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APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 1 APG 2 – É infecção ou preocupação? 1) REVISAR A MORFOLOGIA DO ESTÔMAGO ANATOMIA O estômago é dividido em 4 regiões: cárdia, ligação com o esôfago, fundo gástrico, região em cúpula acima de um plano horizontal traçado sobre a cárdia, corpo gástrico, a maior parte, onde se organiza o quimo e parte pilórica, região afunilada, controla a liberação do quimo para o duodeno, que pode ser dividida em 3 regiões: antro pilórico, canal pilórico e piloro. Quando vazio, a mucosa forma grandes rugas, sendo chamadas de pregas gástricas, que podem ser vistas a olho nu. O piloro se comunica com o duodeno do intestino delgado por meio de um esfíncter de músculo liso chamado músculo esfíncter do piloro. A margem medial côncava do estômago é chamada curvatura menor, a margem lateral convexa é chamada curvatura maior. HISTOLOGIA A parede do estômago é composta pelas mesmas camadas básicas que o restante do canal alimentar, com certas modificações. MUCOSA: é uma camada de células epiteliais colunares simples. Essas glândulas que estão na mucosa são tubulares e secretam muco alcalino (composto por água, glicoproteínas e lipídeos) protegendo as células do estômago contra a própria acidez da secreção gástrica. Essas glândulas da mucosa vão desembocar na FOSSETA GÁSTRICA = invaginação desse epitélio, chegando na lâmina própria. Lâmina própria: tecido conjuntivo frouxo. Lâmina muscular da mucosa: músculo liso e são importantes porque auxiliam na eliminação das secreções dessas glândulas (comprimem). SUBMUCOSA: Tecido conjuntivo moderadamente denso, com vasos sanguíneos e vasos linfáticos, contém também células linfoides e macrófagos. Tanto a mucosa quanto a submucosa em conjunto formam dobras longitudinais ao longo do estômago, que estão presentes apenas quando ele está vazio, conforme ele se enche de alimento, ele se distende (aumentando o tamanho). MUSCULAR: composta por músculo liso e são três camadas ≠ do esôfago e nos intestinos delgado e grosso! Camada longitudinal externa; Camada circular média = no piloro, a camada média encontra-se muito mais espessa para formar o esfíncter pilórico, que controla a saída do quimo para o duodeno; Camada oblíqua interna: as fibras oblíquas estão limitadas principalmente ao corpo gástrico + perto do lúmen. SEROSA: é composta por epitélio escamoso simples (mesotélio) e tecido conjuntivo areolar, a porção da túnica serosa que recobre o estômago é parte do peritônio visceral. HISTOLOGIA DE ACORDO COM AS REGIÕES DO ESTÔMAGO CÁRDIA: é uma banda circular estreita, com cerca de 1,5 a 3,0 cm de largura, na transição entre o esôfago e o estômago. Sua mucosa contém glândulas tubulares simples ou ramificadas, denominadas glândulas da cárdia. Essas glândulas produzem MUCO E LISOZIMA (enzima que destrói a parede de bactérias), mas algumas poucas células parietais produtoras de H+ e Cl- (que formarão HCl no lúmen) também podem ser encontradas. FUNDO E CORPO: há glândulas tubulares, que de 3 a 7 desembocam em cada fosseta gástrica, então, TEM + GLÂNDULAS DO QUE FOSSETAS. Essas glândulas têm 3 regiões distintas: ISTMO = parte superior, é composto por células mucosas (produzem muco), células-tronco (células colunares baixas, que tem núcleos ovais) e células parietais/oxínticas (são células arredondadas, ou células piramidais, que tem um núcleo esférico central e um citoplasma eosinofílico = rosa). Esse citoplasma é dessa cor devido à abundância de mitocôndrias, o que permite o transporte de íons H+ e Cl- (HCl), além disso, essas células sintetizam o fator intrínseco que se liga à vitamina B12 e facilita a absorção da mesma no intestino delgado. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 2 COLO = parte média, também composta por células mucosas (são observadas agrupadas ou isoladas entre as células parietais, tem um formato irregular, um núcleo mais para a base e tem na superfície apical grânulos = cheio de mucina, que tem propriedades antibióticas), células-tronco e células parietais/oxínticas. BASE = parte inferior, composta também por células parietais que produz H+, mas principalmente por células zimogênicas/principais (o citoplasma tem uma basofilia, é mais roxo, já que tem muito R.E.R que é importante na produção de proteínas = pepsinogênio e lipase, que ficam acumuladas em grânulos na superfície apical dessas células, sendo enzimas importantes na digestão. O pepsinogênio é uma proenzima, é convertida (ativada) em pepsina quando entra em contato com o ambiente ácido do estômago. PILORO: encontra-se glândulas pilóricas, que são tubulosas, simples ou ramificadas. Tem fossetas bem profundas! Há também produção de muco e lisozima. TEM + FOSSETA E - GLÂNDULAS!!! FISIOLOGIA Após o alimento entrar no estômago, ondas de peristaltismo passam por ele a cada 15 a 25s, sendo poucas delas observadas na região do fundo gástrico, já que ali tem uma função de armazenamento. A maior parte das ondas começa no corpo gástrico e se intensifica à medida que alcança o antro pilórico. Embora as células parietais secretem os íons hidrogênio (H+) e íons cloreto (Cl–) separadamente no lúmen do estômago, o efeito líquido é a secreção de ácido clorídrico (HCl). As bombas de prótons alimentadas pela H+-K+ ATPase transportam ativamente o H+ para o lúmen enquanto trazem os íons potássio (K+) para dentro da célula. A secreção de HCl pelas células parietais pode ser estimulada por várias fontes: Acetilcolina (ACh) liberada pelos neurônios parassimpáticos; Gastrina secretada pelas células secretoras de gastrina; Histamina, que é uma substância parácrina liberada pelos mastócitos na lâmina própria das proximidades. A acetilcolina e a gastrina estimulam as células parietais a secretar mais HCl na presença de histamina. Os receptores das três substâncias estão presente na membrana plasmática das células parietais. Os receptores de histamina nas células parietais são chamados receptores H2, eles medeiam respostas diferentes do que os receptores H1 envolvidos nas respostas alérgicas. O ácido gástrico tem múltiplas funções: Causa a liberação e a ativação da pepsina, uma enzima que digere proteínas desencadeia a liberação de somatostatina pelas células D; O HCl desnatura proteínas por quebrar as ligações dissulfeto e de hidrogênio que mantêm a estrutura terciária da proteína; Ajuda a destruir bactérias e outros microrganismos ingeridos; Inativa a amilase salivar, cessando a digestão de carboidratos que iniciou na boca. 2) DISCUTIR OS MECANISMOS DE AGRESSÃO E PROTEÇÃO DA MUCOSA GÁSTRICA Em geral, o revestimento do estômago é impermeável ao ácido que ele secreta e esta peculiaridade possibilita que o órgão contenha ácido e pepsina, sem ter suas paredes digeridas. Vários fatores contribuem para a proteção da mucosa gástrica, inclusive uma cobertura de células epiteliais superficiais excepcionalmente justapostas umas às outras e, portanto, impermeável. Além disso, também há muco espesso e tenaz secretado pelas células, que forma uma cobertura protetora para a parede interna do estômago e que também contém bicarbonato (usado para manter o pH neutro). Coletivamente, esses mecanismos são conhecidos como barreira mucosa gástrica. Se essa barreira for danificada, por substâncias tóxicas, como ocorre com o uso excessivo de AAS ou álcool, o ácido secretado vaza para a mucosa, de acordo com seu gradiente químico, lesando a mucosa gástrica. As células do epitélio gástrico estão conectadas por junções estreitas que impedem a penetração do ácido e estão cobertas por uma camada lipídicahidrofóbica impermeável, que não viabiliza a difusão das moléculas hidrossolúveis ionizadas. O AAS consegue atravessar a camada lipídica e causar danos às células superficiais, que podem resultar em erosões agudas. O álcool etílico, que é lipossolúvel como o AAS, também rompe a barreira mucosa. Quando álcool etílico e AAS são ingeridos simultaneamente, a permeabilidade da barreira mucosa do estômago é significativamente aumentada e ocorre destruição das células. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 3 Os ácidos biliares também atacam os componentes lipídicos da barreira mucosa e podem causar irritação quando há refluxo do conteúdo duodenal para o estômago. O AAS e os AINEs também reduzem a secreção de HCO3- por inibição da COX-1 gástrica, uma enzima de ácido graxo que sintetiza as prostaglandinas mediadoras da secreção de bicarbonato. 3) COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO DAS GASTRITES AGUDA E CRÔNICA. O termo gastrite refere-se à inflamação da mucosa gástrica. Existem várias etiologias de gastrite, mas a maioria pode ser agrupada em agudas ou crônicas. GASTRITES AGUDAS Caracteriza-se por um processo inflamatório agudo da mucosa, geralmente de natureza transitória. Está associada mais comumente aos compostos irritativos locais: AAS ou outros AINE, álcool ou toxinas bacterianas. A administração oral de corticoides também pode ser complicada por gastrite hemorrágica aguda. Qualquer doença ou traumatismo grave associado a estresse fisiológico grave, que requeira tratamento clínico ou cirúrgico substancial, torna a mucosa gástrica mais suscetível à gastrite hemorrágica aguda causada por lesões da mucosa. As GASTRITES AGUDAS são classificadas em 3 grupos: GASTRITE AGUDA POR H. pylori A prevalência da infecção pelo H. pylori nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento é muito elevada, podendo atingir até 50% das crianças já aos 5 anos e acima de 70% aos 10 anos de idade. Esse fato deve-se à aquisição acelerada do microrganismo no início da infância e à sua perpetuação indefinidamente nos indivíduos contaminados. Os fatores de risco incluem: Elevada aglomeração de pessoas no domicílio; Crianças compartilhando a cama com um adulto ou outra criança mais velha; Ambientes insalubres; Precariedade das condições habitacionais e peridomicilares; Ausência de instalações sanitárias básicas (água potável, coleta de lixo, esgotamento sanitário); Práticas higiênicas inapropriadas; Baixo nível de escolaridade dos pais. FISIOPATOLOGIA: Adquirido por via oral, a bactéria penetra na camada de muco e se multiplica em contato íntimo com as células epiteliais do estômago. O epitélio responde com depleção de mucina, esfoliação celular e alterações degenerativas sinciciais. As bactérias liberam diferentes agentes quimiotáticos que penetram através do epitélio lesado e induzem a migração de polimorfonucleares para a lâmina própria e epitélio. Os produtos bacterianos também ativam os mastócitos e, através de sua degranulação, terá liberação de outros ativadores inflamatórios que vão aumentar a permeabilidade vascular, a expressão de moléculas de adesão de leucócitos nas células endoteliais e também contribuem para uma maior migração de leucócitos. A bactéria H. pylori estimula o epitélio gástrico a produzir uma potente citocina, a IL-8, cuja produção é potencializada pelo fator de necrose tumoral e pela IL-1 liberados pelos macrófagos em resposta à lipopolissacáride bacteriana. Essa fase aguda é de curta duração, e com exceção de algumas crianças que eliminam espontaneamente a bactéria, a resposta imune é incapaz de eliminar a infecção e, após 3 a 4 semanas, ocorre um gradual aumento de células inflamatórias crônicas, tendo como consequência a gastrite neutrofílica transformando em gastrite ativa crônica. O período de incubação varia de 3 a 7 dias. Alguns indivíduos desenvolvem um quadro clínico caracterizado por dor ou mal estar epigástrico, pirose, náuseas, vômitos, flatulência, sialorreia, halitose, cefaleia e astenia. Os sintomas tendem a permanecer por 1 a 2 semanas. Em quase todos os casos a infecção, se não tratada, permanece indefinidamente e se acompanha sempre de quadro histológico de gastrite crônica. As anormalidades macroscópicas são extremamente variáveis à endoscopia, desde pequeno enantema até erosões, úlceras ou, mesmo, lesões pseudotumorais. Na maioria dos pacientes, as alterações concentram-se fundamentalmente no antro, podendo, às vezes, comprometer também o corpo gástrico. O diagnóstico da infecção aguda pode ser feito através de: Histologia: avalia o tipo e intensidade da inflamação da mucosa gástrica, a presença ou não de atrofia, metaplasia ou displasia Testes respiratórios com carbono 13 ou 14: na presença de bactéria, a urease degrada a ureia, liberando o carbono 13 que é absorvido e exalado. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 4 Cultura e teste da urease: realizado durante o exame de endoscopia alta, que detecta a bactéria H. pylori na mucosa gástrica. A abordagem terapêutica, quando decidida, é feita da maneira usual. Embora acredite-se que a hiposecreção ácida possa facilitar a resposta ao tratamento, há relato da necessidade de vários cursos de tratamento para obtenção da erradicação neste estágio do acometimento gástrico pelo H. pylori. GASTRITE SUPURATIVA OU FLEGMONOSA AGUDA É uma entidade rara que se caracteriza por infecção bacteriana da muscular da mucosa e submucosa do estômago, com infiltração de células plasmáticas, linfócitos e polimorfonucleares. Na maioria dos casos, a inflamação não ultrapassa a cárdia e o piloro, sendo a mucosa gástrica pouco acometida. Esse tipo caracteriza-se como complicação de doença sistêmica ou septicemia, tendo sido descrita após empiema, meningite e endocardite pneumocócica. Pode-se observar alguns fatores de risco predisponentes, como cirurgia gástrica prévia, hipocloridria, câncer gástrico, úlcera gástrica e gastrite. A evolução clínica é rápida, com dor epigástrica, náuseas e vômitos purulentos, constituindo sintomas comumente observados. Outras vezes, podem-se encontrar sinais de irritação peritoneal. O diagnóstico clínico é muitas vezes difícil. A visualização de gás na submucosa gástrica na radiografia simples de abdome sugere a possibilidade de germes formadores de gás, tipo Clostridium welchiii. O diagnóstico é feito através de laparotomia exploradora, ou, mesmo na necropsia. Leucocitose com desvio para a esquerda é quase sempre descrita, sendo a amilase normal. O raio-x do estômago revela espessamento das pregas gástricas com redução da distensibilidade antral. O tratamento inclui o emprego de antibióticos de amplo espectro associado à drenagem cirúrgica ou endoscópica da parede gástrica. Outras vezes, torna-se necessária a realização de cirurgias de ressecção. GASTRITE AGUDA HEMORRÁGICA OU EROSIVA AGUDA As lesões agudas da mucosa gastroduodenal ou úlceras de estresse se iniciam nas primeiras horas após grandes traumas ou doenças sistêmicas graves e acometem as regiões proximais do estômago, podendo também envolver o antro gástrico, duodeno ou esôfago distal. São caracterizados por múltiplas lesões hemorrágicas, puntiformes, associadas a alterações da superfície epitelial e edema. A sua fisiopatologia não é bem conhecida, sendo os mecanismos mais aceitos aqueles relacionados com alterações nos mecanismos defensivos da mucosa gastroduodenal. Como complicação clínica, a gastrite aguda pode exteriorizar- se por hemorragia digestiva alta. DIAGNÓSTICO: Endoscopiasrealizadas dentro de 72h após trauma cranioencefálico ou queimaduras extensas mostram anormalidades agudas da mucosa gástrica em mais de 75% dos pacientes, e, na metade dos casos, existem evidências endoscópicas de sangramento recente ou em atividade. TRATAMENTO: estudos clínicos têm demonstrado que os IBP, antagonistas dos receptores H2 e os antiácidos reduzem a frequência de sangramento digestivo visível em pacientes internados em CTI. GASTRITE CRÔNICA É uma condição diferente da gastrite aguda e caracteriza-se pela inexistência de erosões visíveis macroscopicamente e pela existência de alterações inflamatórias crônicas que, por fim, acarretam atrofia do epitélio glandular do estômago. Existem 3 tipos de GASTRITE CRÔNICA: INFECÇÃO POR H. pylori A infecção por H. pylori é a causa mais comum de gastrite crônica, e a sua infecção crônica por esse microrganismo pode causar atrofia e úlcera péptica do estômago e está associada ao risco elevado de adenocarcinoma gástrico e proliferação de tecidos linfoides associados à mucosa que, em alguns casos, transforma-se em linfoma. Afeta cerca de 50% da população mundial. A gastrite causada por H. pylori é uma doença inflamatória crônica do antro e do corpo do estômago. Alguns estudos sugeriram que, nos países industrializados, a transmissão desse patógeno ocorra principalmente de pessoa a pessoa por vômitos, saliva ou fezes, enquanto as outras vias de transmissão (como a água) podem ser importantes nos países em desenvolvimento. FISIOPATOLOGIA: Helicobacter pylori é um bastonete gram- negativo diminuto, espiralado ou curvo (protobactéria), que pode colonizar as células epiteliais secretoras de muco do estômago. H. pylori tem vários flagelos que lhe possibilitam movimentar-se na camada mucosa do estômago; APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 5 Coloniza apenas estômago humano ou área com metaplasia da mucosa gástrica (duodeno ou esôfago); Humanos são os únicos reservatórios; Secreta urease, que contribui para que produza amônia suficiente para tamponar acidez do seu ambiente imediato, isso explica o porque da bactéria sobreviver no ambiente ácido do estômago. A transmissão é por: oro-oral/fecal-oral/gastro-oral; Adquirida geralmente na infância, sendo mais comum em países em desenvolvimento; H. pylori produz enzimas e toxinas que têm a capacidade de interferir na proteção local da mucosa gástrica contra a ação do ácido, causar inflamação intensa e desencadear uma reação imune. Desse modo, há aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias (IL- 6, IL-8), que ajudam a recrutar e ativar neutrófilos. Linfócitos B e T podem ser encontrados na gastrite crônica causada por esse microrganismo. Os linfócitos T podem ser responsáveis pela atenuação da resposta inflamatória contínua causada pelas citocinas, possibilitando que o H. pylori mantenha sua colonização por períodos longos. Ainda não está claro por que alguns pacientes infectados por H. pylori desenvolvem doença clínica e outros não. DIAGNÓSTICO: há situações em que deve investigar, como dispepsia, lesão pré-neoplásica, linfoma MALT, CA gástrico, gastrectomia parcial, HF de CA gástrico em parente de 1º grau, ferropenia inexplicada, deficiência de B12 e púrpura trombocitopênica imune. Os métodos usados para confirmar a existência da infecção são: Teste respiratório da ureia marcada com carbono radioativo: utiliza um isótopo radioativo do carbono; Detecta infecção ativa; Tem boa sensibilidade e especificidade; Especialmente útil no controle pós tratamento; Eficácia reduzida em pacientes gastrectomizados; Teste sorológicos: Os títulos sorológicos para anticorpos contra H. pylori isolam especificamente as imunoglobulinas G e A (IgG e IgA). Técnica ELISA, tem boa sensibilidade e especificidade, mas é um pouco variável dependendo do lugar. Não distingue infecção ativa e exposição prévia, sendo necessário confirmar por outro método; Não usar no controle de erradicação. No Brasil, não é um teste muito usado, pois usa em locais de baixa prevalência. Teste do antígeno fecal: antígenos do Helicobacter pylori podem ser detectados nas fezes e, quando presentes, indicam doença ativa Biopsia endoscópica (teste invasivo) para determinar se há urease. Amostras de biópsia da mucosa são colocadas em um meio contendo ureia e um marcador de pH; Histopatologia (teste invasivo): padrão ouro! geralmente duas a três biópsias da região antral e corpo coradas pela prata (Warthin-Starry), método de Gimenez, carbolfucsina ou imuno-histoquímica são suficientes para o diagnóstico de infecção por H. pylori. Cultura: a cultura é menos utilizada para o diagnóstico, pois o isolamento da bactéria é difícil e custoso Quando diagnostica o H. pylori, obrigatoriamente tem que tratar. TRATAMENTO: A erradição ideal de H. pylori é comprovadamente difícil. O tratamento farmacológico pode ser realizado basicamente por meio de duas grandes classes de medicamentos: antissecretores (reduzir a acidez gástrica) e antibióticos. Esquemas que utilizam 2 ou 3 antibióticos combinados a um IBP ou bismuto são necessários para atingir taxas adequadas de erradicação e reduzir o número de falhas decorrente de resistência ao antibiótico. O esquema triplo de primeira linha, que consiste em um IBP (omeprazol ou lansoprazol), amoxicilina e claritromicina, ainda é o mais comumente prescrito. IBP: vão interromper a última etapa para produção de HCl, atuam se ligando à bomba H+/K+ ATPase da célula parietal e, daí, impedem o seu funcionamento. Ou seja, maior pH e tem também atividade antimicrobiana. AMOXICILINA: é uma penicilina e, portanto, ela age sobre bactérias, interferindo na última etapa do processo de síntese da sua parede. Assim, com sua membrana mais instável, esses microrganismos acabam ficando mais vulneráveis e acabam morrendo. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 6 CLARITROMICINA: é um antibiótico macrolídeo que atua se ligando ao ribossomo bacteriano e, com isso, inibe algumas etapas da síntese proteica. De maneira geral, ele é considerado uma droga bacteriostática, mas que em doses elevadas tem efeito bactericida. A duração do tratamento de 7 a 10 dias ou de 10 a 14 dias está associada a uma taxa de erradicação significativamente mais elevada, considerando-se 14 dias ou mais a duração ótima da terapia. Caso o paciente seja alérgico à amoxicilina, podemos substituí-la por levofloxacina. O H. pylori sofre mutações e rapidamente desenvolve cepas resistentes aos antibióticos. GASTRITE ATRÓFICA METAPLÁSICA A gastrite atrófica é dividida em multifocal (H. pylori, fatores ambientais, dieta específica) e predominante no corpo do estômago (autoimune). O uso do termo “metaplásico” é recomendado, já que a metaplasia é uma característica histológica: gastrite atrófica metaplásica autoimune (GAMA) e gastrite atrófica metaplásica ambiental. A gastrite atrófica autoimune representa menos de 10% dos casos de gastrite crônica e consiste em uma forma difusa de inflamação gástrica limitada ao corpo e ao fundo do estômago, com pouco ou nenhum acometimento do antro. É causado por autoanticorpos dirigidos contra os componentes das células parietais das glândulas gástricas ocorrendo uma substituição parcial ou completa, das células superficiais normais por mucosa tipo intestinal (metaplasia intestinal) e o fator intrínseco. A atrofia das glândulas e da mucosa resulta na supressão da produção de ácido. A produção de fator intrínseco é bloqueada nos casos mais graves resultando em deficiência de vitamina B12 e anemia perniciosa. Em muitos casos, esse tipo degastrite crônica está associado a outros distúrbios autoimunes, inclusive tireoidite de Hashimoto, doença de Addison e tireoidopatia de Graves. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: É assintomática do ponto de vista gastrointestinal, podendo ocorrer sintomas hemorrágicos ou neurológicos por conta da anemia. DIAGNÓSTICO: É histopatológico. À endoscopia, quando se insufla ar no estômago, o pregueado mucoso do corpo se desfaz total ou parcialmente e observa-se uma mucosa de aspecto liso, brilhante e delgado, com os vasos da submucosa facilmente visualizados. A gastrina sérica estará elevada, embora possa estar normal ou reduzida em alguns casos A medida isolada de pH gástrico em jejum pode mostrar uma boa relação com hipocloridria observada na gastrite do corpo e fundo. As determinações séricas de pepsinogênio, especialmente a relação entre pepsinogênio I e II, constituem testes não invasivos promissores para a detecção de gastrite atrófica do corpo e antro. TRATAMENTO: Por ser assintomática na maioria dos pacientes, não requer tratamento. Entretanto, a presença de anemia perniciosa exige a reposição de vitamina B12 por toda a vida. A gastrite atrófica multifocal é um distúrbio de etiologia desconhecida que acomete o antro e as áreas adjacentes do estômago. É mais comum que a gastrite autoimune; Como também ocorre com a gastrite autoimune, a gastrite atrófica multifocal está associada à redução da secreção de HCl, porém acloridria e anemia perniciosa não são incomuns. A gastrite atrófica multifocal crônica geralmente causa poucos sintomas relacionados diretamente com as anormalidades gástricas. Existe uma relação entre gastrite crônica e o desenvolvimento de úlceras pépticas e carcinoma do estômago. O risco de câncer gástrico a longo prazo em pacientes com gastrite autoimune é mínimo. GASTROPATIA QUÍMICA Gastropatia química é uma lesão gástrica crônica resultante do refluxo do conteúdo duodenal alcalino, das secreções pancreáticas e da bile para dentro do estômago. É comum em pacientes submetidos a cirurgias de gastroduodenostomia ou gastrojejunostomia. Uma forma mais branda pode ocorrer nos pacientes com úlceras gástricas, doença da vesícula biliar ou vários distúrbios da motilidade do estômago distal. REFERÊNCIAS TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14ª edição). Grupo GEN, 2016. JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 13ªed. Editora Guanabara Koogan, 2018. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
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