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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 9: CÂNCER DE PRÓSTATA 1 1. Introdução Doença de perfil hormonal, praticamente A história do câncer de próstata (CaP) mudou após a introdução do PSA na prática clínica a partir da década de 90. O câncer de próstata é uma doença altamente prevalente no mundo inteiro. Em nosso país, o rastreamento do CaP é preconizado em homens a partir dos 45 anos de idade através do toque retal e dosagem do PSA. Muitos homens acima dos 60 anos terão diagnóstico de câncer de próstata. Atualmente o tratamento do CaP não deve levar em consideração somente o controle oncológico, mas também a manutenção da qualidade de vida do paciente. Este sim é um grande desafio para urologistas e clínicos, que lidam com pacientes portadores de CaP, geralmente idosos e/ou com comorbidades. 2. Epidemiologia No Brasil, como em outros países do mundo, o perfil de morbimortalidade por câncer de próstata também tem se alterado nas últimas décadas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA o número de casos novos estimados para o Brasil em 2005 era de 46.330. Este valor corresponde a um risco estimado de 51 casos novos a cada 100 mil homens, sendo o tipo de câncer mais freqüente em todas as regiões do país. O risco estimado é de 69/100.000 no Sul, 63/100.000 no Sudeste, 46/100.000 no Centro-Oeste, 34/100.000 no Nordeste e 20/100.000 no Norte. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia - SBU, um em cada seis homens com idade acima de 45 anos pode ter a doença sem que nem sequer saiba disso. O aumento nas taxas de incidência pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos, melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e aumento na expectativa de vida do brasileiro. Ainda segundo dados do INCA, o número de casos novos diagnosticados de câncer de próstata no mundo é de aproximadamente 543 mil casos por ano, representando 15,3% de todos os casos incidentes de câncer em países desenvolvidos e 4,3 % dos casos em países em desenvolvimento. O câncer de próstata é o tipo de neoplasia mais prevalente em homens, com estimativa de 1,5 milhão com diagnóstico nos últimos anos. É, também, considerado o câncer da terceira idade, uma vez que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. A mortalidade por câncer de próstata é relativamente baixa, o que em parte reflete seu bom prognóstico. Nos países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos é de 64%, enquanto que para países em desenvolvimento, a sobrevida média é de 41%. A média mundial é de 58%. Segundo o Sistema Nacional de Auditoria, órgão do Ministério da Saúde4, no quadro da saúde pública brasileira, o câncer de próstata é um dos grandes problemas. Esse tipo de câncer já é duas vezes mais frequente do que o câncer de mama. Em setembro de 2001, a lei 10.289 instituiu o Programa Nacional de Controle do Câncer de Próstata. Caminhando na direção da implementação dessa lei, diferentes órgãos públicos que tratam do assunto, sob a coordenação do INCA, chegaram a um consenso sobre o Programa Nacional do Câncer de Próstata. Especificamente em termos de prevenção do câncer prostático, o INCA – órgão responsável pela política de prevenção e controle do câncer em geral – vem divulgando material informativo pela Internet. Como foi visto, o câncer de próstata é notadamente reconhecido como um problema de saúde pública, dado a sua magnitude no quadro de morbimortalidade masculina, já Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 9: CÂNCER DE PRÓSTATA 2 possuindo consenso entre órgãos oficiais sobre o seu controle e a sua prevenção. Para que se avance na discussão de medidas específicas de prevenção desse tipo de câncer, faz-se necessário investigar qual é o estado da arte das recomendações sobre o assunto divulgadas acerca desse tema. Antes, entretanto, de se desenhar um estudo que busca analisar tal produção, faz-se necessário apontar o que se entende por prevenção no campo da Saúde Coletiva. A reflexão de Czeresnia é no sentido de auxiliar o estabelecimento de um marco conceitual sobre o assunto. Segundo a autora, as ações preventivas podem ser definidas como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações8. No espaço clínico, as intervenções preventivas podem ser tradicionalmente médicas, como imunização, screening, ou tratamento com quimioterápicos, ou, ainda, envolver intervenções educativas sobre mudanças de estilos de vida individuais 3. Fatores de risco Idade História familiar Alterações genéticas Dieta rica em gordura 4. Sinais e sintomas Sintomas urinários obstrutivos e irritativos ❖ Hesitação urinária ❖ Diminuição do jato urinário ❖ Esvaziamento incompleto da bexiga ❖ Urgência urinária ❖ Disúria ❖ Incontinência Sintomas causados pela invasão de estruturas vizinhas ❖ Dores pélvicas Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 9: CÂNCER DE PRÓSTATA 3 ❖ Dor ou sangramento retal ❖ Inchaço das penas ❖ Sinais de comprometimento dos linfonodos da região → Linfedema Sintomas da doença metastática ❖ Perda de peso e apetite, anemia, cansaço e dores ósseos decorrentes de metástases ósseas * Bacia, femur, arcos costais, calota craniana e vértebras são as regiões ósseas mais acometidas com metástases ósseas por câncer de próstata ❖ Palidez cutânea secundária a anemia por infiltração da medula óssea ❖ Manifestações indicativas de metástases hepáticas – em casos raros; normalmente associados com tumores mais agressivos e pacientes jovens ❖ Falta de ar e tosse como consequência de disseminação pulmonar ou pleural – em casos raros *Normalmente há o acometimento de osso, pulmonar/pleura e fígado 5. Diagnóstico e estadiamento O rastreamento é o responsável pelo diagnóstico precoce da doença, embora seja controverso Exames → PSA e toque retal O diagnóstico pode ser realizado por biópsia guiada por RNM ou por USG Estudo PROMIS → Demonstrou que para pacientes com PSA elevada, o uso da RNM multiparamétrica antes da biópsia guiada por USG reduziu em até 27% as biópsias desnecessárias 6. Anatomia patológica Subtipo mais comum → Adenocarcinoma usual da próstata Tumor único com graduação particular com grande heterogeneidade morfológica Score de Gleason é uma pontuação dada a um câncer de próstata baseada em sua aparência microscópica Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 9: CÂNCER DE PRÓSTATA 4 O score de Gleason é importa, pois, scores maiores estão associados a piores prognósticos já que são dados a cânceres mais agressivos – associados ao prognóstico do paciente Grupos prognósticos para o adenocarcinoma de próstata (ISUP) Estadiamento AJCC 8º *Título de curiosidade Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 9: CÂNCER DE PRÓSTATA 5 Estadiamento patológico → É o que determina tratamento Estadiamento do Classificação dos grupos de risco → Risco de recorrência ❖ Fatores que classificam o risco → PSA, T (tumor) e Gleason 7. Tratamento da doença localizada Riscos baixo e/ou intermediário ❖ Prostatectomia radical (PR) ➢ Exérese da próstata e vesículas seminais com ou sem esvaziamento das cadeias linfonodais pélvicas ➢ Pode ser realizada por via retropúbica, perineal, laparoscópica ou robótica ➢ Alguns autores admitem que pacientes com PSA <10ng/mL e Gleason <7 em biópsia; não necessitam de linfadenectomia de rotina ➢ A prostatectomia radical apresenta bons resultados na redução da mortalidade câncer- específica e progressão local e sistêmica da doença ❖ Radioterapia com ou sem hormonioterapia (bloqueio hormonal) ➢ Radioterapia tridimensional e IMRT Permitiram o escalonamento da dose total entregue à glândulaprostática sem aumentar as taxas de complicações Em uma metanálise de estudos clínicos randomizados que comparou radioterapia com dose alta (>70Gy) vs dose baixa (<70Gy) os pacientes tratados com dose alta apresentaram mais chance de controle da doença em cinco anos com taxas de complicações aceitáveis Braquiterapia → Utilizada no câncer de baixo risco Pode ser método de resgate após a cirurgia → No leito prostático Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 9: CÂNCER DE PRÓSTATA 6 ❖ Vigilância ativa → Acompanhamento com medidas de PSA trimestrais ou semestrais ➢ Tumores de risco muito baixo, expectativa de vida <20 anos ➢ Tumores de baixo risco, expectativa de vida <10 anos ➢ Tumores de risco intermediário favorável, expectativa de vida <10 anos *Para pacientes com risco intermediário utiliza-se o bloqueio hormonal por seis meses associado a radioterapia Toxicidade relacionada ao tratamento Risco alto → Doença localmente avançada (T3a, T3b, T4) ❖ Radioterapia associada ao bloqueio hormonal de longa duração (cerca de 1,5 ano) ❖ Prostatectomia associada à linfadenectomia pélvica estendida Tratamento da doença não metastática resistente a castração (resistência a hormonioterapia) ❖ Em torno de 10-20% dos pacientes com câncer de próstata desenvolvem doença resistente à castração ❖ Aproximadamente 80% desses homens apresentarão progressiva de doença à distância ❖ Definição → Câncer de prosta com PSA > ou = 1ng/mL + testosterona < 50ng/mL e ausência de evidência de doença metastática ❖ Tratamento → Apalutamida ou Enzalutamida 8. Tratamento da doença metastática Opções ❖ Terapia de supressão androgênica medicamentosa → Uso de Bifosfonatos para evitar osteoporose Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 9: CÂNCER DE PRÓSTATA 7 *Bloqueio central são os análogos e bloqueio periférico são os anti-androgênicos ➢ Agonistas ou análogos de LHRH → Reduzem o estímulo do hipotálamo sobre a glândula hipófise e bloqueio a cascata ➢ Anti-androgênicos → Têm a capacidade de bloquear a ação dos androgênicos no corpo mesmo aqueles que são produzidos pela glândula adrenal após a retirada do maior sítio de produção de testosterona do corpo, o testículo ➢ Inibidores CYO-17 → Inibem a produção de testosterona; inclusive aquela gerada na glândula adrenal ➢ Hormônios femininos → Estrogênio ❖ Orquiectomia → Cirurgia Quimioterapia Radio 223 → Medicina nuclear Referências bibliográficas Aula de Dra. Fernanda Asfora (10/05/2021) Damião, R., Figueiredo, R. T., Dornas, M. C., Lima, D. S., & Koschorke, M. A. (2015). Câncer de próstata. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 14. Dornas, M., Júnior, J., Figueiredo, R., Carrerette, F., & Damião, R. (2008). Câncer de próstata. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 7(1). Gomes, R., Rebello, L. E. F. D. S., Araújo, F. C. D., & Nascimento, E. F. D. (2008). A prevenção do câncer de próstata: uma revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, 13(1), 235-246.
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