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Auditoria no Sistema Sus e Privado de Saúde 02 1. Auditoria: Histórico e Conceituação 5 Auditoria em Sistemas de Saúde 6 Os Sistemas de Auditoria em Saúde no Brasil 7 2. Diretrizes da Auditoria do SUS 10 Princípios, Diretrizes e Regras da Auditoria do SUS 11 Princípios Éticos e Profissionais do Auditor 13 Postura Ética 13 Independência 13 Imparcialidade 13 Objetividade 14 Competência e Capacidade Profissional 14 Ceticismo e Julgamento Profissional 15 Zelo Profissional 15 Uso de Informações de Terceiros 15 Sigilo 16 Cortesia 16 Credibilidade 16 3. O Processo de Auditoria no SUS 18 Do Procedimento 19 Da Fase Analítica 19 Levantamento de Informações Sobre o Objeto da Auditoria 20 Construção das Matrizes de Coleta e Análise de Informações 20 Elaboração dos Papéis de Trabalho 22 Cronograma de Trabalho 23 Elaboração do Relatório Analítico 23 Da Fase Operativa ou In Loco 24 Da Fase de Relatório Final 26 Do Controle de Qualidade das Fases de Auditoria 28 Das Considerações Finais 28 3 4. Auditoria na Saúde Suplementar 30 As Atribuições do Auditor em Saúde 33 5. Referências Bibliográficas 38 04 5 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE 1. Auditoria: Histórico e Conceituação Fonte: Nexxto1 auditoria prática teve seu início na área contábil principalmen- te a partir da Revolução Industrial no século XVIII, com o surgimento das indústrias e do capitalismo, sen- do consolidada e conceituada na In- glaterra como um meio para garan- tir a estabilidade econômica e finan- ceira das empresas que surgiram neste período. Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, no Novo Dicioná- rio da Língua Portuguesa, as pala- vras “auditoria” e “auditor” vêm do 1 Retirado em https://nexxto.com/ latim “auditore” e significam audito- ria: cargo de auditor, lugar ou repar- tição onde o auditor exerce suas fun- ções, exame analítico ou pericial que segue o desenvolvimento das ações contábeis, desde o início até o ba- lanço, auditagem; auditor: aquele que houve - ouvidor; perito-conta- dor encarregado da auditoria. A AUDIBRA: Instituto de Audito- ria Interna do Brasil - que fala sobre a função da auditoria dentro das or- ganizações, denominada como audi- toria interna, descreve a auditoria A 6 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE interna como uma função de avalia- ção independente, criada dentro das organizações para avaliar suas ativi- dades, como um serviço a essa mes- ma organização. Existem diferentes conceitua- ções para auditoria, variando con- forme o autor e de acordo com sua finalidade. Holmes (1956) postula que auditoria é o exame de demons- trações e registros administrativos. Para Sá (2002), o auditor observa a exatidão, a integridade e a autentici- dade de tais demonstrações, regis- tros e documentos. Conforme asse- vera Chiavenato (2006), a auditoria é um sistema de revisão de controle para informar a administração sobre a eficiência e a eficácia dos progra- mas em desenvolvimento, não sendo sua função somente indicar os pro- blemas e as falhas, mas também apontar sugestões e soluções, assu- mindo, portanto, um caráter educa- dor. Kurcgant (1991) define a fun- ção de auditoria como sendo a avali- ação sistemática e formal de uma atividade ou processo de trabalho, por alguém não envolvido direta- mente na execução desta atividade, para determinar se essa atividade está sendo levada a efeito de acordo com seus objetivos, verificando se os resultados obtidos através da avalia- ção são satisfatórios ou insatisfató- rios. Gil (2000) descreve a audito- ria como uma função da organização institucional que visa a revisão, ava- liação e emissão de opinião referente a todo o ciclo administrativo enten- dendo-se como ciclo administrativo o planejamento, a execução e o con- trole, considerando a auditoria im- portante em todos os momentos e/ou ambientes das entidades. A partir destes conceitos pode- se dizer que a Auditoria está relacio- nada à avaliação das atividades de- senvolvidas nas organizações e o produto do trabalho buscando por uma análise coerente e objetiva a mudança ou aprimoramento de pro- cessos para obtenção de um resul- tado positivo e verificação de rotinas ineficientes. Auditoria em Sistemas de Saúde Na área da saúde a auditoria aparece, pela primeira vez, no traba- lho realizado pelo médico George Gray Ward, nos Estados Unidos, em 1918, no qual foi verificada a quali- dade da assistência médica prestada ao paciente por meio dos registros em prontuário. Segundo Zanon (2001), a au- ditoria médica foi criada em 1943 por Vergil N. Slee. A partir da década de 1980, à luz dos conceitos de Do- 7 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE nabedian (1980), passou a ser em- pregada com maior ênfase para a avaliação da qualidade dos serviços médicos prestados, bem como de seus custos (MALIK; SCHIESARI, 1998; MELO; VAITSMAN, 2008; PAIM; CICONELLI, 2007; PIMEN- TEL, 2006). A auditoria incorporou-se à rotina das instituições de saúde com o intuito de avaliar os aspectos qua- litativos da assistência requerida pelo paciente, os processos internos e as contas hospitalares objetivando a redução da perda financeira ou ainda a reestruturação dos serviços Os Sistemas de Auditoria em Saúde no Brasil As atividades de auditoria no Brasil não são recentes, tendo sido realizadas em Hospitais Universitá- rios de modo superficial. No serviço público, já ocorriam antes de 1976, com base no então Instituto Nacio- nal de Previdência Social (INPS), e eram executadas pelos supervisores por meio de apurações em prontuá- rios e em contas hospitalares, por- quanto à época não havia auditorias diretas em hospitais. A partir de 1976, as denominadas contas hospi- talares foram transformadas em Guias de Internação Hospitalar (GIH) e as atividades de auditoria fi- caram estabelecidas como Controle Formal e Técnico (BRASIL, 200?). Em 1978, foi criada a Secreta- ria de Assistência Médica, subordi- nada ao Instituto Nacional de Assis- tência Médica da Previdência Social (INAMPS). Percebeu-se a necessi- dade de aperfeiçoar a GIH, criando- se, então, a Coordenadoria de Con- trole e Avaliação nas capitais e o Ser- viço de Medicina Social nos municí- pios. Posteriormente, em 1983, a GIH foi substituída pela Autorização de Internação Hospitalar (AIH), no Sistema de Assistência Médica da Previdência Social (SAMPS), e no mesmo ano se reconheceu o cargo de auditor-médico, passando a audito- ria a ser conduzida nos próprios hos- pitais (BRASIL, 200?). Caleman, Moreira e Sanchez (1998) relatam que a criação do SUS, em 1988, instituiu o acesso universal e igualitário às ações e ser- viços de saúde, com regionalização e hierarquização, descentralização com direção única em cada esfera de governo, participação da comuni- dade e atendimento integral, com prioridade para a atenção primária. O Sistema Nacional de Audito- ria (SNA) do SUS foi criado em 1993 pela Lei n.º 8.689 e regulamentado pelo Decreto n.º 1.651, de 1995. O SNA atua de forma descentralizada, conforme preconiza o referido De- creto, e, por corolário, possui entes em cada unidade federativa do Bra- sil. 8 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE O Sistema é coordenado pelo DENASUS, órgão que compõe a es- trutura da Secretaria de Gestão Es- tratégica e Participativa do SUS (SGEP), do Ministério da Saúde. Além disso, o Sistema é represen- tado, na esfera federal, pelo DENA- SUS e pelas Seções de Auditoria, as quais se localizam em cada estado da Federação. A atividade de auditoria, reali- zada no âmbito das unidades de au- ditoria do Ministério da Saúde, é crucial para a melhoriada qualidade das ações e dos serviços no SUS. Os relatórios produzidos pelas audito- rias materializam-se em instrumen- tos utilizados para detectar irregula- ridades e oportunidades de melhoria na gestão do SUS, desde que elabo- rados observando-se princípios, mé- todos e técnicas apropriados. Por isso, constituem-se em um produto relevante, um instrumento informa- tivo e construtivo, de alta credibili- dade pública, reconhecidamente im- prescindível na tomada de decisões dos gestores de todas as esferas do SUS. 10 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE 2. Diretrizes da Auditoria do SUS Fonte: Hygia2 egundo a Organização Interna- cional das Entidades Fiscaliza- doras Superiores (Intosai)1, a audi- toria é o exame das operações, ativi- dades e sistemas de determinada en- tidade, com vistas a verificar se são executados ou funcionam em con- formidade com determinados obje- tivos, orçamentos, regras e normas (BRASIL, 2017). Também pode ser conceituada como o processo de exame indepen- dente de determinadas situações, 2 Retirado em https://blog.hygia.com.br/auditoria-organizacional-no-sus/ objetivando a emissão de juízos so- bre a conformidade com padrões, que são denominados de critérios de auditoria. O compromisso da auditoria para o fortalecimento da gestão se estabelece na orientação ao gestor quanto à aplicação eficiente do orça- mento da saúde, o qual deve refletir na melhoria dos indicadores epide- miológicos e de bem-estar social, no acesso e na humanização dos servi- ços. S 11 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Na concepção trazida pelo SNA, auditoria é um instrumento de qualificação da gestão que visa forta- lecer o SUS, por meio de recomen- dações e orientações ao auditado, com vista à garantia do acesso e à qualidade da atenção à saúde ofere- cida aos cidadãos. Essa concepção altera a dialética da produção/fatu- ramento para a lógica da atenção aos usuários, em defesa da vida, incor- porando a preocupação com o acom- panhamento das ações de saúde (po- líticas públicas e seus determinantes sociais) e análise de seus resultados. Coerentemente, o DENASUS formalizou um método para execu- tar suas auditorias, estabelecendo padrões, inclusive de conduta, com regras claras quanto à documenta- ção que deve respaldar todo o pro- cesso de trabalho. Por esse ângulo, comprometido em apoiar a gestão do SUS, o SNA requer profissionais trabalhando na lógica de um obser- vatório social das questões da reso- lutividade do SUS, visando contri- buir efetivamente para a construção do modelo de saúde voltado para qualidade de vida e cidadania. Assim sendo, as finalidades da auditoria do SUS consistem em: Aferir a observância dos pa- drões estabelecidos de quali- dade, quantidade, custos e gastos da atenção à saúde. Avaliar os elementos compo- nentes dos processos da insti- tuição, serviço ou sistema au- ditado, objetivando a melhoria dos procedimentos por meio da detecção de desvios dos pa- drões estabelecidos. Conferir a qualidade, a propri- edade e a efetividade dos ser- viços de saúde prestados à po- pulação. Produzir informações para subsidiar o planejamento das ações que contribuam para o aperfeiçoamento do SUS. As auditorias, no âmbito do DENASUS e da Seaud, são realiza- das por equipes lideradas pelo coor- denador e acompanhadas por um supervisor técnico. Iniciam- se a partir de demandas que podem ser de áreas técnicas do Ministério da Saúde, órgãos de controle interno e externo, entre outros. A demanda é interpretada e dá origem à tarefa, que é o seu detalha- mento em termos de orientações pa- ra nortear o trabalho da equipe de auditoria e podem dar origem a no- vas atividades similares. Princípios, Diretrizes e Re- gras da Auditoria do SUS O processo de auditoria do SUS obedece à lógica apresentada na figura a seguir: 12 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Fonte: CGSNA, 2017. A fase analítica tem por obje- tivo organizar informações de ma- neira a facilitar execução do trabalho de campo. Na fase analítica, os ser- vidores devem planejar seu trabalho para assegurar que a auditoria seja conduzida de forma eficiente e efi- caz. Nesse momento, busca- se co- nhecer e planejar a atividade de au- ditoria. Isso inclui entender os aspec- tos relevantes, as normas, os contro- les internos vigentes corresponden- tes ao período a ser verificado, os sistemas e os processos relaciona- dos, pesquisando as potenciais fon- tes de evidência de auditoria. O pro- duto dessa fase é o Relatório Analí- tico, que traz uma síntese da coleta de dados sobre o objeto a ser audi- tado. Um bom relatório analítico orienta a equipe e otimiza o tempo da verificação in loco. A fase operativa ou in loco é a segunda etapa do processo de audi- toria. Nela, os auditores devem exe- cutar procedimentos de auditoria que forneçam evidência suficiente e apropriada para respaldar o relató- rio de auditoria. Consiste no traba- lho de campo propriamente dito. O produto dessa fase é o Relatório Pre- liminar, que descreve as constata- ções da equipe de auditoria e se presta a embasar notificação do au- ditado sobre o seu conteúdo. Já na fase de Relatório Final, os auditores devem avaliar a evidên- cia da auditoria e extrair conclusões respaldadas nos achados, ou seja, devem exercer seu julgamento pro- fissional para chegar a uma conclu- são acerca do objeto auditado, cote- jando as suas constatações com as justificativas apresentadas, caso existam, com o escopo de apresentar recomendações aos órgãos com competência para implementá-las. Durante todas as fases da au- ditoria, é imperioso que todos os servidores que atuam na auditoria do SUS se comportem de acordo com os princípios éticos e profissio- Figura 1 – Fases de uma auditoria no SNA Fonte: CGSNA, 2017. Fase analítica Fase operativa ou in loco Fase de Relatório Final 13 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE nais exigíveis na Administração Pú- blica. Tal posicionamento, além de garantir a qualidade do trabalho executado, proporciona respeito e confiança no produto apresentado. Princípios Éticos e Profissio- nais do Auditor A fim de que o órgão de audi- toria e o auditor possam desempe- nhar bem sua missão, é essencial ob- servar os princípios éticos e profissi- onais apresentados. Estes princípios devem ser assegurados tanto pelo órgão de auditoria, quanto pela ati- tude e comporta- mento do auditor. Postura Ética Enquanto servidor público, o auditor deve, se comprometer a pro- teger os interesses da sociedade e a respeitar as normas de conduta que regem os servidores públicos. O au- ditor, no curso de suas atividades, pode se deparar com interesses con- flitantes de gestores e autoridades governamentais e de outros possí- veis interessados e, em virtude disso, sofrer pressões para violar princípios éticos e, de forma inade- quada, obter ganho pessoal ou orga- nizacional. Agindo com integridade, o auditor pode lidar adequada- mente com as pressões, priorizando suas responsabilidades para com o interesse público. Independência Independência significa liber- dade em relação a influências ideo- lógicas, partidárias, ou situações que possam enviesar o julgamento. Sig- nifica também manter-se afastado da influência do auditado ou de inte- resses de terceiros que possam afe- tar seu julgamento. Portanto, não basta manter uma postura indepen- dente, mas é necessário fazer com que os interessados na auditoria percebam essa condição. Imparcialidade Em casos onde haja conflito de interesses que possam influenciar a imparcialidade do seu trabalho, o auditor deve seabster de intervir. Especialmente participar de audito- rias nas situações em que o respon- sável auditado seja cônjuge, parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, ou pessoa com quem mantenha ou manteve laço de amizade ou inimi- zade ou que envolva entidade com a qual tenha mantido vínculo profissi- onal nos últimos dois anos. O auditor deverá declarar im- pedimento ou suspeição nas situa- ções que possam afetar, ou parecer afetar, o desempenho de suas fun- ções com imparcialidade, comuni- cando o fato a seus superiores. 14 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Objetividade Na execução de suas ativida- des, o auditor deve adotar métodos e procedimentos reconhecidos e acei- tos para obter e organizar evidên- cias, formar convicção sobre as situ- ações examinadas e emitir opinião tecnicamente fundamentada. Isso exige que os trabalhos sejam realiza- dos por profissionais competentes que detenham os conhecimentos ne- cessários. As constatações e conclusões de auditoria de- vem estar sustenta- das em sua totalidade pelas evidên- cias coletadas. Qualquer afirmação para além do que as evidências per- mitem deve ser evitada, pois com- promete a objetividade e confiabili- dade desses resultados. As análises devem estar bem documentadas, a ponto de poderem ser reproduzidas. Aqui vale a analo- gia com as ciências naturais: os re- sultados obtidos devem, em princí- pio, serem obtidos por qualquer pes- soa que aplique os mesmos méto- dos, aos mesmos objetos, em situa- ções semelhantes. Competência e Capacidade Profissional Auditoria é um trabalho multi- disciplinar e com- plexo. Em razão disso, os membros da equipe de au- ditoria devem possuir, coletivamen- te, o conhecimento, as habilidades e a competência necessários para con- cluir com êxito uma auditoria. Atuar em uma auditoria re- quer compreensão e experiência prática acerca do tipo de auditoria que está sendo realizada, familiari- dade com as normas e a legislação aplicáveis, entendimento das opera- ções da entidade auditada e habili- dade e experiência para exercer jul- gamento profissional. Também re- quer do auditor competência na aplicação de métodos e técnicas de auditoria e conhecimentos contá- beis, financeiros, de gestão pública e, no caso de auditores do SNA, de saúde pública. O auditor não deve fazer análi- ses e julgamentos que não sejam amparados pela melhor técnica e co- nhecimento disponível, sob pena de comprometer a confiabilidade dos resultados. Não significa que o audi- tor deva ser um especialista em to- dos os assuntos, mas que deve bus- car se certificar de que suas ações es- tão embasadas nas melhores práti- cas. De toda forma, a atuação do auditor exige a atualização constan- te de suas competências e conheci- mentos técnicos. O auditor do SNA deve acompanhar a evolução das normas, procedimentos e técnicas aplicáveis ao Sistema Nacional de Auditoria e ao SUS. 15 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Ceticismo e Julgamento Pro- fissional A atitude do auditor deve ser caracterizada pelo ceticismo profis- sional e pelo julgamento profissio- nal, utilizados quando tomam deci- sões sobre o curso de ação apropri- ado, como, por exemplo, no planeja- mento dos seus exames, na seleção e aplicação de procedimentos técnicos e testes de auditoria, na definição de suas conclusões e na elaboração dos seus relatórios e pareceres. Ceticismo profissional signi- fica manter distanciamento profissi- onal e uma atitude alerta e questio- nadora ao avaliar a suficiência e ade- quação da evidência obtida ao longo da auditoria. Também significa manter a mente aberta e receptiva a todos os pontos de vista e argumen- tos. O julgamento profissional sig- nifica a aplicação coletiva de conhe- cimentos, habilidades e a experiên- cia dos membros da equipe ao pro- cesso de auditoria. A prerrogativa do julgamento profissional não dá ao auditor o direito de manter opiniões que não se sustentam diante de ar- gumentos válidos de um membro da equipe ou do supervisor. A natureza coletiva de uma auditoria requer que os argumentos sejam expostos ao contraditório com o objetivo de tes- tar sua validade e garantir a consis- tência do trabalho. Zelo Profissional Os auditores devem exercer devido zelo visando assegurar que seu comportamento profissional é apropriado. O auditor demonstra zelo profissional ao planejar e execu- tar auditorias de uma maneira dili- gente, focada nos objetivos estabele- cidos, e ao evitar qualquer conduta que possa desacreditar seu trabalho. Atuar com zelo implica obser- var normas e procedimentos que se aplicam à sua função de auditor pú- blico agir com prudência, habilidade e atenção de modo a reduzir ao mí- nimo a margem de erro. Uso de Informações de Tercei- ros O auditor pode valer-se de in- formações anteriormente produzi- das pelos profissionais do Sistema Nacional de Auditoria, não necessi- tando reconfirmá-las ou retestá-las, pois foram obtidas com as mesmas técnicas e a observação das mesmas normas no âmbito do Sistema. Ao utilizar informações produzidas fora do SNA, o auditor deve obter evidên- 16 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE cia da competência e independência dos outros auditores ou especialistas e da qualidade do trabalho que rea- lizaram. Sigilo O auditor é obrigado a utilizar os dados e as informações que ob- teve no desempenho de sua função somente na execução dos serviços que lhes foram confiados. Salvo de- terminação legal ou autorização ex- pressa da alta administração, ne- nhum documento, dado ou informa- ção poderá ser fornecido ou revelado a terceiros, nem deles poderá utili- zar-se o auditor, direta ou indireta- mente, em proveito pessoal ou de terceiros. Cortesia O auditor deve manter atitude serena e tratar com cortesia, de for- ma justa e equilibrada, a todos com os quais se relaciona profissional- mente (superiores, subordinados, pares e representantes das entida- des auditadas). Deve agir com corte- sia sem, contudo, abrir mão das prerrogativas de sua função. Na sua relação com o audi- tado, o auditor deve ser cortês, res- peitando o interlocutor e evitando o pedantismo de achar que sabe mais do que o gestor. Lembre-se de que é fundamental para o trabalho do au- ditor saber ouvir. Não se pode ouvir sem a devida atenção e verdadeiro interesse, coisas incompatíveis com a postura de que se sabe tudo. Uma atitude cortês estimula a cooperação entre as partes e favorece a troca de informações entre auditor e audi- tado, o que contribui para a quali- dade do trabalho. Credibilidade A credibilidade dos auditores do SNA não é um princípio, mas o resultado da percepção de que os trabalhos são conduzidos em con- formidade com todos os princípios éticos e profissionais aqui listados. Em auditoria no setor público, vale a máxima que diz que não basta apenas ser fiel aos princípios éticos e profissionais, mas deve-se também parecer; ou seja, a equipe de audito- ria deve se comportar de acordo com esses princípios, e exemplificar es- sas qualidades no dia-a-dia. Importa destacar que a confiança e o respeito públicos de um auditor depende em grande parte da impressão deixada por outros auditores, do presente e do passado. 18 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE 3. O Processo de Auditoria no SUS Fonte: IClinic3 processo de auditoria, o qual será processado no Sistema Eletrônico de Informação (SEI), ini- ciará de ofício ou a pedido de inte- ressado, desde que preenchidos os requisitos mínimos necessários à identificação da atividade a ser rea- lizada. a. Os requisitos mínimos neces- sáriosreferem-se aos aspectos de competência, interesse público, ma- terialidade, relevância e oportuni- dade. b. Todo processo de auditoria de- verá ser iniciado por meio de proto- colização de documento escrito con- tendo os seguintes elementos: 3 Retirado em https://blog.iclinic.com.br/entenda-agora-a-importancia-da-auditoria-na-area-da- saude/ Órgão ou autoridade adminis- trativa a que se dirige; Identificação do interessado ou de quem o represente; Domicílio do requerente ou lo- cal para recebimento de comu- nicações, se for o caso; Formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; Data e assinatura do reque- rente ou de seu representante (brasil, 1999, art. 6º). c. Todos os documentos produzi- dos e/ou obtidos na atividade de au- ditoria deverão ser insertos no pro- cesso de auditoria, salvo os papéis de O 19 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE trabalho, os quais serão arquivados no Sisaud/SUS. d. O processo de auditoria deverá ser restrito até a sua conclusão e consequente publicação do Relató- rio Final (art. 23, inciso VIII, da Lei n.º 12.527/2011). e. O processo de auditoria será concluído pela direção do Departa- mento. Do Procedimento a. Após a criação do processo de auditoria no SEI, deverá haver des- pacho de designação da equipe que conduzirá as respectivas atividades, a qual, preliminarmente, elaborará, sob a orientação do supervisor téc- nico, documento que contenha a ta- refa a ser executada. b. Conceitua-se como tarefa um conjunto de orientações que permite nortear o trabalho da equipe de au- ditoria, a qual deverá conter: O objetivo da auditoria; As questões a serem respondi- das para alcançar o objetivo proposto; O período de abrangência da auditoria; As localidades e as unidades organizacionais a serem visita- das; Os processos e as atividades que serão examinados. c. As principais informações da tarefa deverão ser inseridas no Si- saud/SUS, com o intuito de se ini- ciar as três fases da atividade de au- ditoria: Fase analítica; Fase operativa ou in loco; e Fase de relatório final. Da Fase Analítica a. A fase analítica corresponde ao planejamento da auditoria para que seja adequadamente executada pela equipe dentro do prazo estabe- lecido. b. O objetivo principal é preparar os servidores para a fase operativa ou in loco, propiciando o desenvol- vimento de uma compreensão mais acurada sobre as atividades admi- nistrativas imprescindíveis ao bom êxito das fases subsequentes. c. Com o fim de que a referida fase agregue valor substancial à au- ditoria, devem-se observar as se- guintes etapas: Levantamento de informações sobre o objeto da auditoria; Construção das matrizes de coleta e análise de informa- ções; Elaboração dos papéis de tra- balho; Cronograma de trabalho; e Elaboração do Relatório Ana- lítico. 20 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Levantamento de Informa- ções Sobre o Objeto da Audito- ria a. A equipe deve levantar infor- mações sobre o objeto da auditoria de modo a obter conhecimento sufi- ciente para executar as fases subse- quentes. b. Essa etapa possui a finalidade de definir o foco e delimitar a exten- são dos trabalhos por meio da revi- são e do aprimoramento da defini- ção de objetivos e do escopo da au- ditoria, construídos durante a ta- refa. c. A equipe deve procurar infor- mações que indiquem os critérios que possam ser utilizados para ava- liar a situação do objeto de audito- ria, tais como: Setores responsáveis, compe- tências e atribuições do órgão auditado; Legislações aplicáveis; Objetivos do órgão ou pro- grama de governo; Desempenho recente por meio da análise de indicadores e re- sultados; Pontos fracos e deficiências do controle; e Outras informações relevan- tes. d. Podem ser buscadas informa- ções de diversas fontes, desde que permitam à equipe estabelecer uma visão geral sobre o objeto e seu con- texto, tais como: Auditorias anteriores realiza- das pelo DENASUS e pelas Se- ções de Auditoria; Sistemas de informação; Relatórios do órgão responsá- vel e sítio na internet; Bases de legislação e normas; Atividades de controle realiza- das por outros órgãos; Artigos acadêmicos; Informações da mídia; e Outras fontes relevantes. Construção das Matrizes de Coleta e Análise de Informa- ções a. As matrizes têm o objetivo de sistematizar e organizar o processo de auditoria para que a equipe te- nha, de forma clara, as informações necessárias para produzir evidên- cias que irão sustentar possíveis constatações, antes de ir a campo. b. São elaboradas com o intuito de equalizar o entendimento da equipe em relação ao objetivo da ati- vidade, bem como os passos e a me- todologia a ser utilizada, principal- mente na fase operativa. c. A Matriz de Coleta de Infor- mações é o instrumento que indica quais são os dados requeridos pela auditoria, quais as fontes e por meio de qual procedimento esses dados serão coletados. 21 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE d. Recomenda-se que todas as informações vindas de uma mesma fonte sejam apresentadas de forma agrupada na referida matriz. e. A Matriz de Análise de Infor- mações, por sua vez, indica, por meio dos procedimentos de análise, como as informações serão tratadas, visando revelar a situação real do objeto e compará-las à situação ideal ou critérios. f. Referida comparação permi- tirá confirmar ou não possíveis constatações e, assim, responder às questões de auditoria, que podem ter uma ou mais constatações asso- ciadas. Cada constatação, via de re- gra, apoia-se em um único critério. g. As questões de auditoria esta- belecem o foco da investigação e de- vem: Ser claras e específicas; Apresentar viabilidade inves- tigativa; Apresentar articulação e coe- rência entre si; e Ser capazes de esclarecer o problema apontado na de- manda. h. Obrigatoriamente, as Matrizes de Coleta e de Análise de Informa- ções farão parte do Relatório Analí- tico e os modelos estão insertos no Anexo A. i. As matrizes devem ser revistas pela equipe, que deve observar: Se as informações previstas na matriz de coleta são necessá- rias e suficientes para respon- der às questões de auditoria; Se estão claros a fonte e como cada informação pode ser ob- tida; Se a obtenção das informações previstas é factível dentro do prazo da auditoria e com os re- cursos disponíveis; Se está claro como cada infor- mação obtida será usada na construção da constatação; e Se haverá tempo para fazer to- das as análises previstas. f. As matrizes revisadas serão validadas pela supervisão técnica. O supervisor técnico deve observar, minimamente, os itens a seguir rela- cionados: As questões, quando respondi- das, permitem alcançar o obje- tivo da auditoria? As informações requeridas são suficientes para responder às questões? As fontes de informação estão corretas? Os procedimentos de coleta são adequados segundo o tipo de informação? Os procedimentos de análise são suficientes para conduzir às constatações? As possíveis constatações são compatíveis com as questões de auditoria? 22 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Elaboração dos Papéis de Tra- balho a. Os papéis de trabalho de audi- toria constituem um registro perma- nente dos fatos e das informações obtidos, bem como das conclusões sobre os exames. É com base nesses documentos que a equipe irá relatar as constatações, conclusões e reco- mendações. b. Eles devem ser mantidos orga- nizados e à disposição para consulta, de maneira a demonstrar os proce- dimentos adotadospela equipe, as evidências obtidas, as constatações e as conclusões alcançadas. c. Devem ser completos e deta- lhados o suficiente para que um ser- vidor que não tenha participado da auditoria possa, com base nos pa- péis de trabalho, compreender os procedimentos adotados, as evidên- cias obtidas, as constatações e as conclusões alcançadas. d. Devem oferecer suporte a to- das as etapas da auditoria e contri- buir para a qualidade e a eficiência da atividade, bem como subsidiar a elaboração do relatório e a resposta a questionamentos do auditado ou de outras partes interessadas. e. A boa qualidade da documen- tação é fator essencial do sucesso da auditoria como um todo. Nesse sen- tido, bons papéis de trabalho devem ser: Completos, com início, meio e fim, de modo a registrar os passos que o auditor planejou ou utilizou para coletar e ana- lisar informações; Concisos, indicando registros sucintos, mas suficientes para produzir evidências e embasar constatações; Lógicos, construídos conforme a sequência natural dos fatos e o objetivo visado com o res- pectivo procedimento; e Precisos, isto é, não apresentar imperfeições e incorreções. f. Ao elaborar um papel de tra- balho, o servidor deve indicar, no ca- beçalho, órgão ou entidade audi- tado; número da auditoria; título do papel de trabalho; objeto auditado; período de realização da auditoria; numeração da página no formato nº folha/total de páginas; no rodapé, devem ser indicados: nomes do exe- cutor e do revisor; e data de preen- chimento. g. Todo papel de trabalho deve indicar as fontes dos dados; os docu- mentos analisados; os agentes en- trevistados, conforme a finalidade do papel de trabalho; notas explica- tivas com esclarecimentos sobre o conteúdo, quando necessário; e campo para referenciar outro papel de trabalho, quando for o caso. h. A equipe de auditoria tem a responsabilidade e a liberdade para 23 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE definir a quantidade, o tipo e o con- teúdo da documentação. Entretanto, deve-se documentar principalmente o seguinte: Objetivos, escopo, crono- grama e metodologia do traba- lho; Matrizes de coleta e de análise de informações; Instrumentos de coleta de da- dos; Resultado das técnicas de di- agnóstico aplicadas; Resultado de questionários, entrevistas, inspeções físicas e exames documentais realiza- dos; Resultado de análises estatísti- cas e de banco de dados; Matriz de constatação; e Análise percuciente da justifi- cativa do auditado. Cronograma de Trabalho a. O cronograma, além de indicar prazos para as atividades, cumpre a função de indicar a melhor sequên- cia para realização das atividades durante a fase operativa. b. É importante identificar os lo- cais a visitar e as pessoas a entrevis- tar, com endereço, nome e telefone da pessoa de contato. c. Ao listar as atividades, deve-se indicar o membro da equipe respon- sável por executar cada uma delas e se haverá outro prestando apoio. d. A equipe poderá ajustar o cro- nograma, desde que o foco no obje- tivo da auditoria seja mantido. Elaboração do Relatório Analí- tico a. O Relatório Analítico é o prin- cipal produto da fase analítica, haja vista que será o guia para a ação da equipe na fase operativa. b. Orelatóriodeveráserconfeccio- nadopelaequipeerevisadopelosu- pervisor técnico, com o fim de ser submetido à COPLAO para valida- ção. c. O Relatório Analítico deverá conter: A visão geral do objeto de au- ditoria; A metodologia utilizada na fase analítica; Os documentos, normas, áreas ou especialistas consultados; As matrizes de coleta e de aná- lise de informações; e O cronograma detalhado de realização das fases operativa e de relatório final. d. A fase operativa somente ocor- rerá após a aprovação do Relatório Analítico pela COPLAO. Após a aprovação do Relatório Analítico, a equipe elaborará o Comunicado de Auditoria, o qual será submetido ao crivo do chefe da Seaud, seguindo o modelo descrito no Anexo B, com a finalidade de que os documentos e 24 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE as informações previstos nas Matri- zes de Coleta e de Análise de Infor- mação (Anexo A) e na de Qualifica- ção de Responsável (Anexo D) este- jam disponibilizados no momento da realização da fase operativa. e. Na situação prevista no item anterior, a chefia do Nems enviará ofício encaminhando o Comunicado de Auditoria, seguindo o modelo es- truturado no Anexo C, com o propó- sito de informar o gestor que será re- alizada auditoria em sua unidade de serviço em determinado período, bem como solicitar documentos in- dispensáveis à realização de audito- ria. No caso de auditorias realizadas no Distrito Federal, mencionado ofí- cio será assinado pela direção do DENASUS. Da Fase Operativa ou In Loco a. Esta fase corresponde à execu- ção do que foi planejado na fase ana- lítica. O objetivo central é obter evi- dências para caracterizar as consta- tações de forma consistente. b. As ações deverão ser pautadas pelas Matrizes de Coleta e de Análise de Informações e executadas dentro do cronograma desenvolvido. c. Os principais produtos desta fase serão a Matriz de Constatações e o Relatório Preliminar. d. Deve ser realizada uma reu- nião de abertura com o auditado, com as finalidades de ser entregue o ofício de apresentação da equipe, se- guindo o modelo constante do Ane- xo D, e receber os documentos soli- citados, se for o caso. e. Ressalte-se, que a fase opera- tiva deve ser conduzida com objeti- vidade e eficiência, pois, muitas ve- zes, o tempo disponível em campo é reduzido, motivo pelo qual deve ser aproveitado para coletar as informa- ções, conforme foi planejado na fase analítica. f. Ao final da fase operativa, é re- comendável realizar reunião de en- cerramento, informando ao audi- tado os próximos passos, inclusive o de envio do Relatório Preliminar, com o intuito de se ofertar oportuni- dade de apresentação de justificati- vas sobre algumas constatações, caso existam. g. No Relatório Preliminar, de- ver-se-á esmiuçar todas as relevan- tes evidências e constatações sobre a atividade de auditoria realizada, com a correta identificação dos agentes que praticaram as condutas reputadas irregulares. h. A identificação do responsável deverá ser comprovada por meio de atos administrativos, na hipótese de servidor público, ou de outro docu- mento oficial, nos demais casos, desde que contenham todos os da- dos necessários à sua qualificação, cujos documentos deverão ser ane- xados ao Relatório Preliminar. 25 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE I. As evidências servem para va- lidar o trabalho da equipe e devem ser suficientes, adequadas e perti- nentes de forma a permitir à equipe obter constatações que fundamentem as suas conclusões, razão pela qual devem conter os seguintes requisitos: Validade: A evidência deve ser le- gítima, ou seja, baseada em informa- ções precisas e confiáveis. Confiabilidade: Garantia de que serão obtidos os mesmos resultados se a auditoria for repetida. Relevância: A evidência é rele- vante se for relacionada, de forma clara e lógica, aos critérios e objeti- vos da auditoria. Suficiência: A quantidade e a qua- lidade das evidências obtidas devem demonstrar que as constatações, as conclusões e as recomendações da auditoria estão bem fundamenta- das. II. A constatação é o resultado da comparação entre o critério e a si- tuação encontrada, a qual deve apresentar os seguintes elemen- tos: A situação encontrada do ob- jeto, caracterizada por evidên- cias; A fonte da evidência; O critério que define a situação ideal do objeto; A causa que levou à situação; O efeito gerado;e As recomendações. III. As constatações devem ser in- sumos para elaborar a Matriz de Constatação, conforme modelo inserto no Anexo E. A matriz é a ferramenta utilizada para analisar e organizar as informações neces- sárias à sustentação das constata- ções obtidas. IV. Para as constatações que cons- tituírem irregularidades, deverá ser preenchida a Matriz de Quali- ficação de Responsáveis, con- forme modelo inserto no Anexo D, contendo a identificação da cons- tatação, nome do responsável, CPF, período de exercício, con- duta, nexo de causalidade e culpa- bilidade, cujas informações deve- rão figurar, também, nas evidên- cias das constatações. V. Quando da realização da audi- toria não resultarem constata- ções, ou as constatações resultan- tes não se constituírem em irregu- laridades, não será necessária a aplicação da Matriz de Qualifica- ção de Responsáveis. i. O produto final da fase operativa é o Relatório Preliminar de auditoria, que é elaborado pela equipe com base nas constatações preliminares resultantes dos trabalhos desenvol- vidos. Ressalte-se que o seu conte- 26 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE údo deve ser restrito aos interessa- dos, ficando vedada a sua divulga- ção. j. O Relatório Preliminar será analisado pelo supervisor técnico e validado pela COAUD, antes de ser submetido ao auditado, o qual terá o prazo de 15 dias, prorrogáveis por igual período, para apresentar as suas considerações sobre o seu con- teúdo. Da Fase de Relatório Final a. O Relatório Final é o instru- mento formal e técnico utilizado para comunicar o objetivo e as ques- tões de auditoria, a metodologia uti- lizada, as constatações encontradas, as recomendações e a conclusão dos trabalhos. Além disso, é referência para o monitoramento da atividade. b. O Relatório Final será baseado no Relatório Preliminar e será ela- borado após a apresentação das con- siderações ofertadas pelo auditado, as quais deverão ser percuciente- mente analisadas. c. Na redação do relatório, a equipe de auditoria deve orientar-se pelos requisitos resumidos no mne- mônico 4CTI: Clareza, Concisão, Convicção, Confiabilidade, Tempes- tividade e Imparcialidade, com os seguintes significados: Clareza: linguagem clara, a fim de que o leitor entenda facilmente, ain- da que não versado na matéria, o que se quer transmitir, sem necessi- dade de explicações adicionais. Concisão: conter apenas informa- ções relevantes para elucidação dos fatos auditados, com linguagem di- reta. Logo, deve-se evitar o uso ex- cessivo de adjetivos e emprego de termos que contenham em si só ju- ízo de valor. Convicção: relatar de forma con- sistente as constatações e as evidên- cias, permitindo que qualquer pes- soa chegue às mesmas conclusões que chegou a equipe de auditoria. Confiabilidade: apresentar as ne- cessárias evidências para sustentar as constatações, conclusões e reco- mendações, procurando não deixar espaço para contra argumentações. Tempestividade: deve ser emitido em tempo hábil, a fim de que as pro- vidências necessárias sejam toma- das oportunamente. Imparcialidade: a análise contida no relatório deve ser pautada pelo ceticismo e julgamento profissional, livres de opiniões que não se susten- tam diante de argumentos válidos. d. O Relatório Final deve contextua- lizar a auditoria, abordando origem, antecedentes, objetivos, escopo e vi- são geral do objeto, bem como os métodos adotados na execução dos trabalhos na fase analítica e na fase operativa, informando, por exem- 27 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE plo, os tipos de documentos analisa- dos, os sistemas de informações ve- rificados, as origens/fontes dos re- cursos financeiros analisados (se possível, o percentual), as institui- ções visitadas na atividade, a realiza- ção de eventuais visitas domicilia- res, a utilização e o tipo de instru- mentos para coleta de dados, e, se for o caso, circularização, entrevistas com usuários, com trabalhadores de Saúde e com gestores. e. Quando houver limitações que impossibilitaram o aprofundamento de determinadas questões, elas de- verão ser descritas, apontando cla- ramente aquilo que não pôde ser in- vestigado em profundidade sufici- ente para a formulação de conclu- sões, com as justificativas pertinen- tes. f. O documento contendo a res- posta do auditado deverá ser inse- rido no Processo de Auditoria, com o fim de a equipe analisar, percucien- temente, as considerações ofertadas por cada agente notificado. g. Caso não ocorra a apresenta- ção de justificativa, a equipe fará a análise em consonância com os de- mais elementos probatórios cons- tantes dos autos, haja vista que a re- velia não importa em reconheci- mento da verdade dos fatos, nem a renúncia ao direito do auditado, prosseguindo o processo e garan- tindo a qualquer tempo, antes da fi- nalização do processo de auditoria, a oferta de citada manifestação (art. 27 da Lei n.º 9.784/1999). I. O acatamento ou não da justi- ficativa apresentada deverá, ne- cessariamente, ser sustentado e consubstanciado em argumentos técnicos e convincentes emitidos pela equipe. Registre-se que, nos termos do artigo 50 da Lei n.º 9.784/1999, referida análise de- verá ser fundamentada de forma explícita, clara e congruente. II. Na hipótese de a equipe impu- tar responsabilidade de devolução de recursos públicos, detalhará os atos ilegais, ilegítimos ou anti- econômicos dos agentes que de- ram origem ao dano. Nessa situa- ção, deverá identificar os respon- sáveis pelo ressarcimento, quanti- ficando o débito relativo a cada um dos responsáveis. h. O Relatório Final, sempre que possível, deverá conter recomenda- ções a serem implementadas pelos gestores competentes, com o intuito de: Promover a sanação das possí- veis irregularidades encontra- das; e Melhorar os processos de ge- renciamento de riscos, con- trole e governança. 28 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE I. As recomendações propostas deverão seguir as seguintes orien- tações: Não recomendar o que não foi objeto de análise conclusiva; A redação deverá ser clara e objetiva, com o fim de detalhar a forma que se efetuará a pro- vidência que deve ser adotada; e Sempre deverá abordar os re- sultados esperados com a pro- posta. II. A minuta do Relatório Final será analisada pelo supervisor téc- nico e validada pela COAUD, an- tes da versão final ser inserida no Processo de Auditoria, o qual será encaminhado à CGAUD. III. Após a análise da CGAUD, o processo será concluído à direção do DENASUS. Do Controle de Qualidade das Fases de Auditoria a. O controle de qualidade visa à melhoria da ação de auditoria em termos de aderência aos padrões aqui estabelecidos, com vista à redu- ção do tempo de tramitação do pro- cesso de auditoria, à diminuição do retrabalho e ao aumento da efetivi- dade das propostas de encaminha- mento. b. O controle será efetuado pela própria equipe de auditoria, pelo su- pervisor técnico e pela equipe da COAUD, consoante formulário de controle de qualidade inserto no Anexo F, que, após preenchido, de- verá ser parte integrante do pro- cesso de auditoria. Das Considerações Finais a. As atividades serão consubs- tanciadas em relatório registrado eletronicamente no Sisaud/SUS, que será publicado no sítio <http://sna.saude.gov.br>, nos ter- mos da Lei n.º 12.527/2011, bem como deverá compor o processo de auditoria no SEI. b. Quando houver situações con- troversas ou divergência de entendi- mentos entre os membros da equipe de auditoria e os demais integrantes da cadeia revisora, a decisão final so- bre a questão caberá a um colegiado composto pelo diretor e pelos coor- denadores-gerais, presidido peloprimeiro, cujo resultado irá compor um banco de orientações técnicas, com observância obrigatória em si- tuações similares. c. Todos os relatórios devem ser revisados pela equipe e validados pele supervisão técnica antes de se- rem submetidos ao DENASUS. 29 30 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE 4. Auditoria na Saúde Suplementar Fonte: Popolo adv4 m uma época em que o Brasil vivia uma situação de inflação galopante, os reajustes mensais de preços constituíam a rotina e os pla- nos de saúde mantinham excelente relacionamento com seus prestado- res de serviço (médicos, laborató- rios, hospitais, entre outros), pois auferiam lucros de capital na ciran- da financeira. Com a estabilização da moeda, as operadoras deixaram de ganhar com as aplicações finan- ceiras e passaram a focalizar sua 4 Retirado em https://popoloadvocacia.adv.br/ atenção em economizar na assistên- cia à saúde (JUNQUEIRA, 2001). Sob esta perspectiva, essas empresas começaram a auditar con- tas médicas e hospitalares com cará- ter restritivo, baseado em autoriza- ções de internações hospitalares e suas necessidades, passando pela autorização de procedimentos em diagnose e terapia, órteses, próteses, materiais e medicamentos especiais (PRISZKULNIK, 2008). E 31 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Na mesma época, foi regula- mentado o Código de Defesa do Consumidor, que estabelece como direitos básicos do consumidor a proteção à saúde e a segurança con- tra riscos decorrentes da prestação de serviços à saúde (BRASIL, 1990). Os consumidores passaram a ser mais cautelosos, críticos e exigentes, buscando no mercado aqueles pla- nos e seguros de saúde que lhes ofe- recem a melhor relação entre custo e benefício, cada vez mais fazendo uso de seus direitos estabelecidos e le- vando suas reclamações aos órgãos existentes (PAIM; CICONELLI, 2007). Diante da repercussão negati- va que a atuação desse setor da saú- de teve perante a opinião pública, passou a ser alvo de preocupação dos agentes públicos, percebendo-se a necessidade de intervenção estatal sobre a atuação das operadoras de planos de saúde (GOUVEIA, 2004; JUNQUEIRA, 2001). Esses fatos culminaram com a aprovação da lei nº 9.656/1998 (BRASIL, 1998), que estabeleceu as normas de regulação para os planos e seguros privados de assistência à saúde, e a lei nº 9.961/ 2000 (BRASIL, 2000), que criou a Agência Nacional de Saúde Suple- mentar (ANS). A partir de então, a regulação de planos e seguros de saúde passou a ser uma atividade do governo federal, que por meio de leis e reso- luções, tem procurado melhorar a qualidade dos contratos, corrigindo as falhas de mercado, visando con- tribuir para que as empresas se sus- tentem e gerem incentivos que be- neficiem os consumidores. Para tanto, foram propostas ações para ampliação de cobertura, ressarcimento ao SUS, registro das operadoras, acompanhamento de preços pelo governo, obrigatorieda- de da comprovação de solvência, re- servas técnicas, permissão para a atuação de empresas de capital es- trangeiro e proibição do monopólio dessas atividades. As organizações que formam o setor de saúde suplementar tiveram de se adequar e cumprir a regula- mentação estabelecida. Ademais, para manter posição competitiva no mercado, precisaram se reorganizar e reestruturar, passando por uma série de transformações que permi- tissem sua adaptação aos novos pro- cessos de trabalho (MOTTA; LEÃO; ZAGATTO, 2005). Ao fornecer conhecimentos sobre o verdadeiro estado da organi- zação, a auditoria tornou-se facilita- dora dessas mudanças, deixando de ser apenas um instrumento fiscali- zador para promover a contenção de custos. Lançando mão das ativida- des de auditoria interna, a organiza- ção consegue atingir os seus objeti- 32 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE vos internos de custos, produtivida- de, qualidade e satisfação dos clien- tes. O auditor, por sua vez, tem o papel de melhorar as formas de atendimento, disponibilizar os re- cursos de forma técnica, acompa- nhar a qualidade dos serviços ofere- cidos e verificar a exatidão na indi- cação de sua execução. Nesse mister, deve agir sempre de forma concilia- dora, atuando de forma a propiciar orientação, incentivo à parceria e melhoria da relação entre prestado- res e usuários na execução dos bene- fícios previstos nas regras do siste- ma (FRANCO, 2007). Sua análise criteriosa, aliada a sugestões de me- lhoria, aperfeiçoa sobremaneira o desempenho operacional, bem como a qualidade técnica dos serviços ou mesmo da produção. Essa regulação trouxe avanços que tornaram o ambiente da saúde suplementar melhor na atualidade que no período anterior a ela. Embo- ra ainda haja inúmeros conflitos entre os diversos atores sociais, exis- te um ponto de convergência de ob- jetivos, que é a qualificação daqueles que atuam no setor. Focada nessa nova perspecti- va, a regulação da ANS passou a dar ênfase à qualificação de todos os envolvidos no processo, como ope- radoras, prestadores de serviços, be- neficiários e órgão regulador. Opor- tunizando a qualificação, a ANS pro- cura significar o setor de saúde su- plementar como local de produção de saúde, conduzindo as operadoras de planos de saúde a transformar-se em gestoras de saúde, os prestado- res de serviços em produtores de cuidado de saúde, os beneficiários em usuários com consciência sanitá- ria e o próprio órgão regulador qua- lificando-se para corresponder à ta- refa de regular um setor cujo objeti- vo é produzir saúde (BRASIL, 2007). Da mesma forma que as or- ganizações de saúde são mutantes, também o é a auditoria em saúde, cujo perfil vem se alterando ao longo dos anos. De um ciclo tradicional fo- cado em glosar, fixar normas, medir desempenho, com valorização da quantidade e do preço, a auditoria em saúde passou à avaliação da qua- lidade das pessoas, dos processos e dos resultados. Em sua fase atual, destaca-se como uma ferramenta de apoio à gestão, constituindo instru- mento de aperfeiçoamento e educa- ção contínua, que permite buscar a excelência em aspectos técnicos, administrativos, éticos e legais (MEDEIROS; ANDRADE, 2007; MOTTA; LEÃO; ZAGATTO, 2005). A auditoria como ferramenta de gestão ajuda a eliminar desperdí- cios, simplificar tarefas e transmitir informações seguras sobre o desen- 33 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE volvimento das atividades executa- das (PORTAL DE CONTABILIDA- DE, 2009), ao mesmo tempo em que visa a construção e a consolidação da organização, impedindo fraudes e erros fortuitos, como má aquisição de equipamentos e insumos, falhas de seleção e treinamento de pessoal, falhas em sistemas e pagamentos indevidos, que geram perdas ou danos por vezes irreversíveis. De acordo com Medeiros e Andrade (2007), para que a audito- ria possa ser considerada eficiente e eficaz, é importante que se torne um sistema de educação e aperfeiçoa- mento contínuo, mostrando preocu- pação com a qualidade, a segurança e a humanidade das prestações de saúde, tratando de alcançar, por intermédio de um processo de ensino e aprendizagem, motivação e participação de todas e cada uma das pessoas que atendem pacientes. Deve, também, constituir uma instância de mediação, conciliação e solução de conflitos, os quais podem surgir nas relações entre profissio- nais, pacientes, parentes, institui- ções, além de ser um sistema de caráter preventivo do erro profissio- nal e reparador deste, sem cunho de ordem penal. Sempre com esse enfoque, a auditoria em serviços de saúde deve ter como seus objetivos: manter o equilíbrio do sistema, pos- sibilitando o direito à saúdepara to- dos; garantir a qualidade dos servi- ços de saúde oferecidos e prestados; fazer cumprir os preceitos legais estabelecidos pela legislação nacio- nal, de acordo com os princípios éticos e a defesa do consumidor; atuar desenvolvendo seu papel nas fases de pré-auditoria, auditoria operativa, analítica e mista; revisar, avaliar e apresentar subsídios visan- do o aperfeiçoamento de procedi- mentos administrativos, controles internos, normas, regulamentos e relações contratuais; promover o andamento justo, adequado e har- monioso dos serviços de saúde; ava- liar o desempenho dos profissionais de saúde com relação aos aspectos éticos, técnicos e administrativos, com qualidade, eficiência e eficácia das ações de proteção e atenção à saúde; promover o processo educa- tivo, objetivando a melhoria da qua- lidade do atendimento, a um custo compatível com os recursos finan- ceiros disponíveis e pelo justo valor do serviço prestado; participar de credenciamento/contratação de serviços e profissionais; fazer respei- tar o estabelecido em contrato entre as partes envolvidas - usuário, pla- no de saúde e prestadores de serviço. As Atribuições do Auditor em Saúde Conforme argumenta Chiave- nato (2006, apud SANTOS e BAR- 34 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE CELLOS, 2009), auditoria é um instrumento que a administração tem para conhecer a eficiência e eficácia dos programas em anda- mento; sendo assim, sua função não é apenas indicar problemas ou erros, mas sobretudo, assinalar sugestões e soluções tendo, portanto, uma atitude educativa. Brasil (2012) enfatiza que "A auditoria é um instrumento de ges- tão para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a alocação e utilização adequada dos recursos, a garantia do acesso e a qualidade da atenção à saúde ofere- cida aos cidadãos." O Lo Ré (2006) identifica como o momento de desacordo, de desgaste profissional o instante em que a relação auditor e auditado se torna mais próxima; isso porque para se manter diante das adversi- dades inerentes da sua profissão, ambos criam mecanismos de defesa quando suas verdades são questio- nadas. O autor acredita ainda que as interferências emocionais identifi- cadas no processo de qualquer audi- tagem, estão intrinsecamente liga- das as reações emocionais que se manifestam tanto no auditor quanto no auditado. Assim é obrigação do auditor está capacitado e bem infor- mado para que desenvolva e execute suas funções de forma satisfatória. Neste momento colaboração é a pa- lavra chave para o bom desempenho do trabalho do auditor, que começa quando o auditado é respeitado e ouvido. Sobre isso Crepaldi (2006) menciona que alguns autores, reco- nhecem a importância das pessoas e de sua colaboração, para que pos- sam desenvolver seu trabalho de auditoria, de maneira satisfatória. Motta (2010) fala que existem condutas em auditoria que se segui- das por todos os auditores, auxiliam tornando o trabalho menos confli- tante e mais ameno. Estas condutas devem ser aperfeiçoadas com o tempo, pois o perfil do auditor em saúde é difícil de ser formado, exi- gindo tempo, paciência, autocontro- le e dedicação. Deste modo o autor sugere condutas para o bom desem- penho no trabalho de auditoria, tais como: Conhecer e identificar os as- pectos que envolvem o am- biente no qual está inserido. Conhecer os aspectos técni- cos-científicos da área que audita; Conhecer os acordos e situa- ções que envolvem as diversas questões do trabalho; Trabalhar com honestidade, ponderação e bom senso; Não fazer julgamentos prévios sem ter pleno conhecimento dos fatos; 35 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE Trabalhar em parceria, bus- cando novas informações; Orientar os demais colegas de trabalho quanto a novas situações; Discutir e aprender com isso; Agir sempre dentro dos pre- ceitos éticos de sua profissão. O autor acima cita de maneira geral o perfil que todo auditor deve ter, já Sawyer (2012), cita algumas regras para tentar minimizar o efeito do medo nos auditados, tais como: Antes de dar início a auditoria, ligue para o local onde a mes- ma será realizada e fale com o responsável, de forma clara informe sobre sua chegada e explique que fará seu trabalho de maneira a interferir o mí- nimo possível na rotina dele. Deixe-o à vontade, pois se ele ficar apreensivo todos os ou- tros funcionários também se- rão influenciados e ficarão da mesma forma. “a primeira im- pressão é a que fica” (ibid, p.02); Em seu primeiro dia no local da auditoria, seja agradável com todos, do administrador ao funcionário menos gradua- do. Faça com que vejam você como um convidado na casa deles, atitude essa que deve perdurar durante todo o processo da auditoria; Seja agradável, respeitoso sempre que for dirigir-se as pessoas para pedir explicações ou fazer perguntas, para que a confiança seja construída du- rante o processo de auditoria; Quando encontrar erros bus- que maneiras de agir frente ao que foi verificado, não vá de imediato aos responsáveis sem antes conversar com quem cometeu o erro, do contrário estará jogando toda confiança conquistada e o trabalho fora. Além das regras acima citadas é importante ressalta a importância de apontar para as pessoas audita- das que o que está sendo analisado é o sistema como um todo, e não exclusivamente erros individuais. Solicite que o auditado lhe explique o funcionamento do sistema, o que atrapalha seu trabalho, desta forma as pessoas irão ajudá-lo no anda- mento da auditoria, pois se sentirão pertencendo ao processo, partici- pando dos resultados do trabalho de auditoria (IBID). Para que a auditoria possa ser considerada eficiente e eficaz, é importante que se torne um sistema de educação e aperfeiçoamento con- tínuo, mostrando preocupação com a qualidade, a segurança e a huma- nidade das prestações de saúde, tra- tando de alcançar, por intermédio de um processo de ensino e aprendi- zagem, motivação e participação de todas e cada uma das pessoas que atendem pacientes. (MEDEIROS, 36 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE ANDRADE, 2007, apud SANTOS e BARCELLOS, 2009:5) Sawyer (2012), resume os objetivos a serem alcançados pelo auditor em dois: o primeiro é des- crever a administração todos os seus achados, e o segundo deixar o lugar auditado melhor do que encontrou. Mas, para que isso aconteça é neces- sário primeiro conquistarmos a con- fiança dos auditados, para que em seguida possamos realizar nosso trabalho e ao mesmo tempo mos- trar-lhes maneiras mais simples de realizar o seu, resolvemos proble- mas que há tempo os incomodava. “Quando o auditor se mostra inte- ressado, simpático e compreensivo, encontrará disposição nos seus interlocutores para o diálogo. [...] você tem que mostrar para todos os que o ouvem que você também está disposto a escutá-los” (p. 3). Busque um ambiente encora- jador, para que o auditado possa implicar-se e comprometer-se com a resolução dos problemas; “iguale- se”, a igualdade encoraja e ratifica uma confiança mútua, pois ambos são responsáveis e parceiros na re- solução dos problemas. “Você não é infalível, reconheça seus erros e - mais importante - reconheça ideias melhores que as suas” (IBID). O medo pelo trabalho do audi- tor é esclarecido e o respeito con- quistado no momento em que: o auditor tem o cuidado de informar primeiramente sobre os erros en- contrados as pessoas envolvidas, e não aos superiores, dando-lhes a chance de explicar-se, definindo corretamente a responsabilidade de cada pessoas sobre os fatos consta- tados; divulgando os problemas encontrados para que haja tempo de regularizar qualquer falha antes da emissão do relatóriofinal, e as falhas que não puderem ser regularizadas durante o processo da auditoria, serão comunicadas a administração superior como em fase de regulari- zação; não responsabilizar ninguém indevidamente, apenas quando pos- suir todos os fatos e dados para em- basar suas afirmativas; busca me- lhorar o sistema todo e não apenas corrigir erros individuais; comuni- que as coisas boas e o trabalho bem feito que encontrou na empresa e não apenas as coisas erradas (SAWYER, 2012). 37 37 38 AUDITORIA NO SISTEMA SUS E PRIVADO DE SAÚDE 38 5. 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