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1 SINTERIZAÇÃO O processo de sinterização na siderurgia pode ser definido como a aglomeração, por fusão incipiente, de uma mistura de finos de minério de ferro, finos de coque ou carvão vegetal, de fundentes, de sínter de retorno e água. Resíduos contendo ferro, carbono ou cal também participam da mistura [1] A Figura 1.1 mostra um fluxograma geral do processo. Figura 1.1: Fluxograma geral do processo de sinterização [2]. Os materiais são dosados e misturados com adição de água, sendo a cal usada como aglomerante a frio. Misturadores intensivos ou cilíndricos horizontais são utilizados e a mistura resultante é carregada na esteira ou pote de sinterização. Figura 1.2: Ignição dos finos de carvão durante o processo de sinterização [3]. O calor necessário para o processo é fornecido pela combustão dos finos de coque ou carvão vegetal com o oxigênio do ar. O ar é sugado através do leito de sinterização pela parte de baixo da carga. A ignição é dada pelo forno de ignição no início do leito de sinterização (Figura 1.2) (ou na parte superior do pote de sinterização, nos processos em batelada) e a combustão continua na medida em que o ar entra em contato com os finos de combustível em camadas inferiores do leito. Esse processo dá origem à dita “frente de combustão”. Dessa forma, o ar frio que é sugado resfria o sínter já produzido e se pré-aquece antes da queima dos combustíveis. A combustão localizada provoca uma fusão parcial da carga na região da frente de combustão e os produtos quentes de combustão, compostos essencialmente de CO2, N2 e O2, pré-aquecem as camadas de carga logo abaixo. Uma vez que a frente de combustão atinge o fundo do leito, o processo de sinterização está concluído e o sínter produto é britado a quente e peneirado, Figura 1.3. Figura 1.3: Sínter [3]. Os finos são recirculados para o leito, compondo o bedding, primeira camada do leito de sinterização, que tem como função proteger a grelha de fundo da máquina de sinterização. O sínter grosso é descarregado em um resfriador e, posteriormente, britado e peneirado a frio. Os finos gerados na britagem são recirculados para o veio de sinterização e a fração grossa é encaminhada ao armazenamento de matérias- primas do alto-forno ou estocada em pilhas. 1.1 MECANISMO DE SINTERIZAÇÃO Os mecanismos básicos de sinterização são: • a combustão de finos de coque com o ar eleva localmente a temperatura para 1.300° C a 1.400° C o que faz que a mistura de particulados finos - aderentes (óxidos de ferro e adições de cal ou calcário) - forme ferritas de cálcio, que se fundem parcialmente e, a seguir, dissolvam os componentes silicosos da ganga do minério; • durante o aquecimento, a fusão parcial e o resfriamento, há reações de formações de fases de ferritas de cálcio (nCaO.Fe2O3) assim como de fases vítreas contendo SiO2, Al2O3, FeO, CaO; • o ar que está sendo sugado deixa porosidade nesta fase líquida antes de solidificá-la, resultando em um produto típico com grande porosidade interconectada. As Figura 1.4 Figura 1.5 mostram, respectivamente, um corte longitudinal e transversal de um leito de sinterização. Figura 1.4: Corte longitudinal de um leito de sinterização em um instante qualquer [4]. Figura 1.5: Corte transversal e perfil térmico de um leito de sinterização em um instante qualquer [4]. Desta forma, pode-se dividir o processo de sinterização nas seguintes zonas principais: Zona úmida: tendo como limite superior a temperatura de 100 °C, constitui a base do leito de mistura a sinterizar. Zona de secagem: compreendia entre 100 a 500 °C. Região onde ocorre principalmente a vaporização da umidade da mistura e depois a desidratação dos hidróxidos. Zona de reação: compreende toda a região térmica no aquecimento acima de 5000C, quando se inicia a combustão do coque, passando pelo ponto de temperatura máxima do processo e chegando até 900 °C, quando se inicia o resfriamento do sínter. As principais reações que ocorrem nesta zona são: combustão do coque (exotérmica), decomposição dos carbonatos (endotérmica), reações na fase sólida, reações na fase líquida (formação do magma), redução e reoxidação dos óxidos de ferro. Zona de resfriamento: tem início abaixo de 900 °C, quando termina a reação. Nesta fase do processo tem lugar o resfriamento do sínter e é nela que aparecem os primeiros cristais que, conforme o seu desenvolvimento, irão conferir determinadas propriedades ao sínter. 1.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em relação à qualidade do sínter, deseja-se uma boa redutibilidade e uma boa resistência mecânica. Para conferir boa redutibilidade é importante que se formem ferritas de cálcio e, para tanto, é necessária uma composição da mistura com relação CaO/SiO2 maior que 1,8. Picos de temperaturas elevadas, excedendo 1.300° C, conferem maior resistência mecânica, provavelmente, devido à formação de maior quantidade da fase líquida, porém, diminuem as quantidades de ferritas de e, também, a produtividade pela diminuição de permeabilidade [1]. A produtividade na sinterização é bastante dependente do tipo de perfil térmico e da velocidade de seu avanço, que, por sua vez depende do :amanho das partículas, da reatividade do combustível e das permeabilidades da mistura durante a sinterização [1]. 1.3 REFERÊNCIAS [1] M. B. Mourão, Introducao à Siderurgia. São Paulo: Abm - Assoc. Bras. De Metalurgia, 2007. [2] V. F. de Oliveira, “Avaliação teórica e experimental do uso de resíduos siderúrgicos na sinterização”, UFMG, 2018. [3] “DK - Sintering plant”. https://www.dk- duisburg.de/en/prozess/sinteranlage.html (acessado jul. 16, 2020). [4] E. P. Honorato, “Adequação granulométrica das matérias-primas e do sistema desegregação contínua (I.S.F), para melhorias na produtividade e qualidadedo sínter para os altos-fornos”, UFMG, 2005.