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Formação Sociocultural Prof. Esp. Cleber Kojo “Não é de bom tom puxar o assunto da cor”, pois, afinal de contas, “em casa de enforcado não se fala em corda”. Nogueira, 1998, p. 13 22 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● A desigualdade social é um fenômeno mundial na sociedade contemporânea e é reflexo da má distribuição de renda. ● Hoje estamos entre os dez países entre os mais desiguais do mundo. ● Metade da população é negra, mas mesmo assim, o negro tem cinco vezes mais chances de ser analfabeto que um branco. 3 Oracy Nogueira analisa o racismo através de um olhar sociológico e se orienta no sentido de desvendar o estado das relações entre os componentes brancos e negros da população brasileira. 4 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● Oracy Nogueira aponta para a intensidade do racismo, onde nos Estados Unidos o racismo era explícito havendo, inclusive, diversas leis que separavam brancos e negros na sociedade. ● Já no Brasil, leis racistas existiam em menor quantidade e o racismo se apresentou de forma implícita. ● Desta forma, Nogueira chamou o racismo explícito norte- americano de racismo de origem, e sua versão brasileira, mais implícita de racismo de marca. 5 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● Entende-se racismo de marca como preconceito de cor, uma vez que está associado ao fenótipo (aparência física) do indivíduo, já o de origem está relacionado a um preconceito ligado à genealogia do indivíduo. 6 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● 01) quando o preconceito de raça se apresenta em relação à aparência da pessoa, quando toma os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, é nomeado como racismo de marca, mas; ● 02) quando apenas a suposição de que este indivíduo descende de certo grupo étnico para que sofra as consequências do preconceito, denomina-se, racismo de origem. 7 8 Nos EUA [...] o branqueamento, pela miscigenação, por mais completo que seja, não implica incorporação do mestiço ao grupo branco. Mesmo de cabelos sedosos e loiros, pele [branca], nariz afilado, lábios finos, olhos verdes, sem nenhum [traço] característico que se possa considerar como negroide e, mesmo, lhe sendo impossível, biologicamente, produzir uma descendência negróide, ‘por mais esforço que faça, para todos os efeitos sociais, o mestiço continuará sendo um ‘negro’. (NOGUEIRA, 1998, p. 27). O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● Nos Estados Unidos, devido à definição de “negro”, há indivíduos completamente brancos que são considerados “negros” por se envolverem com pessoas negras, ou por amizade ou por relações afetivas. São chamados de nigger-lover, isto é, os que amam ou gostam de negros e sofrem preconceito racial igualmente. 9 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● No Brasil o racismo de marca faz com que se tenha preconceito com o negro desconhecido, mas afetividade com os negros próximos. ● Isso não reduz as brincadeiras sobre o negro que “quando não suja na entrada, suja na saída”, “negro urubu” ou “negro macaco”. ● As crianças reproduzem o que vivenciam no dia-a-dia. Pois temos falta de negros nos desenhos, nos filmes, novelas, jornais, etc. ● Isso não elimina o racismo, ele continua latente e implícito. 10 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● Enquanto nos EUA o negro é segregado, o Brasil assimila, é miscigenacionista. ● Acreditamos no mito da miscigenação das três raças: brancos, negros e indígenas. ● Não é uma mentira, entretanto muito se reduziu a discussão étnica a miscigenação desses grupos. ● Acreditávamos que a mistura das raças embranqueceria o povo brasileiro, ou seja, acreditamos que ser branco é melhor. 11 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● No Brasil quando há um casamento entre uma branca e um negro ainda se ouve “ele teve sorte” por casar-se com uma mulher branca ou “ela teve azar” por casar-se com um homem negro. ● Entretanto, O brasileiro não despreza a miscigenação racial, na verdade a vê como algo inevitável nessa terra. Além de assimila os traços culturais nas relações étnico-raciais. Ele incorpora os traços culturais de outra cultura aos traços culturais brasileiros. ● Em geral, espera-se que o indivíduo de uma determinada cultura africana, por exemplo, abandone, aos poucos, sua herança cultural, em proveito da “cultura nacional”. 12 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● Nos Estados Unidos os brancos querem se ver longe dos negros mantendo-os em seus núcleos separados com seu modo de vida à parte. Essa realidade americana vem diminuindo bem lentamente. ● No Brasil, a ideologia de relações inter-raciais, como parte do modo de ser nacional, envolve uma valorização do igualitarismo racial e condena a manifestação intencional de preconceito. Isso acoberta um racismo velado por aqui. 13 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● No Brasil ainda, onde o preconceito é de marca, a etiqueta não permite a discriminação racial. Assim, por aqui, não é bem visto puxar assunto sobre cor de pele diante de uma pessoa negra. ● Em contrapartida, em uma briga com uma pessoa negra, a ofensa é direcionada à sua origem étnica, isto é, ofende-se a pessoa destacando a sua cor de pele. ● Desta forma, o negro no Brasil, toma consciência da própria negritude em momentos de conflito, quando o adversário procura humilhá-lo lembrando-lhe a cor da pele. 14 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● Quanto à estrutura social, onde o preconceito é de marca, a probabilidade de ascensão social diminui, ficando o preconceito de raça disfarçado sobre o preconceito de classe. ● Isso é usado para negar o preconceito racial no Brasil. Já nos Estados Unidos, onde o preconceito é de origem, brancos e negros vivem separados, como se fossem duas sociedades paralelas. 15 O MAIOR LEGADO DA ESCRAVIDÃO: O RACISMO ● No Brasil, onde o preconceito é de marca, a luta do discriminado tende a se confundir com a lutas que envolvem a classe social. ● Muitos negros no Brasil não lutam para conquistar direitos negados aos negros, mas lutam por direitos sociais e, assim, sem perceber confundem os dois direitos e negam que os negros tiveram seus direitos negados em privilégio dos brancos. ● Mas, onde o preconceito é de origem, o grupo discriminado atua politicamente como minoria organizada, coesa e, portanto, capaz e propensa à ação política. 16 17 Obrigado! Cleber Kojo Contatos: @cleberkojo & cleberkojo@gmail.com.br
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