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FACIMPA MEDICINA MARABÁ
Sopro Cardíaco 
Apg 8 
Objetivos: 
1. Explicar a fisiologia do sopro cardíaco e suas 
consequências. 
2. Estudar a anatomia das válvulas cardíacas. 
Bulhas cardíacas 
A ausculta, o ato de ouvir sons do corpo, geralmente é 
feita com um estetoscópio. O som dos batimentos 
cardíacos é decorrente principalmente da turbulência 
do sangue causada pelo fechamento das valvas 
cardíacas. O fluxo tranquilo do sangue é silencioso. 
Compare os sons de corredeiras ou de uma cachoeira 
com o silêncio de um rio que flui lentamente. Durante 
cada ciclo cardíaco, existem quatro bulhas cardíacas, 
mas em um coração normal apenas a primeira e a 
segunda bulhas cardíacas (B1 e B2) são auscultadas 
com um estetoscópio. 
A primeira bulha (B1), a qual pode ser descrita como 
um som de tum, é mais forte e um pouco mais longa 
do que a segunda bulha. B1 é causada pela 
turbulência do sangue associada ao fechamento das 
valvas AV logo depois de a sístole ventricular começar. 
A segunda bulha (B2), que é mais breve e não tão forte 
quanto a primeira, pode ser descrita como um som de 
tá. B2 é causada pela turbulência no sangue associada 
ao fechamento das valvas do tronco pulmonar e da 
aorta no início da diástole ventricular. Apesar de B1 e 
B2 serem decorrentes da turbulência do sangue 
associada ao fechamento de valvas, são mais bem 
auscultadas na superfície do tórax em locais que são 
um pouco diferentes das localizações das valvas 
(Figura 20.15). Isto 
porque o som é transportado pelo fluxo sanguíneo 
para longe das valvas. B3, que normalmente não é 
intensa o suficiente para ser auscultada, é decorrente 
da turbulência do sangue durante o enchimento 
ventricular rápido, e B4 é ocasionada pela turbulência 
do sangue durante a sístole atrial. 
 
Sopro Cardíaco 
As bulhas cardíacas fornecem informações valiosas 
sobre o funcionamento mecânico do coração. Um 
sopro cardíaco é um som anormal que é auscultado 
antes, durante ou depois das bulhas cardíacas 
normais, ou que pode mascarar as bulhas cardíacas 
normais. Os sopros cardíacos em crianças são 
extremamente comuns e, geralmente, não 
representam um problema de saúde. São mais 
frequentemente detectados em crianças entre os 2 e 4 
anos de idade. Estes tipos de sopros cardíacos são 
chamados de sopros cardíacos inocentes ou 
funcionais; muitas vezes, diminuem ou desaparecem 
com o crescimento. Embora alguns sopros cardíacos 
em adultos sejam inocentes, com frequência um sopro 
no adulto indica um distúrbio valvar. Quando uma 
valva cardíaca apresenta estenose, o sopro cardíaco é 
auscultado quando ela deveria estar totalmente 
aberta, mas não está. Por exemplo, a estenose 
atrioventricular esquerda produz um sopro durante o 
período de relaxamento, entre B2 e a B1 seguinte. 
Uma valva cardíaca incompetente, em contrapartida, 
causa o aparecimento de um sopro quando a valva 
deveria estar totalmente fechada, mas não está. Então, 
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um sopro decorrente de incompetência da valva 
atrioventricular esquerda ocorre durante a sístole 
ventricular, entre B1 e B2. 
• CAUSAS FISIOPATOLÓGICAS: 
Normalmente, o fluxo sanguíneo segue em um 
padrão linear, com as estruturas sanguíneas 
“caminhando” lado a lado. Se, em algum 
momento, há estreitamento ou alargamento 
desse fluxo, ocorre choque das moléculas do 
sangue, em turbilhão, gerando vibrações que se 
propagam através de ondas, permitindo que 
nossos ouvidos consigam captar pela audição. 
Da mesma forma, o aumento da velocidade da 
circulação ou o aumento do volume sanguíneo 
também podem provocar turbilhonamento, 
culminando em sopro cardíaco. Refluxos do 
sangue para uma cavidade anterior também 
produzem sopros. 
Revisando, os sopros cardíacos podem ser 
produzidos pelos seguintes motivos: 
✓ Hiperfluxo sanguíneo. 
✓ Fluxo hiperdinâmico. 
✓ Fluxo retrógrado. 
 
• COMO CARACTERIZAMOS OS 
SOPROS CARDÍACOS? 
Devemos levar em consideração o momento do 
ciclo cardíaco, a localização do sopro, se o mesmo 
irradia ou não, a duração, além do timbre, 
frequência, forma e intensidade. 
‣ Localização em relação ao ciclo cardíaco: 
verificar se o sopro é sistólico, diastólico ou 
contínuo. O sopro só deve ser caracterizado 
como contínuo quando não é interrompido 
pela segunda bulha. O primeiro passo para se 
classificar e entender um sopro cardíaco é 
caracterizar se ele é Diastólico ou Sístolico. 
‣ Topografia do sopro: onde o sopro é mais 
intenso. Podemos classificá-lo de acordo com 
os focos da ausculta cardíaca ou anatomia do 
precórdio, são eles: mitral, tricúspide, aórtico, 
aórtico acessório e pulmonar. 
‣ Irradiação: também é importante no auxílio da 
percepção de qual estrutura está gerando o 
sopro e o tipo de disfunção. Em geral, o sopro é 
irradiado no sentido de onde ocorre o 
turbilhonamento do sangue. Os locais mais 
típicos de irradiação são: axila esquerda, dorso, 
lado direito do tórax, fúrcula e pescoço. 
‣ Duração no ciclo cardíaco: separamos a sístole 
e a diástole em início, meio e fim (algo mais 
perceptivo do que existente de fato), sendo, 
respectivamente, o sopro proto, meso e tele. 
Exs.: se um sopro ocupa toda a sístole, ele pode 
ser chamado de holossistólico; caso acometa o 
início da diástole, chamamos de protodiastólico . 
‣ Timbre: podem ser classificados em rudes ou 
suaves. Os rudes são ásperos, mais grosseiros, 
desarmônicos, como se “arranhassem” os 
ouvidos. Por outro lado, os suaves são 
“musicais”, mais “limpos”, mais agudos, as 
vezes lembrando o pio de uma gaivota. 
‣ Frequência: separados em agudos ou graves. 
Os mais agudos, ou seja, os de alta frequência 
são escutados com a membrana do 
estetoscópio, enquanto os mais graves com a 
campânula. A maioria dos sopros são agudos, 
e quanto mais agudo, mais rápido o fluxo do 
sangue e, nos casos das estenoses, mais grave 
a mesma. 
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‣ Forma: essa característica é definida pela 
variação ou não da intensidade do sopro, ou 
seja, se aquele que não varia de intensidade, 
podendo ser caracterizado como em platô; 
aquele que vai diminuindo (in decrescendo); 
aquele que é caracterizado como in crescendo 
in decrescendo. 
‣ Intensidade: essa característica é separada do 
grau I ao grau VI (variando sua definição de 
acordo com a literatura – algumas escolas 
defendem a classificação do grau I ao grau IV). 
- Grau I: difícil de ser auscultado; 
- Grau II: facilmente auscultado, porém ainda 
discreto; 
- Grau III: sopro mais intenso, porém sem 
frêmito (não precisa de manobras para se 
ouvir); 
- Grau IV: intenso e com presença de frêmito; 
- Grau V: auscultado com estetoscópio 
ligeiramente tocado na pele; 
- Grau VI: auscultado mesmo com o estetoscópio 
apenas próximo à pele. 
OS SOPROS VALVARES: 
• Estenose Aórtica ou Pulmonar 
O sopro da estenose aórtica é auscultado na borda 
esternal direita alta (ou seja, no foco aórtico) e no 
foco aórtico acessório (3º espaço intercostal na 
borda esternal esquerda), irradiando para os dois 
lados do pescoço (região carotídea), podendo 
atingir até intensidade grau VI. 
Nem sempre a intensidade do sopro da estenose aórtica 
tem relação direta com a gravidade do mesmo. A duração, 
sim, tem relação com a gravidade. Quanto mais longo o 
sopro, mais grave o grau de estenose! Em geral, o sopro da 
estenose aórtica é mesotelessistólico. 
A estenose pulmonar produz um sopro intenso no 
foco pulmonar, podendo se apresentar com 
frêmito, irradiando para região infraclavicular 
esquerda e também para o dorso ipsilateral. 
. Insuficiência Mitral: 
O sopro é mais intenso no foco mitral, ou seja, na 
ponta do coração, irradiando para todo o 
precórdio, e pode chegar até as linhas axilares, 
dorso e escápula esquerda. Geralmente, é um 
sopro holossistólico, de alta frequência. 
Na insuficiência do folheto posterior da valva 
mitral, a irradiação é para pescoço e todo 
precórdio; quando o acometimento é do folheto 
anterior, a mesma acontece para linhas axilares e 
dorso. 
O sopromitral de regurgitação ocorre “in 
decrescendo”. 
. Insuficiência Tricúspide: 
Possui localização mais medial do que a da mitral, 
no 4º ou 5º espaço intercostal esquerdo, próximo 
à borda esternal ou sobre o apêndice xifoide. O 
sopro pode ser “in crescendo” ou “in decrescendo”, 
sendo agudo, acentuando-se com a inspiração 
(manobra de Rivero Carvallo), e isso é o que 
diferencia do sopro da insuficiência mitral, por 
exemplo. 
. Estenose Mitral: 
Na maioria das vezes, é uma sequela da febre 
reumática. Geralmente, é um sopro precedido por 
estalido de abertura. Quanto mais próximo da 
segunda bulha, tanto o estalido quanto o sopro, 
mais grave é a estenose. Mais uma condição em 
que a intensidade não guarda relação direta com a 
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gravidade do sopro; por outro lado, a duração do 
mesmo e o estalido sendo precoce, esses sim 
possuem relação direta com a gravidade da 
doença. 
É um sopro diastólico, melhor auscultado na ponta 
do coração (foco mitral), acentuando-se quando 
colocamos o paciente em decúbito lateral 
esquerdo. 
. Estenose Tricúspide: 
É semelhante ao da estenose mitral, um pouco 
menos grave, algo suave (ao contrário da estenose 
mitral), sendo também acentuado com a manobra 
de Rivero Carvallo (como todos os sopros do lado 
direito do coração, que aumentam com a 
inspiração e o retorno venoso). 
. Insuficiência Aórtica: 
Mais intenso na borda esternal esquerda, no 3º 
espaço intercostal. 
Isso ocorre na maioria dos casos (ex.: etiologia 
reumática, mixomatosa, congênita, destruição 
valvar). 
Se a causa for dilatação da raiz da aorta, o sopro 
pode ser mais intenso na borda esternal direita, 
no 2º espaço intercostal. 
O sopro da insuficiência aórtica é melhor 
auscultado com o paciente em ortostase e com 
discreta flexão do tronco. 
São sopros agudos, que podem atingir nível de 
intensidade IV-VI, mas raramente apresentam 
frêmitos. 
. Insuficiência Pulmonar: 
Esse tipo de lesão, de forma isolada, é raro. 
Geralmente auscultado no 2º e 3º espaços 
intercostais esquerdos. Apresenta características 
parecidas com o sopro da insuficiência aórtica. 
O que pode nos ajudar a diferenciar um do outro 
é, por exemplo, a manobra de handgrip, que 
aumenta a intensidade do sopro da insuficiência 
aórtica, e não da pulmonar.
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