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Câncer de Tireoide Introdução • Raro: 1% de todos os tipos, apresentando números mais elevados atualmente por maior investigação; • Um dos tumores malignos com maior taxa de cura; • Sobrevida média 90% após 10 anos do di- agnóstico (principalmente tipo folicular ou papilífero); • Baixa recidiva. → • EUA, incidência: - Mulheres: 5-9 casos por 100.000; - Homens: 2-4 casos por 100.000; • Origem: células foliculares (90%), para- foliculares e as não tireoidianas, como lin- fomas, carcinosarcomas, lesões metastáti- cas (principalmente região cervical), terato- mas e hemangioendoteliomas. → • É classificado de acordo com a histologia. Histologia Origem (células) Frequên- cia Carcino- mas bem diferencia- dos Papilífero Foliculares 80% Folicular Foliculares 10% Carcinoma medular Parafolicu- lares 5% Carcinoma indiferenci- ado/anaplásico (metás- tase óssea e pulmonar) - <5% Linfoma primário de ti- reoide Células não tireoi- dianas <5% Outros Quadro clínico → • Evolução clínica variável, geralmente boa; • Muitas das vezes é um achado, em que o paciente realiza um USG de tireoide na ava- liação ginecológica, exame admissional ou outro fator, sendo observado um nódulo que, dependendo da indicação, pode ser subme- tido à punção para biópsia; • Tratamento é, geralmente, cirúrgico; • Bom prognóstico quando tratado adequa- damente, com mortalidade similar ao da po- pulação geral; • Carcinoma anaplásico é altamente agres- sivo e maior parte falece em semanas a pou- cos meses. → • Nódulo na região cervical (5-10% malig- nos); • Dados que aumentam a probabilidade de malignidade: - Exposição à radiação ionizante ou radio- terapia cervical; - Histórico de tireoidectomia parcial por carcinoma de tireoide; - Câncer de tireoide em parentes de 1º grau - Nódulos incidentais ao PET-FDG, espe- cialmente se realizado para acompanha- mento de outra neoplasia; - Extremos de idade (crianças e idosos com nódulos tem mais chances); - Homens; - Rápido crescimento; - Fixação a estruturas adjacentes; - Linfonodomegalia; - Consistência endurecida ou pétrea. Marianne Barone (15A) Endocrinologia – Prof. Paula Normando Características sugestivas de malignidade Histórico Achados ultrassono- gráficos Diagnóstico prévio de câncer de tireoide Nódulo hipoecoico Exposição à radiação ou radioterapia Calcificações História familiar de cân- cer de tireoide Limites imprecisos/mar- gens irregulares Nódulo incidental em PET-FDG Parâmetro anteroposte- rior > transverso Exame físico Vascularização central Nódulo físico às estrutu- ras adjacentes Aparente invasão extra- tireoidiana Linfadenopatia cervical Linfonodos com calcifi- cação/degeneração cís- tica/arredondado e sem halo hiperecoico Paralisia de corda vocal ipsilateral Achados citológicos (PAAF) Achados laboratoriais Positiva para câncer (99%) Calcitonina >100pg/mL (basal ou após estímulo) → preditiva de câncer medular de tireoide Suspeita para CA papilí- fero (50-70%) Suspeita de neoplasia folicular em nódulo ató- xico (20-30%) Carcinomas diferenci- ados de tireoide • São eles: papilífero (80%) e folicular (20%); • Habitualmente, eutireoideo, ou seja, sem nenhuma manifestação clínica que sugira alteração na tireoide ou apresenta quadro clínico típico de hipotireoidismo e hiperti- reoidismo, sendo requerido um USG que apresenta alteração nodular; • Folicular pode se apresentar como nódulo autônomo, com hipertireoidismo (raro). → • Qualquer faixa etária, predominando entre 3ª-5ª década; • Crescimento lento, baixo grau de progres- são; • Sobrevida 80% após 10 anos de diagnós- tico; • Disseminação pelos linfáticos intra glan- dulares, outras partes da tireoide e linfono- dos, lesões multicêntricas; • Por ocasião da apresentação, 25% têm me- tástase cervical, 20% têm invasão extra-ti- reoidiana e 5% metástase à distância; • Metástase pulmonar é a mais frequente: distribuição miliar ou imagem nodular; • 5-10% evoluem para óbito, habitualmente, apresentam variantes histológicas mais agressivas, como de células altas ou coluna- res; • Na imagem, nota-se metástase pulmonar de padrão miliar num paciente com carci- noma papilífero de tireoide. → • Maior prevalência em regiões com inges- tão deficiente de iodo; • Pico de incidência na 5ª década de vida; • Diagnóstico pelo achado casual de nódulo de tireoide ou crescimento recente de nó- dulo em bócio de longa duração ou por me- tástase à distância (15-20% dos casos); • Geralmente pacientes hipertireoideos tem a tireoide aumentada, podendo ter um nó- dulo; • Metástase à distância pode ser manifesta- ção inicial, mesmo quando o tumor < 1cm, no pulmão ou osso, com ou sem fratura pa- tológica e, menos comumente, com metás- tase cerebral; • Nas imagens, tem-se uma metástase pul- monar de um carcinoma folicular, indicada pela seta, e na outra a metástase óssea; • Pode ocorrer metástase cerebral e metás- tase óssea vista na cintilografia; • Raros: metástase para linfonodo cervical (ocorre mais em casos de carcinoma papilí- fero), cutâneas, hepáticas, adrenais, renais, cardíacas ou região selar; • Existem relatos de casos de hipertireoi- dismo por metástases funcionantes em pul- mão e ossos. → • Idade > 40 anos, com maior recorrência nos extremos de idade (crianças ou idosos); • Invasão vascular ou de cápsula; • Metástase à distância; • Papilífero em 30 anos: recidiva 31% e mortalidade 6%, principalmente se não for realizada a tireoidectomia total, caso paci- ente fizer parte dos fatores de mau prognós- tico; • Folicular em 30 anos: recidiva 24% e mortalidade 15%, caso paciente fizer parte dos fatores de mau prognóstico. Carcinoma medular • Esporádica ou familiar (autossômica do- minante), de prognóstico pior; • NEM = neoplasia endócrina múltipla; - NEM-2A: mais frequente, traço domi- nante, 100% de penetrância para carcinoma medular de tireoide, 50% podem desenvol- ver feocromocitoma e 25% hiperparatireoi- dismo primário; - NEM-2B: menos frequente, forma mais agressiva e precoce de CMT, geralmente as- sociado com feocromocitoma, habitus mar- fanoide e neuromas múltiplos de língua, pálpebras e mucosa oral, com ganglioneu- romas no trato gastrintestinal; • CMT familiar (pode ser esporádico ou fa- miliar) é causado por mutações no proto-on- cogene RET; • O esporádico não tem mutações na linha- gem germinativa. → • Leve predominância feminina; • Qualquer faixa etária, com pico nas 5ª -6ª décadas; • Formas familiares manifestam-se mais precocemente - Forma familiar isolada tipicamente na 3ª década; - NEM-2A na 2ª década - NEM-2B com < 10 anos de idade • Na forma de tumor neuroendócrino secreta calcitonina (marcador tumoral) e várias ou- tras substâncias bioativas, sendo calcitonina e CEA os mais úteis para fins diagnósticos, podendo ser feito o rastreio em caso de his- tórico familiar de carcinoma em parentes de 1º grau. → • Nódulo palpável, duro, com metástases linfonodais em 50% e metástases para fí- gado, pulmão e ossos em 20% ao diagnós- tico. → • Laboratorial: calcitonina basal não tem boa sensibilidade no rastreio de indivíduos com CMT sem tumor palpável, podendo ser normal ou discretamente elevado; • Pesquisa genética de mutações no gene RET: método de escolha para rastreio. Se positivo no paciente com nódulo, realizar rastreio nos familiares; • Sobrevida em 10 anos é de 90% se doença confinada à tireoide, 70% se tiver acometi- mento linfonodal e 20% quando houver me- tástase à distância. → • Cirurgia é o único tratamento curativo; • Se persistem restos tumorais após a cirur- gia, há poucasalternativas terapêuticas de valor curativo limitado (radioterapia é uma delas) Carcinoma anaplásico • É o carcinoma mais grave, com sobrevida baixa (2-4 meses após diagnóstico); • Representa < 5% das neoplasias malignas de tireoide; • Mais prevalente em áreas de deficiência de iodo, mulheres, (3:1) e idosos, com pico 65- 70 anos; • Surgem de lesão benigna ou de um carci- noma diferenciado de longa duração, em cerca de 50% dos casos; • Forma agressiva e resistente, com cresci- mento rápido, invasão local precoce e prog- nóstico desfavorável; • Apresenta metástase pulmonar (à distância) e para os linfonodos cervicais; • No momento do diagnóstico, a maioria tem tumor irressecável • Sobrevida de 2 a 12 meses (dependendo da idade); • Sobrevida pós-operatória de 3,6% em 5 anos. Linfoma de tireoide • Raro 1% dos cânceres de tireoide; • Acomete principalmente idosos (média 62 anos), sexo feminino (2-3x) e pacientes com tireoidite de Hashimoto; • Maioria é linfoma não Hodgkin; • Massa de crescimento rápido com sinto- mas locais; • Raramente, apresenta-se como síndrome da veia cava superior. Metástases • Apesar da intensa vascularização da tire- oide, metástases são infrequentes (neopla- sias de outros órgãos não acometem com tanta frequência a tireoide); • Tireoide sendo alvo de metástase de ou- tros tumores: - Mais comuns: melanoma, câncer de mama, carcinoma renal, câncer de pulmão e de cabeça e pescoço; - Outros: lipossarcoma, adenocarcinoma de esôfago e reto, leiomiossarcoma gástrico, carcinomas de língua, cólon, fígado e paró- tidas; • Aspecto citológico pode mimetizar o do câncer de tireoide primário, sendo funda- mental a imuno-histoquímica. Tratamento → • Tratamento depende da classificação de risco obtida pela USG pré-operatória (mul- ticentricidade, linfonodos, invasão); • TC, RNM, esofagoscopia ou laringosco- pia: suspeita de invasão extensa de adjacências; • Estadiamento clínico TNM, baseado na USG pré-operatório; Risco T N M Ressec- ção tu- moral Muito baixo T1a (≤1cm) ou T1b (1- 2cm), único N0 (sem metásta- ses em linfono- dos) M0 (sem metásta- ses a distân- cia) Com- pleta Baixo T1 (≤2cm) multifo- cal ou T2 (2- 4cm) N0 (sem metásta- ses em linfono- dos) M0 (sem metásta- ses a distân- cia) Com- pleta Alto T3 (>4cm limitado à tire- oide ou com in- vasão extrati- reoidi- ana mí- nima) ou T4 (>4cm com in- vasão extrati- reoidi- ana sig- nifica- tiva) N1 (com metásta- ses em linfono- dos) M1 (com metásta- ses a distân- cia) Incom- pleta • Geralmente, é feito uma tireoidectomia to- tal com esvaziamento ganglionar, se neces- sário; • Consenso Brasileiro recomenda a todos submetidos à tireoidectomia total: avaliar a necessidade de ablação de remanescentes tireoidianos; - Aceitável não realizar em tumores < 2cm, intratireoidianos, sem tireoglobulina ele- vada, sem metástase na USG ou com capta- ção <2% no leito tireoidiano; - Baixo risco: dose recomendada 100 mCi; - Alto risco: 100-150 mCi; - Metástases à distância: > 200 mCi. → • Iodoterapia: retirada de restos do tecido tireoidiano; • Indicação e dose são controversos (geral- mente em tumores pequenos não indica); • Aumenta especificidade do valor da tireo- globulina sérica, possibilitando detecção precoce de metástases na PCI pós-dose. → • Recomendada a todos com carcinoma de tireoide, com início no dia seguinte à tireoi- dectomia, na dose máxima de 1,6-1,8mg/kg; • A supressão do TSH diminui o risco de progressão da doença. • USG proporciona diagnóstico precoce de recorrência loco regional (avaliar se tem acometimento de linfonodos ou de alguma parte da região cervical); • Deve ser realizado 6 meses após ART; • Caso negativa, repetir 9 a 12 meses após ART; • Se linfonodos suspeitos, biopsiar + dosa- gem de tireoglobulina no aspirado (ponto de corte 10ng/mL).
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