias de Broca e Wernicke, pois, na afasia de condução, o déficit 
está na comunicação, na condução de uma área para outra. Isso significa 
que os indivíduos com afasia de compreensão são capazes de entender 
o significado da fala e de produzir fala, mas não conseguem repetir 
frases quando solicitados, cometendo erros fonológicos, substituindo 
palavras ou até mesmo tendo dificuldade para dizer qualquer coisa. A 
área comprometida neste tipo de afasia é o fascículo arqueado.
5.4. Afasia global
Este tipo de afasia envolve distúrbios em todas as funções de linguagem. 
Ocorre quando uma grande porção do lobo frontal e temporal são 
comprometidos e é caracterizado pelo comprometimento de todos os 
processos de linguagem.
34
6. Distúrbios relacionados à memória
Os distúrbios de memória são chamados de amnésias, conhecido pelo 
público geral, esse termo é um tema interessante e muito explorado 
pelas artes: em filmes, teatros, programas de televisão etc.
A doença de Alzheimer é outro exemplo de assunto relacionado à perda 
de memória presente na mídia, devido ao aumento significativo de 
casos, já que há uma longevidade crescente das pessoas.
O que é amnésia? Assim como não existe uma única memória (são 
vários subtipos), também não há um único tipo de amnésia. A seguir, 
trataremos das principais características das amnésias (GROOME, 2008). 
As amnésias podem ter diversas etiologias que, por sua vez, podem ser 
divididas em dois grandes grupos, como veremos a seguir.
6.1. Amnésias orgânicas
Este tipo de amnésia é causado por danos físicos de causas diversas, 
como traumas cerebrais ocasionados por acidentes, infecções cerebrais 
e desordens degenerativas. As amnésias orgânicas costumam ser 
severas, progressivas e irreversíveis, e trazem como característica o 
prejuízo das memórias de longo prazo, ou seja, aquelas memórias 
consolidadas no passado. Estes pacientes também têm dificuldade 
para formar novas memórias de longo prazo, mas continuam capazes 
de utilizar a memória de curto prazo, podendo se lembrar do que 
aconteceu nos segundos anteriores, completar frases, participar de 
conversas que não requeiram muitas informações de um passado mais 
distante. A dificuldade reside em passar essas informações recém-
adquiridas, no curto prazo, para memórias de longo prazo que poderão 
ser acessadas no futuro (GROOME, 2008).
35
Entre as principais causas de amnésia orgânica, estão: Doença de 
Alzheimer, Síndrome de Korsakoff, Encefalite (Herpex Simples), cirurgia 
de lobo temporal e pós eletroconvulsoterapia.
6.2. Amnésias psicogênicas
Essas amnésias estão, geralmente, ligadas à repressão de eventos 
traumáticos e memórias consideradas inaceitáveis pelo sujeito 
acometido por ela. Ocorre, por exemplo, com pessoas que sobrevivem 
a acidentes muito graves. Estas amnésias raramente são totalmente 
debilitantes e, embora possam causar desorientação e confusão, 
costumam ser reversíveis, visto que não há lesão cerebral.
6.3. Amnésias anterógrada e retrógrada
Outra diferenciação importante entre as amnésias, é a caracterização 
em amnésia anterógrada, quando a perda de memória ocorre a partir 
do início da amnésia, com o sujeito não conseguindo formar memórias 
de longo prazo a partir do início desta, e amnésia retrógrada, quando 
a perda de memórias de longo prazo afeta memórias que ocorreram 
antes do início da amnésia, não sendo possível para esses indivíduos 
lembrarem de acontecimentos passados.
Referências
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o 
sistema nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
DeGROOT, J. Neuroanatomia. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.
GROOME, D.; BRACE, N.; DEWART, H. et al. An introduction to cognitive 
psychology: processes and disorders. 2. ed., p. 1-235. London: British Library 
Cataloging, 2008. Disponível em: http://xn—webducation-dbb.com/wp-content/
uploads/2019/11/David-Groome-et-al.-An-Introduction-to-Cognitive-Psychology_-
Processes-and-Disorders-Psychology-Press-Taylor-Francis-c2014.pdf. Acesso em: 25 
jul. 2022.
LURIA, A. R. Fundamentos da neuropsicologia. São Paulo: Rd da USP, 1981.
http://xn-webducation-dbb.com/wp-content/uploads/2019/11/David-Groome-et-al.-An-Introduction-to-Cogn
http://xn-webducation-dbb.com/wp-content/uploads/2019/11/David-Groome-et-al.-An-Introduction-to-Cogn
http://xn-webducation-dbb.com/wp-content/uploads/2019/11/David-Groome-et-al.-An-Introduction-to-Cogn
36
Transtornos de aprendizagem
Autoria: Tamires Araujo Zanao Mariano
Leitura crítica: Michele Aparecida Cerqueira Rodrigues
Objetivos
• Apresentar as funções executivas e alguns
transtornos relacionados ao planejamento,
organização e execução de tarefas.
• Apresentar alguns dos principais transtornos
relacionados à aprendizagem.
• Apresentar a síndrome disexecutiva e sua relação
com lesões cerebrais.
37
1. Funções executivas: definição e implicação 
na aprendizagem
Quando falamos em planejamento, organização e execução de tarefas, 
estamos falando em funções executivas, englobando a seleção de ações 
motivadas a atingir um objetivo. Essas habilidades e capacidades são 
fundamentais para estabelecer novos conhecimentos e aprendizagens. 
As funções executivas são realizadas majoritariamente pelo lobo frontal, 
mais especificamente pelo córtex pré-frontal. São várias as condições que 
podem levar ao prejuízo das funções executivas que interferem em muitos 
aspectos da aprendizagem, entre elas, estão transtornos psiquiátricos, 
lesões, injúrias e traumas cerebrais, entre outros (DIAS et al., 2010). A seguir, 
você verá como alterações da organização, do planejamento e da execução 
de tarefas interferem na capacidade de aprendizagem.
2. Distúrbios da aprendizagem
Ao falarmos em distúrbio de aprendizagem, é importante fazer uma 
primeira diferenciação: o distúrbio possui caráter inespecífico (também 
chamado de secundário ou sintomático) ou primário (específicos)?
No caso dos transtornos inespecíficos, as causas são identificáveis 
e, quando tratadas, geram uma melhora da aprendizagem como 
consequência. Entre eles, estão: os distúrbios de comportamento, como 
o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade; doenças crônicas, 
como a epilepsia, que necessita do uso de medicações que podem alterar 
a cognição; mudanças na constituição; convivência familiar ou outras 
situações que causem sofrimento psicológico; deficiências mentais ou 
sensoriais; entre outros. Os distúrbios de aprendizagem inespecíficos 
constituem a maioria dos casos de alterações de aprendizagem.
Vale notar que, mesmo sendo secundárias, as soluções para melhores 
condições de aprendizagem podem ser complexas. No caso de 
38
alterações causadas pelo uso de medicação prolongada, como, por 
exemplo, na epilepsia, sabe-se que algumas medicações podem 
prejudicar a memória, a velocidade do processamento das decisões e 
o próprio juízo, mas esses remédios são também fundamentais para 
controlar as crises que, por si só, já causam prejuízos cognitivos.
Já as dificuldades primárias, afetam crianças que possuem condições de 
aprendizagem adequadas (frequentam escola, não possuem alterações 
psicológicas incapacitantes, não fazem uso contínuo de medicações 
que interferem na memória etc.). Os termos utilizados (transtorno, 
distúrbio, deficiência) são variados e controversos e o diagnóstico deve 
ser feito por profissionais capacitados, que comprovem rebaixamento 
significativo em habilidades de leitura, matemática ou expressão escrita, 
sendo o comprometimento persistente ao longo do desenvolvimento. 
Ainda, o diagnóstico não deve ser utilizado para limitar ou rotular o 
indivíduo, mas para buscar o tratamento mais adequado.
Aqui, focaremos nos distúrbios de aprendizagem que alteram 
especificamentea organização, planejamento e execução de tarefas, ou 
seja, os distúrbios de aprendizagem que afetam as funções executivas. 
As funções executivas estão envolvidas em diferentes operações 
relacionadas entre si, envolvendo atenção seletiva, controle de impulsos, 
planejamento e avaliação de ações para atingir um objetivo ou meta. Da 
mesma forma, alterações e prejuízos nessas habilidades poderão gerar 
diversas alterações comportamentais ou cognitivas, com dificuldade 
de seleção de informação, dificuldades de organização, planejamento 
e execução de tarefas, bem como incapacidade de antecipar 
adequadamente consequências, com imediatismos, impulsividade e 
prejuízo para a vida social.
3. Classificação dos distúrbios
Disfunções das funções executivas acarretam diversas alterações 
comportamentais em crianças e adolescentes, afetando a aprendizagem 
39
em graus variados. Entre eles, estão Transtorno de Déficit de Atenção 
e Hiperatividade, transtornos invasivos ou globais do desenvolvimento 
(espectro autista, transtornos de aprendizagem, como a dislexia e a 
discalculia, síndromes genéticas, como Síndrome de Prader-Willi, Síndrome 
de Williams e Síndrome de Down, quadros neurológicos crônicos, como 
epilepsia etc.). Falaremos, a seguir, de algumas das disfunções e transtornos 
de funções executivas que mais afetam a aprendizagem.
3.1. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) consiste em 
um distúrbio do comportamento que afeta, principalmente, crianças. 
Trata-se de uma combinação da tríade déficit de atenção, impulsividade 
e hiperatividade, que pode ocorrer em graus variados. Essas alterações 
afetam vários âmbitos da vida da criança em suas relações sociais, além 
de acarretar rendimento escolar abaixo do esperado. O prejuízo escolar 
costuma ser maior quando o déficit é predominantemente de atenção.
Entre os principais sintomas, estão a incapacidade de manter atenção 
focada por tempo suficiente para realizar tarefas que exijam uma 
quantidade grande de informações. A distração ocorre com muita 
facilidade para crianças com TDAH e a capacidade de autocontrole e de 
julgamento de consequências são falhas. Devido a essas características, 
indivíduos com TDAH tendem a perceber muitas das situações escolares 
como aversivas e o convívio social, com os professores e com os demais 
alunos, tende a ser prejudicado.
É importante que o diagnóstico diferencial de TDAH para outras causas 
de alterações de comportamentos seja feito de modo adequado e, 
para isso, é preciso descartar algumas situações que possam gerar os 
mesmos sintomas, entre eles: alterações da dinâmica familiar, estresse 
pós-traumático, alterações na tireoide, epilepsia, abuso ou dependência 
de drogas, doenças neurodegenerativas, entre outros.
40
Comorbidades ao TDAH são muito frequentes, embora seja difícil 
precisar exatamente quanto. Entre as comorbidades mais frequentes, 
estão o transtorno opositor desafiante, distúrbios de conduta, 
depressão, ansiedade e distúrbios de aprendizagem.
3.2. Transtornos do espectro autista e globais do 
desenvolvimento
O autismo é um transtorno que possui grande variedade de graus e 
intensidades, não podendo ser classificada como uma doença única, 
portanto. Possui prevalência relativamente alta (de dois a cinco casos, 
em mil), sendo o terceiro entre os distúrbios de desenvolvimento, à 
frente da Síndrome de Down, por exemplo.
Em comum, pessoas do espectro autista apresentam déficit na 
comunicação e interação social, padrão de comportamentos repetitivos 
e pequeno repertório de atividades tidas como prazerosas. Em relação 
à linguagem, novamente as habilidades são variadas, tanto para 
capacidades verbais como não verbais, podendo ir desde a incapacidade 
total da fala, passando por ecolalia (repetição repetitiva dos últimos sons, 
palavras ou frases, como um eco), uso de jargões, aquisição de fala, mas 
com dificuldade para entender metáforas e sutilezas da língua, com 
dificuldades também para interpretar expressões faciais e corporais.
O autista apresenta déficits qualitativos na interação social, de 
comunicação e de padrões de comportamento. No que se refere às 
capacidades cognitivas, na Síndrome de Asperger, diferentemente do 
autismo, o indivíduo não apresenta atraso significativo de linguagem, nem 
há atraso significativo no desenvolvimento cognitivo, com preservação de 
habilidades de autoajuda, comportamentos adaptativos e de curiosidade 
em relação ao meio. No entanto, há déficits significativos na interação 
social e padrão de comportamentos estereotipados.
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No Transtorno Desintegrativo da Infância, o que ocorre é uma perda de 
capacidades previamente adquiridas, como de linguagem, habilidades 
sociais, lúdicas e motoras. Essas habilidades são adquiridas até 
aproximadamente os dois anos de idade, mas, antes dos dez, ocorrem 
perdas significativas nesses âmbitos.
Para fazer o diagnóstico diferencial, muitas vezes, é necessário que 
uma equipe multidisciplinar realize exames e testes, com avaliação 
neuropsicológica, incluindo avaliação de linguagem e exames 
complementares, como testes genéticos. É importante, ainda, salientar 
que, embora estes transtornos apresentem dificuldades de organização, 
planejamento e execução de tarefas, seus déficits envolvem também 
outros aspectos, como dificuldades de socialização.
4. Funções executivas e o lobo frontal
As funções executivas são atribuídas ao lobo frontal, mais 
especificamente da região pré-frontal, que funcionaria como um 
maestro (GOLDBERG, 2012). Seguindo essa metáfora do maestro, 
podemos perceber que a orquestra continuaria existindo sem o 
maestro, assim como as atividades neurais sem o córtex pré-frontal. 
No entanto, a ausência do maestro (e do córtex pré-frontal) fariam 
com que a eficiência e a organização das partes relacionadas fossem 
prejudicadas. Existem diferentes modelos para explicar como as funções 
executivas ocorrem e se relacionam. Lezak (apud FUENTES et al., 2008) 
propõe que ocorrem etapas sequenciais e interdependentes entre 
quatro componentes, que são a volição (a vontade e o engajamento 
na tarefa), o planejamento, a ação proposital, que é o próprio 
comportamento, devendo este passar por avaliações e ser adequado 
sempre que necessário para o desempenho efetivo.
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Barkley (2001) propõe que as diferentes habilidades executivas se 
relacionam entre si, sendo (apud FUENTES et al., 2008):
Figura 1 – As diferentes habilidades executivas
Fonte: elaborada pela autora.
Como dito anteriormente, o lobo frontal é responsável pelas funções 
executivas, mas uma subdivisão importante deste lobo é essencial 
quando se trata deste assunto: estamos nos referindo ao córtex pré-
frontal, localizado no lobo frontal.
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Figura 2 – Os principais circuitos envolvidos no córtex pré-frontal
Fonte: elaborada pela autora.
5. Lesões no lobo frontal: síndrome 
disexecutiva
A síndrome disexecutiva se refere a prejuízos e alterações nas funções 
executivas, que podem ser ocasionadas por lesões cerebrais ocorridas 
especificamente no lobo frontal, região associada às funções executivas. 
Devido à complexidade e variedade de funções executivas, as 
manifestações da síndrome disexecutiva podem ser também diversas.
Quando a região acometida por lesão é pertencente ao circuito 
orbitofrontal lateral, por exemplo, geralmente, ocorre alteração 
44
de comportamentos com predominância em envolvimento de 
atividades de risco, alterações de personalidade, principalmente, 
com desobediências a regras sociais, infantilização e baixa tolerância 
a frustração. Como estes indivíduos têm dificuldade para avaliar 
situações e analisar riscos, suas tomadas de decisões ficam muito 
prejudicadas. Ecolalia, ou seja, a repetição das últimas palavras ou 
sons também pode ocorrer, assim como a ecopraxia, que consiste na 
repetição ou imitação de movimentos.
Se o comprometimento cerebral atingir porções do circuito do cíngulo 
anterior, por exemplo,os déficits são mais relacionados a dificuldade 
na realização de atividades, visto que a motivação estará prejudicada. 
O indivíduo pode se apresentar apático, com dificuldade para focar a 
atenção, falhar em apresentar respostas instintivas e ter dificuldades em 
identificar e corrigir erros (FUENTES et al., 2008).
6. Avaliação das síndromes disexecutivas
Para diagnosticar um indivíduo com síndrome disexecutiva, é 
necessário realizar alguns testes e exames, entre eles, as avaliações 
neuropsicológicas, pertinentes à cognição. Essas avaliações são feitas 
por meio de testes que buscam medir as capacidades e habilidades das 
funções executivas, de modo a comparar o desempenho do indivíduo 
em relação aos dados normativos de outros indivíduos. Esses dados são 
adquiridos por meio da extensa aplicação de testes em uma população 
heterogênea, o desempenho dessa população é contabilizado e várias 
análises são feitas. Os resultados são então divididos por critérios como 
gênero, escolaridade, idade etc.
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Assim, é possível comparar o resultado da pessoa com queixas 
de funções executivas com uma população parecida com ela 
(mesma idade, gênero ou escolaridade), e saber se e o quanto 
se desvia da população saudável. Um exemplo seria o Behavioral 
Assessment of the Dysexecutive System, uma bateria de testes para 
avaliar comportamentos na síndrome disexecutiva, por meio de 
simulação de situações do dia a dia, buscando encontrar déficits 
nessas atividades corriqueiras que requerem as funções executivas 
para serem bem executadas. Entre as características avaliadas, 
estão a flexibilidade de respostas frente à mudança das condições, 
avaliação de escolhas e como estas são selecionadas, capacidade de 
estimar o tempo que seria necessário para realizar diversas tarefas, 
planejamentos de ações e automonitorização.
Além deste teste, muitos outros são utilizados, como a Torre de Londres, 
que avalia a capacidade de decisão estratégica e de resolução de 
problemas para crianças, e o teste de Stroop, em que a pessoa deve 
falar a cor atribuída às palavras ao invés de ler Essa tarefa é dificultada 
devido ao fato das palavras escritas serem nomes de cores, ou seja, 
se temos a palavra escrita VERDE pintada da cor vermelha, o indivíduo 
deverá dizer vermelho e não verde. Esta tarefa é difícil, pois, para 
pessoas alfabetizadas, ler é uma atitude automática e não ler é algo que 
necessita inibição e controle.
Figura 3 – Exemplo do teste Stroop
Fonte: elaborada pela autora.
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Referências
DIAS, N. M.; MENEZES, A; SEABRA, A. G. Alterações das funções executivas em 
crianças e adolescentes. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 1, n. 1, p. 
80-95. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2010. Disponível em: http://
www.uel.br/revistas/uel/index.php/eip/article/viewFile/8619/7238. Acesso em: 25 
jul. 2022.
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ L. F.; CAMARGO, C. H. P. et al. Neuropsicologia – 
Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GROOME, D.; BRACE, N.; DEWART, H. et al. An introduction to cognitive 
psychology: processes and disorders. 2. ed., p. 1-235. London: British Library 
Cataloging, 2008.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/eip/article/viewFile/8619/7238
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/eip/article/viewFile/8619/7238
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	Sumário
	Apresentação da disciplina 
	Introdução às funções cognitivas e Unidades de Luria 
	Objetivos 
	1. Introdução às funções cognitivas e executivas 
	2. Principais funções cognitivas 
	3. As Unidades Funcionais de Luria 
	4. Processamento e seleção da informação 
	5. Flexibilidade Cognitiva e Comportamental - as funções executivas 
	Referências 
	Percepção, atenção, linguagem, memória e funções executivas
	Objetivos 
	1. As funções cognitivas e a conexão com o mundo 
	2. Córtex cerebral - o que é e para que serve? 
	3. Percepção, atenção, memória e linguagem 
	4. Inibição e autocontrole 
	Referências 
	Transtornos relacionados às funções cognitivas 
	Objetivos 
	1. O ser humano e o mundo à sua volta 
	2. Conceitos de percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória 
	3. Transtornos e distúrbios de percepção e atenção 
	4. Transtornos e distúrbios de inibição e autocontrole 
	5. Transtornos relacionados à linguagem 
	6. Distúrbios relacionados à memória 
	Referências 
	Transtornos de aprendizagem 
	Objetivos 
	1. Funções executivas: definição e implicação na aprendizagem 
	2. Distúrbios da aprendizagem 
	3. Classificação dos distúrbios 
	4. Funções executivas e o lobo frontal 
	5. Lesões no lobo frontal: síndrome disexecutiva 
	6. Avaliação das síndromes disexecutivas 
	Referências

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