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1 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI RESPOSTA METABÓLICA AO TRAUMA É uma resposta metabólica desencadeada com o objetivo de reparar, de forma adequada, as lesões teciduais e atender as demandas do processo inflamatório até a sua resolução. → Processo inflamatório: plaquetas formam uma rede de fibrina e provoca a hemostasia. Há recrutamento de polimorfonucleares, macrófagos, fibroblastos, síntese de colágeno (síntese proteica). → Ação dos macrófagos: Realizam a secreção de citocinas IL1-6-8 e TNF alfa. Promovem a ativação de complemento e de cininas, além de aumento de fibrinogênio, hepatoglobulinas, plasminogênio, ativação do processo de coagulação e vasodilatação periférica. Logo, há diminuição do débito cardíaco e liberação de histamina. Com a progressão do processo inflamatório, há perda da seletividade capilar e extravasamento do líquido intravascular, acentuando a redução do retorno venoso e hipotensão. Ocorre ainda a ativação plaquetária com oclusão vascular, diminuindo o aporte sanguíneo e a oxigenação tecidual, agravando ainda mais a hipoperfusão tecidual. → A síntese proteica é formada a partir da degradação muscular (nitrogênio) e da mobilização de reserva energéticas (gliconeogênese). Resposta efetiva: convalescença Resposta inadequada: óbito 2 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI → SEPSE: resposta inflamatória sistêmica a partir de um foco de infecção. Citocinas como IL-1, IL-6 e TNF-alfa, que levam ao aumento na produçãode óxido nítrico, responsável pela vasoplegia. Recrutamento de leucócitos e outras células do sistema imunológico -> ativam a cascata de coagulação, com expressão de fator tecidual e inibição de fibrinólise, levando à formação de microtrombos nos capilares, reduzindo o fluxo sanguíneo e aumentando a hipóxia. Hipovolemia: é ocasionada pelo aumento da permeabilidade vascular (sistêmica e pulmonar), aumento da capacitância venosa e desidratação. Além disso, há sequestro de líquidos nos territórios esplâncnicos e queda na produção de albumina. O debito cardíaco é normal ou elevado (estado hiperdinâmico). Em casos de hipermetabolismo, a demanda de O2 encontra-se bastante aumentada, sendo necessário aumento na oferta ou na extração de 02 para manter o consumo equilibrado. Todavia, por ação das citocinas e do fator depressor miocárdico, há limitação na capacidade de adequação entre oferta e consumo de O2, o que se refletirá em isquemia tecidual e elevação do lactato. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: o Inicialmente: taquicardia, taquipneia, pulsos amplos (pressão divergente, queda da PA diastólica por vasodilatação periférica e aumento da sistólica por aumento do DC). o Segunda fase: hipovolemia relativa (pela vasodilatação) e absoluta (pela alteração da microcirculação com perda de líquido intravascular), baixo DC, aumento da acidose e hipoperfusão. Além disso o paciente pode apresentar pulsos finos, oligúria, agitação ou letargia e obnubilação. FREQUÊNCIA CARDIACA >100 bpm FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA >22 ipm ou PaCO2 < 32mmHg TEMPERATURA CORPORAL >38º OU < 36ºC LEUCÓCITOS >12.000, < 4.000 ou >10% de bastões Critérios diagnóstico: 2 ou mais itens acima SEPSE + hipotensão e necessidade de drogas vasoativas= choque séptico. >2 = risco aumentado de óbito ou permanência prolongada na UTI 3 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI Desencadeantes: o Ansiedade, medo o Dor o Hipo e hipertermia o Hipovolemia o Acidose o Jejum o Desidratação o Hipóxia/infecção/sepse o Imobilização prolongada FASE CATABÓLICA Endócrina (eixo hipotálamo-hipófise-adrenal) o Aumento do ACTH, cortisol, HAD, hormônio do crescimento, glucagon, renina, aldosterona. Metabólica o Carboidratos (glicose, glicerol e lactato): hiperglicemia -> aumento da resistência insulínica -> intolerância à glicose. o Proteínas: aumento do catabolismo. o Gorduras: aumento da lipólise. Água e eletrólitos o Retenção de água e sódio o Excreção aumentada de K+ 4 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI TRATAMENTO A ressuscitação com 30mL/kg de fluido cristaloide IV administrado na primeiro hora para pacientes com hipotensão e/ou lactato elevado; PAM maior ou igual a 65 mmHg em pacientes com choque séptico necessitam de vasopressores (noraepinefrina); 5 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI Administrar antimicrobianos IV até uma hora após o reconhecimento de sepse/choque séptico. Todavia, indica-se terapia empírica de amplo espectro com um ou mais antimicrobianos para cobertura de agentes prováveis (bactérias, fungos ou vírus); Caso o paciente não esteja compensando com volume e vasopressores, administrar hidrocortisona IV 200 mg/d em infusão contínua. Transfusão de glóbulos vermelhos quando a concentração de hemoglobina está < 7 g/dL em adultos, na ausência de circunstâncias como isquemia miocárdica, hipoxemia grave ou hemorragia aguda. Transfusão de plaquetas quando as contagens estão abaixo de 10.000/ mm³ na ausência de sangramento aparente E abaixo de 20.000/ mm³, caso o paciente tenha algum risco de sangramento. Ventilação mecânica: usar volume corrente de 6 mL/kg de peso corpóreo previsto em adultos com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). Posição prona a pacientes com SDRA induzida pela sepse e razão de PaO2/FiO2 abaixo de 150. NÃO deve ser utilizado ventilação de alta frequência oscilatória. Pacientes com sepse e em ventilação mecânica devem ser mantidos com o leito elevado entre 30º e 45º para limitar o risco de aspiração e desenvolvimento de pneumonia associada a ventilação mecânica. Controle glicêmico: a insulina deve ser iniciada quando 2 medidas de glicemia estão acima de 180 mg/dL e o alvo terapêutico deve ser a glicemia em níveis iguais ou inferiores a 180 mg/dL. Pacientes com insulina IV devem ser avaliados a cada 2h e se estáveis, a cada 4h. Profilaxia de trombose venosa profunda (heparina) na ausência de contraindicações. 6 GABRIELA M. D. FARIAS MEDICINA FIPGUANAMBI Deve utilizar HBPM em vez de HNF para profilaxia de TEV, na ausência de contraindicações à utilização de HBPM. Profilaxia de úlcera de estresse para pacientes com fatores de risco para sangramento gastrointestinal (bomba de prótons ou antagonistas do receptor da histamina-2). Nutrição: enteral, apenas, NE precoce quando não viável iniciar infusão venosa de glicose associada a progressão da NE conforme tolerada OU NP isolada após os 7 primeiros dias. Não deve utilizar ácido graxo ômega 3 e reposição de selênio.