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Ocorrência de Dermatofitoses em Cães e Gatos - HV UECE

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Ocorrência de dermatofitoses em cães e gatos no período de setembro de 2021 a
setembro de 2022 no Hospital Veterinário Sylvio Barbosa Cardoso, da Universidade
Estadual do Ceará - HV/UECE.
RESUMO. Dermatofitoses são infecções fúngicas superficiais comumente observadas na
clínica de pequenos animais. São causadas por espécies de três diferentes gêneros, sendo
estes: Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton, onde os dois primeiros gêneros
possuem maior importância associada à animais domésticos. Fungos dermatofíticos possuem
tropismo por tecidos queratinizados, portanto, são localizados na pele, pelos e unhas de
animais onde fixam-se e provocam lesões que podem apresentar-se de forma localizada,
multifocal ou generalizada, além de áreas de alopecia circular e irregular com diferentes
níveis de descamação. O presente estudo buscou relatar, através de amostras obtidas de cães e
gatos atendidos no Hospital Veterinário Sylvio Barbosa Cardoso (HVSBC), a prevalência das
espécies de dermatófitos mais comuns no cotidiano clínico por meio de identificação obtida
através de cultura fúngica.
Palavras-chave: Dermatofitose. Fungos. Microsporum.
1. INFORMAÇÕES GERAIS
A dermatofitose é uma infecção fúngica que, comumente, afeta cães, gatos e outros
grupos domésticos, caracteriza-se por infecção superficial da pele. Os dermatófitos são
fungos queratinofílicos, portanto, nutrem-se de queratina, o que justifica sua ocorrência
apenas em tecidos queratinizados, não somente de animais mas também do homem, já que
trata-se de uma zoonose. (CRIVELLENTI et al., 2012). Os fungos dermatofíticos possuem
distribuição mundial, porém, preferencialmente, localizam-se em países de clima tropical e
temperado, sendo dessa forma, comuns no Brasil, o que resulta em sua importância na clínica
de pequenos animais.
Indivíduos acometidos apresentam variação nos sinais clínicos que envolvem,
principalmente: alopecia, descamação e crostas, que apresentam-se de forma focal, multifocal
ou generalizada. (MORIELLO et al., 2017). Mais de 30 espécies de dermatófitos já foram
identificadas, sendo estas classificadas em 3 gêneros: Microsporum, Trichophyton e
Epidermophyton, onde dois primeiros gêneros citados agrupam espécies que usualmente
acometem os animais domésticos. (CARDOSO et al., 2013). De forma mais frequente cães e
gatos são afetados pelas espécies Microsporum canis, Microsporum gypseum e Trichophyton
mentagrophytes, sendo Microsporum canis o agente mais comum em casos de dermatofitose
canina, já os felinos são considerados como principais reservatórios dessa espécie e na fase
adulta não costumam manifestar lesão. (MEDEIROS et al., 2009). As formas de infecção da
doença envolvem contato direto entre animais, humanos, solo e fômites contaminados, porém
apenas o contato com o agente não significa infecção já que critérios como: remoção
mecânica dos conídios, competição com a própria microbiota do animal e resistência
imunológica do hospedeiro podem impedir que ocorra infecção. (CANAVARIA et al., 2017).
Para diagnóstico definitivo da dermatofitose é necessário basear-se não somente em
um fator isolado mas uma associação entre histórico clínico, exame físico, e exames
laboratoriais envolvendo microscopia e cultura micológica. A cultura fúngica é considerada
um método essencial, onde através dela é possível realizar identificação do gênero e
verificação da espécie envolvida. A identificação de fungos dermatófitos é feita de acordo
com a forma dos macroconídios e microconídios, estruturas que representam unidades
reprodutivas assexuadas destes fungos quando em estado não parasitário. (HIRSH et al.,
2009).
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento de dados
a fim de avaliar a prevalência de espécies de dermatófitos encontradas em amostras de
raspado de pele de cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário Sylvio Barbosa Cardoso
(HVSBC), localizado na Universidade Estadual do Ceará (UECE), durante o período de 1
ano.
2. METODOLOGIA
Durante o período de setembro de 2021 a setembro de 2022, o Laboratório de
Microbiologia Veterinária (LAMICRO) da Universidade Estadual do Ceará recebeu amostras
de raspado de pele de cães e gatos provenientes de atendimento clínico veterinário realizado
no Hospital Veterinário Sylvio Barbosa Cardoso (HVSBC), localizado na Universidade
Estadual do Ceará (UECE). As amostras recebidas apresentavam em anexo ficha de
solicitação de exame preenchidas com dados relativos à sexo, idade, raça, nome, além de
informações quanto ao uso de medicações, descrição das lesões apresentadas, sinais clínicos
adicionais e suspeitas diagnósticas.
O material coletado em amostras era disposto em potes plásticos estéreis onde
identificava-se os dados do paciente, sendo posteriormente mantidos sob refrigeração (2°C a
8°C) por tempo máximo de 48 horas até realização da análise e pesquisa de agentes fúngicos.
O procedimento de análise e pesquisa consiste em duas etapas: exame direto do material
coletado e realização de cultura, onde posteriormente ocorre análise macro e microscópica.
Para execução do exame direto, parte do material coletado é disposto sobre uma lâmina que
em seguida é clarificada em solução de hidróxido de potássio (KOH 10%) e coberta por
lamínula. A análise da lâmina é realizada em microscópio e observa-se a morfologia de
estruturas fúngicas como a presença de hifas e artroconídios. (LOPES; DANTAS. 2003). O
exame direto também é importante para averiguar a ocorrência de ácaros na amostra.
Para cultura as amostras são semeadas em três meios diferentes: Ágar Sabouraud
Dextrose, Ágar Sabouraud com Cloranfenicol e Ágar Sabouraud com Cicloheximida.
Semeadas, as amostras vão para incubadora em temperatura ambiente (25°C) onde ficam por
até 21 dias. A identificação fúngica decorre da visualização macroscópica de colônias
características junto à análise em microscópio. A análise macroscópica ocorre através da
observação de características do verso e anverso que a colônia apresenta em meio de cultura,
já a análise microscópica acontece por meio da coleta de fragmentos da colônia, que são
colocados sob lâmina de microscopia e corados com panótico rápido, método de Gram ou
com adição de lactofenol azul de algodão. Posteriormente o material é levado a microscopia
de luz onde obtém-se a identificação do agente através da visualização de aspectos
morfológicos das formas de macroconídios e microconídios, sendo macroconídios estruturas
pluricelulares similares a vagens e que podem alcançar até 100 μm de comprimento,
enquanto microconídios são estruturas em forma de esferas unicelulares ou de bastonetes e
possuem menos de 10 μm. (CAVALCANTE, 2006).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período analisado foram realizados 83 exames, onde 9 foram constatados
como positivos para dermatofitose, evidenciando assim 10,84% de amostras positivas para
fungos dermatofíticos. Amostras oriundas de cães representaram o total de 55,56% dos casos
positivos, enquanto amostras advindas de gatos representaram 44,44% do total positivo. No
presente trabalho foram isoladas e identificadas 3 diferentes espécies, sendo estas:
Microsporum canis, Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes. As amostras
observadas durante o período analisado demonstraram a prevalência de Microsporum canis
como agente mais comum em dermatofitoses tanto em cães como em gatos, estando presente
em 5 das 9 amostras positivas. A presença de Trichophyton mentagrophytes foi constatada em
menor número estando presente em 3 dos 9 resultados positivos. Microsporum gypseum
apresentou crescimento em 1 amostra analisada.
Microsporum canis, fungo zoofílico que também pode acometer o homem, foi a
espécie mais encontrada, identificado em 55,55% do total positivo, representando 75% de
amostras positivas em gatos, e 40% em cães. Este resultado condiz com o relatado na
literatura, onde comenta-se a predominância de M. canis em animais domésticos.
(MEDEIROS, et al., 2009). É importante, porém, ressaltar que a espécie felina é considerada
o principalreservatório desta espécie e muitas vezes não há sintomatologia aparente nestes
animais. (ACHA; SZYFRES, 2001). Visualmente a macroscopia da colônia nessa espécie
apresenta textura cotonosa, discreto relevo, radiado e brancacento. O reverso inicialmente
possui tonalidade amarelo-limão, porém, com tempo torna-se castanho. Microscopicamente,
há abundância de macroconídios em forma de fuso, as paredes são grossas, rugosas, e há
numerosas septações. (SIDRIM et al, 2004).
Trichophyton mentagrophytes foi identificado em 33,3% do total positivo, onde em
cães representou 40% das amostras positivas, e em felinos 25%. Trata-se de um fungo
zoofílico que possui capacidade de infectar grande número de animais, incluindo o homem.
As colônias dessa espécie apresentam textura pulverulenta, sem relevo acentuado. O reverso
da colônia possui pigmento castanho. No microscópio as colônias apresentam grande
quantidade de microconídios arredondados a agrupados, formando aspecto de cacho. Os
macroconídios quando presentes assemelham-se a forma de charuto, com um a seis septo
transversais ligados a hifas hialinas e septadas. (SIDRIM et al, 2004).
Apenas uma amostra foi positiva para o crescimento de M. gypseum, fungo de caráter
geofílico, que esporadicamente pode ser encontrado em animais e também no homem. São
fungos de crescimento rápido e macroscópicamente a colônia apresenta-se plana, com bordas
irregulares, com pigmentação em tons amarelo castanho. Na microscopia a colônia apresenta
abundância de macroconídios fusiformes e simétricos.
Fungo Isolado Nº de Amostras Positivas % de Amostras Positivas
Cão Gato Cão Gato
T.M. 2 1 40% 25%
M.C. 2 3 40% 75%
M.G. 1 0 20% 0%
Total 5 4 100% 100%
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fungos dermatófitos costumam ser habituais na rotina clínica de cães e gatos, desta
forma, a identificação adequada de tais agentes causadores de infecção é essencial para a
implementação de terapêutica apropriada. O diagnóstico correto permite tratamento adequado
possibilitando resultado eficaz na recuperação do animal, desta forma a cultura micológica
assume papel fundamental, já que os sinais clínicos observados no indivíduo costumam ser
inespecíficos.