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Problema 2 Tutoria p4 – neuplasias de tireoide ( 1. ) ( C o n h e c e r a e t i o l o g i a , e p i d e m i o l o g i a , f a t o r e s ) ( de ) ( risco, ) ( fi siopatologia, ) ( quadro ) · ETIOLOGIA ↪ A glândula tireoide pode surgir mais raramente outros tumores, como sarcomas, linfomas, carcinoma epidermóide e teratomas; além de ser local de metástases de outros tumores malignos, como aqueles originados nos pulmões, mamas e rins ↪ O grande problema diagnóstico é que os nódulos tireoidianos são extremamente comuns, ocorrendo em cerca de 5 a 10% dos adultos, chegando até 50% quando se utiliza a ultrassonografia. Porém, apenas 5% desses nódulos são malignos. · EPIDEMIOLOGIA ↪ O câncer de tireoide é a neoplasia maligna endócrina mais comum. ↪ Estima-se que ele represente menos de 1-3% de todos os cânceres, acometendo cerca de 40 pessoas para cada um milhão de indivíduos por ano. ↪ A mortalidade por esse tipo de neoplasia permanece estável, variando de 4 a 9 mortes por milhão de habitantes ou de 0,4% a 0,9% de todas as mortes por câncer. ↪ A típica apresentação desse câncer ocorre em pacientes do sexo feminino de 30 a 50 anos com um nódulo cervical palpável. Sendo que a frequência em mulheres é duas vezes maior que nos homens. · TIPOS ↪ Carcinoma papilífero (bem diferenciado): · É o principal tipo de tumor maligno da tireoide, representando cerca de 75 a 80% dos casos. · Lesão sólida, de contornos irregulares, não encapsulada e com infiltração do parênquima glandular adjacente. · Alteração cística e calcificações distróficas. · Corpos psamomatosos: calcificações laminadas concêntricas que podem ser encontradas em associação com células tumorais dentro dos vasos linfáticos ou dentro do estroma tumoral. · Possui associação com a exposição a radiação, sobretudo na infância · Preferência por se disseminar pela via linfática, tendo a presença de linfonodos acometidos já no diagnóstico. · Possui um bom prognóstico. ↪ Carcinoma folicular (bem diferenciado): · Representando cerca de 10 a 15% dos casos. Geralmente acomete pessoas do sexo feminino e com mais de 50 anos · Tumor sólido, arredondado ou ovóide e encapsulado · Associados com áreas com deficiência de iodo · Caracteriza apresentando invasão da cápsula tireoidiana pelo tumor, invasão vascular, sendo sua via mais comum para disseminação a hematogênica · Metástase para o pulmão e ossos · Apresenta bom prognóstico · Subtipo Células de Hurthle: células oxínticas que acomete pessoas mais idosas entre 60 e 75 anos e possui pior prognóstico. ( ❕❕❕ Os carcinomas papiliferos e foliculares são considerados bem diferenciados pois mantêm uma semelhança estrutural e funcional com o tecido tireoidiano normal e são responsáveis por pelo menos 94% dos carcinomas de tireóide ❕❕❕ ) ↪ Carcinoma medular (derivado de células parafoliculares): · Origina-se das células C da tireoide, que vão sofrer hiperplasia, fazendo com que ocupem boa parte do espaço folicular e elevar os níveis de calcitonina no sangue. · Células C são produtoras de várias substâncias bioativas, entre elas, a calcitonina · Cerca de 20% tem associação com as Neoplasias Endócrinas Múltiplas (NEM), uma síndrome genética familiar · Devido a isso existe a frequente presença de outros tipos de tumores como o feocromocitoma, neuromas de mucosa ou até hiperparatireoidismo e alterações esqueléticas. · Localiza-se entre os terços superior e médio dos lobos tireoidianos, sendo, via de regra, multicêntricos. · Metástases para linfonodos cervicais são frequentes e metástases à distância ocorrem mais comumente para o pulmão, seguido de fígado, osso e cérebro. ↪ Carcinoma anaplásico (indiferenciado): · São raros, mas altamente malignos compostos parcial ou totalmente por células indiferenciadas. · Ocorrem mais em idosos e em homens. · A mortalidade é muito alta, e a sobrevida raramente ultrapassa 6 meses após o diagnóstico. · Cursa com rouquidão, disfagia, paralisia da corda vocal, dor cervical e dispneia. · FISIOPATOLOGIA ↪ Desequilíbrio entre a proliferação celular e apoptose. ↪ Ocorrência de mutações: · Oncogenes, genes supressores de tumor e genes de reparo de DNA · Vários oncogenes associam-se a tumores tireoidianos, mas eles não são específicos ↪ Carcinoma papilífero: · Mutação do gene BRAF, o qual é responsável pela ativação e superexpressão de uma quinase serina-treonina RAF que pode estar mutada em vários outros tipos de cânceres como melanoma e testicular. · A presença de BRAF está relacionada a um pior prognóstico. · Rearranjo RET/CP · Mutações no RAS também aparecem com maior frequência em cânceres papilíferos induzidos pela radiação. ↪ Carcinoma medular: · Mutações germinativas do oncogene RET · Associada a ativação descontrolada da atividade tirosina-quinase do receptor tireoidiano ↪ Carcinoma anaplásico: · Mutações BRAF e do RAS são encontradas em até 10% dos casos. · Ativação de proteínas quinases ativadas por mitogênio (MAPK) e fosfinositida quinase-AKT-quinases (PI3K-AKT) são importantes para iniciação e progressão do câncer de tireóide ↪ Carcinoma folicular: · Mutações no gene RAS, além da expressão ou perda de outros genes. · Pacientes que vivem em áreas deficientes em iodo têm menor incidência de mutações no gene RAS em comparação com pessoas que vivem em áreas com oferta normal de iodo · FATORES DE RISCO ↪ Genes de suscetibilidade: · Heranças genética como principal fator ( Até então, o único tipo de CA tireoidiano que não se tem evidência de associação com síndromes familiares é o folicular. )❕❕❕ ❕❕❕ ↪ Radiação: · Produção de mutações em locais sensíveis. As células irradiadas também apresentam instabilidade genômica. · A exposição se inicia desde a infância, período muito radiossensível da tireoide. · Essa associação entre o CA de tireóide e a radiação ocorre principalmente no tipo papilífero, mas pode ser encontrada em menor quantidade no tipo folicular. ↪ Níveis de iodo na dieta: · A deficiência de iodo leva à redução no nível de hormônios da tireoide e por autorregulação, induz ao aumento da secreção de TSH, que é um fator de crescimento para as células do folículo tireoidiano. · Alguns estudos evidenciaram que com a suplementação de iodo em áreas com deficiência, há uma redução do câncer de tireoide do tipo folicular, mas um aumento na incidência de câncer do tipo papilar. ↪ Sexo feminino: · Acredita-se que exista um papel do estrogênio no aumento da incidência desse câncer. · Na tireóide existem receptores de estrogênio e essa molécula pode levar ao aumento da proliferação celular. ↪ Aumento dos níveis de TSH: · O TSH estimula o crescimento e função das células tireoidianas. · Pode esta associado a: · Cânceres tireoideanos bem diferenciados · Desenvolvimento de malignidade nos nódulos tireoidianos · Estimulação da agressividade dos cânceres ↪ Doença autoimune da tireoide: · Pacientes com Tireoidite de Hashimoto tem risco de 50% de desenvolver linfoma de tireóide, corroborando a associação entre a autoimunidade e o surgimento de câncer da tireoide ↪ Antecedentes de neoplasia tireoidiana: possui forte associação com o antecedente pessoal de neoplasia de tireoide bem diferenciada. A origem do carcinoma anaplásico esteja associada ao ganho de algumas mutações que levam a alterações na célula cancerígena prévia, gerando células do câncer anaplásico · QUADRO CLÍNICO ↪ São geralmente assintomáticos ↪ Baixa sensibilidade e especificidade ↪ Presença de nódulos metastáticos palpáveis no pescoço ou observados numa radiografia de tórax. ↪ Podem se manifestar como disfagia ou disfonia devido ao efeito mecânico e infiltrativo do tumor ↪ Pode ocorrer sangramento no interior do tumor, causando dor no local. ↪ Aparecer massas de crescimento gradativo, dolorosas ou não que podem estar e associadas a sintomas como disfagia, disfonia e rouquidão. ↪ Taquicardia, sintomas de hipotireoidismo, história familiar de doença nodular benigna da tireóide ou tireoidites sugerem um processo benigno↪ Carcinoma papilífero: no exame físico pode haver presença de linfonodos palpáveis ↪ Carcinoma folicular: nódulo único na tireoide. Pode manifestar bócio de longa data ou metástases a distância, principalmente pulmão e ossos. ↪ Carcinoma medular: nódulo palpável, duro localizado nos dois terços superiores da tireoide, onde estão as células parafoliculares. Pode ocorrer nesse tipo de câncer é a diarreia aquosa. Presença de metástases linfonodais estão presentes em 50% dos pacientes ao diagnóstico. ( 2. ) ( D i f e r e n c i a r o s t u m o r e s b e n i g n o s e m a l i g n o s d a t i r e o i d e )↪ Carcinoma anaplásicos: apresentam infiltração para músculos, traqueia, esôfago, nervo laríngeo recorrente e laringe. Por conta disso, o paciente geralmente se queixa de rouquidão, disfagia, paralisia da corda vocal, dor cervical e até dispneia quando ocorre metástase pulmonar. · Apenas 5%-10% dos nódulos representam risco de malignidade para o paciente. Assim, o principal desafio para o clínico é diferenciar um nódulo com potencial maligno de um nódulo tireoidiano inócuo. Para isto, utilizam-se dados de história e exame físico, características ultra-sonográficas e de Doppler, marcadores séricos e a citologia do nódulo, obtida por punção aspirativa com agulha fina (PAAF). · BENIGNOS: ↪ Características: · História familiar de bócio benigno · Nódulo de longa duração sem crescimento recente · Bócio multinodular · Bócio difuso · Nível elevado de anticorpos anti-tireoidianos · Nódulo puramente cístico à US · Nódulo “quente” à cintilografia · Citologia benigna à PAAF ↪ Adenoma folicular: · Encapsulado formado por células foliculares · Raros de origem epitelial · Não invadem tecidos nem produzem metástases · Alguns adquirem autonomia após sofrerem mutações no receptor de TSH ou na subunidade alfa da proteína Gs, tornando-se hiperfuncionantes ↪ Bócio endêmico: maior causa é a deficiência de iodo na alimentação e esporádico: lesões pseudotumorais · MALIGNOS: ↪ História: · Câncer de tireoide prévio · História familiar de câncer de tireoide · Nódulo em criança menor de 14 anos · Exposição à radioterapia no pescoço e face · Rouquidão · Nódulo de crescimento rápido, doloroso e recente no sexo masculino · História de metástase a distância ↪ Exame físico: · Nódulo de consistência pétrea, fixo as estruturas vizinhas · Adenopatia cervical · Paralisia da corda vocal ↪ Achados de laboratório · PAAF positiva para câncer 99% ou suspeita 33% · Nódulo “frio” solitário 10-20% de chance · Nódulo que avança sobre estruturas extra-tireoidianas ao US · Calcitonina e CEA elevados em pacientes em risco de câncer medular ( 3. ) ( Elucidar os tipos de exames para diagnosticar a neoplasia de tireoide ) · Anamnese detalhada : fatores de risco e sintomas compatíveis · Exame físico cuidadoso: avaliar a presença de nódulos tireoideanos e evidências de metástases · Exames complementares: ↪ Laboratoriais: · Teste de função tireoidiana: TSH, T3 e T4 · Anticorpos antitireóideos: importante no diagnóstico diferencial em mulheres com bócio difuso (tireoide de Hashimoto) · Cálcio sérico e a dosagem de paratormônio · Calcitonina: pode dar o diagnóstico e seguimento pós-operatório dos pacientes com carcinoma medular da tireoide · Tireoglobulina: serve como um marcador tumoral para os cânceres diferenciados (papilífero e folicular), por ser uma glicoproteína produzida exclusivamente pelas células normais e neoplásicas, ainda diferenciadas. ↪ Cintilografia: · Possui baixa sensibilidade e especificidade, é usado para determinar se o nódulo é funcionante em um paciente com hipertireoidismo ou determinar o status funcional dos nódulos em um bócio multinodular. · O achado de uma área hipocaptante (“fria”) tem baixa especificidade para neoplasia maligna. ↪ Ultrassonografia: · Oferece aspectos macroscópicos que permite a suspeita de nódulos benignos ou malignos. · A combinação de algumas características, como presença de microcalcificações, hipoecogenicidade e contornos irregulares, aumenta o risco de malignidade de uma lesão · Não é um exame capaz de confirmar o diagnóstico de lesões malignas. Por isso, esse exame apenas seleciona pacientes que devem fazer biópsias da tireoide. · Suspeito nódulo > 1 cm (indica PAAF) · Não suspeito nódulo < 1 cm ↪ Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): · Padrão ouro, possui alta sensibilidade e especificidade · Realiza exames imunoistoquímicos para tireoglobulina, calcitonina, entres outros marcadores moleculares · Capaz de dar o diagnóstico definitivo dos cânceres papilíferos, medulares e anaplásicos, mas não o folicular. · Por o folicular não ser diagnosticado pela PAAF é necessário a realização de uma tireoidectomia parcial para retirada de material para estudo anatomopatológico e confirmação diagnóstica. · Anamnese ou exame físico suspeito -> Exame de TSH (baixo) -> Cintilografia hiperatividade nodular -> PAAF · -> Exame TSH (normal, aumento de malignidade) -> USG (benignidade ou malignidade?)-> PAAF (confirmação) ( 4. ) ( E x p l i c a r o e s t a d i a m e n t o d a n e o p l a s i a d e t i r e o i d e ) · Sistema TNM da American Joint Committee on Cancer (AJCC), que utiliza três critérios para avaliar o estágio do câncer: o próprio tumor, os linfonodos regionais ao redor do tumor e se o tumor se espalhou para outras partes do corpo. · TNM é abreviatura de tumor (T), linfonodo (N) e metástase (M): ↪ T. Indica o tamanho do tumor primário e se disseminou para outras áreas. ↪ N. Descreve se existe disseminação da doença para os linfonodos regionais ↪ M. Indica se existe presença de metástase em outras partes do corpo, como pulmões ou fígado. · Números mais altos = doença mais avançada · O sistema de estadiamento abaixo usa o estadiamento patológico, que é determinado pela análise da amostra retirada da cirurgia, também denominada estadiamento cirúrgico. ↪ Às vezes, se a cirurgia não é possível imediatamente, o estadiamento será clínico e será baseado nos resultados do exame físico, biópsia e exames de imagem. O estadiamento clínico pode ser usado para planejar o tratamento. ( 5. ) ( Compreender as condutas terapêuticas para neoplasia de tireoide ) · Cirurgia: ↪ Tireoidectomia total: · Realização em todos os tumores maiores que 2 a 4 centímetros (cm), em qualquer tipo histológico. · Feito em todos os cânceres medulares, independente do tamanho. · Nos cânceres papilíferos com tamanho superior a 1 a 2 cm e sempre que houver linfonodos acometidos pela extensão da doença. ↪ Tireoidectomia parcial: · É feito a lobectomia mais a istmectomia da glândula tireóide, deixando somente uma pequena quantidade de tecido. · ( ❕❕❕ Apesar de o carcinoma folicular ter pior prognóstico que o papilífero, é indicada a sua retirada apenas em tamanhos maiores. Acontece devido ao fato de não podermos ter certeza da malignidade do tumor papilífero apenas com a PAAF, correndo o risco de retirar um nódulo benigno. ❕❕❕ )Indicada em carcinomas papilíferos menores que 1 cm ou tumores foliculares menores que 2 a 4 cm. · Iodo Radioativo: capacidade de destruir células tireoideanas remanescentes incluindo metástases, funcionando como uma terapia adjuvante no câncer de tireoide. ↪ Após a tireoidectomia total, os pacientes com carcinomas bem diferenciados da tireóide (especialmente aqueles com tumores maiores que 2 cm e quando há invasão da cápsula tireoidiana ou metástases ganglionares) devem receber ablação dos remanescentes com radioterapia, a fim de reduzir o risco de recidivas e permitir o seguimento com dosagem de tireoglobulina sérica. ↪ A administração de TSH humano recombinante antes da dose aumenta a captação do radioisótopo e a eficácia do tratamento. ↪ Contra-indicada em gestantes e lactantes. A gestação deve ser evitada por no mínimo seis meses após a dose. · Reposição de T4 utilizando levotiroxina: · Tanto o carcinoma medular esporádico quanto o familiar são tratadoscirurgicamente. Após a tireoidectomia, não há necessidade de radioiodoterapia ou terapia supressiva com levotiroxina. Recomenda-se tireoidectomia profilática em portadores de MEN2A e MEN2B. · Doença metastática é tratada com quimioterapia e radioterapia, contudo as respostas são baixas. · No carcinoma anaplásico, a maior parte dos procedimentos são feitos para paliação dos sintomas.
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