Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Semiologia do Sistema Respiratório Luana C de Melo Medicina Veterinária Fevereiro 2003 Universidade Estácio de Sá UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Luana Cabral de Melo Introdução à Semiologia Veterinária Semiologia do sistema respiratório FEVEREIRO 2023 SEMIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Um dos primeiros desafios do diagnóstico dos problemas respiratórios é saber se o problema é primário ou se a alteração respiratória é secundária à uma alteração inicial. Funções básicas do Sistema Respiratório Oxigenação Sanguínea O sistema respiratório é responsável pela captação do O2 e oxigenação do sangue e tecidos. Os pulmões são responsáveis pela oxigenação do sangue, e o sangue, mais especificamente da hemoglobina que é responsável pelo transporte do O2 e oxigenação dos tecidos. A cianose não necessariamente é um problema na oxigenação do sangue, podendo estra na oxigenação dos tecidos. Eliminação de CO2 O dióxido de carbono é um composto tóxico, podendo levar a quadros de intoxicação do organismo e em quantidades excessivas pode levar o animal a óbito, pois interfere diretamente na função ácido-base do organismo. A eliminação de CO2 diminui a acidez do sangue. Equilíbrio acidobásico O pulmão é o primeiro órgão a buscar a homeostase da função acidobásico quando o animal apresenta algum distúrbio, principalmente distúrbios metabólicos como acidose ou alcalose metabólica. O pulmão busca a compensação por eliminação ou retenção do CO2. Pacientes em acidose metabólica tem sua compensação com o aumento da FR para eliminar CO2. Pacientes em alcalose metabólica tem sua compensação feita com a diminuição da FR e com isso a retenção de CO2, compensando a alcalose. Além do pulmão, somente o rim faz a compensação do equilíbrio ácido-base do organismo, porém não é imediata, demorando de 24 a 48h. O pH é o principal fator que interfere na velocidade das reações enzimáticas. Termorregulação Os animais utilizam a FR para dissipação de calor. Animais que não tem glândulas sudoríparas utilizam a polipneia e o ofego pra termorregulação, e mesmo os equinos e ruminantes que possuem as glândulas ainda utilizam o sistema respiratório para a maior parte da termorregulação. A hematose só ocorre nos alvéolos pulmonares. Alguns alvéolos não tem contato íntimo com a rede circulatória, classificados de espaço morto alveolar. As demais estruturas do sistema respiratório que não fazem hematose são destinadas à termorregulação. Função Sexual Eliminação de hormônios sexuais pela respiração. Vocalização Serve como comunicação para algumas espécies. Anatomia do sistema respiratório Trato respiratório extratorácico É formado pela narina, seios frontais, faringe, laringe, traqueia cervical ou extratorácica. Narinas A avaliação das narinas é feita pela inspeção direta, observando as mucosas, a presença de secreção, presença de lesões e os odores exalados pelo animal que podem evidenciar doenças como a cetose em ruminantes, caracterizada por um odor cetônico na respiração, leite e urina. Seio frontal Na inspeção visual deve-se avaliar a simetria do plano frontal, pois é comum deformação em casos de sinusite pelo acúmulo de líquido, muito comum após a descorna bovina. Além da inspeção, deve-se fazer a percussão buscando um som claro/oco, que indica normalidade. Caso haja líquido nos seios frontais o som característico é maciço ou submaciço. Faringe e laringe São avaliadas pela palpação a procura de alterações gritantes como assimetrias e aumento de volume ou mais sutis como reflexo de tosse ou espirro podendo indicar traqueíte. A forma mais precisa de se avaliar a rotina, principalmente em cavalos é pela endoscopia. Traqueia É avaliada pela palpação buscando a integridade dos anéis traqueias e mobilidade da traqueia extratorácica. Broncoscopia e endoscopia são os exames indicados para avaliação da traqueia. O RX só permite a realição de exames periféricos pois não tem penetração para captação da imagem. Mecanismos de defesa Presença de Muco Todo trato respiratório é coberto por muco que tem a função de aderência de partículas agressoras antes que elas adentrem nas partes mais profundas do sistema respiratório. Cílios das células cilíndricas ciliadas O muco está associado às células cilíndricas ciliadas recobrem todo trato respiratório, e os cílios estão em constante movimento que vai do interior do trato respiratório para o sentido externo. A resposta mucociliar consiste na aderência das partículas agressoras no muco e seu transporte para fora do trato respiratório pelo movimento constante dos cílios. Um animal desidratado pode ter a diminuição da defesa do trato respiratório uma vez que a desidratação acarreta na diminuição da produção de muco. Os umidificadores de ar são eficientes para melhorar a estratégia fisiológica de defesa. Macrófagos alveolares Encontra-se na parte mais profunda do trato respiratório, realizando uma resposta celular inespecífica, fagocitando todo e qualquer tipo de partícula estranha ao organismo. Como resposta celular mais específica temos a atuação das imunoglobulinas A presentes no troto respiratório anterior e as imunoglobulinas G, que são as imunoglobulinas de memória, presentes no trato respiratório posterior. Avaliação do sistema respiratório Anamnese A finalidade da anamnese é buscar indícios respiratórios, buscando alterações clínicas perceptíveis como a presença de corrimento nasal unilateral ou bilateral, por quanto tempo, coloração da secreção. Se o animal tem espirro ou tosse perceptíveis pelo proprietário ou através da palpação da traqueia. Intolerância ou fadiga durante o exercício são sinais de problemas no trato respiratório. Presença de ruídos audíveis durante a respiração não é normal em animais de grande porte. Alterações na frequência e no tipo de movimento respiratório como taquipneia e bradipneia são indícios de problemas, podendo vir como queixa principal ou serem percebidas durante a inspeção. A dispneia tem posturas características que sinalizam a dificuldade de respirar como pescoço estendido para tornar o caminho do ar mais retilíneo, cavidade oral aberta para aumentar a captação de ar do ambiente e membros anteriores afastados do eixo corpóreo para expandir o tórax. BIBLIOGRAFIA Aulas de Semiologia Veterinária Professor Rodrigo Hanke FEITOSA, Francisco Leydson F. Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico - 3ª edição São Paulo: Roca, 2014
Compartilhar