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Método de Mohr A solução titulante é uma solução padrão de nitrato de prata, consequentemente essa solução já foi padronizada e tornou-se uma solução padrão secundária. No sistema de titulado temos uma solução amostra do haleto que a gente deseja determinar, então adicionamos no erlenmeyer uma alíquota da solução do analito e como indicador usaremos o cromato de potássio que é caracterizado como indicador de precipitação. O cromato funciona como indicador de precipitação em função da possibilidade de o íon cromato precipitar o cromato de prata que é um sólido de coloração vermelho tijolo. Vamos ver de que forma isso vai acontecer: nós temos no erlenmeyer a solução do íon X- e temos também os íons cromato que foram adicionados na forma da dissolução de cromato de potássio. Dessa forma, nós temos aqui duas espécies que podem precipitar com a prata que será adicionada por meio da bureta. Nós temos o íon X que pode formar o AgX, que nós vamos tratar como sendo um sólido branco, já que essa é a característica, por exemplo, do cloreto de prata. Nós temos, além da formação do haleto de prata, a possibilidade da formação do cromato de prata que é um sólido vermelho tijolo. À medida que a gente começa a adicionar o titulante, o nitrato de prata, vai havendo aumento da concentração de íons prata desse sistema, esses íons prata são, na verdade, pelo íon X- para precipitação do AgX e pelo íon cromato para a precipitação do cromato de prata. Então, essa conversão precisa ser vencida pelo analito durante toda a adição de titulante até que se estabeleça o ponto de equivalência. Quando se dá o ponto de equivalência, o mais próximo possível do PE deve ocorrer a precipitação do cromato de prata fazendo com que a solução titulada se torne avermelhada. Há três momentos da titulação. No primeiro momento, nós temos um sistema turvo, onde já se iniciou a titulação, que é a mistura do sólido branco AgX com a solução amarelada em função da presença do cromato de potássio. O íon cromato ainda não precipitou na forma de cromato de prata, ele está em solução e já ocorreu a formação do sólido branco, haleto de prata. Então, nós vemos um sistema turvo e amarelado. Essa primeira característica se mantém até que nas imediações do PE, sendo o mais próximo possível ocorre o início da precipitação do cromato de prata fazendo com que o sistema se torne levemente avermelhado/alaranjado. Esse é o momento que percebemos o ponto final da titulação, é o início da precipitação do cromato de prata. Se continuarmos adicionando o titulante, a solução vai ficar cada vez mais vermelha em função do acúmulo do cromato de prata, precipitando cada vez mais, o que a gente não deseja, já que o que nós queremos é que a precipitação do cromato de prata ocorra no momento em que se dá a equivalência estequiométrica entre prata e o halogeneto que é o analito. Nós queremos que a precipitação do cromato de prata se dê na mesma situação em que se dá a equivalência estequiométrica, porque se isso acontecer o erro da titulação será igual a zero, ou seja, Vpf = Vpe. Então, nós precisamos para promover o erro igual a zero ou o menor possível, nós temos que ajustar a concentração do íon cromato no meio para que ele precipite no momento em que se dá a equivalência estequiométrica entre prata e íon X-. Se nós tivermos uma concentração de cromato no meio muito alta, o cromato pode precipitar com a prata presente no sistema titulado ainda antes da equivalência estequiométrica, aumentando o módulo do erro e dando um valor de erro negativo, onde o PF < PE. Por outro lado, se a gente tiver uma concentração de cromato muito baixa, a gente só vai conseguir promover a precipitação do cromato de prata com concentrações de prata muito elevadas no meio e para isso o Vpf muito maior do que o Vpe, o que também não é desejado, porque geraria um erro de grande módulo e de sinal positivo, Vpf > Vpe. Então, o que a gente precisa fazer? Ter uma concentração ótima de íons cromato no meio que precipite com a prata no momento em que se dá a equivalência estequiométrica entre prata e X- . Há uma indicação por meio de duas reações que se completam entre si, ou seja, a prata está sendo disputada pelo íon X- e o íon cromato. Nós queremos que essa disputa seja vencida pelo íon X- e que o íon cromato só tenha condição de precipitar com a prata fazendo com que o sistema mude de cor na equivalência estequiométrica. Para que isso aconteça, o formação do cromato de prata precisa ser uma reação menos favorecida do que a reação de precipitação de AgX. Então, dessa forma, quando a reação de indicação é uma reação que compete com a reação principal, essa reação de indicação precisa ser uma reação menos favorecida do que uma reação de determinação. Se isso não for obedecido, a reação de indicação poderá se dá até antes mesmo da reação de determinação, então na primeira gota de adição de titulante pode já se ver a mudança de cor do indicador, isso a gente não quer de forma alguma. Então, essa concentração de cromato para que ele precipite na equivalência estequiométrica precisa ser determinada e isso precisa ser arranjado experimentalmente. Antes de tratar dessa concentração, nós vamos tratar um pouco do meio em que essa reação se processa. O cromato participa de um equilíbrio ácido-base com o ânion dicromato; em meios levemente alcalinos a alcalinos, o cromato é a espécie predominante. Quando a gente começa a acidificar essas soluções de íons cromato, o cromato se converte em ânions dicromatos, que é predominante em meios levemente ácido a fortemente ácido. Então, para que a gente tenha a prevalência do ânion cromato e não do ânion dicromato no sistema titulado e a reação de indicação possa acontecer satisfatoriamente o meio tem que estar acima de 6. Abaixo de 6, a gente já tem a predominância do íon dicromato comprometendo a existência do íon cromato que é o ânion que participa da reação de precipitação usada na indicação. Os dicromatos são ânions que formam sais solúveis. O dicromato de prata é um sal de alta solubilidade, então ele não precipita no meio, então não podemos deixar que o meio tenho uma característica ácida, porque nessa condição o cromato de prata não irá precipitar e a gente não vai enxergar a mudança de coloração pela precipitação do cromato de prata. O cromato é um ânion que gera colorações amareladas, enquanto o dicromato gera soluções laranjas. Por outro lado, a gente não pode também alcalinizar muito o meio para prevalência do cromato, porque em meios que tenha o pH acima de 8, o íon prata que é o titulante começa a hidrolisar, começa a sofrer reações de precipitação na forma de hidróxido que vai posteriormente a óxido de prata, geraria então o consumo do titulante em uma reação paralela o que também não pode acontecer. Em função dessa necessidade de 6 < pH < 8, as titulações do método de Mohr são realizadas em um meio muito próximo ao neutro. Portanto, são duas características do método de Mohr, o uso do cromato de potássio como indicador de precipitação que demonstra o ponto final pela formação de um precipitado de cor diferente do precipitado principal formado pelo analito e a prata, e o meio em que essa reação deve acontecer. Retomando a discussão sobre o ajuste da concentração de cromato de modo que a precipitação do cromato de prata ocorra no momento em que se vê a equivalência estequiométrica entre os íons prata e o halogeneto. Reação química da determinação AgX ↔ Ag+ + X- Reação química da indicação Ag2CrO4 ↔ 2Ag+ + CrO4 2- O primeiro sólido que estamos tratando é um sólido de estequiometria 1:1 entre cátion e ânion. O segundo sólido tem uma estequiometria 2:1 entre o cátion e o ânion. As constantes de produto de solubilidade de AgX e Ag2CrO4 apresentam equações diferentes. Como vamos calcular essa condição para que no método de Mohr o cromato de prataprecipite depois, sendo mais solúvel do que o AgX. Já que eles apresentam equações de produto de solubilidade de ordens diferentes, então nós não podemos comparar os valores de Kps. Nós precisamos calcular a solubilidade molar desses dois eletrólitos em água. A solubilidade do cromato de prata é ligeiramente maior do que a solubilidade do cloreto de prata. Isso é satisfatório? Considerando o cromato de prata como mais solúvel do que o cloreto de prata, significa que o cloreto de prata deve precipitar de uma forma mais favorável, mais espontânea do que o cromato de prata. Mas qual deve ser a concentração de cromato que nós devemos estabelecer no sistema titulado para que esse indicador só precipite com a prata quando se atinge a equivalência estequiométrica? Nós sabemos que na equivalência estequiométrica, a concentração de prata vai assumir esse valor de 1,3x10^-5, porque na equivalência estequiométrica não há excesso nem de prata nem de cloreto, consequentemente a concentração de prata ela é calculada da mesma forma que calculamos a solubilidade molar em água pura. Então, a concentração de prata que se estabelece do titulado no momento do PE é 1,3x10^-5, logo posso calcular por meio da constante de produto de solubilidade do cromato de prata qual seria a concentração de cromato necessária para estar em equilíbrio em uma solução saturada de cromato de prata. MÉTODO DE FAJANS O método de Fajans utiliza a mesma estratégia do que o método de Mohr com exceção do indicador. Nesse caso, utiliza-se um indicador de adsorção, fluoresceína. Também utiliza como titulante uma solução padrão de nitrato de prata, usada para titular também soluções de halogenetos. O titulante é adicionado lentamente, formando no erlenmeyer o precipitado do haleto de prata. E esse precipitado que é de branco a um amarelado claro se forma no meio durante toda a titulação de acordo com a adição do nitrato de prata. A fluoresceína apresenta um grupo ácido carboxílico e esse grupo pode sofrer ionização em água, gerando sua base conjugada que é o carboxilato. Esse íon carboxilato, chamado fluoresceinato. Esse ácido fluoresceína tem um pka = 8, ou seja, ele é um ácido fraco e se ioniza pouco em água, dando origem a uma pequena fração do carboxilato. Esse ânion fluoresceinato que possui a capacidade de adsorção no sólido que é formado durante a precipitação. Com a formação do sólido, nós vamos olhar para esses dois desenhos: Antes do início da titulação, nós temos no erlenmeyer o íon haleto + o indicador. Conforme adicionamos o nitrato de prata, é possível ver o começo da formação da partícula sólida, representado pelo círculo central em branco na primeira imagem. Essa partícula de cloreto de prata exerce uma forte atração por íons cloreto que são de mesma natureza que esse precipitado, já que esse precipitado é um precipitado de cloreto. Então, a partícula de cloreto de prata atrai íons cloreto que ficam presentes na primeira camada que também é uma camada de hidratação do cloreto de prata, já que o meio que estamos tratando é um meio aquoso. Nesse meio, não temos somente cloreto, temos também outros íons, íons positivos como o Na+ no seio da solução, e temos ainda o indicador que está participando de um equilíbrio ácido-base. Como essa primeira camada ao redor do sólido apresenta íons negativos, essa camada só consegue atrair do seio da solução íons positivos, repelindo então os íons do indicador. O fluoresceinato é uma espécie que apresenta fluorescência, então em solução aquosa o fluoresceinato apresenta o aspecto do 1º béquer, aspecto amarelado fluorescente. Conforme adicionamos o titulante começa a acontecer a precipitação do cloreto de prata que faz com que a solução apresente um aspecto amarelado e turvo. No ponto de equivalência, nós não temos mais excesso de íons cloreto em relação a íons prata. Consequentemente, o cloreto de prata continua tendo uma grande capacidade de interação eletrostática com os íons o compõem, ou seja, prata e cloreto. Mas no momento do PE, não há excesso de cloreto nem de prata, então ele atrai quase com a mesma proporção íons cloreto e íons prata. A partir do momento que adicionados excesso do nitrato de prata, qualquer gota a mais, esse meio se torna mais rico em íons prata do que íons cloreto. Passamos então para a condição do segundo quadrado (imagem), quando o precipitado passar a atrair com maior intensidade os íons prata. Lembrando que o precipitado tem condições de atrair qualquer uma das espécies presentes nesse sistema, mas a sua interação com as espécies que o compõem é maior. Então, ele passa, a partir do momento que há excesso de íons prata, o precipitado passa a interagir de uma forma mais eficiente com esses íons, consequentemente essa primeira camada ao redor do precipitado passa a ser uma camada com caráter positivo. Quando o precipitado assume uma carga positiva em função da presença desses íons prata ao seu redor, o íon fluoresceinato de carga negativa, ele agora consegue se adsorver sobre esse precipitado que está positivo. A partir do momento que o indicador se adsorve a esse precipitado, ele assume uma coloração rosada em função da nova condição eletrônica que ele assume no processo de adsorção. E com isso então nós verificamos uma mudança da coloração de amarelo leitoso para rosa leitoso e isso caracteriza o ponto final da titulação no método de Fajans. Precisamos então pensar nos pontos que esse processo de adsorção precisa que estejam garantidos para que ele se dê da melhor forma. Primeiro, vamos pensar nesse equilíbrio ácido- base do indicador. Vemos que para que haja a indicação, a gente precisa ter uma concentração maior da base conjugada que é o íon fluoresceinato que efetivamente se adsorve sobre as partículas do sólido quando ele assume essa carga parcialmente positiva. Então, esse equilíbrio ácido-base do indicador tem que privilegiar a formação do carboxilato. Se ele tem um pka entorno de 8, a gente sabe que ele vai assumir 50% do carboxilato quando o pH for esse. Só que é o mesmo problema que tínhamos no método de Mohr em relação a valores de pH muito acima de 8 que é o problema da precipitação do hidróxido de prata em uma reação lateral consumindo o titulante, o que não pode acontecer, então não dá para trabalhar com pH acima de 8. Trabalhamos com pH entorno de 8 até pH 6, a gente ainda garante uma concentração do fluoresceinato suficiente para promover a mudança de coloração do sistema de amarelo para rosa. Valores de pH muito abaixo de 6 já privilegia a fluoresceína na forma ácida comprometendo o processo de adsorção. Além disso, como o processo de indicação é um processo de adsorção, ou seja, é uma interação eletrostática entre o íon carboxilato e a partícula, a superfície de cloreto de prata. Esse processo é privilegiado quanto maior for a superfície de contato entre o precipitado e o indicador, então nós precisamos garantir que vai haver uma grande área de precipitado para que o indicador seja adsorvido, porque isso melhora nossa visualização da mudança de cor do precipitado. Esse precipitado é coloidal, se aglutina muito facilmente em partículas muito pequenas e nós precisamos garantir a dispersão desse sólido, que ele não se aglutine ou coagule. Garantir que ele esteja no menor tamanho de partícula possível para que haja uma grande área de superfície para que o indicador se adsorva. Nós fazemos isso colocando um agente de dispersão que impede essa aglutinação. Esse agente de dispersão, normalmente usado no método de Fajans, é a adestrina. Observando esse processo, vemos que o erro do processo do método de Fajans é um erro positivo, ou seja, o Vpf sempre vai ser maior do Vpe, porque a indicação só é garantida quando a gente tem um excesso de íons prata no sistema, consequentemente precisamos passar do PE paragerar esse pequeno excesso de prata a fim de que a adsorção se dê de uma forma satisfatória. MÉTODO DE VOLHARD (INDIRETO) O método de Volhard é um exemplo clássico do tipo de método indireto que nós chamamos de titulação de retorno ou titulação pelo resto ou titulação do excesso. Se compõe como uma estratégia que é muito fundamental, principalmente em situações em que a gente não tem um indicador adequado para uma reação química que está se processando. Esse método também se dedica a determinação de haletos ou de tiocianato e ele é realizado da seguinte forma: nós adicionamos ao erlenmeyer a alíquota do analito X- ou SCN-, cuja concentração nós queremos determinar. Junto com essa alíquota que contém o analito, nós adicionamos uma alíquota de uma solução padrão de nitrato de prata, ou seja, uma porção conhecida de solução de nitrato de prata de concentração também conhecida, essa porção tem que conter o número de mols de prata que seja maior do que o número de mols de haleto. Se essa quantidade de íons prata que adicionamos for maior do que quantidade haleto presente no sistema, significa que essa prata vai precipitar na forma do AgX e vai sobrar um excesso de íons prata, após a condição de equilíbrio ter sido atingida. Se a gente conseguir determinar esse excesso, qual a quantidade de prata que sobra no sistema do erlenmeyer, após essa reação ter acontecido, por diferença da quantidade prata que foi adicionada e a prata que sobrou após a reação, nós vamos conhecer a quantidade de prata envolvida na precipitação do haleto que é igual a própria quantidade de haleto, já que a reação de precipitação apresenta estequiometria 1:1. Então, o processo se dá por meio da adição de uma alíquota de uma amostra de haleto ao erlenmeyer, seguida pela adição de uma alíquota de uma solução padrão de nitrato de prata (essa alíquota não é adicionada por meio da titulação, ela é adicionada por meio de uma pipeta volumétrica de forma total, sem que haja a necessidade de uma adição controlada). A reação vai acontecer com a mistura dessas duas alíquotas e vai sobrar uma certa quantidade de prata no erlenmeyer. E agora nós precisamos saber o quanto de prata sobrou para saber o quanto foi consumido na reação com o haleto, e aí podemos saber o número de mols de haleto que estava presente na alíquota adicionado ao erlenmeyer. Como vamos conhecer esse excesso de prata? Nós vamos titular essa prata residual por meio de uma titulação com tiocianato de potássio como titulante. O tiocianato é um dos íons que forma também um eletrólito de baixa solubilidade com os íons prata. O tiocianato de prata é também um sólido branco que apresenta uma baixa solubilidade em meio aquoso. Então, depois dessa mistura, nós vamos titular o excesso de prata por meio da volumetria de precipitação usando o tiocianato como agente titulante. Consequentemente precisamos ter uma solução padrão de tiocianato de potássio. Como vamos verificar o ponto final da titulação de prata com o tiocianato? Nós vamos usar uma reação muito conhecida entre o tiocianato que é a formação de um complexo com os íons Fe3+ que dá aquela coloração vermelho intenso, vermelho sangue, muito utilizado na identificação de íons férricos em ensaios qualitativos. Então, o indicador usado no método de Volhard vai ser um sal composto de íons Fe(III) , chamamos de alúmen férrico, que é o sulfato férrico amoniacal. Esse indicador gera no meio íons Fe3+ que formam uma coloração vermelha no meio no primeiro excesso de tiocianato durante a titulação com a prata. Então, à medida que nós vamos adicionando a solução de tiocianato como titulante, o tiocianato precipita o tiocianato de prata sendo consumido por essa reação principal. Depois que a prata foi consumida e que ela atingiu uma concentração bastante baixa no sistema, sendo essa concentração a concentração que é vista na reação da 2ª etapa que demonstra o equilíbrio do tiocianato de prata. Nós temos uma baixa concentração de prata que já não promove uma competição tão acirrada com os íons ferro 3+ pelo tiocianato. Nesse momento, então, a gente tem a formação do complexo entre ferro e tiocianato que apresenta uma constante de formação entorno de 10^3. Enquanto o kps do tiocianato de prata é um 1,1x10^-12. Então podemos ver essa competição pelo tiocianato que é estabelecida entre a prata e o ferro favorece a precipitação do tiocianato de prata e não da formação do complexo entre SCN e Ferro. Por isso que o SCN só consegue formar o complexo com ferro no momento em que a concentração de prata se reduz bastante no meio nas imediações do PF da titulação de Ag com SCN. E aí, então, nós observamos e paramos a titulação na primeira coloração avermelhada que o sistema titulado assume. Dessa forma, podemos determinar o volume de solução padrão de SCN que é gasto na titulação nessa quantidade de prata em excesso e assim calcular o número de mols do haleto presente na alíquota que foi adicionada por meio das relações estequiométricas. Nós podemos dizer que o número de mols de prata total que foi adicionado ao erlenmeyer por meio da alíquota da nitrato de prata, esse número de mols total vai ser uma parte dele precipitada na forma de haleto de prata, logo que misturamos a alíquota do analito com a alíquota da solução de prata. E depois durante a titulação, o resto da prata que não precipitou na forma de AgX é titulado com SCN e precipita na forma de tiocianato de prata. Então, nós conhecemos o número de mols total de Ag, já que ele é calculado por meio do volume de alíquota adicionada ao erlenmeyer e da concentração dessa alíquota de solução de nitrato de prata que foi adicionada. Nós conhecemos também o número de mols de prata em excesso, já que ela foi titulada com a solução de tiocianato de prata. Então, o número de mols de tiocianato é igual ao número de mols de prata em excesso que é calculada por meio da concentração em mol/L e do volume gasto pela bureta na titulação na presença de ferro como indicador. Subtraindo a parcela vermelha da parcela roxa, nós temos a parcela verde que é o número de mols de prata gasto na precipitação do haleto, ou seja, é igual ao próprio número de mols do haleto presente no sistema. Então, nós vimos que a titulação ocorre pela determinação do excesso de prata, essa é então a segunda reação de precipitação que acontece no sistema, sendo a primeira precipitação a precipitação do haleto de prata. A primeira reação que ocorre na primeira etapa se estabelece uma condição de equilíbrio que é função da concentração dos íons prata e a concentração do haleto, descrita pelo kps do haleto de prata. Depois quando se adiciona tiocianato no processo de titulação, o tiocianato começa a precipitar com a prata. Sendo que a prata, ela também determina a condição de equilíbrio da primeira reação. Ou seja, a condição de equilíbrio do haleto de prata. Então, o tiocianato à medida que vamos adicionando a solução de tiocianato de potássio ao sistema titulado, a concentração de prata começa a diminuir, porque está precipitando tiocianato de prata, e, consequentemente essa primeira reação que tinha atingido uma condição de equilíbrio, ela começa a se deslocar para a direita, ou seja, para formação de mais íons prata, já que esses íons prata estão sendo consumidos pela segunda reação. Isso acontece durante toda a titulação. Durante toda a titulação, a concentração de íons prata no meio vai diminuindo pela precipitação do tiocianato de prata. E consequentemente essa reação, esse equilíbrio de solubilidade é perturbado, do AgX, e ele reestabelece por meio da solubilização do AgX sólido, aumentando essa concentração de prata que foi diminuída no meio. Se esse equilíbrio de solubilidade do AgSCN for mais favorecido no sentido da precipitação, ou seja, da direita para a esquerda, essa adição de SCN vai privilegiar muito a diminuição daconcentração de íons prata a ponto de só começar a solubilizar o AgX para repor essa quantidade de prata que está sendo alterada no sistema o tempo todo e garantindo então a condição de equilíbrio. Ou seja, se a precipitação do AgSCN for mais favorável termodinamicamente do que a precipitação de AgX, a adição contínua do tiocianato vai deslocar essa prata que já havia sido precipitada e que não pode ser deslocada, porque o que nós queremos determinar não é a prata que também precipitou na forma de AgX, mas só a prata que está livre no sistema que é o excesso. Então isso não pode acontecer e isso só acontece quando o kps, a constante do produto de solubilidade do AgSCN for menor do que a constante do produto de solubilidade de AgX. Se a constante do AgX for menor, isso demonstra uma maior estabilidade desse sólido, tiocianato de prata, do que do sólido AgX. E demonstra que esse sólido AgSCN é mais insolúvel, mais estável do que o AgX. Consequentemente, o SCN vai “roubar” deslocar essa prata que já havia sido precipitada e vai titular ela também, o que não pode acontecer. Se observarmos a tabela de constantes de produto de solubilidade do tiocianato e dos haletos, veremos que o AgSCN apresenta kps igual a 1,1x10^-12. Enquanto para os haletos, essas constantes vão de 10^-10 (AgCl) até 10^-17 (AgI). Ou seja, o AgSCN apresenta um kps menor do que o kps do cloreto de prata, fazendo com que essa condição, permite o AgSCN então a sua precipitação seja mais favorável do que a do cloreto de prata. Consequentemente pode acontecer, na determinação de cloretos, o SCN roubar essa Ag que já foi precipitada na primeira etapa. E com isso então, a gente vai titular não só a prata em excesso, mas também a prata que já precipitou, isso traria um erro muito grande ao processo, porque a gente iria determinar uma concentração de cloreto na verdade menor do que a concentração real dele. O que nós precisamos fazer para evitar isso que a gente chama de reação de deslocamento do cloreto de prata pela precipitação do tiocianato de prata? A gente vai proteger esse sólido, o cloreto de prata, por meio de uma barreira mecânica desse precipitado. Como que isso é feito? Adição de um líquido que vai envolver o precipitado, sendo que esse líquido não é miscível com a água. É como se fosse uma barreira de óleo que se estabelece ao redor da partícula de precipitado e esse óleo que envolve o precipitado não deixa que a solução aquosa com a qual se dá o equilíbrio de solubilidade, não deixa que essa solução atinja o precipitado, consequentemente é como se o precipitado estivesse isolado daquele sistema, aí não se estabelece mais o equilíbrio de solubilidade entre o sólido tanto AgX quanto AgSCN que estão se formando ali e a solução aquosa com os íons, então o líquido que classicamente é utilizado pelo método de Volhard é o nitrobenzeno, que é extremamente tóxico, então ele vem sendo abolido enquanto protetor de coloide neste método. Atualmente, nós temos utilizado o óleo de soja para esse processo de proteção do coloide que funciona muito bem e não apresenta toxicidade. Uma pequena porção desse óleo é adicionada ao erlenmeyer, depois que essa primeira reação acontece entre o haleto e a solução de prata. Nós agitamos muito fortemente esse sistema para que o sólido tenha contato com o óleo e com isso então seja protegido, seja encapsulado por esse óleo. Isso dá um aspecto visual muito interessante, porque nós vemos o precipitado envolto pelas gotículas de óleo que se formam no sistema e a solução fica líquida/limpa. Desse modo, por meio dessa proteção, esse equilíbrio de solubilidade do AgX que necessariamente precisa contar com contato direto do sólido com a solução saturada, esse equilíbrio é quebrado, já que esse contato não existe mais. E à medida que vamos adicionando o tiocianato de prata, essa solução que contém tiocianato não tem contato com o sólido AgX, consequentemente o equilíbrio de solubilidade se estabelece sem que haja o deslocamento do haleto de prata. Observando essa tabela, a gente vê que esse problema só acontece na determinação de íons cloreto, já que o brometo de prata e o iodeto de prata apresentam constantes do produto de solubilidade menores do que a do tiocianato de prata, então são sólidos mais estáveis, onde a prata não é deslocada pela presença do tiocianato que é menos estável, mais solúvel. Então esse é um cuidado que precisa ser realizado que é o processo de livrar o sólido já precipitado do haleto da solução aquosa. Isso também pode ser feito por um processo de filtração, mas esse método pode gerar perdas e erros muito grandes, além da possibilidade de retenção dos íons prata no filtro, então o cuidado de lavagem muito grande precisa ser realizado. Dessa forma, pela proteção do coloide, além do processo em termos de operações ser muito mais fácil, a gente tem a possibilidade de perdas muito menor do que a do processo de filtração. O ponto que a gente precisa ter muito cuidado é em relação a acidez do meio para que o método de Volhard seja bem conduzido. No método de Volhard como a gente usa os íons ferro III como indicador, a gente sabe que os íons Fe3+ hidrolisam, precipitam na forma de hidróxido férrico com muita facilidade. Dependendo da concentração de íons ferro em pH entorno de 3 a gente já tem a precipitação do hidróxido. Se essa precipitação acontecer, a gente perde o íon responsável pela mudança de cor no ponto final. Então as titulações usando ferro como indicador que é um indicador de complexação já que a visualização se dá pela formação de um complexo, essas reações precisam ser conduzidas em meio fortemente ácido para evitar a hidrólise do ferro. O ácido que utilizamos para isso é o ácido nítrico, já que ele não promove a precipitação de nenhuma espécie presente no sistema com a prata, além disso ele promove um caráter oxidante ao meio, fazendo com que o ferro fique na forma de ferro III. Com isso, nós temos uma boa condição para reação de complexação e de indicação. Esse método também é muito útil quando há espécies interferentes na determinação do analito.
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