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Semiologi� Arteria� Anamnese: - Algumas enfermidades vasculares manifestam -se preferencialmente em um dos sexos. A tromboangiite obliterante, por exemplo, acomete os homens em uma proporção de 9:1, com relação às mulheres. Já a arterite de Takayasu aparece principalmente nas mulheres, assim como as varizes e as afecções vasospásticas, como a doença de Raynaud e o livedo reticular. - A idade é um dado importante no raciocínio diagnóstico, pois as vasculopatias têm suas faixas etárias preferenciais. Exemplos: a tromboangiite obliterante, a arterite de Takayasu e as doenças vasospásticas costumam aparecer até os 40 anos; a aterosclerose surge após os 40 ou 50 anos; e a arterite temporal é mais comum em pessoas acima de 60 anos de idade. Um acidente vascular encefálico em paciente jovem sugere sempre ruptura de aneurisma congênito, enquanto, em uma pessoa idosa, é mais provável que se trate de trombose ou embolia, em virtude de comprometimento aterosclerótico das artérias. - A raça também tem importância no diagnóstico. A tromboangiite obliterante, por exemplo, tem maior incidência entre os povos orientais e semitas. A úlcera de perna da anemia falciforme ocorre geralmente em negros e pardos. - Nos antecedentes pessoais, é importante a pesquisa de doenças que possam se manifestar no sistema vascular, tais como lues, tuberculose, doenças cardíacas de um modo geral, colagenoses, febre reumática, diabetes e hipertensão arterial. - Deve -se indagar sobre cirurgias prévias, principalmente herniorrafia inguinal, cirurgia de hérnia de disco, meniscectomia, dissecção venosa e cateterismo. - Pesquisa- se, também, sobre a ocorrência de fraturas, contusões, traumatismos por arma branca ou arma de fogo. - Determinados trabalhos podem causar, agravar ou desencadear doença arterial, destacando- se os seguintes: trabalho com martelo pneumático pode ocasionar traumatismo nas artérias das mãos e desencadear o fenômeno de Raynaud; trabalhadores em câmaras frigoríficas estão mais sujeitos a sofrer alterações nas extremidades (dedos, nariz, orelhas) produzidas por vasospasmo induzido pelo frio; trabalhadores em lavoura de trigo podem sofrer intoxicação pela inalação do esporão do centeio, com aparecimento de alterações isquêmicas nas extremidades, devido à vasoconstrição provocada por alcaloides do ergot. - O tabaco tem indiscutível ação deletéria sobre o sistema arterial, causando vasoespasmo e edema da íntima, além de aumentar a adesividade plaquetária. Tais alterações propiciam o aparecimento de trombose, principalmente nas pequenas artérias. - A alimentação hiperlipídica aumenta a incidência de aterosclerose. - O uso continuado de alguns medicamentos pode levar ao aparecimento de doença vasoespática, como é o caso do ergotismo em pacientes que abusam dos derivados do ergot para tratamento da enxaqueca. Sinais e Sintomas: Dor: - A dor das afecções arteriais pode manifestar -se como aperto, câimbra, constrição, queimação, fadiga e em alguns casos formigamento (parestesia). - A dor mais característica das doenças arteriais, e um dos primeiros sintomas a surgir, é a claudicação intermitente, que é uma dor diretamente relacionada ao movimento, progressiva e que determina imediata interrupção do movimento dada a sua intensidade. - Há diferentes tipos de claudicação, de acordo com sua etiologia, e é possível diferenciá- los pela história clínica e exame físico do paciente. - A dor isquêmica, apesar de surgir no momento de falta de oxigenação adequada aos tecidos, não é o fator que determina a dor. Considera- se como principal agente causal o fator P (do inglês pain factor), que possui como catabólitos o ácido láctico, elementos fosforados, amônia, ácido fosfórico e potássio. - A claudicação intermitente é um sintoma tão importante que sua análise correta permite avaliar o grau de comprometimento do segmento arterial, a evolução da doença e o grau de desenvolvimento de colaterais. - De início, a claudicação intermitente ocorre somente após caminhar longas distâncias, mas com a evolução da doença, estas distâncias vão encurtando até que passa a surgir dor sem a necessidade do exercício, ou seja, o paciente passa a ter dor em repouso. - O paciente no estádio de dor em repouso refere piora na posição deitada, devido à diminuição do fluxo de sangue, o que leva o paciente a dormir com a perna pendente, utilizando a ação da gravidade para aumentar o fluxo distal. Contudo, a dor não desaparece e surge o edema postural, que pode agravar a dor. Então, o paciente senta -se, coloca o pé sobre a cama e passa a afagar com delicadeza a área comprometida, cuidando para que nada, além da sua mão, a toque, pois até o roçar do lençol a intensifica, tornando- se intolerável. - A dor em repouso é sintoma de extrema gravidade, pois traduz isquemia crítica e iminência de gangrena. Alterações da cor da pele: - A cor da pele depende do fluxo sanguíneo, do grau de oxigenação da hemoglobina e da presença de melanina. - A palidez aparece quando há diminuição acentuada do fluxo sanguíneo no leito cutâneo, como ocorre na oclusão e no espasmo arterial. - A eritrocianose, coloração vermelho arroxeada que ocorre nas extremidades dos membros com isquemia intensa, aparece no estágio de pré- gangrena, sendo consequência da formação de circulação colateral com dilatação de capilares arteriais e venosos, última tentativa do organismo para suprir as necessidades de oxigênio dos tecidos. - O rubor ocorre principalmente nas doenças vasculares funcionais e se deve à vasodilatação arteriolocapilar. - O livedo reticular é uma alteração da coloração da pele caracterizada por uma cianose distribuída na forma de rede, circundando áreas de palidez. Nas manifestações mais intensas, a pele adquire o aspecto de mármore, daí a denominação cutis marmorata. - O livedo reticular e o fenômeno de Raynaud sofrem grande influência da temperatura ambiente, aumentando com o frio e diminuindo com o calor. OBS: Fenômeno de Raynaud: - O fenômeno de Raynaud é uma alteração da coloração da pele caracterizada por palidez, cianose e rubor de aparecimento sequencial. - Contudo, nem sempre ocorrem as 3 fases. - Podem surgir palidez e cianose, cianose e rubor ou apenas palidez ou cianose. - Costuma ser desencadeado pelo frio e por alterações emocionais. - É observado em diversas arteriopatias, nas doenças do tecido conjuntivo e do sistema nervoso, em afecções hematopoéticas, na compressão neurovascular cervicobraquial, em traumatismos neurovasculares e em intoxicações exógenas por metais pesados e derivados do ergot. - A fisiopatologia do fenômeno de Raynaud é a seguinte: na primeira fase, ocorre vasoespasmo com diminuição do fluxo sanguíneo para a rede capilar das extremidades, que é a causa da palidez. - Na segunda fase, desaparece o espasmo das arteríolas e dos capilares arteriais e surge espasmo dos capilares venosos e vênulas, determinando estase sanguínea que provoca maior extração de oxigênio com aumento da hemoglobina reduzida, daí surgindo a cianose. - Na terceira fase, desaparece o vasoespasmo e ocorre vasodilatação, sendo o leito capilar inundado por sangue arterializado, que torna a pele ruborizada. Alterações da temperatura da pele: - A temperatura da pele depende, basicamente, do maior ou menor fluxo sanguíneo. - Nas doenças arteriais obstrutivas, a redução do aporte sanguíneo provoca diminuição da temperatura da pele (frialdade). - Nos casos agudos, a interrupção abrupta do fluxo sanguíneo provoca nítidas alterações da temperatura abaixo do local da obstrução. - A topografia da frialdade depende do nível da obstrução, do vasoespasmo e da magnitude da circulação colateral preexistente. - Se o vasoespasmo for intenso, fica comprometida maior extensão da rede arterial, diminuindo ainda mais o fluxo sanguíneo e, consequentemente, ampliando a área de esfriamento. - Nas obstruções crônicas, em virtude da instalação lenta da oclusão, há tempo para a formação de uma circulação colateral capaz de suprir parcialmente as necessidades metabólicasdos tecidos, havendo, então, menor queda da temperatura da pele. - A frialdade da pele torna- se mais evidente quando cai a temperatura ambiente, pois o frio, poderoso agente vasoconstritor, passa a atuar na circulação colateral, reduzindo- a. Alterações do trofismo da pele: - Compreendem atrofia da pele, diminuição do tecido subcutâneo, queda de pelos, alterações ungueais (atrofia, unhas quebradiças ou hiperqueratósicas), calosidades, lesões ulceradas de difícil cicatrização, edema, sufusões hemorrágicas, bolhas e gangrena. - A maior parte destas alterações aparece nas arteriopatias crônicas. - Nas oclusões agudas, costumam surgir apenas bolhas, edema e gangrena. - A pele atrófica torna -se delgada, brilhante, lisa, rompendo -se com pequenos traumatismos. - Tal alteração é comum nas extremidades e nos cotos de amputação. - Atrofia da pele costuma estar associada a diminuição do tecido subcutâneo, queda de pelos e alterações ungueais. - As calosidades aparecem nos pontos de apoio, geralmente a cabeça do primeiro e quinto metatarsos, polpas dos pododáctilos e calcanhares. São muito dolorosas e podem ulcerar. - As úlceras podem ser minúsculas ou extensas, dependendo do grau de comprometimento arterial. - Localizam -se de preferência nas bordas dos pés, polpas digitais, regiões periungueais, calcanhar e regiões maleolares. - Podem aparecer espontaneamente ou após traumatismos, compressão, longa permanência no leito e enfaixamento com atadura ou gesso. São muito dolorosas. - O fundo da úlcera contém material necrótico e a cicatrização é difícil. - Uma das características das úlceras isquêmicas é o fato de serem mais dolorosas no decúbito horizontal em comparação aos membros pendentes, em virtude da ausência da ação da gravidade sobre a circulação arterial naquela posição. Por este motivo, a dor é mais intensa à noite. - Nos diabéticos e nos hansenianos, as ulcerações localizam -se de preferência nas polpas digitais e nas áreas de pressão da planta dos pés. - Apresentam contornos nítidos, bordas circulares e hiperqueratósicas. - Em geral, são indolores e podem conter secreção purulenta. Este tipo de úlcera recebe o nome de mal perfurante plantar. - Na hipertensão arterial de longa duração, pode ocorrer ulceração, que geralmente se localiza na face lateral da perna, em seu terço inferior. É superficial, tem contorno regular, fundo necrótico e é muito dolorosa. Sua causa é a obstrução de arteríolas da pele (arterioloesclerose). - As lesões bolhosas aparecem nas oclusões arteriais agudas e traduzem grave comprometimento da pele. As bolhas são de tamanho variável e situam- se sobre áreas cianóticas. Assemelham- se às produzidas por queimaduras e indicam avançado grau de isquemia com irreversibilidade do processo. - Lesões bolhosas na pele e trombose capilar, reconhecível à digitocompressão, influenciam fortemente os critérios para indicação de amputação de membros. - Gangrena é a morte de tecidos em consequência de isquemia intensa, aguda ou crônica. Pode ser desencadeada por pequenos traumatismos, compressão, infecção, micose interdigital ou espontaneamente. - Ela se apresenta de duas maneiras: gangrena úmida e gangrena seca. - A gangrena úmida tem limites imprecisos, é dolorosa e se acompanha de edema e sinais inflamatórios. Surge em diabetes, tromboangite obliterante, trombose venosa profunda e em certas infecções graves da pele e do tecido subcutâneo. Acompanha -se de secreção serossanguinolenta ou purulenta, de intenso mau cheiro. A pele necrosada fica escura (preta), tem consistência elástica à palpação, deslizando facilmente sobre os planos profundos. A gangrena úmida, relacionada com infecção e toxemia, pode ser fatal e é uma condição que deve ser tratada em caráter de emergência. - A gangrena seca é assim denominada pelo fato de os tecidos comprometidos sofrerem desidratação, ficando secos, duros, com aspecto mumificado. A pele comprometida fica preta e firmemente aderida aos planos profundos. Há uma nítida delimitação entre a parte sadia e a comprometida. Com a evolução do processo, surge um sulco denominado “sulco de delimitação”, em que aparece alguma secreção de odor fétido. Durante sua instalação, a gangrena seca apresenta dor; contudo, com o evoluir do processo, torna- se indolor. Este tipo de gangrena ocorre principalmente na arteriosclerose obliterante periférica, podendo ser vista também na evolução tardia das oclusões arteriais agudas. - O edema que ocorre em doenças arteriais isquêmicas resulta de inúmeros fatores, tais como aumento da permeabilidade capilar por isquemia, tendência dos pacientes a manterem os pés pendentes para aliviar a dor, dificultando o retorno venoso, processo inflamatório nas arterites e, às vezes, trombose venosa associada. Exame Físico: - É necessário medir a pressão arterial nos quatro membros em pacientes que apresentam diferença nos pulsos periféricos e em pacientes hipertensos, pois valores pressóricos diferentes podem levantar a suspeita de malformações congênitas, aneurismas, oclusão arterial e fístulas arteriovenosas. Inspeção: - A inspeção das artérias é realizada com o paciente em pé e na posição deitada. - A pele deve ser examinada em toda extensão da superfície corporal, procurando- se alterações de coloração (palidez, cianose, eritrocianose, rubor, manchas); além destas alterações deve -se observar assimetria de membros e de grupos musculares, alterações ungueais, ulcerações, calosidades, gangrenas e micoses interdigitais. - É fundamental observar eventuais batimentos arteriais que podem sugerir hipertensão arterial, arteriosclerose, aneurisma, fístulas arteriovenosa ou alongamentos arteriais que determinam dobras, comum na região cervical (kinking das carótidas). Palpação: - À palpação, avaliam- se a temperatura, comparativamente com áreas homólogas, em diferentes níveis do corpo, elasticidade e umidade da pele, presença de tumorações pulsáteis, infiltrações da derme e tecido subcutâneo, frêmito, pulsatilidade e endurecimento da parede arterial. - Temperatura da pele: A avaliação da temperatura da pele deve ser feita em ambiente com temperatura amena e estável, pois frio ou calor intensos podem mascarar eventuais alterações. - Cumpre relembrar que modificações da temperatura são mais bem percebidas com o dorso da mão ou dos dedos. - Elasticidade da pele: Além da pesquisa da elasticidade, que é feita pinçando- se uma dobra da pele com a polpa dos dedos indicador e polegar, avalia -se sua consistência e a mobilidade sobre os planos profundos. - Algumas colagenoses, como o lúpus eritematoso e a esclerodermia, determinam espessamento e endurecimento da pele, o que ocorre, também, nas doenças isquêmicas crônicas. - Umidade da pele: A umidade da pele é avaliada com o dorso das mãos ou com as polpas digitais. - Alterações de umidade podem ter importância no diagnóstico e evolução das doenças. - A hiperidrose (suor excessivo), pode ocorrer em doenças arteriais funcionais, como a distrofia simpaticorreflexa e a causalgia; já a ausência de sudorese, que leva a xerodermia (pele ressecada), levanta a suspeita de hanseníase ou diabetes melito com neuropatia periférica. - Frêmito: É a sensação tátil do sopro, ou seja, das vibrações produzidas pelo turbilhonamento do sangue ao passar por um estreitamento (estenose), dilatação, ou comunicações anômalas arteriovenosas. - O frêmito pode ser sistólico, como ocorre nas estenoses e aneurismas; ou contínuo, sistodiastólico, como se observa nas fístulas e malformações arteriovenosas. - A intensidade do frêmito varia de acordo com o grau de estenose ou dilatação e com a velocidade do fluxo sanguíneo. Deve ser graduado de + a ++++. - Quando há dúvida na presença do frêmito, em virtude da sua pequena intensidade, manobras para acelerar o fluxo que melhoram a percepção podem ser realizadas através de exercícios: nos membros superiores, abrir e fechar as mãos; nos membros inferiores, fazer dorsiflexão ativa dos pés. Palpação dos pulsos periféricos: - A palpação sistematizadae simétrica das artérias permite detectar diminuição, ausência ou hiperpulsatilidade, possibilitando o diagnóstico clínico de estenose, oclusão ou dilatação. - A amplitude do pulso deve ser graduada de 0 a ++: 0 é ausente, (+) diminuído e (++) normal. - É importante também a determinação comparativa dos pulsos homólogos. - Na prática diária deve -se palpar rotineiramente as carótidas, as braquiais, a radial e a ulnar, a aorta abdominal, a femoral comum, a poplítea, a tibial posterior e a pediosa. - Diminuição ou ausência sugere estenose crítica ou oclusão entre o segmento onde o pulso é normal e o segmento com pulso alterado. - Vale ressaltar uma exceção, representada por malformação congênita, em que há ausência de pulso femoral e presença de pulsos poplíteo e distais, na persistência da artéria isquiática (sinal de Cowie). Semiotécnica da palpação dos pulsos: - Deve- se evitar a palpação com o polegar para não confundir com as pulsações do próprio examinador. - Pulso carotídeo: Para examinar as artérias carótidas, o médico coloca -se diante do paciente, ficando este de pé ou sentado. - O pulso carotídeo direito é palpado com a polpa do polegar esquerdo, que afasta a borda anterior do músculo esternocleidomastóideo, ao mesmo tempo que procura as pulsações, perceptíveis um pouco mais profundamente. As polpas dos dedos médio e indicador fixam -se sobre as últimas vértebras cervicais. - Para a palpação da artéria carótida esquerda, usa- se a mesma técnica com a mão direita. - A palpação da carótida também pode ser feita com o paciente em decúbito dorsal, com a cabeça levemente fletida e o médico postado à sua direita. Palpam -se os batimentos arteriais com as polpas dos dedos indicador, médio e anular. - Independentemente da técnica, é necessário palpar com delicadeza para não comprimir o seio carotídeo, pois isso pode causar bradicardia, parada cardíaca ou desprendimento de trombos aderidos a uma placa ateromatosa. - Não se devem palpar ambas as artérias ao mesmo tempo, para evitar o risco de isquemia cerebral nos pacientes que apresentem oclusão de uma delas. - Pulso temporal superficial: A artéria temporal superficial deve ser palpada com o dedo indicador, acima da articulação temporomandibular, logo adiante do trago. - Pode- se palpar também o ramo frontal, situado acima da arcada supraorbitária. - O paciente pode ficar sentado, de pé ou em decúbito dorsal. - Pulso subclávio: A artéria subclávia é palpada com o paciente sentado, fazendo leve flexão da cabeça para o lado a ser examinado. - O médico fica à frente, ao lado ou atrás do paciente e procura sentir a subclávia com os dedos indicador, médio e anular, na fossa supraclavicular, profundamente e posteriormente à clavícula. - Este pulso é difícil de encontrar, em especial nos indivíduos brevilíneos e obesos. - Pulso axilar: A artéria axilar pode ser palpada com o paciente sentado ou em decúbito dorsal. O médico coloca -se ao lado do membro a ser examinado. - Enquanto a mão homolateral sustenta o braço ou antebraço do paciente, em leve abdução, os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral procuram comprimir a artéria axilar contra o colo do úmero, no oco axilar. - Pulso braquial: A artéria braquial é palpável em toda a sua extensão, sendo mais acessível, contudo, no seu terço distal. - O paciente fica sentado ou em decúbito dorsal e o médico se posta ao lado do membro a ser examinado; com a mão homolateral, segura o antebraço do paciente, fazendo leve flexão sobre o braço, enquanto os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral sentem as pulsações da artéria no sulco bicipital, abarcando o braço do paciente e utilizando o polegar como ponto de fixação na face lateral do braço. - Pulso ulnar: A artéria ulnar pode ser palpada com o paciente sentado ou em decúbito dorsal. - O médico fica na frente ou ao lado do paciente, conforme esteja ele sentado ou deitado; com a mão homolateral, segura a mão do paciente, fazendo leve flexão, e com os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral procura sentir as pulsações da artéria cubital, situada entre os músculos flexor superficial dos dedos e o flexor ulnar do carpo, utilizando o polegar como ponto de apoio no dorso do punho. - Pulso aórtico abdominal: A aorta é palpada com o paciente em decúbito dorsal, fazendo leve flexão das coxas sobre a bacia para promover relaxamento dos músculos abdominais. - O médico fica à direita do paciente e, com a mão direita, procura a aorta no espaço compreendido entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical, pressionando- a contra a coluna vertebral. A mão esquerda deve apoiar- se sobre a direita para ajudar na compressão. - A palpação da aorta abdominal costuma ser difícil nos pacientes obesos e musculosos. Nos indivíduos muito magros e nas multíparas com flacidez na parede abdominal, as pulsações aórticas podem tornar -se tão evidentes que chegam a ser confundidas com aneurisma. - É necessário considerar a hipótese de aneurisma da aorta abdominal ou das artérias ilíacas comuns quando há pulsações visíveis abaixo da cicatriz umbilical. - Pulso ilíaco: As artérias ilíacas externas e comuns podem ser palpadas com o paciente em decúbito dorsal com as coxas levemente fletidas sobre a bacia. - O médico fica do lado a ser examinado e, com os dedos indicador, médio e anular da mão do mesmo lado, comprime a parede abdominal ao longo da linha que vai da cicatriz umbilical à parte média do ligamento inguinal. A mão oposta pode apoiar -se sobre a outra, auxiliando a compressão. Este pulso costuma ser difícil de palpar nos indivíduos obesos e musculosos. - Pulso femoral: A artéria femoral é palpada na região inguinocrural, logo abaixo do ligamento inguinal, em sua porção média. - Com o paciente em decúbito dorsal, o médico se posta do lado que será examinado e, com os dedos indicador, médio e anular, procura sentir as pulsações da artéria femoral comum no triângulo de Scarpa. Como a artéria femoral comum é superficial, não se deve fazer sobre ela muita compressão, principalmente nos indivíduos magros, pois isso pode provocar estreitamento do lúmen arterial com formação de um “falso” frêmito. - Os frêmitos verdadeiros, encontrados nessa região, decorrentes de estreitamento da artéria por placas de ateroma, são percebidos à palpação superficial, sem qualquer compressão. - Pulso poplíteo: A artéria poplítea é de difícil palpação, principalmente nos indivíduos obesos e musculosos e, para conseguir palpá -la com precisão, é necessário bom treinamento. - Com o paciente em decúbito dorsal e com a perna a ser examinada semifletida, o médico se posta ao seu lado, abarcando o joelho com as mãos; fixa os polegares na patela e aprofunda os dedos indicador, médio e anular de ambas as mãos no oco poplíteo. Enquanto os dedos de uma das mãos fazem compressão, os da outra procuram sentir as pulsações da artéria. - Pulso tibial anterior: A artéria tibial anterior é palpada no terço distal da perna, entre os músculos extensor do hálux e extensor longo dos dedos. - O paciente deve estar em decúbito dorsal com leve flexão do joelho. O médico coloca- se do lado do membro em exame, firmando o pé do paciente, em dorsiflexão, com uma das mãos. Com os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral, procura sentir as pulsações da artéria no local referido. - Pulso pedioso: A artéria pediosa é palpada entre o primeiro e o segundo metatarsianos. O paciente deve permanecer em decúbito dorsal, com leve flexão do joelho. - O médico fica ao lado do membro a ser examinado e palpa a artéria com os dedos indicador, médio e anular de uma das mãos; com a outra, fixa o pé do paciente em dorsiflexão. Esta artéria pode apresentar variações de localização e, quando não palpada no local habitual, é necessário procurá- la em toda a extensão do dorso do pé. - Pulso tibial posterior: A artéria tibial posterior é palpada na região retromaleolar interna com o paciente em decúbito dorsal, com leve flexão do joelho; a extensão completa do joelho podedeterminar compressão da artéria poplítea com diminuição dos pulsos podais. - O médico fica ao lado do membro a ser examinado, sustentando o calcanhar do paciente com a mão homóloga; com os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral, procura sentir as pulsações da artéria na região retromaleolar, fixando o polegar na região maleolar externa. - Pulsos anômalos: Nos pacientes em que não há ocorrência de pulsos tronculares abaixo dos cotovelos e dos joelhos, deve- se procurar em torno destas articulações a manifestação de pulsos anômalos, que podem ser palpados quando se desenvolve boa circulação colateral. Ausculta: - Com o objetivo de detectar sopros, a ausculta deve ser feita no trajeto de todas as artérias tronculares do corpo. - Os sopros podem ter intensidade variável, sendo conveniente quantificá-los em cruzes (+ a ++++), usando os mesmos critérios aplicados na ausculta cardíaca. - Os sopros de pequena intensidade podem ser intensificados pelo exercício. - Podem ser sistólicos, nas estenoses ou dilatações arteriais, ou sistodiastólicos (contínuos), nas fístulas e malformações arteriovenosas. - Em condições normais o fluxo arterial ocorre de forma laminar, com maior velocidade no centro do vaso. - Os sopros são produzidos pelo turbilhonamento decorrente das alterações do fluxo. - Vale ressaltar que a presença de sopros pode ocorrer em estados hipercinéticos, sem alterações propriamente das artérias, como nas anemias e exercícios físicos intensos. - Na ausculta, deve- se evitar a compressão vascular, que pode determinar estreitamento vascular e aparecimento de sopros. Manobras para avaliação do fluxo arterial nos membros inferiores: - Manobra da marcha: A prova da marcha consiste em fazer o paciente andar cadenciadamente, medindo -se a distância e o tempo necessários para que ocorra dor nos membros inferiores e incapacidade funcional. - Pode ser padronizada e até quantificada, fazendo- se o paciente andar em uma esteira rolante, usada em teste ergométrico com velocidade regulável. - Sua indicação principal é nos pacientes que apresentam claudicação intermitente. Esta manobra torna possível o seguimento clínico das doenças isquêmicas. - Com ela, é possível comprovar que, conforme a isquemia aumenta, a distância percorrida se torna cada vez mais curta; além disso, é útil para avaliação de tratamento. - Dois parâmetros devem ser analisados nesta prova: o tempo de claudicação, que é o tempo gasto para o aparecimento da dor, e o tempo de incapacidade funcional, que é o tempo necessário para que o paciente seja obrigado a parar, em decorrência da dor. - Manobra da isquemia provocada: A manobra da isquemia provocada compreende três tempos. - No primeiro tempo, com o paciente em decúbito dorsal, o médico observa a coloração das regiões plantares. - No segundo tempo, o paciente eleva os membros inferiores até um ângulo de 90°, mantendo- os nesta posição durante 1 min com a ajuda das mãos colocadas na face posterior das suas coxas. Se o paciente não conseguir elevar as pernas espontaneamente, elas devem ser mantidas nesta posição com o auxílio do médico. Após 1 min, observa -se a coloração das regiões plantares. Em condições normais, não há alteração da coloração ou, se houver, será discreta. Havendo isquemia, aparece palidez na região plantar do membro comprometido, tanto mais intensa quanto maior for a deficiência de irrigação. Nos casos em que há dúvida, para tornar a prova mais evidente, solicita- se ao paciente que execute movimentos de extensão e flexão dos pés em uma frequência de 30 movimentos por minuto, durante 3 min. Ao final do exercício, observam- se novamente as regiões plantares. Havendo isquemia, a palidez plantar torna -se mais nítida. - No terceiro tempo, os membros voltam à posição horizontal, observando- se, então, o tempo necessário para o retorno da coloração normal. Em pessoas normais, isso se faz em 5 a 12 s. Se houver isquemia, este tempo se prolonga, aumentando quanto mais intensa for a isquemia; aliás, quando houver isquemia, o pé nem readquire a coloração normal – ele passa a ter uma cor vermelho arroxeada ou vermelho vivo, denominada “hiperemia reativa”. Nos casos de isquemia muito acentuada, a hiperemia não é homogênea, ficando mesclada com áreas de palidez. Nesses pacientes, a elevação dos membros provoca também dor, que se intensifica com a movimentação dos pés. - Esta prova pode ser realizada nos membros superiores, bastando solicitar ao paciente que eleve os braços acima da cabeça e execute movimentos de flexão e extensão dos dedos. A sistemática de observação é a mesma. - Manobra da hiperemia reativa: A manobra da hiperemia reativa compreende 3 tempos. - No primeiro tempo, estando o paciente em decúbito dorsal, o médico observa a coloração dos membros. - No segundo tempo, seus membros inferiores são elevados a cerca de 90°, mantendo- os nesta posição durante 3 min para que haja esvaziamento do leito venoso. Em seguida, coloca- se na raiz da coxa um manguito pneumático, de largura apropriada, o qual é insuflado até ultrapassar o valor da pressão sistólica do paciente. - No terceiro tempo, os membros inferiores retornam à posição horizontal; 3 min depois, o manguito é desinsuflado rapidamente. Observam- se, então, as alterações de coloração que aparecem distalmente. Nos indivíduos normais, imediatamente após a desinsuflação do manguito, nota -se o aparecimento de uma coloração avermelhada que progride de maneira uniforme até alcançar os pododáctilos, no prazo de 10 a 15 s, permanecendo por 30 a 40 s. Esta coloração desaparece no mesmo sentido em um prazo de 2 min, no máximo. Quando há isquemia, o tempo de surgimento da coloração avermelhada é mais longo e pode demorar até 30 min para acometer os pododáctilos. Além disso, a disseminação da coloração nem sempre é uniforme, ocorrendo em placas, que podem ser cianóticas, em vez de avermelhadas. - A manobra da hiperemia reativa pode ser realizada nos membros superiores, bastando, para isso, fazer a compressão com o manguito na parte proximal dos braços. - Manobra do enchimento venoso: A manobra do enchimento venoso compreende, também, três tempos. - No primeiro tempo, com o paciente sentado e com as pernas pendentes, o médico observa o estado de enchimento das veias do dorso dos pés. - A seguir, solicita -se a ele deitar -se elevando os membros inferiores a cerca de 90°, após o que o examinador massageia as veias superficiais, esvaziando- as com movimentos deslizantes da mão em direção à coxa. - No terceiro tempo, o paciente reassume a posição sentada rapidamente, deixando os pés pendentes outra vez. Determina- se, então, o tempo necessário para o enchimento das veias. Em condições normais, este período é de cerca de 10 s; quando há isquemia, o tempo se prolonga, aumentando de acordo com a intensidade da deficiência da irrigação. - Cumpre assinalar que esta manobra não tem valor nos portadores de varizes e nos pacientes submetidos à simpatectomia lombar, nem quando é realizada em ambiente muito frio, em virtude de espasmo arteriolar e venoso provocado por temperaturas baixas. Manobras para avaliação do fluxo arterial nos membros superiores: - Manobra de Adson: Esta manobra é utilizada para o diagnóstico de compressão da artéria subclávia e do plexo braquial pelo músculo escaleno anterior, costela cervical, processo transverso longo da 7ª vértebra cervical ou bridas fibróticas. É realizada em dois tempos. - No primeiro tempo, coloca- se o paciente sentado com os membros superiores apoiados sobre os joelhos; feito isso, o médico palpa o pulso radial e ausculta a região supraclavicular, do lado que está sendo examinado. No segundo tempo, enquanto o médico palpa o pulso radial, solicita- se ao paciente que faça uma inspiração profunda, retendo- a, seguida de extensão forçada da cabeça, que é girada para o lado em exame. O médico permanece auscultando a região supraclavicular; se houver compressão da artéria subclávia, o pulso radial diminui de intensidade ou desaparece e surge um soprona região supraclavicular (o sopro desaparece se a manobra provocar oclusão total da artéria). - O paciente pode queixar-se de parestesia ou dor no membro superior e, além disso, é possível observar palidez na região palmar. Em alguns casos, esta manobra torna-se positiva quando o paciente gira a cabeça para o lado oposto. Para ter valor diagnóstico, a manobra deve ser repetida várias vezes, com resultados semelhantes. - O diagnóstico diferencial da causa da compressão da artéria subclávia – músculo escaleno anterior, costela cervical ou apófise transversa longa da 7ª vértebra cervical – pode ser comprovado por exame de imagem da região. A compressão por brida fibrótica pode ser confirmada por exame de ressonância magnética. - Manobra costoclavicular: É utilizada para detectar compressão da artéria subclávia no nível de sua passagem pelo espaço costoclavicular. É realizada em dois tempos. - No primeiro tempo, o paciente é posto sentado com as mãos apoiadas sobre os joelhos; em seguida, o médico palpa o pulso radial e ausculta a região supraclavicular ou infraclavicular na junção do terço médio com o terço externo da clavícula. - No segundo tempo, solicita-se ao paciente que faça uma inspiração profunda, ao mesmo tempo que joga os ombros para trás e para baixo, como na posição de sentido (exagerada) dos militares. - Se houver compressão da artéria subclávia, o pulso radial diminui ou desaparece e surge um sopro na região supra ou infraclavicular. O sopro desaparece quando o pulso se torna impalpável. - Manobra costoclavicular passiva: Esta manobra é constituída de dois tempos. - No primeiro tempo, o paciente é posto na posição sentada com o braço abduzido a 90° e com o antebraço fletido também a 90°. Nesta posição, o braço do paciente é sustentado pelo médico, que palpa o pulso radial. - No segundo tempo, é feita rotação lateral do braço, que é jogado para trás. Se houver compressão da artéria subclávia, ocorre diminuição ou desaparecimento do pulso. - A ausculta na região supra ou infraclavicular, na junção do terço médio com o lateral da clavícula, detecta um sopro na vigência de compressão. A inspiração potencializa esta manobra. - Manobra de hiperabdução: Esta manobra serve para o diagnóstico de compressão da artéria subclávia pelo tendão do músculo pequeno peitoral, sendo realizada em dois tempos. - No primeiro tempo, o paciente fica sentado com os membros superiores pendentes ou apoiados sobre os joelhos. Neste momento, o médico palpa o pulso radial do lado em exame. - No segundo tempo, enquanto o médico palpa o pulso radial, solicita-se que o paciente faça hiperabdução do braço, colocando a mão acima da cabeça. - Durante a movimentação do braço, o médico observa a amplitude do pulso. Se houver compressão, o pulso diminui ou desaparece e, à ausculta da região axilar, é possível detectar sopro. Esta manobra pode ser potencializada com a inspiração profunda. - Manobra de Allen: A manobra de Allen busca detectar oclusão da artéria ulnar ou da artéria radial, sendo realizada em quatro tempos. - No primeiro tempo, o paciente fica sentado com os membros superiores estendidos à sua frente, mantendo as regiões palmares voltadas para cima. - No segundo tempo, o médico palpa a artéria radial com o polegar, fixando os demais dedos no dorso do punho do paciente. - No terceiro tempo, enquanto comprime a artéria radial, o médico solicita ao paciente fechar a mão com força, de modo a esvaziá-la de sangue. - No quarto tempo, mantendo-se a artéria radial comprimida, solicita-se ao paciente que abra a mão sem estender os dedos. - Em condições normais, há uma rápida volta da coloração da mão e dos dedos. Havendo estenose ou oclusão da artéria ulnar, o retorno da coloração é mais demorado e não é uniforme, formando placas. Semiologi� Ven��: Anamnese: - Para diagnóstico das doenças venosas, é relevante avaliar os antecedentes pessoais, incluindo número de gestações, cirurgias prévias, traumatismos, longo período acamado, imobilização prolongada, desidratação, antecedentes de neoplasia, atividades esportivas de alto impacto, uso de anticoncepcionais hormonais. - A gestação apresenta- se como importante fator, tanto para trombose venosa como para desenvolvimento de varizes, devido à intensa atividade hormonal e ao efeito compressivo do útero sobre as veias pélvicas. - Cirurgias de longa duração, associadas a período prolongado no leito no pós-operatório, são importantes fatores para o desenvolvimento de trombose venosa. - Desidratação, traumatismos e neoplasias também estão relacionados à trombose venosa. - A avaliação de antecedentes familiares tem importância pela influência hereditária no desenvolvimento de varizes, assim como trombose venosa, relacionada com a trombofilia. - Atividades profissionais e esportivas em que se permanece em pé ou sentado por longos períodos, assim como atividades esportivas de alto impacto aumentam a possibilidade de surgirem varizes e suas complicações (edema, prurido, insuficiência venosa). Sinais e Sintomas: Dor: - É a principal queixa dos pacientes com varizes dos membros inferiores, sendo relatada de diferentes maneiras: peso nas pernas, queimação, ardência, cansaço, cãibras, formigamento, fincada, pontada ou ferroada. - A dor de instalação súbita, associada a edema com empastamento muscular e cianose, deve levantar a suspeita de trombose venosa profunda. - O mecanismo da dor na estase venosa é a dilatação da parede das veias. - Nas microvarizes, a dor costuma ser relatada como queimação ou ardência local. - As varizes de médio e grande calibres geralmente provocam sensação de peso, cansaço, formigamento e/ou queimação nos pés. - Permanecer em pé ou sentado por longo tempo tende a agravar as dores. - Nas mulheres, nos períodos pré, peri e pós -menstrual a dor costuma piorar. - A dor da insuficiência venosa torna-se mais intensa no período vespertino, ao final da jornada de trabalho, ou após caminhadas e longos períodos na posição ortostática. - Na insuficiência venosa grave, a dor pode ocorrer logo pela manhã, com sensação de intumescimento das veias e peso nas pernas e pés, manifestações que desaparecem ou reduzem ao fazer uma caminhada. OBS: Ao contrário do que ocorre com a doença arterial, a dor da insuficiência venosa melhora com a deambulação, tornando -se, contudo, mais intensa com a interrupção da marcha. Além disso, diferentemente da dor isquêmica, a dor da insuficiência venosa melhora com a elevação dos membros. Alterações tróficas: - Edema: O edema da insuficiência venosa crônica costuma surgir no período vespertino e desaparece com o repouso, sendo mais intenso em pessoas que permanecem muito tempo sentadas com os pés pendentes. Tal fato torna-se bem evidente ao final de viagens longas. - O edema é mole e depressível, localizando-se de preferência nas regiões perimaleolares, mas pode alcançar o terço proximal das pernas na insuficiência venosa grave. - Na síndrome pós- trombótica, quando o edema se torna permanente, há aumento global do volume do pé, da perna e até da coxa, sem que aparentem estar edemaciados. - O edema da insuficiência venosa crônica quase sempre predomina de um lado, naquele em que o retorno do sangue estiver mais prejudicado, diferentemente do edema da insuficiência cardíaca, da disproteinemia e das nefropatias, que costuma ter intensidade igual em ambas as pernas. - Quando o edema não regride com o repouso, é necessário procurar outra causa, além de insuficiência venosa. - O principal mecanismo na formação do edema da insuficiência venosa é o aumento da pressão no interior das veias, que vai refletir nas vênulas e capilares venosos, fato que ocasiona a saída de líquido para o espaço intersticial. - Celulite: À medida que o edema se torna crônico, acumulam- se substâncias proteicas no interstício do tecido celular subcutâneo. - A presença dessas substâncias desencadeia reações inflamatórias da pele e do tecido subcutâneo. - A pele adquire coloração castanho avermelhada com aumento da temperaturae dor na região correspondente. Tal quadro é denominado celulite, que pode ser subaguda ou crônica. - Hiperpigmentação: Na hipertensão venosa, ao longo da evolução da doença, podem surgir manchas de coloração acastanhada na pele, esparsas ou confluentes, situadas do terço inferior do membro acometido, denominada dermatite ocre. - Essa condição é indicativa de estágio avançado da doença. A hiperpigmentação é decorrente do depósito de hemossiderina, substância rica em ferro, depositada na camada basal da derme, proveniente das hemácias que migraram para o interstício e foram fagocitadas pelos macrófagos. - Eczema ou dermatite de estase: O eczema varicoso ou dermatite de estase pode apresentar-se de maneira aguda ou crônica. - Nos casos crônicos, ocorrem reagudizações periódicas com frequência. - O tipo agudo é caracterizado por pequenas vesículas que secretam um líquido seroso, que pode ser abundante. Em geral, acompanha -se de prurido intenso. - O tipo crônico aparece no terço distal da perna ou no dorso do pé. Em certos pacientes, as áreas de eczema são hipersensíveis a um grande número de substâncias, as quais não afetam a pele sadia. - Eczema que aparece nas pernas de pacientes com varizes, mesmo de grau leve, deve ser atribuído à insuficiência venosa crônica, até prova em contrário. - O prurido é mais intenso nos períodos vespertino e noturno, admitindo-se que sua causa seja a liberação de histamina das células destruídas pela anoxia, secundária à insuficiência venosa. - Úlcera: Trata-se de uma complicação da insuficiência venosa crônica grave, em razão de varizes ou trombose venosa profunda (síndrome pós- trombótica). - Pode surgir em consequência de mínimos traumatismos, como o ato de coçar em áreas correspondentes à tromboflebite superficial ou nos locais de ruptura de varizes. - A localização principal é na região perimaleolar interna, em virtude da proximidade das perfurantes de Cockett, as que mais frequentemente se tornam insuficientes. Mas, pode surgir em outros locais e, em casos avançados, circunda toda a circunferência do terço inferior da perna. - A estase venosa leva ao acúmulo de leucócitos e monócitos nos capilares com migração para o interstício, causando agressão dos tecidos com liberação de diversas substâncias, tais como histamina, citocinas, leucotrienos e radicais livres, que seriam responsáveis pela formação da úlcera. - A úlcera é rasa, tem bordas nítidas, apresentando, em geral, uma secreção serosa ou seropurulenta. É menos dolorosa que a úlcera isquêmica. - A dor é mais intensa quando a perna está pendente, melhorando com sua elevação, exatamente o contrário do que ocorre com a úlcera isquêmica. Em geral, as úlceras situadas acima do terço médio da perna têm outra etiologia que não a insuficiência venosa crônica. - Lipodermatoesclerose: Nos pacientes com insuficiência venosa crônica, repetidos episódios de celulite, ou mesmo ulcerações cicatrizadas, determinam atrofia (esclerose), da pele e tecido subcutâneo, com diminuição da espessura da perna. - A atrofia tecidual local pode levar a anquilose da articulação tibiotársica, prejudicando ainda mais o retorno venoso, devido a interferência na bomba venosa. - Hemorragias: As varizes, principalmente as dérmicas, podem romper, espontaneamente ou após trauma, causando hemorragias. - Hiperidrose: Na insuficiência venosa crônica de longa duração e de grau acentuado, é comum o aparecimento de sudorese profusa no terço distal da perna. Exame Físico: Inspeção: - Para se ter uma visão de conjunto, a inspeção é feita inicialmente com o paciente de pé, ficando o médico postado a uma distância de cerca de 2 metros. - Examina- se o paciente de frente, de perfil (direito e esquerdo) e de costas. - Para isso, ele vai girando em torno de si. A inspeção panorâmica possibilita detectar deformidades da bacia e do tronco e assimetria dos membros, caracterizada por diferenças de comprimento e de volume. - Assim, é possível observar com mais facilidade a presença de varizes e sua distribuição dos pés às coxas, além de circulação colateral na raiz da coxa, região pubiana, a parede abdominal e torácica. A extensão das manchas, do eczema e da úlcera pode ser avaliada nesta inspeção panorâmica. - A seguir, é feita a inspeção próxima ao paciente, observando- se os detalhes das lesões. De perto, veem -se melhor os eritemas, a cianose, as púrpuras, as petéquias e as telangiectasias. Palpação: - À palpação, o médico pesquisa alteração da temperatura, umidade e sensibilidade da pele e do tecido subcutâneo, as características do edema e estado da parede venosa, que pode ter consistência elástica, normal, ou estar espessada e endurecida. - A ocorrência de um trombo recente no interior das varizes provoca intensa dor à palpação. - Procura- se localizar as perfurantes, os frêmitos espontâneos, como os das fístulas arteriovenosas, ou provocados, como ocorre na insuficiência da crossa da safena magna à manobra de Valsalva, ou da tosse. - É necessário pesquisar massas neoplásicas no trajeto dos grandes troncos venosos que provocam compressão extrínseca. - É indispensável a palpação dos pulsos periféricos dos pacientes com varizes, pois ausência de pulsos pode contraindicar eventual cirurgia. - A identificação de veias perfurantes insuficientes é de grande importância no pré- operatório de cirurgia de varizes. O dado que torna possível reconhecê- las é o alargamento do orifício da aponeurose pela qual elas passam. Para isso, faz -se a palpação com a polpa dos dedos indicador ou polegar nas regiões em que é mais provável a ocorrência de perfurantes insuficientes, ou seja, na face medial da perna em seu terço distal, na face medial da perna em seu terço proximal, na face medial da coxa em seu terço distal, na face posterior da perna junto à cabeça medial do músculo gêmeo e na face lateral da perna no septo que separa os músculos anterolaterais dos posteriores. Comprime- se a área provável e, com pequenos movimentos circulares ou longitudinais, consegue -se delimitar uma depressão de bordas nítidas, provavelmente por onde passa a perfurante insuficiente. Ausculta: - A ausculta dos segmentos venosos tem por finalidade detectar sopros espontâneos que podem aparecer nas fístulas arteriovenosas, ou sopros provocados, como ocorre na grande insuficiência da crossa da safena interna. Manobras especiais: - Manobra de Homans: Consiste na dorsiflexão forçada do pé. Se esta manobra provocar dor intensa na panturrilha, é considerada positiva, reforçando a possibilidade de trombose venosa. - Manobra de Olow: Consiste na compressão da musculatura da panturrilha contra o plano ósseo. Se surgir dor intensa, a manobra é positiva, também levantando a suspeita de trombose venosa profunda. Uma variante desta manobra consiste na compressão da musculatura da panturrilha com a mão em garra. Manobra de - Manobra de Denecke Payr: Consiste na compressão, com o polegar, da planta do pé contra o plano ósseo. Se provocar dor intensa, indica a possibilidade de trombose nas veias profundas do pé.