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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 1 AULA 09 DIREITO CIVIL = DIREITOS REAIS = Professor Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 2 �Itens específicos do edital publicado que serão abordados nesta aula →→→→ DIREITOS REAIS. Disposições Gerais. Da Propriedade. Da Superfície. Do Usufruto. Do Uso. Do Direito do Promitente Comprador. �Legislação a ser consultada →→→→ CÓDIGO CIVIL. Propriedade (arts. 1.228 até 1.368). Direitos Reais Sobre Coisa Alheia de Uso: Superfície. Usufruto. Uso. Habitação (arts. 1.369 até 1.416). Direito do Promitente Comprador (arts. 1.417 até 1.418). Sumário Introdução, conceito, características, conteúdo ................................. 03 DIREITOS REAIS. Disposições Gerais ................................................. 06 PROPRIEDADE .................................................................................... 06 Propriedade Resolúvel ................................................................ 10 Propriedade Imóvel .................................................................... 11 Usucapião .................................................................................. 12 Propriedade Móvel ...................................................................... 20 Condomínio ................................................................................. 23 Direitos de Vizinhança ................................................................ 31 DIREITO REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS ........................................... 35 Direitos Reais de Gozo ou Fruição ............................................... 36 Aula 09 Direitos Reais DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 3 Superfície .............................................................................. 36 Usufruto ................................................................................ 38 Direito de Uso ........................................................................ 42 Direito de Habitação .............................................................. 43 Direitos Reais de Aquisição ........................................................ 44 Direito do Promitente Comprador .......................................... 44 RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 48 Bibliografia Básica ............................................................................ 53 EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) .................................................... 54 CAROS ALUNOS O edital desse nosso concurso para o ICMS/RO, tocante ao ponto que iremos abordar hoje, foge um pouco da regra. Dentro do capítulo Direito das Coisas, em geral, os editais exigem a posse, a propriedade, os direitos reais de gozou ou fruição e os direitos reais de garantia. No entanto nosso edital não pede um dos pontos mais importantes, a base de todo o Direito das Coisas, que é a Posse. E também não exige os direitos reais de garantia. Bem... nossa intenção é fornecer ao aluno um curso voltado especialmente para o edital publicado. Assim, vamos nos ater exclusivamente aos pontos exigidos, deixando os demais de lado, pois não caem. Parafrasendo um ditado muito comum: “o que não está no edital... não está no mundo... INTRODUÇÃO A doutrina costuma afirmar que o Direito Patrimonial se divide em Direito Obrigacional e Direito das Coisas. Nas aulas anteriores falamos sobre o Direito das Obrigações (a maior fonte das obrigações é o contrato), que compõe o chamado Direito Pessoal. Hoje veremos o Direito das Coisas. Com isso mudamos um pouco a ótica do Direito. No Direito das Obrigações estudamos as relações das pessoas entre si. Já no Direito das Coisas o relacionamento das pessoas deixa de ser foco principal. Agora passaremos a estudar a relação dos homens com as coisas, evidentemente que movida por um interesse econômico. Assim, iniciando nosso estudo e para deixar bem diferenciada esta dualidade do Direito Civil, apresentamos o seguinte quadro. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 4 QUADRO COMPARATIVO DIREITO PESSOAL DIREITO DAS COISAS 1. Relação entre Pessoas. Dualidade de sujeitos: a) Ativo: credor b) Passivo: devedor 1. Relação direta entre o homem e as coisas. Apenas um Sujeito: Ativo 2. Objeto: sempre uma prestação do devedor (dar, fazer ou não fazer). 2. Objeto: sempre uma coisa (corpórea ou incorpórea). 3. Princípio básico: autonomia privada. 3. Princípio básico: regras de direito público. 4. Não taxativo: as modalidades podem estar previstas ou não em lei. 4. Taxatividade: espécies previstas expressamente em lei (numerus clausus); oponíveis erga omnes. 5. Violados: lesado pode ingressar com ação somente contra a outra a parte. 5. Violados: lesado pode ingressar com ação contra quem detiver a coisa. 6. Extingue-se pela inércia do interessado (prescrição). 6. Conserva-se até que haja uma situação contrária (usucapião). Ex.: contratos em geral Ex.: propriedade CONCEITO Baseado no quadro acima, podemos conceituar o Direito das Coisas como o conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens corpóreos (móveis ou imóveis) ou incorpóreos (direitos autorais, propriedade industrial), suscetíveis de apropriação pelo homem, segundo uma finalidade social. Abrange: aquisição, exercício, conservação e perda de poder sobre os bens. CARACTERÍSTICAS Tipicidade: a relação dos direitos reais é limitada, taxativa. Os direitos reais são somente aqueles que estão previstos na lei (numerus clausus). Absolutos: os direitos reais possuem eficácia erga omnes (repercutem socialmente, impondo respeito à todas as pessoas, que devem se abster de molestar o titular). Sequela: o titular do direito real pode “perseguir a coisa” em poder de terceiros, onde quer que se encontre. Aderência (ou especialização): aderência do direito ao bem. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 5 Publicidade (ou visibilidade): os direitos reais sobre imóveis só se adquirem depois da transcrição no registro de imóveis; sobre móveis só depois da tradição. CONTEÚDO DO DIREITO DAS COISAS (RESUMO) O Direito das Coisas está inserido no Livro III da Parte Especial do Código Civil, abrangendo: I. Posse (art. 1.196, CC): exteriorização da propriedade. NÃO ESTÁ NO EDITAL. II. Direitos Reais (art. 1.225, CC): rol taxativo (numerus clausus) 1) Direito real sobre coisa própria (jus in re propria) a) Propriedade: é o único direito real sobre coisa própria, que confere o título de dono. É o mais amplo direito real. Normalmente a propriedade é plena ou ilimitada, conferindo poderes de posse, uso, gozo ou fruição, disposição e reivindicação. Se este direito sofrer alguma limitação surgem os chamados direitos reais sobre a coisa alheia. 2) Direitos reais sobre coisa alheia (jura in re aliena): é o desmembramento do direito real sobre coisa própria. Em regra, é temporário, uma vez que pelo princípio da elasticidade a coisa tende avoltar à situação original: propriedade plena. Subdivide-se em: a) Gozo ou fruição: é o desmembramento em relação ao uso da coisa e gozo da coisa. Espécies: • Enfiteuse (prevista no Código Civil anterior e recepcionada pelo atual), superfície, servidão, usufruto, uso e habitação. b) Garantia: é o desmembramento em relação à disposição da coisa (limita o direito de dispor da coisa); se não cumprida a obrigação o credor irá dispor da coisa. Espécies: NÃO ESTÁ NO EDITAL. • Penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária. c) Direito real de aquisição: é o desmembramento em relação ao direito de aquisição; o titular transmite a propriedade de forma paulatina. Espécies: • Direito do promitente comprador do imóvel (promessa irretratável de compra e venda). d) Interesse social (Lei n° 11.481/07): Espécies: NÃO ESTÁ NO EDITAL. Concessão de uso especial para fins de moradia e concessão de direito real de uso. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 6 DOS DIREITOS REAIS DISPOSIÇÕES GERAIS DOS DIREITOS REAIS As disposições gerais possuem apenas três artigos. O art. 1.225, CC somente fornece a relação taxativa dos direitos reais, que já vimos mais acima. O art. 1.226, CC dispõe que os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por ato entre vivos, só se adquirem com a tradição. A tradição é a entrega da coisa ao adquirente, em obediência à obrigação assumida no título. Ou seja, ao contrário de outros sistemas, a propriedade sobre coisas móveis adquiridas a título derivado não se transmite com o contrato, mas exige a entrega da coisa alienada ao adquirente; até a tradição, o adquirente é mero credor do alienante. Já o art. 1.227, CC dispõe que os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos, salvo os casos expressos neste Código. Ou seja, a aquisição dos direitos reais sobre bem imóvel, só se concretiza com o registro imobiliário, que é a forma solene pela qual se arquivam os atos translativos da propriedade imóvel. Esses tópicos serão aprofundados mais adiante. Agora vamos analisar o primeiro e mais importante dos Direitos Reais... a Propriedade. PROPRIEDADE (arts. 1.228 a 1.360, CC) É o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar, gozar, dispor de um bem (corpóreo ou incorpóreo) ou reavê-lo de quem injustamente o possua ou detenha. É o mais completo dos direitos subjetivos, sendo o centro do direito das coisas. O atual Código reafirma a função social da propriedade acolhida nos arts. 5°, XXIII e 170, III da Constituição Federal. Elementos – Direitos (art. 1.228, CC) • Uso (jus utendi): faculdade do dono de servir-se da coisa e utilizá-la da maneira que entender mais conveniente, sem modificação em sua substância e sem causar danos ou incômodos a terceiros (ex.: morar em uma casa). • Gozo ou fruição (jus fruendi): recebimento dos frutos (naturais ou civis) e utilização dos produtos da coisa (ex.: aluguel). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 7 • Disposição (jus abutendi ou disponendi): poder de se desfazer da coisa a título oneroso (venda) ou gratuito (doação), abrangendo o poder de consumi- la ou gravá-la de ônus (penhor, hipoteca). • Reivindicação (rei vindicatio): possibilidade de mover ações para reaver o bem de quem injustamente o detenha ou possua. Limitações O direito de propriedade não é mais considerado absoluto; vem se transformando gradativamente em finalidade social, encontrando limites no direito dos outros e em medidas restritivas impostas pelo Estado em favor do interesse público. 1. Constitucionais a) O espaço aéreo e o subsolo pertencem ao proprietário do solo, até a altura e profundidade que lhes seja útil, dentro das limitações legais. O dono do solo é também o dono do subsolo, para construção de passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas, etc. Prevê o art. 176, CF/88 que os recursos minerais e hidráulicos constituirão propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio da União. A pesquisa e a lavra de recursos minerais (jazidas, minas, etc.) e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica e monumentos arqueológicos, somente podem ser efetuados com autorização ou concessão da União. Garante-se ao dono do solo a participação nos resultados da lavra. b) Desapropriação por necessidade ou utilidade pública e por interesse social (art. 5°, XIV e art. 184, CF/88), mediante prévia e justa indenização em dinheiro. c) Requisição: uso da propriedade alheia em caso de perigo público iminente (art. 5°, XXV, CF/88 e art. 1.228, §3°, CC, parte final) ou em circunstâncias especiais, assegurando-se ao proprietário o pagamento de indenização posterior, se houver dano. d) Confisco de terras onde se cultivem ilegalmente plantas psicotrópicas (art. 243, CF/88). e) Os arts. 216, I a V, §§1° a 5°; 23, III e IV e 24, VII , CF/88 colocam sob proteção especial do poder público os documentos, obras e locais de valor histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens naturais notáveis, e as jazidas arqueológicas (o proprietário tem o uso e gozo da coisa, mas não a disponibilidade, uma vez que sua alienação depende de autorização do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). f) Proteção do bem ambiental (art. 225, CF/88 e art. 1.228, §1°, CC). O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as finalidades DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 8 econômicas e sociais, de modo que sejam preservadas a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como seja evitada a poluição do ar e das águas. 2. Administrativas a) Coisas tombadas. b) Ocupação de terrenos vizinhos às jazidas. c) Restrição sobre floresta (Código Florestal): certas árvores, devido à beleza e raridade são imunes ao corte. d) Restrições sobre alinhamento ou altura de construções, por razões estéticas, urbanísticas ou higiênicas; obrigação de murar terrenos, calçar passeios, etc. e) Zona de proteção dos aeroportos: proibição de construir acima de certa altura, dentro do setor de aproximação de aviões. 3. Militares a) Requisição de móveis e imóveis necessários às Forças Armadas e à defesa do povo. b) Faixa de até 150 km de largura ao longo das fronteiras (art. 20, §2o, CF/88). 4. Civis. Direito de vizinhança (impede que o vizinho seja prejudicado quanto à segurança, sossego, saúde), passagem forçada para imóvel encravado, etc. (estes temas serão exploramos mais adiante). CLASSIFICAÇÃO 1. Plena: a pessoa possui todos os elementos da propriedade em suas mãos, sem que terceiros tenham quaisquer direitos sobre o bem. 2. Limitada (restrita): recai algum ônus (hipoteca, usufruto) ou é resolúvel. A pessoa abre mão de um ou alguns dos poderes da propriedade em favor de outrem. Divide-se em duas partes destacáveis: a) Nua propriedade (domínio direto): corresponde à titularidade; ao fato de ser proprietário e ter o bem em seu nome (nu-proprietário, senhorio ou proprietário direto). b) Domínio útil: direito de usar, gozar e dispor da coisa. Uma pessoa é o titular do bem (nu-proprietário), mas outra tem o direito de usar, gozar e até dispor daquele bem (usufrutuário, enfiteuta, etc.). Caracteres da Propriedade 1. Absoluto: o titular pode utilizar o bem como quiser,sujeitando-se apenas às limitações legais ou à coexistência do direito de propriedade de DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 9 outros titulares. Tem natureza absoluta, comparado com os direitos pessoais puros. Relativiza-se quanto aos direitos da personalidade, aos direitos difusos e os interesses da coletividade. 2. Exclusivo: uma mesma coisa não pode pertencer com exclusividade (portanto ressalvado o condomínio, que recai sobre a parte ideal) e simultaneamente a duas ou mais pessoas. 3. Perpétuo: subsiste independente de seu exercício; a propriedade não se extingue pelo fato do titular não utilizar a coisa. Só deixa de existir quando ocorrer causa extintiva, legal ou voluntária. 4. Elástico: pode ser distendida ou contraída no seu exercício, conforme lhe adicionem ou subtraiam poderes destacáveis (nua propriedade e domínio útil). Objeto Tudo o que não for excluído pela lei: bens móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos, etc., desde que tenham valor econômico determinado e sejam aproveitáveis pelo homem. Proteção: Ações Judiciais 1. Ação Reivindicatória: retomada da coisa, quando terceiros a detenham, dizendo-se donos. Só pode ser usada pelo proprietário, ainda que não seja pleno. É a ação do proprietário contra o possuidor sem título ou suporte jurídico, mesmo que de boa-fé. Art. 1.228, CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou a detenha. O autor deve provar: a) o domínio: é a prova da propriedade; o registro; b) individualização da coisa: descrição do imóvel com seus corretos e limites e confrontações, de maneira a possibilitar sua perfeita localização; c) demonstração que a coisa reivindicada está na posse injusta do réu. Efeito →→→→ faz com que o possuidor restitua o bem com todos os acessórios. Se impossível essa devolução por ter perecido a coisa, o proprietário terá direito de receber o valor da coisa. 2. Ação Negatória: defesa do domínio quando o proprietário sofre turbação no exercício de seu direito (empregada nos conflitos de vizinhança). 3. Ação Declaratória: dissipa dúvidas a respeito do domínio. 4. Ação de indenização proveniente de ato ilícito (ex.: destruição da casa em razão de danos provocados por um caminhão desgovernado). 5. Ação de indenização proveniente de ato lícito (ex.: desapropriação). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 10 PROPRIEDADE RESOLÚVEL A propriedade, em regra, tem duração ilimitada. No entanto, em determinadas situações a lei admite que se torne temporária (ad tempus). Isso pode ocorrer quando o próprio título de aquisição subordina a ocorrência de uma condição resolutiva ou de um termo final. Ou seja, no próprio título de sua constituição já há a previsão de sua extinção. Portanto, há um proprietário atual e um proprietário diferido (futuro), com direito eventual à propriedade da coisa. Situações: A) Ocorrência de fato previsto no contrato (art. 1.359, CC). O próprio título constitutivo (contrato) prevê a causa da extinção do direito de propriedade: o implemento de condição resolutiva, ou a expiração de prazo (termo final). O exemplo clássico é o fideicomisso. O testador A (fideicomitente) deixa ao legatário B (fiduciário) uma casa até abril de 2040, quando então a propriedade será C (fideicomissário), filho de B e não concebido ao tempo da morte de A (arts. 1.951 a 1.953, CC). Outro exemplo: retrovenda (art. 505, CC). As partes, em um contrato de compra e venda de imóvel, podem pactuar cláusula no sentido de ficar assegurado ao vendedor o direito de recomprar o bem vendido, no prazo máximo decadencial de 3 (três) anos. Assim, o comprador (atual proprietário) já sabe que, por força do contrato, o seu direito de propriedade será extinto caso o vendedor (antigo proprietário e possível futuro proprietário) exerça o direito de recomprar o imóvel. O atual proprietário, durante o prazo de 3 (três) anos, tem apenas a propriedade resolúvel do imóvel. Se o vendedor não exercer o direito de recompra, o direito de propriedade do comprador (atual proprietário) deixa de ser resolúvel e se torna perpétuo. Nessas hipóteses, a decisão que decreta a extinção do direito de propriedade produz efeitos ex tunc (retroage; produz efeitos desde a data da ocorrência do fato causador da extinção da propriedade resolúvel). B) Ocorrência de fato superveniente não previsto no contrato (art. 1.360, CC). Nesse caso a extinção do direito de propriedade se dá por fato alheio ao título constitutivo, ou seja, de fato não previsto no contrato. É o que corre, por exemplo, no caso de desfazimento da venda feita por condômino sem dar preferência aos demais condôminos (art. 504, CC) ou na revogação de doação por ingratidão (art. 555, CC). Nesses casos, a decisão que decreta a perda da propriedade produz efeitos ex nunc (não retroage; não produz efeitos no passado). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 11 DA PROPRIEDADE IMÓVEL AQUISIÇÃO: é a incorporação dos direitos de dono ao titular. Espécies: usucapião, acessão, registro do título e transmissão hereditária. Classifica-se em: 1. Originária: não há transmissão de uma pessoa para outra. Ou seja, não há nenhuma relação entre o titular anterior e o atual. O indivíduo faz seu o bem sem que este lhe tenha sido transmitido por alguém, ocorrendo um contato direto entre a pessoa e a coisa. Subdivide-se em: acessão e usucapião. 2. Derivada: o domínio transmite-se do anterior titular para o atual. Subdivide-se em: a) Ato inter vivos: negócio jurídico (ex.: compra e venda de uma casa), seguido de registro do título; b) Ato causa mortis: transmissão hereditária legítima ou testamentária. ACESSÃO (art. 1.248, CC) Direito que o proprietário tem de acrescer aos seus bens tudo o que se unir ou incorporar a eles, natural ou artificialmente. Acessão é o aumento do volume ou do valor da coisa principal em virtude de um elemento externo. Rege-se por dois princípios: a) o acessório segue o principal; b) proibição de enriquecimento sem causa. Espécies de Acessão 1. Ilhas formadas por força natural (art. 1.249, CC) – Acúmulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo. Interessam ao direito civil somente as formadas em rios não-navegáveis, por pertencerem ao domínio particular. Isso porque as ilhas formadas em rios navegáveis são consideradas ilhas públicas, pertencendo ao Estado. Regra: traça-se uma linha mediana e imaginária no leito do rio dividindo-o em duas partes. A que se forma entre a linha e uma das margens considera-se acréscimo ao terreno fronteiro desse mesmo lado. 2. Aluvião (art. 1.250, CC) – Acréscimo de terras às margens do rio, mediante lentos e imperceptíveis depósitos naturais ou desvios das águas (aluvião própria). As partes descobertas pelo afastamento parcial das águas dormentes, como lagos e tanques, são chamadas de aluvião imprópria. Não há indenização aos eventualmente prejudicados. Não se consideram aluvião os acréscimos feitos por ação humana. Neste caso, havendo prejuízo, haverá indenização. 3. Avulsão (art. 1.251, CC) – Repentino deslocamento de uma porção de terra avulsa por força natural violenta, desprendendo de um prédio e juntando-se a outro. O dono do imóvel desfalcado perde a parte deslocada, mas DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAISProf. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 12 pode exigir indenização dentro do prazo decadencial de um ano. Se o dono do imóvel acrescido não pagar a indenização, deve permitir a remoção da parte acrescida. 4. Abandono de álveo (leito do rio – art. 1.252, CC) – Rio seca ou desvia seu curso de forma natural e permanente. Mesma solução da formação de ilhas: traça-se uma linha mediana imaginária, o álveo abandonado pertencerá aos proprietários ribeirinhos das duas margens até o seu meio, sem que os proprietários dos terrenos por onde o rio abriu novo curso tenham direito a indenização. 5. Acessões Artificiais (física ou industrial) – Deriva de um comportamento ativo do homem (ex.: plantações, construções), possuindo caráter oneroso. Submete-se à regra de que tudo aquilo que se incorpora ao bem em razão de uma ação, cai sob o domínio de seu proprietário. Aquele que semeia, planta ou edifica: a) Em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes. Fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. b) Em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções. Se agiu com boa-fé, tem direito a indenização. USUCAPIÃO (arts. 1.238 a 1.244, CC) Usucapião (do latim: capio = tomar; usu = pelo uso; tomar pelo uso) é uma forma de aquisição do domínio pela posse prolongada no tempo, sob determinadas condições, independente da vontade do titular anterior. Alguém detém a posse de algo com ânimo de dono, por certo tempo, sem interrupção e sem oposição e requer ao juiz (por advogado) que lhe reconheça a propriedade. Outros direitos reais também podem ser usucapidos, como a superfície, o usufruto, e a servidão predial. Pode recair sobre bens imóveis (arts. 1.238 a 1.244, CC) e móveis (arts. 1.260 a 1.262, CC). A doutrina afirma que se trata de modo originário de aquisição da propriedade, pois não importa saber se o bem estava registrado no nome de outra pessoa (não deriva de relação com o antecessor); “a usucapião se adquire do tempo e não de outra pessoa”. Fundamento: posse unida ao tempo. Posse: fato objetivo. Tempo: força que transforma o fato em direito. ���� Importante: sem posse não há usucapião. A sentença vale como título e deve ser registrada no Registro de Imóveis. Garante a estabilidade e DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 13 segurança da propriedade, fixando um prazo, além do qual não se podem mais levantar dúvidas a respeito de ausência ou de eventuais vícios no título de posse, solidificando as aquisições e facilitando a prova do domínio. Alguns autores chamam a usucapião de prescrição aquisitiva, mas essa terminologia é questionável na doutrina. Requisitos Essenciais (comuns a todas as modalidades de usucapião): Capacidade: o absolutamente incapaz (menor de 16 anos) não pode adquirir e nem perder bens por usucapião (arts. 1.244 e 198, I, CC). Posse contínua, mansa e pacífica sobre o bem (elemento objetivo), exercida ininterruptamente (sem intervalos) e sem oposição. No entanto pode haver soma das posses (art. 1.243, CC), desde que todas elas sejam contínuas e pacíficas. Decurso de prazo previsto em lei. Animus domini (elemento subjetivo): a pessoa deve possuir o imóvel como se realmente fosse seu, com a intenção de tê-lo para si. Isso afasta o detentor, o locatário, o comodatário, o usufrutuário, etc. Essas pessoas embora tenham direito à posse, não podem usucapir, uma vez que sua posse advém de título que as obriga a devolver a coisa. Coisa no comércio: não podem ser usucapidas as coisas fora do comércio, imóveis com cláusula de inalienabilidade, etc. Os bens públicos também não podem ser objeto de usucapião (arts. 183, §3° e 191, parágrafo único, CF/88), qualquer que seja a sua natureza. Não pode ser requerida a usucapião se a situação se enquadrar nas hipóteses dos arts. 197 a 202, CC por força do art. 1.244, CC (ex.: entre cônjuges na constância da sociedade conjugal, entre ascendentes e ascendentes durante o poder familiar, contra absolutamente incapazes, etc.). Também não podem ser usucapidos os bens em condomínio, por um dos condôminos em face dos demais, enquanto mantida a indivisão. MODALIDADES 1. EXTRAORDINÁRIA (art. 1.238, CC) • Posse exercida de forma mansa e pacífica (ou seja, sem oposição, sem contestação de quem tenha legítimo interesse), contínua (sem interrupções) e com animus domini (intenção de dono). Se o proprietário ingressar com alguma medida judicial, quebra-se a continuidade da posse (lembrando que providências extrajudiciais não significam “oposição”). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 14 • Prazo: 15 anos. Reduz-se para 10 anos se o possuidor estabelecer no imóvel sua moradia habitual ou realizar obras ou serviços de caráter produtivo. • Não é necessário provar boa-fé ou justo título. Se adquirida por meio de atos violentos ou clandestinos, não induzirá posse, enquanto não cessar a violência ou a clandestinidade; se adquirida a título precário, jamais se convalescerá. • A lei não menciona o tamanho do terreno e nem o fato de já ser proprietário de outro bem. • Juiz “declara” por sentença. Portanto a sentença não constitui o direito; apenas reconhece (declara) que estão presentes os requisitos legais. Com a sentença faz-se o registro no Cartório de Imóveis. O registro é importante para se dar publicidade e permitir que o autor possa hipotecar, fazer usufruto, vender, doar, etc. No entanto a propriedade se adquire pelo tempo. 2. ORDINÁRIA (art. 1.242, CC) • Posse: contínua, mansa e pacífica (incontestadamente) e com animus domini. • Prazo: 10 anos. • Justo título: ato jurídico que habilita uma pessoa a adquirir o domínio da coisa, mas que não produziu efeitos porque: a) o transmitente não era o dono da coisa, embora acreditasse sê-lo; b) o transmitente não tinha o direito de dispor da coisa ou a transferiu por ato nulo; c) houve erro no modo de aquisição (foi adquirido por instrumento particular, quando se exige escritura pública). • Boa-fé: ignorância de vícios que impediriam a aquisição do domínio (art. 1.201, CC). O justo título e a boa-fé devem persistir durante todo o prazo aquisitivo. A superveniência de má fé após o lapso de tempo aquisitivo não obsta a usucapião. • Sentença Judicial. • Usucapião Tabular (ou de livro): é aquela em que o possuidor detém o bem com base em justo título obtido no Cartório de Registro de Imóveis (daí o nome, pois o imóvel está registrado no livro ou “tábula” registral), cancelado posteriormente (pois se não houvesse o cancelamento a propriedade seria indiscutível). Parágrafo único do art. 1.242, CC: “Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 15 estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”. Assim, protege-se o proprietário aparente, isto é, aquele que adquiriu de boa-fé um imóvel, mas que, por vícios em sua natureza, teve o registro cancelado. 3. ESPECIAL A Constituição Federal, reforçada pelo atual Código Civil, criou outras espécies de usucapião, não exigindo, em qualquer delas, justo título ou boa-fé.a) Rural (pro labore). Arts. 191, CF/88 e 1.239, CC. • Área não superior a 50 hectares. • Posse por 05 anos ininterruptos e sem oposição. • Destinado à sua moradia ou de sua família. • Não ser proprietário de outro imóvel (rural ou urbano). • Tornar a propriedade produtiva por força de seu trabalho ou do de sua família. b) Urbana (pro moradia ou pro misero). Arts. 183, CF/88 e 1.240, CC. • Área não superior a 250 m². • Posse por 05 anos ininterruptos e sem oposição. • Destinada à sua moradia ou de sua família. • Não ser proprietário de outro imóvel (rural ou urbano). • Não pode ser reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 4. FAMILIAR A Lei n° 12.424/11 inseriu o art. 1.240-A no Código Civil, dispondo: “Aquele que exercer, por 02 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex- companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. A doutrina está chamando isso de “usucapião especial urbana familiar”. Requisitos: imóvel único de propriedade do casal e único do usucapiente, não superior a 250 m², posse mansa, pacífica, ininterrupta, com animus domini, por 2 anos, abandono de lar (atinge cônjuge, companheiros e relação homoafetiva), Observação Segundo entendimento jurisprudencial a prova de quitação de débitos tributários (ex.: IPTU) não é considerado como requisito essencial para a concessão da usucapião. A obrigação tributária, até a efetiva transferência da DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 16 propriedade permanece com o antigo proprietário. O novo somente deve ser responsabilizado pelos impostos devidos após a transferência da propriedade para o seu nome. Portanto, ainda que a pessoa não esteja pagando os ônus fiscais poderá requerer usucapião do imóvel. Usucapião coletiva e desapropriação A Lei n° 10.257/01 (Estatuto da Cidade) a admite quando áreas urbanas com mais de 250 m², ocupadas por população da baixa renda para sua moradia, por 05 anos, ininterruptamente, sem oposição e com animus domini, onde não for possível identificar os terrenos ocupados de cada possuidor e desde que não sejam proprietários de outro imóvel, urbano ou rural. Na sentença, o juiz atribui igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão daquele que cada um ocupe. Um proprietário pode ser privado do imóvel que está reivindicando quando este consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas que nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados de interesse pessoal e econômico relevante. Assim, mantém-se no bem aquele que lhe deu uma função social. Trata-se da desapropriação judicial por posse-trabalho (art. 1.228, §4°, CC). Em ambas as situações há uma busca pelo sentido social da propriedade. Diferença: na primeira hipótese a iniciativa é dos habitantes da área que ingressam com a ação pedindo o domínio (não há pagamento de qualquer indenização). Na segunda ocorre algo parecido com uma desapropriação, pois pelo art. 1.228, 5°, CC o juiz fixa uma indenização ao proprietário que perde o domínio para a coletividade. ����IMPORTANTE ���� O exercício da posse durante o período aquisitivo é um fato jurídico. Consumado o prazo, há a aquisição da propriedade, que é relação jurídica. Assim deve o novo proprietário exercer em juízo a pretensão de usucapião, para que seja declarada a existência dessa relação jurídica (art. 1.241, CC). Sendo o pedido considerado procedente a sentença deve ser levada a registro imobiliário como forma originária de aquisição da propriedade, sem que incida imposto de transmissão (que é exigível apenas nas aquisições derivadas, quando há transmissão da propriedade). A sentença proferida possui carga declaratória, porque apenas declara a relação jurídica preexistente. No entanto somente com registro é que a pessoa poderá dizer-se proprietária do bem para todos os fins de direito. O STJ vem decidindo a matéria da seguinte forma (REsp 118.360/SP, Rel. Min. Vasco Della Giustina): “1. A usucapião é modo originário de aquisição da propriedade; ou seja, não há transferência de domínio ou vinculação entre o proprietário anterior e o usucapiente. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 17 2. A sentença proferida no processo de usucapião (art. 941, CPC/1973) possui natureza meramente declaratória (e não constitutiva), pois apenas reconhece, com oponibilidade erga omnes, um direito já existente com a posse ad usucapionem, exalando, por isso mesmo, efeitos ex tunc. O efeito retroativo da sentença se dá desde a consumação da prescrição aquisitiva. 3. O registro da sentença de usucapião no cartório extrajudicial não é essencial para a consolidação da propriedade imobiliária, porquanto, ao contrário do que ocorre com as aquisições derivadas de imóveis, o ato registral, em tais casos, não possui caráter constitutivo. Assim, a sentença oriunda do processo de usucapião é tão somente título para registro e não título constitutivo do direito do usucapiente, buscando este, com a demanda, atribuir segurança jurídica e efeitos de coisa julgada com a declaração formal de sua condição”. REGISTRO – Transcrição (arts. 1.245/1.247, CC) Para a aquisição da propriedade imóvel não basta um contrato, ainda que perfeito e acabado. Pelo contrato criam-se apenas obrigações (art. 481, CC). A transferência do domínio só se opera pela tradição (móveis) ou pelo registro do título translativo (imóveis). Assim, quando se realiza um contrato constitutivo de direitos reais sobre imóveis (compra e venda de uma casa), inicialmente deve-se fazer uma escritura pública. Mas a transmissão da propriedade do imóvel somente ocorre com o registro da transferência no registro de imóveis (transcrição). Estabelece o art. 1.227, CC que os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos, salvo os casos expressos neste Código. Nesse sentido é também o teor do art. 1.245, CC: “Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”. Assim se uma pessoa vender um imóvel e o comprador não registrar o título translativo, o vendedor (alienante) continua a ser havido como o dono do imóvel. Por isso que aqui no Brasil, costuma-se dizer “quem compra e não registra não é dono”. Por isso, logo que se compra um imóvel deve-se registrá- lo em seu nome impedindo que o vendedor o aliene, maliciosamente, uma segunda vez. Vamos supor que o vendedor vendeu o imóvel uma segunda vez e o segundo comprador registrou primeiro o título. Nesse caso, ainda que irregular, esse segundo adquirente será reputado como dono do imóvel, até que o primeiro comprador ingresse com ação própria, demonstrando que seu negócio jurídico foi realizado primeiro e consiga do juiz a decretação de invalidade o registro com seu respectivo cancelamento. Concluindo: uma vez realizado o registro (ainda que irregular) quem registrou será reputado como dono do imóvel. Trata-se do princípio da prioridade: o título aquisitivo apresentado em primeiro lugar ganhará estabilidade e segurança. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br| Prof. Lauro Escobar 18 Segundo o art. 1.246, CC, o registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo (é um apontamento que assinala a entrada de um documento em cartório). A matrícula é o primeiro registro do título, individualizando o imóvel com um número que sempre o acompanhará. As alienações posteriores são registradas na mesma matrícula. Esta é o núcleo do registro imobiliário, exigindo rigoroso controle e exatidão das indicações que nela se contém. O registro sucede à matrícula e é o ato que acarreta a transferência. Reforçando: não é a matrícula que produz os efeitos da transferência da propriedade do imóvel, mas sim o registro. O número inicial da matrícula é mantido, mas os subsequentes registros recebem numerações diferentes, em ordem cronológica. Já a averbação é qualquer anotação feita à margem do registro, indicando as alterações ocorridas no imóvel, seja quanto à sua situação física (edificação de uma casa; uma edícula nos fundos, alteração do nome da rua, etc.), seja à situação jurídica do proprietário (alteração de solteiro para casado, interditado, etc.). Ou seja, averbam-se fatos posteriores à matrícula e ao registro, fatos estes que não alteram a essência desses atos, modificado apenas as características do imóvel ou do sujeito. O efeito principal do registro do título é o constitutivo, pois sem ele o direito de propriedade não nasce. Os demais efeitos: obrigatoriedade, legalidade, publicidade, força probante e continuidade. Retificação Segundo o art. 1.247, CC, se o teor do registro não exprimir a verdade (há alguma inexatidão nos lançamentos), poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. Com isso estabelece-se que o registro imobiliário não é imutável. Caso não represente a verdade, poderá ser retificado ou até mesmo anulado. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. Podemos concluir que no Direito brasileiro o registro confere apenas uma presunção relativa de domínio (juris tantum) de que aquele que tem o nome registrado como titular da propriedade é realmente seu proprietário, pois como vimos, admite-se prova em contrário. Reforçando: apesar de uma pessoa ter uma escritura e de a mesma estar registrada, trata-se apenas de uma presunção relativa de propriedade. DIREITO HEREDITÁRIO (art. 1.784, CC) Forma de transmissão derivada da propriedade que se dá causa mortis, em que o herdeiro (legítimo ou testamentário) ocupa o lugar do de cujus em todos os seus direitos e obrigações. Com a abertura da sucessão (morte do proprietário), a herança se transmite, de imediato, aos herdeiros. Estes são DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 19 considerados, num primeiro momento, condôminos dos bens herdados. Realizado o inventário e a partilha é expedido o formal de partilha, a ser transcrito no registro de imóveis. Após isso cada herdeiro adquire a propriedade individual dos imóveis da herança. PERDA (enumeração exemplificativa – art. 1.275, CC) 1. Alienação – Transmissão voluntária do direito sobre a coisa para outra pessoa. Pode ser onerosa (compra e venda, troca ou permuta) ou gratuita (doação). É indispensável o registro do título transmissivo no registro de imóveis. 2. Renúncia – Ato unilateral pelo qual o proprietário declara expressamente o intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa. Também é indispensável o registro do ato renunciativo no registro de imóveis (ex.: renúncia da herança). 3. Abandono – Ato unilateral em que o proprietário deixa a coisa com a intenção de não tê-la mais para si (res derelictae). Não precisa ser expresso. Abandonada, qualquer pessoa pode ocupá-la, adquirindo a propriedade por usucapião. Nesse tópico, convém a transcrição do art. 1.276, CC: “O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. §1° O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize. §2° Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais”. 4. Perecimento – Perda do objeto. Extinto o objeto ocorre a extinção da propriedade (não há direito sem objeto). Pode se dar de forma natural (avanço irreversível do mar, terremoto) ou por força humana (incêndio provocado, destruição intencional). 5. Confisco – Cultura ilegal de plantas psicotrópicas (art. 243, CF/88: proprietário não será indenizado). 6. Usucapião – Se alguém ganha o direito de propriedade pela usucapião, outrem a perde. O simples não-uso não determina a perda da propriedade. 7. Requisição – Permite à autoridade competente o uso da propriedade particular até onde o interesse público o exigir (art. 1.228, §3°, CC), em caso de perigo público iminente (ex.: guerra). Será definitiva se recair sobre objeto de consumo (ex.: alimentos) e temporária quando se limitar a utilização e posterior restituição da coisa ao proprietário (veículos ou imóveis). Garante-se ao proprietário direito à indenização posterior, se houver dano. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 20 8. Desapropriação – Procedimento pelo qual o Poder Público, por ato unilateral, despoja alguém de um bem, por necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, adquirindo-o mediante indenização prévia e justa, pagável em dinheiro ou, se o sujeito passivo concordar, em títulos da dívida pública (art. 5°, XXIV, CF/88). Ressalva-se à União o direito de desapropriar imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, para fins de reforma agrária. Com a desapropriação o bem perde a categoria de bem particular, passando ao domínio público, sujeitando-se, portanto, ao regime jurídico de direito público. • Necessidade pública: tem por principal característica uma situação de urgência, cuja melhor solução será a transferência de bens particulares para o domínio do Poder Público. • Utilidade pública: se traduz na transferência conveniente da propriedade privada para a Administração. Não há o caráter imprescindível nessa transferência, pois é apenas oportuna e vantajosa para o interesse coletivo. • Interesse social: é uma hipótese de transferência da propriedade que visa melhorar a vida em sociedade, na busca da redução das desigualdades (função social da propriedade). DA PROPRIEDADE MÓVEL Aquisição e Perda Aquisição da propriedade é a incorporação dos direitos de dono em um titular. No entanto, se de um lado uma pessoa adquire a propriedade de uma coisa móvel, por outro lado outra pessoa a perde, concomitantemente. Por isso a aquisição e a perda da propriedade móvel são analisadas ao mesmo tempo. 1. Modo Originário a) Ocupação (art. 1.263, CC): é o assenhoramento de coisa móvel (abrange os semoventes), ainda não apropriada (res nullius) ou abandonada (res derelictae). Não confundir a coisa sem dono ou abandonada com a coisa perdida. Esta deve ser restituída ao dono ou entregue às autoridades. Espécies: Ocupação propriamente dita: tem por objeto seres vivos (caça ou pesca, obedecendo a legislação específica) ou coisas inanimadas. Descoberta: quem acha coisa móvel perdida, não se torna proprietário. Deve restituí-laao dono ou possuidor. Não o conhecendo deve entregá-la à autoridade competente. Apresentando-se o dono e comprovada a propriedade, o descobridor tem direito a recompensa, chamada achádego (não pode ser inferior a 5% do valor da coisa), acrescida das despesas DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 21 com a conservação e transporte. O proprietário, ao invés de pagar a importância, pode abandonar a coisa e o descobridor pode adquirir a sua propriedade. Tesouro: depósito antigo de moedas ou outras coisas valiosas, enterrado ou oculto, de cujo dono não haja memória. Regras: • Pessoa encontra tesouro em imóvel de sua propriedade: o bem pertence somente a ela. • Pessoa acha tesouro em terreno alheio, onde intencionalmente o procurava sem permissão do proprietário: o bem pertence somente ao dono do terreno. • Pessoa acha tesouro casualmente em terreno alheio: divide-se o tesouro em partes iguais - metade para o dono do prédio e metade para quem o achou. b) Usucapião: o fundamento é o mesmo dos bens imóveis, exceto quanto aos prazos: Extraordinária (art. 1.261, CC): exige-se a posse (e não mera detenção) mansa, pacífica e contínua por 05 anos, ainda que sem justo título ou boa-fé. Ordinária (art. 1.260, CC): alguém possui a coisa como sua coisa com base na boa-fé e justo título durante 03 anos, de forma ininterrupta e sem oposição. 2. Modo Derivado a) Tradição: estabelece o art. 1.226, CC que os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição (entrega da coisa). No mesmo sentido é o teor do art. 1.267, CC: a propriedade das coisas móveis não se transfere pelos negócios antes da tradição. Portanto, o contrato não transmite a propriedade das coisas; exige-se a entrega da coisa alienada, sendo que até a entrega o adquirente é um mero credor do alienante. Espécies: • Real: entrega efetiva e material da coisa. • Simbólica: representada por atos que indicam a transmissão da posse (entrega das chaves do carro). • Consensual: - Traditio longa manu: a coisa é posta à disposição do adquirente, por ser impossível a entrega manual (máquinas de grande porte ou grande área de terra posta à disposição do comprador). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 22 - Traditio brevi manu: o adquirente já era o possuidor da coisa e se torna proprietário (locatário que compra o bem). ����Observem as duas faces da moeda. A traditio brevi manu ocorre quando aquele que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio. Já no constituto possessório (cláusula constituti) aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio. Art. 1.268, §2° CC: Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo. b) Especificação (art. 1.269, CC): transformação de uma coisa móvel em espécie nova, pelo trabalho ou indústria do especificador, desde que não seja possível reduzi-la à sua forma primitiva (esculturas, lapidação de pedras preciosas). c) Confusão, comistão e adjunção (arts. 1.272 a 1.274, CC): coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclam ou se misturam de forma a impossibilitar a separação. • Confusão: mistura entre coisas líquidas (água e vinho; álcool e gasolina). • Comistão: mistura de coisas sólidas ou secas (areia, cal e cimento; trigo e glúten). • Adjunção: justaposição de uma coisa a outra (tinta em relação à parede). Se a mistura não foi autorizada e for possível a separação sem deterioração, cada coisa continua a pertencer ao seu dono. Se a mistura foi involuntária e for impossível a separação (ou se exigir dispêndio excessivo), a coisa permanece indivisa, ocorrendo um condomínio necessário. Neste caso cada um dos donos terá quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura. Se uma das coisas puder ser considerada principal em relação às outras, o domínio da espécie nova será atribuído ao dono da principal, tendo este a obrigação de indenizar os demais. Se a mistura for promovida de má-fé a outra parte poderá optar por adquirir o todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou então renunciar ao que lhe pertence, sendo indenizado. d) Sucessão hereditária: herança ou legado. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 23 PROPRIEDADE EM CONDOMÍNIO Em regra, um bem pertence a uma pessoa. Mas o mesmo bem pode pertencer a mais de uma pessoa. Quando isso ocorre trata-se do condomínio. Genericamente podemos defini-lo como sendo a sujeição de uma coisa (divisível ou indivisível) à propriedade simultânea e concorrente de mais de uma pessoa (condôminos). A cada uma será atribuída uma parcela ou quota ideal da parte que lhe couber sobre o objeto comum. Sinônimos: copropriedade, compropriedade, indivisão, comunhão, etc. CLASSIFICAÇÃO 1. Quanto à origem a) Convencional (voluntário): resulta de acordo de vontades do condôminos. Duas pessoas adquirem um bem em conjunto, abrem uma conta bancária em conjunto, etc. b) Incidental (eventual): resulta de causas alheias à vontade dos condôminos. Pessoa doa ou faz testamento deixando um imóvel a dois irmãos. c) Necessário (forçado): deriva de imposição da lei. Meação de paredes, cercas, muros, etc. 2. Quanto ao objeto a) Universal: compreende a totalidade do bem, inclusive frutos e rendimentos. b) Particular: incide sobre uma coisa determinada. CONDOMÍNIO CONVENCIONAL (arts. 1.314 a 1.326, CC) 1. Regras gerais a) Cada condômino exerce o direito de propriedade sobre a coisa toda, delimitado por igual direito dos demais condôminos, na medida de suas quotas, pertencendo a todos a utilidade econômica da coisa. b) O direito de cada condômino ante terceiros abrange a totalidade dos poderes da propriedade. Um condômino pode mover ação de despejo contra o inquilino, mesmo na omissão ou declarada oposição dos demais. 2. Direitos dos condôminos a) Usar livremente a coisa conforme sua destinação e exercer os direitos compatíveis com a indivisão. b) Reivindicar a posse e defendê-la de terceiros. c) Vender a respectiva parte indivisa, respeitando o direito de preferência dos demais condôminos. A venda feita a um estranho com preterição da DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 24 regra só será definitiva após o decurso do prazo decadencial de 180 dias (contado a partir do momento em que cada condômino teve conhecimento da venda). d) Hipotecar a parte indivisa. Não pode gravar o bem em sua totalidade sem a anuência dos demais comproprietários, mas pode dar em garantia real a parte de que dispõe. e) Requerer a divisão da coisa a qualquer tempo. 3. Deveres dos condôminos a) Concorrer, na proporção de sua quota, para as despesas de conservação ou divisão da coisa. b) Responder perante os outros condôminos pelos frutos percebidos e por dano que tenha causado. c) Suportar, proporcionalmente à sua quota, os ônus a que a coisa está sujeita. d) Não alterar a coisa sem o consentimento dos demais. 4. Administração Os condôminos podem usar a coisa comum pessoalmente. Se assim não desejaram, resolvem, pela maioria dos votos se ela será administrada ou alugada, escolhendo o administrador (que pode ser um estranho ao condomínio). Para que ocorra a venda basta a vontade de apenasum condômino. 5. Extinção – Divisão Há casos em que o condomínio perdura indefinidamente (condomínio forçado: paredes, tapumes divisórios, etc.). Sendo voluntário, o estado de comunhão é transitório. Passado o interesse, o condomínio pode ser desfeito a qualquer tempo, requerendo-se a divisão da coisa, para que haja autonomia de cada quinhão, de modo a constituir um todo independente e individualizado. A divisão pode ser: a) Amigável: escritura pública, quando todos os condôminos forem maiores e capazes. b) Judicial: sentença do juiz, não havendo acordo ou se um deles for incapaz. A ação de divisão (arts. 569 a 572 e 588 a 598, CPC/2015) é imprescritível, pois pode ser levada a cabo a qualquer tempo. Os condôminos podem optar pela indivisibilidade da coisa comum por prazo não superior a cinco anos, prorrogável por igual período. Se a indivisão foi estabelecida por testamento, o prazo também não excede a cinco anos. Se o bem for indivisível, pode ocorrer a adjudicação: um condômino o compra, pagando DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 25 preço proporcional aos demais. Não sendo possível esta, a venda se fará em hasta pública. Há preferência dos demais condôminos em relação a estranhos, em caso de igualdade de oferta. O preço obtido será repartido entre os condôminos, na proporção dos quinhões. 6. Compáscuo Significa comunhão de pastagens. Dá ideia (não obrigatória) de reciprocidade: “assim como em meu campo se apascenta o rebanho do meu vizinho, também no terreno deste tenho o direito de colocar o meu gado”. Condomínio forçado: arts. 1.327 a 1.330, CC As paredes, cercas, muros e valas que dividem a propriedade imóvel, pertencem em condomínio aos proprietários confrontantes. Cada proprietário concorre com metade das despesas para a construção ou conservação. Se um deles tiver interesse em executar a obra divisória, comunicará o fato ao vizinho para acordo. Se não conseguir a anuência, ingressará em juízo. Se o interessado construir a divisória sem estas formalidades, há presunção de que o fez por conta própria. Condomínio em Prédios de Apartamentos Condomínio edilício ou horizontal (arts. 1.331 a 1.356, CC e Lei n° 4.591/64) Trata-se de um conjunto de edificações caracterizado pela existência de partes exclusivas e partes comuns. Apresenta-se como propriedade comum ao lado de uma privativa. Juridicamente é a justaposição de propriedades distintas e exclusivas ao lado do condomínio de partes do edifício, forçosamente comuns. Cada condômino é titular: • Da unidade autônoma (propriedade exclusiva): apartamento, escritório, salas, lojas, etc. Pode aliená-la, alugá-la ou gravá-la, sem a concordância dos demais. Não há direito de preferência na aquisição (ao contrário do condomínio comum), salvo se a mesma unidade pertencer a duas ou mais pessoas. Não pode ser privada de saída para via pública. A exceção é o abrigo para veículos (garagem), que não poderá ser alienado ou alugado a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio. • Das partes ideais das áreas comuns: terreno, estrutura do prédio, escadas, elevadores, salão de festas, piscina, rede geral de distribuição de energia elétrica, água, esgoto, gás, etc. A cada unidade cabe, como parte DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 26 inseparável (insuscetível de divisão e alienação separada da respectiva unidade), uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns. Elementos Constitutivos: instituição, convenção e regulamento interno. 1. Ato de Instituição A formação do condomínio se inicia a partir do momento de sua instituição. Trata de um ato inter vivos ou causa mortis (testamento), registrado no Cartório Registro de Imóveis. Requisitos: a) Discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns. b) Determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns. c) Fim a que se destina (residencial, comercial). Outra forma de se instituir o condomínio é a incorporação imobiliária, em que há uma promessa de venda dos apartamentos. O prédio ainda está na planta; o que se visa é conseguir o capital necessário para a construção. 2. Convenção Trata-se do estatuto básico escrito que rege o condomínio, com os direitos e deveres de cada condômino, inclusive a participação nas despesas de manutenção. Deve ser subscrita pelos titulares de no mínimo 2/3 das frações ideais, tornando-se obrigatória a sua observação para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção. Pode ser feita por escritura pública ou instrumento particular, mas para ser oponível contra terceiros, deve ser registrada. Trata-se de uma lei interna da comunidade, destinada a regrar o comportamento, não só dos proprietários- condôminos, mas também de todas as pessoas que ocupam o edifício, na qualidade de sucessores, prepostos, inquilinos, comodatários, usufrutuários, etc. Apesar de seu caráter normativo, evidentemente não pode se sobrepor à lei. A súmula 260 do STJ prevê que a vinculação dos condôminos à convenção não depende do registro. Isto é, mesmo a convenção não estando registrada, o condomínio pode mover ação de cobrança contra o condômino inadimplente. Qualquer alteração da convenção depende de aprovação de 2/3 dos condôminos. Quando houver proposta de mudança da destinação do edifício exige-se a unanimidade. A convenção determinará • Valor da quota proporcional e o modo de pagamento para atender às despesas ordinárias e extraordinárias. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 27 • Forma de administração (própria ou por terceiros). • Competência das assembleias, forma de sua convocação (edital ou notificação) e quorum exigido para as deliberações. • Sanções a que estão sujeitos os condôminos ou possuidores. 3. Regimento interno (regulamento): são regras mais minuciosas sobre o uso das coisas comuns (salão de festas, piscina, responsabilidades dos condôminos, etc.), sendo deliberado pela assembleia e complementando a convenção (não pode ir além desta). 4. Direitos do condômino • Usar, fruir e livremente gravar e dispor as partes privativas, sem autorização dos demais condôminos. Também não há direito de preferência na aquisição de outra unidade. No entanto se a mesma unidade pertencer a dois ou mais proprietários, aplicam-se as regras do condomínio comum. • Usar as partes comuns, conforme sua destinação, contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores; estas não podem ser alienadas separadamente, nem divididas. • Participar das assembleias e votar, estando em dia com as obrigações condominiais. 5. Deveres do condômino • Contribuir para as despesas do condomínio, na proporção de suas frações ideais (salvo disposição em contrário na convenção). • Não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; as reformas devem respeitar as regras estipuladas na convenção e regulamentos; algumas obras dependem de prévia avaliação do projeto do edifício. • Não alterar a forma e a cor da fachada das partes e esquadrias externas. • Dar à sua parte a mesma destinação da edificação (não se pode abrir uma sala comercial em um edifício residencial), e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos demais, ou aos bons costumes. • O proprietário de terraço ou cobertura é responsável pela conservaçãodessa área. • Alienada a unidade autônoma, o adquirente assume responsabilidade pelos débitos anteriores (despesas condominiais, juros moratórios, multas, etc.), cabendo-lhe ação de regresso contra o antigo proprietário (obrigação propter rem). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 28 • A obrigação de arcar com as quotas condominiais é do proprietário (locador) e não do locatário (inquilino). Na prática, transfere-se esta obrigação ao inquilino, mas o condomínio acionará o proprietário em caso de inadimplemento. 6. Obras As necessárias podem ser realizadas pelo síndico, independentemente de autorização. Se de valor elevado e urgente, o síndico ou o condômino que tomou a iniciativa de realizá-la dará ciência à assembleia, convocada de imediato. Não sendo urgente e importando em despesa excessiva, somente pode ser efetuada com autorização de assembleia especialmente convocada. Demais obras dependem do voto: • Da maioria, quando úteis. • De 2/3, quando voluptuárias. • Da unanimidade, para a construção de um novo pavimento ou outro edifício no terreno. Os condôminos não podem realizar obras nas suas unidades que possam comprometer as estruturas e segurança do prédio e não poderão alterar a fachada do local (art. 1.336, CC). 7. Penalidades (multas) a) Atraso no pagamento da contribuição – O não-pagamento da contribuição no dia designado faz com que o condômino incida em mora, sendo desnecessária sua notificação. Sujeita a juros moratórios convencionados, ou, não sendo previstos, de 1% ao mês além da multa de até 2% sobre o débito. b) Descumprimento de deveres condominiais (realização de obras que comprometam a segurança da edificação, alteração da forma e a cor das fachadas, partes e esquadrias externas, etc.) – Sujeita o condômino a multa prevista na convenção que não pode ser superior a cinco vezes o valor da contribuição mensal, independentemente das perdas e danos que se apurarem. Não havendo disposição expressa, cabe à assembleia geral, por no mínimo 2/3 dos demais condôminos, deliberar sobre a multa. c) Descumprimento reiterado – Por deliberação de 3/4 dos condôminos, o infrator pode ser constrangido a pagar multa de cinco vezes o valor das despesas condominiais, conforme a gravidade da falta e a reiteração, independentemente da apuração das perdas e danos. d) Comportamento antissocial reiterado – Quem gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos (inobservância de normas de boa vizinhança) será constrangido a pagar multa de até dez vezes o DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 29 valor da quota condominial. Depende de aprovação de assembleia com quorum de 3/4 dos condôminos, garantido o direito de defesa. 8. Administração a) Assembleia Geral – Órgão máximo e soberano do condomínio. Suas decisões obrigam a todos (salvo se contrárias à lei ou à convenção). • Ordinária: realizada anualmente. Finalidades: aprovação do orçamento das despesas, fixação das contribuições dos condôminos, prestação de contas e outros assuntos de interesse geral. • Extraordinária: convocada por condôminos que representem 1/4 do condomínio, sempre que exijam os interesses gerais. Exige-se a convocação de todos os condôminos. Só pode votar quem estiver em dia com as obrigações condominiais. A Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91) permite o direito de voto ao locatário nas decisões envolvendo despesas ordinárias, na ausência do locador. As deliberações são tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos presentes, que representam pelo menos metade das frações ideais. Em segunda convocação a assembleia pode deliberar por maioria dos votos dos presentes. b) Síndico – Representa o condomínio ativa e passivamente, judicial ou extrajudicialmente. Eleito pela assembleia geral por período de dois anos, permitida a reeleição. Pode ser uma pessoa natural, condômino ou não, ou até mesmo uma pessoa jurídica (empresas especializadas em administração de condomínio). Pode-se eleger um subsíndico, que o auxilie nas funções e o substitua nos impedimentos. O cargo pode ser assalariado. Exerce a administração geral devendo cumprir e fazer cumprir a convenção, o regulamento, o que foi decidido pelas assembleias, diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns, zelando pela prestação de serviços que interessam ao condomínio. Ele é fiscalizado pela assembleia, pois como administra bens alheios, deve prestar contas anualmente, ao final de seu mandato ou sempre que exigidas (art. 1.348, VIII, CC). Geralmente é o síndico quem convoca as assembleias, em que se tomam conhecimento da existência de processo (judicial ou administrativo) de interesse comum. O síndico pode ser destituído em assembleia especialmente convocada, por voto da maioria absoluta de seus membros, quando: praticar irregularidades, negar-se a prestar contas, ou não administrar corretamente o condomínio. c) Conselho Consultivo – Constituído por três condôminos, eleitos pela assembleia geral, com mandato de dois anos, permitida a reeleição. Assessora o síndico, mas não tem poderes executivos. Pode acumular as funções de DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 30 fiscalização, dando pareceres sobre as contas do síndico (conselho consultivo e fiscal). 9. Garagem O condômino pode alugar a sua área para abrigo de veículos. No entanto a Lei n° 12.607/2012, deu nova redação ao art. 1.331, §1°, CC, estabelecendo que “os abrigos para veículos não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio”. Aliás, já havia uma tendência nesse sentido, pois orientavam os Enunciados das Jornadas de Direito Civil promovidas pelo CJF: a) 91 “A convenção de condomínio, ou a assembleia geral, podem vedar a locação de área de garagem ou abrigo para veículo a estranhos ao condomínio”; b) 320 “O direito de preferência de que trata o art. 1.338, CC deve ser assegurado não apenas nos casos de locação, mas também nas hipóteses de venda da garagem”. Segundo a jurisprudência dominante, a vaga de garagem, sendo acessória do principal (apartamento) está isenta de penhora, se este for considerado como bem de família. No entanto se a vaga possuir registro próprio, prevê a Súmula 449 do STJ (21.06.2010) que “A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora”. 10. Seguro É obrigatório o seguro de toda a edificação contra risco de incêndio ou destruição total ou parcial. O síndico pode ser responsabilizado ou mesmo destituído, caso não o faça. 11. Animais Quanto à permanência de animal de estimação em apartamento residencial, prevalece o interesse coletivo e o previsto na convenção. A tendência é a permissão da permanência do animal, desde que não seja perigoso, não coloque em risco a segurança de terceiros, não incomode os demais condôminos, etc. 12. Extinção De uma forma geral um condomínio edilício não é extinto (ao contrário do condomínio comum), principalmente em razão de sua principal característica que é a indivisibilidade da coisa comum. Porém podem ocorrer situações especiais que podem levar à extinção do condomínio (incêndio, desabamento, demolição voluntária, desapropriação etc.). Nestes casos aplica-se o art. 1.357, CC: se a edificação for total ou consideravelmente destruída, ou ameace ruína, os condôminos deliberarão em assembleia sobre a reconstrução, ou venda, porvotos que representem metade mais uma das frações ideais (art. 1.357, CC). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 31 Deliberada a reconstrução, poderá o condômino eximir-se do pagamento das despesas respectivas, alienando os seus direitos a outros condôminos, mediante avaliação judicial. Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida proporcionalmente entre os condôminos. DIREITOS DE VIZINHANÇA São limitações impostas por lei para a boa convivência social, inspirando- se em lealdade e boa-fé. Disciplinam o uso legítimo da propriedade, conciliando interesses de vizinhos e compondo eventuais conflitos de interesses. Características essenciais: a) emanam da lei; b) são obrigações propter rem, acompanhando a coisa e vinculando quem quer que seja; c) atribuem direitos e deveres recíprocos; d) transmitem-se aos sucessores. Espécies: uso anormal da propriedade; árvores limítrofes, passagem forçada, passagem de cabos e tubulações, águas, limites entre prédios, direito de tapagem, direito de construir. Vejamos cada um deles. USO ANORMAL DA PROPRIEDADE (arts. 1.277 a 1.281, CC) O direito de propriedade é limitado em razão do princípio geral que proíbe uma pessoa de comportar-se de forma a exceder o uso normal de um direito, causando prejuízos a terceiros. Por isso, o proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar eventuais condutas prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. Em tese o ato praticado é lícito, mas é prejudicial pelo exagero. Se o ato for ilícito (jogar lixo no quintal do vizinho), o infrator será enquadrado no art. 186, CC. Só são atendidas as reclamações referentes a danos considerados insuportáveis ao homem normal. Esse direito não prevalece quando as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis. Além disso, o proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. Exemplos mais comuns de anormalidade: poluição de águas comuns pelo lançamento de resíduos, existência de árvores que ameaçam tombar no prédio vizinho, festas noturnas com exageros, especialmente barulhos, etc. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 32 Critérios para se verificar a anormalidade: a) função social e ambiental da propriedade; b) abuso de direito no exercício da propriedade; c) perturbação do sossego (barulho), saúde (lixo, resíduos) ou segurança (atividades inflamáveis). Para a solução dos conflitos, consideram-se os fatores (embora nenhum deles seja absoluto): • Grau de tolerabilidade. Se o dano for intolerável o juiz pode determinação a cessão da atividade ou a implantação de medidas que diminuam o dano a um nível tolerável (instalação de filtro de poluição). Se o incômodo for tolerável, despreza-se a reclamação (não há exercício anormal da propriedade, pois a convivência social, por si só, cria a necessidade de se suportar um pouco). • Usos e costumes locais: não se pode ter o mesmo critério em zonas diferentes (residencial, industrial, cidade de veraneio, do interior, etc.). • Natureza do incômodo: barulho, poeira, tapumes que impeçam a visão, etc. • Pré-ocupação: verifica-se quem chegou primeiro no local. Ex.: se um empresário constrói sua fábrica em um local e posteriormente pessoas constroem residências nas imediações, não podem requerer a cessação dos ruídos da empresa. ÁRVORES LIMÍTROFES (arts. 1.282 a 1.284, CC) Situações 1. Tronco da árvore está na linha divisória de dois vizinhos (árvore meia) → A árvore pertence aos dois (condomínio forçado). Não importa se a árvore ocupa mais espaço de um ou do outro terreno. O vizinho não pode arrancá-la ou cortá-la sem a anuência do outro, mas pode podá-la. Os frutos pertencem a ambos. 2. A árvore pertence a um dos vizinhos, porém seus ramos se estendem sobre a linha divisória → Enquanto pendentes, os frutos pertencem ao dono da árvore; ao se desprenderem naturalmente pertencem ao dono do terreno onde os frutos caírem. 3. Raízes e ramos que ultrapassam a linha divisória podem ser aparados pelo proprietário do terreno invadido (inquilino não pode), até o plano vertical divisório. Não se exige um incômodo; basta a ultrapassagem. Não é necessário comunicar o corte ao dono da árvore, que não será indenizado. PASSAGEM FORÇADA (servidão legal) – art. 1.285, CC Direito que tem o proprietário de prédio rústico ou urbano, que se encontra encravado em outro, de forma natural e absoluta, sem saída para a DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 33 via pública, de reclamar do vizinho que lhe deixe uma passagem, mediante pagamento de indenização. É direito fundado no princípio da solidariedade social que preside as relações de vizinhança e no fato de ter a propriedade uma função econômico-social que interessa à coletividade. A fixação do local da passagem é feita por acordo entre os vizinhos e na falta, pelo juiz, impondo o menor ônus possível ao prédio vizinho (serviente). Características: a medida será contra o vizinho contiguo e, se necessário, contra o vizinho não imediato; o encravamento deve ser natural e absoluto (se o imóvel tiver outra saída, ainda que mais difícil e penosa, não se considera encravamento). ����Atenção ���� não confundir passagem forçada (direito de vizinhança que decorre da lei: imóvel encravado) com servidão predial de passagem (direito real sobre coisa alheia, geralmente decorrente de contrato para dar maior comodidade a imóvel não encravado). PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES – arts. 1.286 a 1.287, CC O proprietário é obrigado a tolerar, mediante indenização, a passagem, por seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, quando não houver outra alternativa, ou esta se apresente excessivamente onerosa. A instalação deve ser feita da forma menos gravosa possível; se oferecer grave risco, pode-se exigir a realização de obras de segurança. ÁGUAS – arts. 1.288 a 1.296, CC O proprietário do imóvel inferior é obrigado a receber, sem qualquer indenização, as águas que correm naturalmente do superior (nascentes, rios e águas da chuva). Não se pode impedir ou desviar o curso das águas remanescentes que naturalmente escoem para o prédio inferior. Deve-se facilitar o escoamento natural, com a abertura de canais e valetas. A condição não pode ser agravada por obras realizadas pelo dono do prédio superior. Também não se pode poluir estas águas. Beirais Embora o vizinho seja obrigado a receber as águas que correm naturalmente para o seu prédio, não é obrigado a suportar as que ali fluam artificialmente por meios de calhas (estilicídio). O proprietário deve construir o beiral de seu telhado de modo a não despejar águas sobre o prédio vizinho. LIMITES ENTRE PRÉDIOS – art. 1.297, CC O proprietário pode obrigar seu vizinho a proceder à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e renovar marcos destruídos ou DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 09: DIREITOS REAIS Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro Prof. Lauro EscobarEscobarEscobarEscobar
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