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INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - É a fixação e multiplicação bacteriana do trato urinário, podendo resultar em cistite, pielonefrite e bacteriúria assintomática. · Existem duas grandes formas clínicas de ITU, a cistite (inflamação/infecção do TUI) e a pielonefrite (inflamação/infecção do TUS) - Devido à grande importância da vacina pneumocócica, a principal causa de febre sem foco inflamatório de origem bacteriana é a ITU · O foco urinário é o principal foco de sepse (quadro generalizado) - Frequência e recorrência · 1º pico – 1º ano é mais comum anomalias (predomínio meninos) · 5-5,5:1 de relação, sobretudo pela presença de fimose · 2º pico – treinamento esfincteriano (predomínio em meninas) · 10:1 de relação, por questões anatômicas, fisiológicas e de higiene · 3º pico – atividade sexual (predomínio em meninas) - Fatores de risco de ITU · Ausência de circuncisão em meninos – prepúcio é um grande reservatório de bactérias e vírus (HPV) · Obstrução urinária – qualquer situação que iniba o fluxo unidirecional, aumenta o volume de resíduo miccional que é um meio de cultura para bactérias · Disfunção miccional – mesmo raciocínio do resíduo miccional · Constipação – relação em paralelo de dismotilidade do trato urinário e trato gastrointestinal (infecção por E. coli) · Sexo feminino – uretra curta e anteriorizada muito mais exposta que o menino, por isso aumenta muito mais o risco do ponto de vista anatômico, fisiológico, treinamento esfincteriano, higiene e atividade sexual. · Região do períneo · Refluxo vesicoureteral – é um dos fatores mutáveis/tratáveis, sendo uma das causas isoladamente importante de ITU de repetição. · O fluxo unidirecional é importante para limpar o trato geniturinário - Agentes · Escherichia coli – é o mais importante (70-90% dos casos de ITU, principalmente em meninas) · Relação com a constipação · Proteus – relação com cálculos de estruvita (propriedade de conversão da ureia em amônia) · Em meninos maiores de 1 ano, é tão frequente quanto o E. coli em termos de prevalência. · Outros gram-negativos · Gram-positivos – S. saprophyticus (é o Staphylococcus mais comum) · Vírus – adenovírus 11 e 21 (cistite hemorrágica) · Fungos é algo raro (cândida) - Quando suspeitar? · Febre por mais de 24 horas sem foco aparente por mais de 48h · UTICalc – possibilidade de ITU antes e depois do sumário de urina · Ferramenta de probabilidade · RVU e mal formações estruturais e funcionais do trato urinário – são causas importantes · Sequelas renais, não pela ITU em si, mas por conta dessas mal formações estruturais e funcionais prévias – solicitar USG · História de ITU prévia · Atividade sexual CLÍNICA - Sintomas mais frequentes · No RN e lactente – o principal sinal é a febre sem foco aparente (adequado solicitar um sumário de urina) · Outros sintomas – vômitos, diarreia, icterícia persistente, recusa alimentar, irritação, septicemia e o ganho de peso insuficiente. · No pré-escolar – continua com febre, além de urina fétida, dor abdominal, disúria, polaciúria (mais frequente), incontinência (perda) e urgência miccional (rapidamente). · No escolar – sintomas miccionais, enurese secundária, dor lombar e febre. · Adolescente – disúria, polaciúria, pielonefrite com dor lombar e febre. - A febre pode ser a única manifestação, e até que se prove o contrário, qualquer infecção do trato urinário febril é uma pielonefrite. DIAGNÓSTICO - A partir de 3 meses temos uma conduta menos invasiva, então até 2 meses a conduta é mais invasiva. - EAS + urina tipo 1 · Nitrito positivo – alta especificidade (>90%) e baixa sensibilidade · Se der positivo, provavelmente é ITU. Mas se der negativo, não afasta ITU. Possui um VPP importante · Leucocitúria – frequente ITU sintomática, e ausente não afasta · Bacterioscopia – ótimo método de triagem para uso do antimicrobiano, fazendo estudo por Gram, mas não é feito em todo lugar · Esterase leucocitária – menos específico que o nitrito, mas é importante pelo VPP · A esterase é uma enzima produzida pelos leucócitos · Hematúria maior ou igual a 5 hemácias por campo · Piúria maior ou igual a 5 piócitos ou 10.000/mL - Urocultura · É o padrão-ouro para ITU. Então mesmo se eu suspeito que seja uma ITU, e o EAS não mostre nada, daí pode-se solicitar uma urocultura. · Punção suprapúbica (PSP) – qualquer número de colônia gram-negativa é considerado positivo · Junto com o CVTU é considerado o método mais adequado para criança que não controla o esfíncter. · Cateterismo vesical (CVTU) maior ou igual 1.000 a 50.000 colônias · Jato médio maior ou igual a 100.000 colônias · Saco coletor maior ou igual a 100.000 colônias · Deve-se lavar a genitália externa a cada 30 minutos, e a cada 30 minutos trocar o saco coletor. Envolve uma ótima higienização do meato uretral externo, feita com sabão neutro. · E se vier o diagnóstico de ITU pelo saco coletor, é preciso repetir a cultura por PSP ou CVTU · A urinocultura é obrigatório para a confirmação diagnóstica - US de rins e vias urinárias · Menor de 2 anos febril com ITU é ideal para todos, é adequado para avaliação de mal formações. · Todo paciente com ITU atípica · Sepse · Gravemente doente · Diminuição do fluxo urinário · Palpação de massa abdominal ou bexiga · Cr elevada · Falha do tratamento por 48h · Outro germe que não a E. coli · Todo paciente com ITU recorrente – considere quando? · 2 ou mais pielonefrite · 1 pielonefrite e 1 cistite (cistite não causa febre, mais comum em crianças maiores de 2 anos) · 3 ou mais cistite · Todo paciente com antecedente de doença renal, urológica, baixo ganho de peso ou HAS. - Uretrocistografia miccional (UCM) · É um método invasivo, é o método de escolha nas uropatias obstrutivas. · Por ser um método invasivo, não se deve usar durante a vigência da ITU. E para sua realização, devo fazer uma profilaxia prévia. · Indicado quando · 2 ou mais ITU febril · ITU febril e anormalidades USG de vias urinárias/ITU atípica e antecedente familiar de doença renal/urológica e baixo ganho de peso ou HAS. - Cintilografia renal · Pode ser feita com a técnica de DMSA com tecnécio 99, depois de 4-6 meses após a ITU · Serve para avaliar a cicatriz renal · É dita cintilografia estática · Adequado para · Menor de 3 anos com ITU atípica e recorrente · Maior de 3 anos com ITU atípica · A cintilografia com DTPA ou dinâmica é feita para avaliar fluxo renal, seu uso não é tão usado. - Quando investigar a ITU com exames de imagem? (de acordo com a academia americana de pediatria) · 1º episódio de pielonefrite entre 2 a 24 meses - investiga com USG · Se estiver normal – seguimento · Se estiver alterado – UCM · Após o 2º episódio de pielonefrite – investiga com USG e UCM - Quando investigar ITU com exames de imagem? (de acordo com a SBP) · 1º episódio de pielonefrite (até 2 anos) · USG + UCM · Se RVU – DMSA · Se obstrução – DMSA, DTPA ou urografia excretora (UE) · Após 2 anos (até os 5 anos) · USG – e se alterada – UCM ou DMSA TRATAMENTO - Para o recém-nascido · Internamento com penicilina e aminoglicosídeo (pensando com gram-negativo, E. Coli) · Estafilococos ou Enterococos – Vancomicina + aminoglicosídeo · Com o paciente internado, uma opção de tratamento é a Cefalosporina de 3ª geração ou um aminoglicosídeo · Lembrar que Ceftriaxona não faz <1 mês devido ao risco de impregnação de bilirrubina. · Em menores de 3 meses toda criança deve ser internada – cobrir E. coli · Revisão em 48 horas - Crianças > 3 meses · O internamento vai ser de acordo com o estado geral da criança, se aspecto de sepse (pele mosqueada...), sem aceitação oral ou estado geral ruim devemos internar. · Se não, fazer uma revisão em 48h – e orientação para a mãe, para que se a criança não estiver melhorando deve-se retornar. · Febre – contraindica nitrofurantoína e ácido nalidixico, pois não fazer níveis altos no parênquima renal · Sem melhora clínica ampliar o esquema · Se melhora com sensibilidade no antibiograma – não precisa de controle · Se estiver com febre · O tratamento oral: · Cefuroxima · Cefactor · O tratamento venoso: · Cefuroxima· Gentamicina · Amicacina · Piperacilina-Tazobactam · Se for afebril (cistite) · Nitrofurantoína · Cefalexina (ataca mais a flora intestinal) · SMT-TMP - Quais as indicações de profilaxia de ITU? · RVU grau IV e V · Enquanto aguarda exames · Uropatia obstrutiva · Bexiga neurogênica · Duração de 3 a 6 meses · Anomalias urológicas significativas - Quais a drogas da profilaxia? · RN de até 60 dias – cefalexina · RN após 60 dias – nitrofurantoína/SMT-TMP Conduta de ITU febril em menores de 2 anos Higiene da genitália – sabão neutro Cistite - O grande objetivo de tratar é para evitar a formação de uma infecção de TUS. Nesses casos, pode até esperar a cultura - O tratamento é feito ambulatorial por 3 a 5 dias, com: · Sulfametoxazol-Trimetoprim · Nitrofurantoína · Amoxicilina · Cefalexina Pielonefrite - É uma infecção do TU febril - A nível hospitalar é feito Ampicilina + Aminoglicosídeo/ Ceftriaxona/ Cefotaxima · É feito a hospitalização se: · Crianças menor igual a 3 meses · Sepse · Não ingere líquidos, desidratação, vômitos e prostação - Nível ambulatorial – Cefixima/Ceftriaxona/Ciprofloxacina - Cicatrizes renais – região com perda de função renal (ITU de repetição, preciso entender o motivo da ITU)
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