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5. COLAÇÃO - (Direito das sucessões)

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Brenda Alves | Passei Direto 
DIREITO DAS SUCESSÕES – Colação 
HISTÓRICO 
Na Roma antiga, os filhos que permaneciam sob o pátrio poder 
trabalhavam juntamente com o restante da família para aumentar o 
patrimônio familiar, gerido pelo pater familiae. 
Os filhos que eram emancipados, por outro lado, desvinculavam-se do 
pater familiae, indo construir o próprio patrimônio, muitas vezes a partir de 
doações do pater familiae. 
Num primeiro momento, o patrimônio da família não era partilhado entre os 
descendentes do pater familiae falecido. Um dos filhos era escolhido o novo pater 
familiae e o patrimônio permanecia intacto e vinculado a toda a família. 
Essa regra era aplicada independentemente de os filhos serem ou não 
emancipados. 
Posteriormente, estabeleceu-se a divisão da herança apenas entre os 
descendentes não emancipados. 
Os descendentes emancipados, por não mais fazerem parte da família, não 
eram beneficiados pela sucessão. 
Com a evolução do direito romano, a sucessão passou a beneficiar todos os 
filhos, emancipados ou não. 
A divisão da herança, em partes iguais, entre os filhos emancipados e não 
emancipados era injusta, pois os emancipados, muitas vezes, haviam recebido parte 
do patrimônio do pai em vida, sob a forma de doação. 
Para evitar a divisão da herança de maneira desigual entre filhos 
emancipados e não emancipados, criou-se a regra de que os emancipados deveriam 
trazer o patrimônio particular, construído a partir da doação do pai, para o acervo 
hereditário. A divisão entre os irmãos se daria, portanto, para todo o patrimônio do 
pai e dos descendentes, ainda que fosse um patrimônio particular destes últimos. 
Posteriormente, estabeleceu-se que o patrimônio que o irmão emancipado 
deveria devolver ao acervo era apenas aquele que foi objeto da doação. O 
patrimônio que ele formara por esforço próprio estaria liberado da obrigação de 
restituição. Quando as mulheres casadas passaram a ter direito na herança do pai, 
elas tiveram restituir o dote concedido em seu casamento. Estava configurado o 
instituto jurídico da colação. 
 
 
 
 
 
Brenda Alves | Passei Direto 
DEFINIÇÃO 
É o instituto por meio do qual herdeiros “devolvem” ao acervo 
hereditário os bens que receberam em vida, sob a forma de doação do 
falecido, para fins de igualar a participação deles na legítima. 
A colação, em regra, não trará o bem doado de volta para o espólio. 
Ela é, apenas, um procedimento de ajuste contábil. 
Chama-se colação o ato pelo qual o descendente, cônjuge ou companheiro 
beneficiado pela transferência gratuita feita pelo de cujus, em vida, promove o 
retorno da coisa, ou de seu valor, excepcionalmente, ao monte partível, para 
garantir a igualdade de quinhões entre herdeiros necessários (Farias e Rosenvald). 
 
SUJEITOS 
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um 
cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. 
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do 
ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir 
o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de 
sonegação. 
 
O art. 2.002 fala apenas em descendentes, sendo incompatível com o art. 544, que 
traz a indicação de descendentes e cônjuge. 
Apesar disso, está consolidada a interpretação de que a colação obriga os 
descendentes e o cônjuge/companheiro, mas apenas quando este concorre com 
descendentes (bens particulares). 
O termo descendente abrange liberalidades em prol daqueles que participem da 
herança por direito próprio ou por direito de representação. 
Por exemplo, se o neto que recebeu a doação não for herdeiro, nem por direito 
próprio nem por direito de representação, ele não se obriga à colação. 
 
FINALIDADE 
Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, 
as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os 
donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens 
doados. 
Mesmo que o donatário tenha se desfeito do bem, o seu valor será considerado para 
cálculo da legítima e repartição entre os demais herdeiros. 
 
Brenda Alves | Passei Direto 
CÁLCULO 
EXEMPLO 1: 
Pai doou R$ 150.000,00 a um filho. 
Quando morreu deixou mais R$ 600.000,00 e três filhos como herdeiros. 
A título de colação, o valor de R$ 150.000,00 terá que ser “devolvido” para fins 
contábeis. 
Patrimônio Total = R$ 600.000 + R$ 150.000 = R$ 750.000, que dividido por 3 = R$ 
250.000 
Cada filho tem direito a R$ 250.000,00. 
Mas o filho que já recebeu R$ 150.000,00 só vai receber a diferença de R$ 
100.000,00. 
 
CÁLCULO DA LEGÍTIMA 
Como a colação tem por finalidade igualar os valores da legítima, o Código Civil 
estabeleceu a seguinte regra: 
Art. 2.002 [...] 
Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será 
computado na parte indisponível, sem aumentar a disponível. 
Regra geral, o valor da legítima é de 50% do patrimônio deixado pelo falecido. 
Quando houver necessidade de colação, deve-se acrescer aos 50% do patrimônio 
deixado pelo falecido o valor da liberalidade realizada em vida. 
 
EXEMPLO 2: 
Pai doou R$ 150.000,00 a um filho. 
Quando morreu deixou mais R$ 600.000,00 e três filhos como herdeiros. Há 
necessidadde de colação. 
Valor da legítima = R$ 300.000 + R$ 150.000 = R$ 450.000,00 
Valor da parte disponível = R$ 300.000,00 
 
DISPENSA DA COLAÇÃO 
Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar 
saiam da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu 
valor ao tempo da doação. 
Brenda Alves | Passei Direto 
Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em 
testamento, ou no próprio título de liberalidade. 
 
CÁLCULO COM DISPENSA 
EXEMPLO 3: 
Pai doou R$ 150.000,00 a um filho, dispensando-o da colação. Quando 
morreu deixou mais R$ 600.000,00 e três filhos como herdeiros. 
A doação deve sair da parte disponível, no limite de 50%. Não há 
necessidade de colação. 
Patrimônio Total = R$ 750.000,00. 
Legítima = Disponível = R$ 375.000,00. 
Como o valor deixado para o filho (R$ 150.000,00) é menor que o valor da parte 
disponível (R$ 375.000,00), não há excesso a devolver. O valor de R$ 600.000,00 
será dividido em partes iguais entre os três filhos. O filho que recebeu a doação 
continuará com o valor de R$ 150.000,00. 
 
CÁLCULO COM DISPENSA E DOAÇÃO MAIOR QUE VALOR DISPONÍVEL 
EXEMPLO 4: 
Pai doou R$ 150.000,00 a um filho, dispensando-o da colação. Quando morreu 
deixou mais R$ 60.000,00 e três filhos como herdeiros. 
Patrimônio Total = R$ 210.000,00. Parte disponível = Legítima = R$ 105.000,00. 
Como a doação ultrapassa em R$ 45.000,00 o valor da parte disponível, a doação é 
parcialmente inoficiosa. 
Legítima = R$ 105.000,00 a ser dividido entre os três irmãos (cada um ficaria com 
R$ 35.000,00). 
Disponivel = R$ 105.000 apenas de um irmão. 
O irmão que já recebeu R$ 150.000,00 só poderá ficar com R$ 140.000,00 = R$ 
35.000,00 (legítima) + R$ 105.000,00 (disponível). 
Ou seja, ele terá que pagar R$ 10.000,00 aos outros dois irmãos. 
 
CÁLCULO SEM DISPENSA E SEM POSSIBILIDADE DE IGUALAR AS LEGÍTIMAS 
EXEMPLO 5: 
Pai doou R$ 150.000,00 a um filho. Quando morreu deixou mais R$ 60.000,00 e três 
filhos como herdeiros. Não houve dispensa de colação. 
Patrimônio Total = R$ 210.000,00. Cada filho tem direito a R$ 70.000,00. 
Brenda Alves | Passei Direto 
O valor de R$ 60.000,00 será dividido entre os 2 irmãos não beneficiados na doação. 
Cada um ficará com R$ 30.000,00. 
O irmão que já recebeu R$ 150.000,00 terá que devolver R$ 80.000,00 aos outros 
dois. 
 
PARTILHA EM VIDA 
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de 
última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros 
necessários. 
A partilha em vida, prevista no art. 2.018 do CC, não induz à necessidade de 
colaçãocaso os bens tenham sido partilhadas de forma desigual entre os 
descendentes, mas desde que não prejudique a legítima. 
É preciso concordância expressa de todos os herdeiros, que precisam ser capazes. 
Se foi omitido algum herdeiro necessário, a partilha em vida é nula. 
Se sobrevêm herdeiro necessário, a partilha em vida é ineficaz.

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