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Pneumologi� - �siologi� � Semiologi� Anátomo-Histologia: - A respiração é uma função vital ao organismo, tendo como objetivo básico a troca gasosa com o meio ambiente, promovendo a captação de oxigênio e a eliminação de dióxido de carbono. - A unidade de troca gasosa é o alvéolo pulmonar. Os pulmões contêm cerca de 480 milhões de alvéolos, garantindo uma surpreendente superfície de troca gasosa de aproximadamente 140 m². - A arquitetura da árvore respiratória começa na traquéia, que se bifurca nos dois brônquios fonte ou principais, numa região conhecida como carina. - O brônquio direito se desvia menos do eixo da traqueia do que o brônquio esquerdo, sendo por isso o brônquio que mais recebe o material aspirado nas vias aéreas superiores. - Os brônquios principais se bifurcam em brônquios lobares, que, por sua vez, dão origem aos brônquios segmentares. - Essas ramificações são acompanhadas de divisões anatômicas do parênquima pulmonar (em lobos e segmentos). - Após diversas bifurcações sucessivas, os brônquios originam os bronquíolos, pequenos condutos com menos de 2mm de diâmetro e desprovidos de cartilagem e glândulas submucosas, porém com acentuada camada muscular lisa. - De cada bronquíolo terminal forma-se um ácino, a unidade funcional respiratória. - O ácino é formado por estruturas ricas em alvéolos. - O bronquíolo terminal se bifurca, formando os bronquíolos respiratórios contendo alguns alvéolos em sua parede. - O bronquíolo respiratório, por sua vez, origina os ductos alveolares, que terminam finalmente nos sacos alveolares, estruturas cujas paredes são formadas apenas por alvéolos. - Os alvéolos são providos por uma rica rede de capilares, fundamentais para o processo de troca gasosa. - O lóbulo pulmonar é a estrutura anatômica que reúne três a cinco ácinos, sendo definido como a porção de parênquima pulmonar envolvida pelos septos de tecido conjuntivo, por onde passam vasos e nervos. - O lóbulo pulmonar possui a forma de uma pirâmide cuja base está voltada para a superfície pulmonar. - São esses lóbulos que dão o aspecto de “colmeia” à superfície dos pulmões. - A parede alveolar é constituída pelo epitélio alveolar (pneumócitos), membrana basal e endotélio capilar. - Cerca de 95% da superfície do epitélio alveolar é formada pelos pneumócitos tipo 1, células achatadas em forma de placa. - Os 5% restantes são compostos pelos pneumócitos tipo 2, células arredondadas, responsáveis pelo potencial de regeneração epitelial (podem se transformar em pneumócitos tipo 1) e pela produção do surfactante pulmonar, substância fundamental para manter o lúmen alveolar aberto (o surfactante reduz a tensão superficial da parede alveolar, impedindo que colabe). Ventilação Pulmonar: - A ventilação é o processo de entrada e saída de ar nos pulmões a cada ciclo respiratório, dividida em duas fases: a inspiração e a expiração. - Os responsáveis pela ventilação pulmonar são os músculos respiratórios, em especial o músculo diafragma e os músculos intercostais. - Essa musculatura recebe uma rica inervação, através do nervo frênico, nervos intercostais e nervo vago. - O controle da ventilação espontânea é executado por centros neuronais localizados no bulbo, mas que recebem influência de outros centros do tronco encefálico. Mecânica Ventilatória: - Inspiração: é o resultado de uma pressão negativa intratorácica, deflagrada pela contração da musculatura respiratória. O diafragma é movido para baixo e os intercostais movimentam as costelas para cima e para fora. - Expiração: ocorre de forma passiva, com a simples recuperação elástica do diafragma, dos pulmões e da caixa torácica, retornando para sua posição de repouso. - A pressão negativa que desencadeia a inspiração é medida no interior do espaço pleural (pressão intrapleural) que, por sua vez, reflete a pressão dentro da caixa torácica (pressão intratorácica). - Mesmo no final da expiração (repouso), a pressão intra-pleural é negativa em relação à pressão atmosférica, pelo efeito da retração elástica dos pulmões (tendência ao colabamento) e da caixa torácica (tendência à expansão). - Durante a inspiração, essa pressão torna-se ainda mais negativa, desencadeando a entrada de ar nos pulmões. - O volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada ciclo é denominado volume corrente, situando-se em torno de 500mL em um adulto de peso médio (6-7ml/kg). - Esse volume, multiplicado pela frequência respiratória, define o volume minuto, que representa o ar que entra e sai dos pulmões em um minuto. - Como a FR normal é de 12-16 irpm, o volume minuto normal está em torno de 7L/min. - Esse volume é distribuído por toda a árvore respiratória, sendo que 70% dele chega efetivamente aos alvéolos (ventilação alveolar) e os 30% restantes preenchem a traqueia e a árvore brônquica (espaço morto). - Podemos afirmar que a PaCO2 é inversamente proporcional à Ventilação Alveolar (VA) e diretamente proporcional à produção de CO2 pelo metabolismo celular (VCO2). Controle Involuntário da Respiração: - Ao contrário do músculo cardíaco, que possui um sistema especializado com a propriedade de automatismo, os músculos respiratórios precisam de um controle neural para se contrair de forma rítmica. - Este controle é centralizado no bulbo, onde se localiza o centro respiratório. - Esses neurônios mandam axônios que fazem sinapse com neurônios da ponta anterior da medula espinhal cervical (a nível de C2-C3), de onde se origina o nervo frênico (responsável pela inervação diafragmática), e da medula espinal torácica, de onde se originam os nervos intercostais. - O principal regulador da ventilação pulmonar é a PaCO2! A concentração arterial desse gás age de forma indireta no controle ventilatório. - Quem regula a ventilação pulmonar, na verdade é o pH do sangue e do líquor. - Sabemos que o CO2 funciona como ácido em nosso organismo, graças a uma enzima chamada anidrase carbônica que o converte quase que instantaneamente em ácido carbônico (H2CO2), após adição de H2O. - Este ácido imediatamente libera H+ , acidificando o meio (em outras palavras: um aumento da PaCO2 acidifica sangue, gerando acidemia). - Além disso, o CO2 (ao contrário do H+ ) se difunde com facilidade pela barreira hematoliquórica; portanto, um aumento da PaCO2 aumenta a PCO2 liquórica, provocando acidificação do liquor. O pH liquórico influi diretamente na atividade dos neurônios do centro bulbar. - Já está provado que o mais potente regulador direto da ventilação pulmonar é o pH liquórico: se ele se reduzir (acidificação), mesmo que discretamente, teremos um forte estímulo hiperventilatório; se ele se elevar (alcalinização), teremos um potente estímulo hipoventilatório. - A PaO2 também contribui para a regulação da ventilação pulmonar, agindo diretamente nos quimiorreceptores da bifurcação carotídea (corpúsculos carotídeos) e do arco aórtico. - A redução da PaO2 (hipoxemia) estimula esses quimiorreceptores, provocando o aumento da ventilação pulmonar. Complacência Pulmonar e Resistência das Vias Aéreas: - Para encher os pulmões, o ar atmosférico precisa ser movido por um gradiente de pressão produzido durante uma inspiração, representado pela diferença Patm-Palv. - Este gradiente é denominado pressão transtorácica ou transalveolar. Quanto maior essa pressão, maior será o volume corrente. - Na inspiração, a queda da pressão intrapleural reduz proporcionalmente a pressão alveolar, produzindo uma pressão transtorácica positiva (pressão transtorácica inspiratória), responsável pela entrada de ar nos pulmões. - É importante já irmos nos familiarizando com a ventilação mecânica (ventilação artificial) que, atualmente, é praticamente sinônimo de ventilação com pressão positiva. - Agora tudo se inverte: o que movimenta o ar para dentro dos pulmões não é mais a pressão negativa intrapleural (ou intratorácica), como na ventilação espontânea: o aparelho de ventilação artificial (respirador) fornece ar com pressão positiva (supra-atmosférica) para as vias aéreas do paciente. - Neste caso,a pressão transtorácica inspiratória (∆P) costuma ser maior do que na ventilação espontânea. - A pressão intrapleural (e intratorácica) torna-se positiva durante a inspiração e volta a ser negativa no final da expiração. - A pressão transtorácica inspiratória possui dois componentes: (1) pressão de distensão (pressão necessária para distender os pulmões e a caixa torácica); e (2) pressão de resistência (pressão necessária para vencer a resistência das vias aéreas). - Resistência das VAs: expressa a dificuldade da passagem do ar através da árvore respiratória. O fluxo de ar na via aérea é movido pelo gradiente de pressão transtorácico, sendo, no entanto, dificultado pela resistência que esta via impõe ao fluxo. - Pequenas reduções do lúmen das vias aéreas levam a grandes aumentos da resistência. - O tônus do músculo liso, presente na parede dos brônquios e, principalmente, dos bronquíolos, é o principal determinante da resistência: uma broncoconstricção (broncoespasmo), ao reduzir o lúmen bronquial e bronquiolar, aumenta a resistência das vias aéreas de forma significativa. - Complacência Pulmonar: mede o grau de distensibilidade dos pulmões e caixa torácica. - Um pulmão complacente é um pulmão de grande elasticidade ou distensibilidade, que facilmente se enche de ar, mesmo com um pequeno ∆P(pressão transtorácica). - A Complacência Pulmonar (CP) é a medida do Volume corrente (∆V) em relação ao gradiente de pressão que move o ar para dentro dos pulmões (Pressão transtorácica, ou ∆P). - Fica claro que a complacência estática reflete apenas as propriedades de distensibilidade dos pulmões e caixa torácica, enquanto a complacência dinâmica depende também da resistência das vias aéreas. - Se as duas complacências estiverem reduzidas, o problema está na distensibilidade dos pulmões ou da caixa torácica (“pulmão duro”), mas se a complacência estática estiver normal e apenas a complacência dinâmica estiver reduzida, o problema é um aumento da resistência nas vias aéreas. Troca Gasosa: - A troca gasosa é realizada entre o sangue dos capilares alveolares e o ar dos alvéolos. - Os capilares trazem o CO2 proveniente do metabolismo tecidual, enquanto os alvéolos trazem o O2 originário do ar atmosférico. - Há uma grande diferença fisiológica na troca desses gases! - O CO2 é um gás bastante difusível pela membrana alvéolo-capilar, sendo carreado no sangue de forma livre. - A ventilação alveolar é o principal determinante da eliminação de CO2 . - Hiperventilação sempre gera hipocapnia (baixa PaCO2), enquanto a hipoventilação sempre causa hipercapnia (alta PaCO2) - O processo de captação de O2 é bem diferente. Em condições normais, a difusão deste gás do ar alveolar para o capilar sanguíneo é bastante eficiente. - Agora vem a diferença básica: ao contrário do CO2 , o oxigênio precisa da hemoglobina para ser carreado aos tecidos, pois a sua concentração livre no sangue é desprezível. - Para manter um conteúdo arterial adequado de O2 , a hemoglobina deve ter uma saturação de pelo menos 90% (SaO2 ), valor este correspondente a uma PaO2 de 60 mmHg. - Quando a PaO2 começa a subir além desse valor, o conteúdo arterial de O2 sofre um pequeno aumento, pois a saturação só pode subir mais 10%, no máximo. - Se, no entanto, a PaO2 cair abaixo de 60 mmHg, a saturação da hemoglobina (e o conteúdo arterial de O2 ) cairá vertiginosamente! - Em situações de estresse, a hemácia perde afinidade pelo oxigênio, para que esse seja liberado mais facilmente aos tecidos. - Logo, se perde afinidade, é preciso uma PaO2 maior para aumentar a saturação da hemoglobina. Tal fenômeno ocorre na acidose, na hipercapnia, na hipertermia e no aumento do 2,3-DPG. Distúrbio V/Q: Imaginemos um paciente com hiperventilação alveolar. A primeira conclusão é que, certamente, ele terá hipocapnia (alcalose respiratória), pois a eliminação de CO2 está inevitavelmente elevada. Mesmo assim, é possível este mesmo indivíduo encontrar-se gravemente hipoxêmico. A causa mais comum de hipoxemia não tem a ver com a ventilação alveolar total, mas sim com a distribuição desta ventilação pelas diversas unidades alveolares. Para uma oxigenação ideal, cada um dos milhões de alvéolos deve ter uma ventilação (V) equivalente à sua perfusão capilar (Q). Se a ventilação alveolar for mal distribuída, um grupo de alvéolos recebe menos ar, apesar de continuar contando com uma perfusão capilar adequada. Com uma precária ventilação, o sangue capilar destes alvéolos capta pouco O2 e chega às veias pulmonares com baixa saturação de hemoglobina e baixo conteúdo de O2. Este sangue se mistura com o sangue proveniente do restante dos alvéolos, que estão hiperventilados. O problema é que os alvéolos hiperventilados aumentam muito pouco o conteúdo de O2 de seus capilares, pois a saturação da hemoglobina só pode aumentar um pequeno percentual (de 98% para 100%, por exemplo). O resultado final é uma mistura de sangue pobre em O2 (proveniente dos alvéolos mal ventilados) com um sangue normalmente oxigenado (proveniente dos alvéolos hiperventilados). Este paciente, portanto, ficará hipoxêmico (baixa SaO2 e baixa PaO2). Quanto maior a quantidade de alvéolos mal ventilados, mais grave será a hipoxemia, mesmo que a ventilação alveolar total esteja elevada! OBS: Algumas pneumopatias ainda mais graves podem “encharcar” os alvéolos de líquido (como na SDRA); neste caso, a ventilação destes alvéolos será nula, apesar de seus capilares continuarem a receber sangue. O sangue passa por estas unidades sem receber nenhum oxigênio, um fenômeno denominado shunt arteriovenoso pulmonar. Quanto maior for o shunt, mais hipoxêmico ficará o paciente. Semiologia Respiratória Inspeção: - O tórax é observado tanto com o paciente sentado como deitado. - Na inspeção estática examinam -se a forma do tórax e suas anomalias estruturais, congênitas ou adquiridas, localizadas ou difusas, simétricas ou não. - Na inspeção dinâmica observam -se os movimentos respiratórios, suas características e alterações. - Deve -se observar a coloração da pele do paciente, destacando- se a cianose e a palidez, lembrando -se de que nem sempre há cianose, mesmo na hipoxemia grave. - Para que haja cianose, é preciso que o paciente tenha, pelo menos, 5% de hemoglobina reduzida. - Pesquisá- la na pele, nas unhas, nos lábios e na mucosa oral. - O sistema muscular deve ser examinado de maneira comparativa, a fim de que se possa surpreender alterações tróficas de grupos musculares. - Nas partes ósseas, deve -se procurar retrações e abaulamentos difusos ou localizados. - O tórax normal é aquele sem qualquer anormalidade. - O tórax chato ou plano é o que perde a convexidade normal da parede anterior, havendo por isso redução do diâmetro anteroposterior. Nesse tipo de tórax, a musculatura é pouco desenvolvida, razão pela qual as omoplatas estão mais baixas, afastando- se da caixa torácica, caracterizando o chamado tórax alado. É próprio dos indivíduos longilíneos. - O tórax em tonel ou globoso caracteriza -se pelo aumento exagerado do diâmetro anteroposterior, horizontalização dos arcos costais e abaulamento da coluna dorsal, o que torna o tórax mais curto. No processo natural de envelhecimento, pode -se verificar o esboço desse tórax, não se devendo confundi -lo com o tórax globoso dos enfisematosos. - O tórax infundibuliforme (pectus excavatum) caracteriza -se por uma depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica. - No tórax cariniforme (pectus carinatum), o esterno é proeminente e as costelas horizontalizadas, resultando em um tórax que se assemelha ao das aves (tórax de pombo). - Tórax cônico ou em sino é aquele que tem sua parte inferior exageradamente alargada, lembrando um tronco de cone ou um sino. - O tórax cifótico tem como característica principal a curvatura da coluna dorsal, formando uma gibosidade. - O tórax cifoescoliótico apresenta, além da cifose, um desvio da coluna para o lado (escoliose). - Após a inspeção estática do tórax, passaremos a observar sua dinâmica. - Taquipneia(frequência respiratória ≥ 25 irm) e bradipneia (frequência respiratória < 8 irm). - Quando não houver sincronismo entre os movimentos respiratórios abdominais e torácicos (movimento paradoxal abdominal), suspeitar de fadiga muscular diafragmática. Tipo respiratório: - Para o reconhecimento do tipo respiratório, observar a movimentação do tórax e do abdome, com o objetivo de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos. - Em pessoas sadias, na posição de pé ou na sentada, quer no sexo masculino quer no feminino, predomina a respiração torácica ou costal, caracterizada pela movimentação predominantemente da caixa torácica. - Em decúbito dorsal, em ambos os sexos, a respiração é predominantemente diafragmática, prevalecendo a movimentação da metade inferior do tórax e do andar superior do abdome. Ritmo respiratório: - Normalmente a inspiração dura quase o mesmo tempo que a expiração, sucedendo -se os dois movimentos com a mesma amplitude, intercalados por leve pausa. - Quando uma dessas características modifica -se, surgem os ritmos respiratórios anormais. - Respiração de Cheyne Stokes: Tal ritmo caracteriza- se por uma fase de apnéia seguida de incursões inspiratórias cada vez mais profundas até atingir um máximo, para depois vir decrescendo até nova pausa. - Respiração de Biot: No ritmo de Biot, a respiração apresenta- se com duas fases, mas com características próprias. A primeira, de apnéia, seguida de movimentos inspiratórios e expiratórios anárquicos quanto ao ritmo e à amplitude. - Respiração de Kussmaul: compõe -se de 4 fases: - (1) inspirações ruidosas, gradativamente mais amplas, alternadas com inspirações rápidas e de pequena amplitude; - (2) apneia em inspiração; - (3) expirações ruidosas gradativamente mais profundas alternadas com inspirações rápidas e de pequena amplitude; - (4) apneia em expiração. - Respiração suspirosa: Na respiração suspirosa, o paciente executa uma série de movimentos inspiratórios de amplitude crescente seguidos de expiração breve e rápida. - Tiragem: Durante a inspiração em condições de normalidade, os espaços intercostais deprimem- se ligeiramente. Palpação: - Com o dorso das mãos, verifica-se a temperatura cutânea, comparando- a com a do lado oposto. - Edema e enfisema subcutâneos são mais bem observados nas fossas supraclaviculares e espaços intercostais. - Os grupos de linfonodos regionais devem ser palpados cuidadosamente. Expansibilidade: - A expansibilidade dos ápices pulmonares é pesquisada com ambas as mãos espalmadas, de modo que as bordas internas toquem a base do pescoço, os polegares apoiem -se na coluna vertebral e os demais dedos nas fossas supraclaviculares. - Para avaliar a expansibilidade das bases pulmonares, apoiam -se os polegares nas linhas paravertebrais, enquanto os outros dedos recobrem os últimos arcos costais. - Em ambas as manobras, o médico fica atrás do paciente em posição sentada, e este deve respirar profunda e pausadamente. Frêmito toracovocal: - O frêmito toracovocal (FTV) corresponde às vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica. - A maneira correta de pesquisá-lo é colocar a mão direita espalmada sobre a superfície do tórax, comparando- se a intensidade das vibrações em regiões homólogas. - Derrames pleurais líquidos ou gasosos, por afastarem o pulmão da parede, dificultam a transmissão das vibrações até a superfície, com redução ou mesmo abolição do FTV, sempre na dependência do volume de líquido ou de ar da cavidade. - Estando os brônquios obstruídos (atelectasias), embora haja condição de ressonância, o som não se propaga. Percussão: - Deve -se iniciar a percussão do tórax pela sua face posterior, de cima para baixo, ficando o médico atrás e à esquerda do paciente. - Percute- se separadamente cada hemitórax. - Em uma segunda etapa, percutir comparativa e simetricamente as várias regiões. - Quatro tonalidades de som são obtidas: - (1) som claro pulmonar ou sonoridade pulmonar nas áreas de projeção dos pulmões; - (2) som timpânico no espaço de Traube; - (3) som maciço na região inferior do esterno (macicez hepática); - (4) som maciço na região inframamária direita (macicez hepática) e submaciço na região precordial. Ausculta: - A ausculta é o método semiológico mais importante no exame físico dos pulmões. - O paciente deve estar com o tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído. ■ Sons normais: - Som traqueal - Som brônquico - Murmúrio vesicular - Som broncovesicular ■ Sons anormais: - Descontínuos: estertores finos e grossos - Contínuos: roncos, sibilos e estridor - Sopros - Atrito pleural ■ Sons vocais: - Broncofonia - Egofonia - Pectorilóquia fônica e afônica. Sons respiratórios normais: - Som traqueal e som brônquico: O som brônquico corresponde ao som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. - Cumpre ressaltar que o murmúrio vesicular não tem intensidade homogênea em todo o tórax. Sons ou ruídos anormais: DESCONTÍNUOS: - Os sons anormais descontínuos são representados pelos estertores. - Os estertores são ruídos audíveis na inspiração ou na expiração, superpondo -se aos sons respiratórios normais. Podem ser finos ou grossos. - Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração, têm frequência alta, isto é, são agudos, e têm curta duração. Não se modificam com a tosse. - Podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito de um punhado de cabelos junto à orelha. - Outro ruído adventício encontrado nas doenças intersticiais pulmonares são os grasnidos, semelhante aos sons emitidos pelas gaivotas e audíveis ao final da inspiração. - Os estertores grossos ou bolhosos têm frequência menor e maior duração que os finos. - Sofrem nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. - Diferentemente dos estertores finos, que só ocorrem do meio para o final da inspiração, os estertores grossos são audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. CONTÍNUOS: - Os sons anormais contínuos são representados pelos roncos, sibilos e estridor. - Os roncos são constituídos por sons graves, portanto, de baixa frequência, e os sibilos por sons agudos, formados por ondas de alta frequência. - Originam- se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento destes ductos, seja por espasmo ou edema da parede ou achado de secreção aderida a ela. - Aparecem tanto na inspiração como na expiração, mas predominam nesta última. - O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou da traqueia. ATRITO PLEURAL: - Em condições normais, os folhetos visceral e parietal da pleura deslizam um sobre o outro, durante os movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. - Nos casos de pleurite, por estarem recobertas de exsudato, passam a produzir um ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. Sons vocais (ausculta da voz): - Em condições normais, tanto na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal constitui -se de sons incompreensíveis, isto é, não se distinguem as sílabas que formam as palavras. - Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica. - Quando o mesmo acontece com a voz cochichada, denomina-se pectorilóquia afônica. • Broncofonia – ausculta -se a voz sem nitidez • Pectorilóquia fônica – ausculta- se a voz nitidamente • Pectorilóquia afônica – ausculta -se a voz mesmo se cochichada. OBS: Egofonia: É uma forma especial de broncofonia, ou seja, é uma broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra.
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