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EDUCAÇÃO INFANTIL E ACIDENTES: OCORRÊNCIAS E NOTIFICAÇÃO DOS ACIDENTES NAS ESCOLAS. OLIVEIRA, R.A.;GIMENIZ-PASCHOAL, S. R. Curso de Pós-graduação em Educação e Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências, Câmpus de Marília, SP. Dissertação de Mestrado. Agência Financiadora: CNPq INTRODUÇÃO Com a redução da mortalidade por doença infecto-contagiosas e o avanço tecnológico no diagnóstico e tratamento das doenças, os acidentes na infância têm se constituído em importante causa de morbidade e mortalidade em todos os países, despertando o interesse de profissionais de diversas áreas, principalmente os da saúde, com a finalidade de elaborar e implementar ações educativas preventivas eficazes. Oliveira e Gimeniz-Paschoal (2003) pesquisando dados da Fundação SEADE referentes à mortalidade de crianças de 0 a 9 anos, por causas externas, ocorridas no período de 1996 a 1999 no Estado de São Paulo, verificaram que do total de 1178 óbitos, os afogamentos e submersões acidentais foram responsáveis por 703 (59,7%) óbitos, as queimaduras por 231 (19,6%), as quedas por 220 (18,7%) e os envenenamentos e intoxicações por/ou exposição a substâncias nocivas por 24 (2,0%) mortes. Em relação aos locais em que ocorrem os acidentes com crianças mais jovens, apesar de vários estudos demonstrarem que a maioria deles acontece em domicílios (DEL CIAMPO et al., 2001; FILÓCOMO et al., 2002), os acidentes ocorridos no ambiente escolar são objetos de grande preocupação, pois além de ser uma local onde passam importante parte do seu dia, a criança está sujeita aos acidentes pela motivação em realizar tarefas, muitas vezes além de suas capacidades, com tendência para imitar comportamentos adultos, associados a uma falta de preocupação corporal (ZUCKERMAN; DUBY, 1985). No Brasil, pelo fato de haver poucas pesquisas científicas produzidas, há uma lacuna de informações em relação aos acidentes ocorridos nas escolas. Portanto, são valiosos estudos que se voltem especificamente para estes acidentes, já que ocorrem com freqüência e implicam em prejuízo ao aluno, bem como os profissionais destas instituições podem atuar prevenindo estes acidentes e promovendo a segurança do ambiente, ao mesmo tempo em que trabalham a formação dos alunos neste aspecto. Mas, para que ações educativas de prevenção de acidentes possam ser melhor elaboradas e implementadas, se faz necessário o conhecimento dos diversos fatores envolvidos na ocorrência dos acidentes infantis. Nesse aspecto, os protocolos para registros das ocorrências dos acidentes escolares poderiam fornecer subsídios importantes, como pó exemplo, apontando os tipos de acidentes mais freqüentes e os locais mais propícios para a ocorrência dos mesmos, o que favoreceria a implementação e acompanhamento dos resultados de programas educativos para a prevenção de acidentes. OBJETIVO A presente pesquisa teve como objetivo efetuar uma sondagem inicial, por meio de relatos de profissionais da educação, dos acidentes que ocorrem nas escolas de educação infantil e investigar a existência de protocolos para registro de acidentes e condutas adotadas pela escola frente aos mesmos. MÉTODO Ambiente: Este estudo foi realizado em três escolas municipais de ensino infantil (EMEIs) e em três escolas particulares de educação infantil de uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Sujeitos: Foram participantes desta pesquisa 36 profissionais pertencentes às seis escolas escolhidas, sendo 18 pertencentes às escolas municipais (12 professores, 3 diretores e 3 funcionários) e 18 pertencentes às escolas particulares (12 professores, 3 coordenadores pedagógicos, 2 auxiliares de coordenação e 1 diretor). Todos os participantes eram do sexo feminino (100%). Materiais: Para a coleta das informações utilizou-se diversos impressos pré elaborados (uma carta de apresentação do trabalho, um termo de consentimento, um roteiro de entrevista semi-estruturada e um roteiro para análise de documentos), gravador e fitas K7. Procedimentos: os impressos previamente elaborados foram analisados por juízes e, após adequações e realização de pré-testes, foram aplicados aos profissionais das escolas de educação infantil. Foram realizadas entrevistas individuais, nas próprias escolas, em horários previamente marcados com os participantes e duraram em média 30 minutos. Os materiais de notificação dos acidentes também foram consultados nas próprias escolas. RESULTADOS E DISCUSSÃO No sentido de identificar a ocorrência de acidentes na escola, os profissionais foram questionados se “Houve algum evento ocorrido na escola que você considerou acidente infantil?”. Aos participantes que responderam “sim” à questão formulada (N=32 ou 88,9%), sendo 17 de escolas municipais e 15 de particulares, foi solicitado que descrevessem os eventos considerados acidentes infantis. Na Tabela 1, verifica-se que 12 respondentes referiram-se à “bater testa/cabeça”, também 12 apontaram como acidentes as “fraturas”, 11 os “cortes” e sete as “quedas”. Estes dados corroboram com os dados obtidos no estudo realizado por Fortin, em 1984, em pré-escola, no qual verificou que a lesão mais freqüente era a equimose, seguida de corte, e que a maioria das lesões ocorria na cabeça. Faz-se importante ressaltar que a diversidade de acidentes citados reforça a importância de se delinear alternativas de prevenção de acidentes infantis e que incluam a formação permanente dos alunos e profissionais da educação infantil no sentido de evitar novas ocorrências. Durante as entrevistas, os diretores e coordenadores pedagógicos foram questionados acerca da existência de registros específicos (em livros, cadernos, etc.) dos acidentes ocorridos nas escolas. Nas escolas particulares, os profissionais (um diretor e dois coordenadores pedagógicos) referiram não haver um procedimento específico de notificação dos acidentes ocorridos, apenas em relatórios enviados à seguradora e nos cadernos dos alunos, não ficando arquivados nas escolas. Tabela 1: Distribuição das freqüências absolutas, de acordo com as categorias e subcategorias de respostas emitidas à questão “Quais eventos ocorridos na escola que você considerou um acidente infantil?”, pelos profissionais de escolas municipais (N=17) e particulares (N=15). Tipos de acidentes Profissionais Escolas Municipais f Profissionais Escolas Particulares f TOTAL f Bater testa/cabeça 5 7 12 Fraturas 6 6 12 Cortes 5 6 11 Quedas 2 5 7 Lesões dentarias/boca 3 3 6 Arranhões 3 3 6 Choques mecânicos 2 2 4 Torções 2 2 4 Contusões 3 -- 3 Ferimentos no queixo -- 3 3 Preensão de dedo -- 3 3 Tropeções -- 1 1 Mordidas 1 -- 1 TOTAL 32 41 73 Nas escolas municipais todos os profissionais (três diretores) afirmaram realizar notificações dos acidentes infantis. De acordo com uma das respondentes, a notificação de acidentes é um procedimento obrigatório em todas as escolas municipais de educação infantil. Outra respondente se referiu à segurança que o documento oferece ao ocorrer algum acidente com a criança em casa e a mesma ser mandada para a escola. A notificação da ocorrência de acidentes infantis, no entanto, apesar de ter sido verificada de fato em todas as escolas municipais, foi diferentes em cada escola, ou seja, não houve uma sistematicidade no preenchimento dos registros, bem como foram em número reduzido, indicando acidentes de pouca gravidade. CONCLUSÕES Concluiu-se que, embora os dados obtidos neste estudo não permitam generalizações, seria importante que os profissionais da educação estivessem atentos ao seu ambiente escolar, identificando os acidentes que têm ocorrido, bem como os possíveis locais ou situações de riscos para a ocorrência dos mesmos. Faz-se importante enfatizara importância da implantação de uma ficha padronizada de notificação de acidentes em todas as escolas, a qual seria de suma importância na implementação de ações preventivas, pois podem sinalizar os elementos que devem ser contemplados por tais ações, bem como permitir o acompanhamento da eficácia de trabalhos preventivos a serem realizados. Em suma, pretende-se com este trabalho ter contribuído de alguma maneira com reflexões a respeito dos acidentes infantis e as escolas de educação infantil entre profissionais da área da saúde e da educação no sentido de desencadear ações educativas que promovam a segurança e proteção das crianças e a prevenção de acidentes na escola e fora dela. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEL CIAMPO, L. A. et al. Incidence of childhood accidents determined in a study base don home surveys. Ann.Trop.Pedriatr., v. 21, n. 3, p. 239- 243, 2001. FILÓCOMO, F. R. F. et al. Estudo dos acidentes na infância em um pronto socorro pediátrico. Revista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10, n. 1, p. 41-47, 2002. FORTIN, J. Lês accidents a I’ ecole maternalle. Etude epidemiologique et perspective de prévention. Revista de Pediatria, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 49-52, 1984. OLIVEIRA, R. A.; GIMENIZ-PASCHOAL, S. R. Acidentes em escolares e pré- escolares: subsídios para ações educativas do fonoaudiólogo com professores da educação infantil. In: JORNADA DO NÚCLEO DE ENSINO DE MARÍLIA, 2., 2003, Marília. Resumos... Marília: Universidade Estadual Paulista, 2003. p. 29-30. ZUCKERMAN, B. S.; DUBY, J. Developmental approach to injury prevention. The Pediatric Clinics of North America, v. 32, n. 1. p. 17-28, 1985.
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